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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 09/08/00 23:10:42
Edição 087 - JUL/2000 

Editorial

Porcos e milionários

O início da propaganda eleitoral, em face das eleições de 1º de outubro, demonstra que a grande maioria dos candidatos não está preparada para o enfrentamento mediante o discurso e práticas políticas saudáveis, para não dizer de primeiro mundo. 

Pelo contrário, embalados pelo desespero, facilitados pelo despreparo dos órgãos responsáveis pela fiscalização da legislação eleitoral, e viciados pela herança cultural de nosso País, assiste-se ao emporcalhamento de postes, muros, ruas, avenidas, praças, árvores, enfim todo o espaço público, repita-se público, mediante a afixação de cartazes, faixas, placas, com números, legendas partidárias e a cara dos porcos da hora.

Parece pouco, mas condenado o imundo na análise ingênua, diria-se ecológica, a estratégia revela por outro lado o desperdício e o gasto desproporcional, certamente não declarado, de campanhas milionárias patrocinadas sabe-se lá por quem, ou o que, talvez com dinheiro criminoso ou público, neste caso, de você contribuinte. No país pobre, em lugares miseráveis, esbanjam-se recursos de forma acintosa, muitas vezes com a utilização de parafernálias eletrônicas, que piscam 24 horas do dia. 

O lamentável quadro desnuda um tipo de político que merece apenas um voto, o dele; um político que se esquiva ao debate de idéias e quer vencer pela violência à paisagem, pela deslavada “compra” de voto, digo, pelo estelionato eleitoral, ou, já que emprega a violência, pelo roubo ou a extorsão do eleitor.