Editorial
Porcos e milionários
O início
da propaganda eleitoral, em face das eleições de 1º
de outubro, demonstra que a grande maioria dos candidatos não está
preparada para o enfrentamento mediante o discurso e práticas políticas
saudáveis, para não dizer de primeiro mundo.
Pelo contrário, embalados
pelo desespero, facilitados pelo despreparo dos órgãos responsáveis
pela fiscalização da legislação eleitoral,
e viciados pela herança cultural de nosso País, assiste-se
ao emporcalhamento de postes, muros, ruas, avenidas, praças, árvores,
enfim todo o espaço público, repita-se público, mediante
a afixação de cartazes, faixas, placas, com números,
legendas partidárias e a cara dos porcos da hora.
Parece pouco, mas condenado o imundo
na análise ingênua, diria-se ecológica, a estratégia
revela por outro lado o desperdício e o gasto desproporcional, certamente
não declarado, de campanhas milionárias patrocinadas sabe-se
lá por quem, ou o que, talvez com dinheiro criminoso ou público,
neste caso, de você contribuinte. No país pobre, em lugares
miseráveis, esbanjam-se recursos de forma acintosa, muitas vezes
com a utilização de parafernálias eletrônicas,
que piscam 24 horas do dia.
O lamentável quadro desnuda
um tipo de político que merece apenas um voto, o dele; um político
que se esquiva ao debate de idéias e quer vencer pela violência
à paisagem, pela deslavada “compra” de voto, digo, pelo estelionato
eleitoral, ou, já que emprega a violência, pelo roubo ou a
extorsão do eleitor. |