Obra
Empire State, o símbolo dos
arranha-céus
Ele não
é o edifício mais alto do mundo, desde que a Sears Tower
foi concluída em Chicago, em 1973. Mas nenhum arranha-céu
tem o charme do velho Empire State, que, aos 70 anos, até hoje rivaliza
com a Estátua da Liberdade no status de cartão postal de
Nova Iorque.
Construído durante a Depressão,
o edifício foi o centro de uma competição que envolveu
arquitetos e executivos da indústria automotiva, inclusive Walter
Chrysler (Chrysler Corp.) e John Jacob Raskob (General Motors) para ver
quem construiria o edifício mais alto do mundo.
Foram duas as inovações
que tornaram viável a construção dos arranha-céus.
A primeira foi a estrutura interna de aço, forte e leve. Ela tirou
a carga das paredes externas dos prédios que puderam, a partir daí,
ser feitas de materiais mais finos e, preferivelmente, resistentes ao fogo.
O outro avanço tecnológico
necessário, também teve a ver com a altura. As pessoas não
conseguem subir a pé mais que uns poucos andares, sem perder o bom
humor. Felizmente, em 1853, Elisha Graves Otis inventou o elevador de segurança
que não só levava as pessoas a grandes alturas, mas também
podia permanecer estacionado se o cabo de suporte se partisse. Inicialmente
movido a vapor, em 1889 (o ano em que Gustav Eiffel construiu a sua torre)
o elevador uniu-se à eletricidade.
E os arranha-céus tornaram-se
possíveis.
O tecnicamente possível encontrou
no leito de rocha firme do subsolo de Manhattan, o campo fértil
ideal para proliferar, adubado pelo espírito empreendedor e pela
prosperidade econômica dos anos dourados da década de 20.
E foi na segunda metade da década
de 20 que Nova Iorque passou por um boom sem precedentes na construção
civil. Chegou-se ao ponto em que a obra de um novo arranha-céu já
raramente despertava atenção. Só em Manhattan havia
mais de 180 prédios com 21 andares ou mais. Mesmo assim, no número
40 de Wall Street, o arquiteto H. Craig Severence dedicava-se a quebrar
mais um recorde de altura: o edifício do Bank of Manhattan, que
ele estava construindo, teria 282,5 metros ultrapassando, finalmente, os
241 metros do venerável Edifício Woolworth.
Mas o antigo sócio de Severence,
que se tornara seu rival, William Van Alen, estava desenvolvendo um projeto
quase paralelo na esquina da rua 42 com a Avenida Lexington. Ali seria
erguida a sede corporativa da Chrysler. Esbelto e prateado, o Edifício
Chrysler – até hoje considerado um dos mais belos arranha-céus
do mundo – teria toques ornamentais que lembrariam o estilo cromado dos
mais modernos automóveis Chrysler da época. Conforme divulgado,
ele terminaria numa cúpula totalizando 282 metros, quase igualando,
mas ainda aquém do recorde de Severence.
Portanto, quando o prédio
do Bank of Manhattan foi concluído, ele foi dado como o edifício
mais alto do mundo. Van Alen, no entanto, ainda tinha uma carta na manga.
Poucas semanas depois, com o Edifício Crhysler quase pronto, uma
coisa estranha começou a se erguer do seu topo. Em vez de uma cúpula
achatada, o alto do prédio seria uma torre de aço inoxidável,
pesando 27 toneladas, construída em segredo dentro do próprio
prédio.
Quando os operários terminaram
de fixar a torre, o Edifício Chrysler totalizava 319 metros de altura,
ultrapassando não só o do Bank of Manhattan, por uma boa
margem, mas também os 300 metros da própria Torre Eiffel.
O recorde não duraria muito
tempo.
O Empire State ofuscou o brilho da
cúpula art deco do Edifício Chrysler com 60 metros a mais.
Sua construção quebrou todos os recordes. Erguido à
velocidade de um andar por dia, o Empire State deteve, durante mais de
40 anos, o título de arranha-céu mais alto do mundo.
“Incrível realização
em termos de logística e construção civil”
John J. Raskob, ex-executivo da General
Motors, vinha acompanhando de perto a disputa, com mais do que mera curiosidade.
Raskob também começara a se envolver no ramo imobiliário
e tinha divulgado sua intenção de construir um prédio
de 80 andares com 305 metros de altura.
Passada a comoção causada
pelo Edifício Chrysler, Raskob pediu à sua firma de engenharia,
Shreve, Lamb & Harmon, que rapidamente incluísse mais alguns
andares na planta. Foi assim que o Empire State ganhou seus últimos
seis andares e ainda um elegante, mas totalmente inútil (devido
às correntes de vento de Manhattan) mastro para atracação
de dirigíveis.
Com seus 381 metros e 102 andares,
o Empire State foi concebido nos últimos anos exuberantes da década
de 20, mas construído na situação muito diferente
da Grande Depressão que se seguiu. E mesmo vindo de uma era de prosperidade
econômica, o desenho do Empire State é muito simples, quase
austero, usando o estilo art deco com parcimônia.
Mas mais do que um grande edifício,
o Empire State é uma incrível realização em
termos de logística e construção civil. Sem espaço
para armazenagem à sua volta, os materiais tinham que ser entregues
em ritmo perfeitamente sincronizado com a construção. Subindo
em média 5 andares por semana (embora o recorde durante a obra tenha
sido de 14 andares e meio em 10 dias), o arranha-céu foi totalmente
construído pela equipe de 3.500 homens em 1 ano e 45 dias, num total
7 milhões de horas/homem. A construção da Grande Pirâmide,
ao que se sabe, empregou 100.000 pessoas e levou 30 anos. A pressão
era tamanha que um dos empreiteiros morreu de enfarte logo após
a inauguração do prédio e outro se aposentou após
um colapso nervoso.
Durante os meses de construção,
foram assentados 10.000 tijolos, despejados 47.000 metros cúbicos
de concreto, fixadas 6.500 janelas e instalados 67 elevadores, com 11 quilômetros
de cabos. Os aposentos foram equipados com 6.700 aquecedores e 2.500 vasos
sanitários e pias. No acabamento foram usadas 10.000 toneladas de
gesso e 30.000 metros quadrados de mármore.
O projeto do Empire State foi completado
antes do tempo e abaixo do orçamento. Calculado inicialmente em
50 milhões de dólares, seu custo foi reduzido para US $40,948,900.
Tantas pessoas visitaram os seus
dois patamares de observação (4 milhões nos primeiros
5 anos) que os outros arranha-céus – inclusive a Torre Met Life,
o Edifício Woolworth e o Edifício Chrysler – desativaram
seus próprios observatórios por falta de procura. Entre os
visitantes ilustres do Empire State, estão Fidel Castro, a Rainha
Elizabeth, o Príncipe Charles, o Príncipe Andrew, a Duquesa
de York, Nikita Krushchev, o Rei do Sião, Pelé, o grupo Kiss
e Lassie.
Em julho de 1945, o Empire State
foi atingido por um bombardeiro bimotor B-25, perdido no nevoeiro, entre
o 78º e o 79º andares.
Quando a construção
civil voltou a ganhar força, depois da Segunda Guerra Mundial, o
Empire State parecia uma obra da antigüidade. O charme do estilo art
deco fora suplantado pela frieza do estilo moderno, muito mais econômico.
Os arranha-céus típicos do pós-guerra tinham toda
a complexidade geométrica de uma caixa de sapatos colocada na vertical.
Os magnatas que construíram
os arranha-céus estão hoje nas páginas da história
e o título de edifício mais alto do mundo, nem sequer está
mais nos Estados Unidos. Atualmente ele pertence à Petronas Towers,
em Kuala Lumpur, na Malásia. Mas, tenha a altura que tiver, nenhuma
torre de vidro irá ocupar o lugar do Empire State, que será
sempre o símbolo dos arranha-céus.
Ficha técnica: |
Arquitetos:
Shreve, Lamb & Harmon Associates
Construtores:
Starrett Brothers and Eken
Construção:
Iniciada em 17 de março de 1930. A estrutura foi erguida ao ritmo
de 4 andares e meio por semana.
Alvenaria:
Terminada em 13 de novembro de 1930.
Tempo
total de construção: 1 ano e 45 dias, inclusive domingos
e feriados (antes do previsto).
Horas/homem:
7.000.000
Custo:
US$ 40.948.900 (inclusive o terreno)
Custo
da obra: US$ 24.718.000 (com a depressão, o custo da obra caiu
pela metade)
Área
do terreno: 7.240 metros quadrados.
Fundação:
16,7 metros de profundidade.
Base:
10,6 metros de profundidade.
Saguão:
14,3 metros acima do nível do mar.
Altura
total: 443,2 metros até o topo do pára-raio.
Altura
da antena: 62 metros
Andares:
102
Degraus:
1.860 do nível da rua ao 102o andar.
Volume:
1 milhão de metros cúbicos.
Peso:
365.000 toneladas.
Estrutura
de aço: 60.000 toneladas
Material
exterior: 5.664 metros cúbicos de calcário Indiana, 283
metros cúbicos de mármore Rose Famosa e Estrallante, 8.500
metros cúbicos de mármore Hauteville e Rocheron.
Janelas:
6.500
Acesso
à rua: 5 entradas na rua 33, na Quinta Avenida e na rua 34.
Elevadores:
73, inclusive 6 elevadores de carga. Nos elevadores de passageiros é
possível chegar do saguão ao 80º andar em 45 segundos.
Escadas
rolantes: Oito escadas rolantes de alta velocidade servem as áreas
de acesso e até o segundo andar.
Telecomunicações:
Entre as amenidades à disposição dos ocupantes incluem-se
cabos de fibra ótica, central telefônica, TV a cabo e website
na Internet.
Aquecimento:
Fornecido por concessionária de serviços públicos,
através de 80 quilômetros de serpentina.
Ar
condicionado: Fornecido através de 7.450 toneladas de equipamento
de refrigeração. (O ar condicionado foi instalado em 1950
e modernizado em 1984 e em 1997).
Água:
112 quilômetros de encanamento levam água a caixas instaladas
em vários andares, ficando a última delas no 101º andar.
O consumo diário de água é da ordem de 750 metros
cúbicos.
Eletricidade:
762 quilômetros de fiação elétrica fornecem
os 40 milhões de quilowatt/hora consumidos pelo prédio, por
ano.
Combate
a incêndio: Um sistema especial leva água a 400 conexões
para mangueiras espalhadas pelo prédio. Em 1998 foi instalado um
moderníssimo sistema de alerta sonoro e de iluminação
de emergência.
Coleta
de lixo: 100 toneladas de lixo são removidas do prédio,
todos os meses.
Pessoal:
Aproximadamente 250 pessoas trabalham na administração do
prédio, das quais 150 fazem parte da equipe de manutenção. |
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