Calendário islâmico
Conversor entre calendários islâmico e
ocidental
(baseado em calendário aritmético)
aH - ano da Hégira * EC = Era Cristã
Calendário islâmico - Antes de Maomé (Muahammad), os árabes tinham um calendário lunar, que
faziam concordar aproximadamente com o ano trópico, através de um sistema de intercalações, tomado de empréstimo à civilização
helenística. No entanto, o Profeta condenou essa interferência com o curso natural da Lua, e impôs que fosse observado um calendário
puramente lunar, sem intercalações. Daí, um ano de doze meses, com 354 ou 355 dias, que gera uma defasagem de 11 dias para cada ano
solar, ou um ano a cada 31 anos. O mês muçulmano começa com a lua nova, que deve ser vista, em cada lugar, por dois crentes idôneos.
Há um ciclo de 30 anos, com onze anos abundantes - isto é, de 355 dias -, e os restantes, de 354 dias. Devido a esses
inconvenientes, diversos países muçulmanos adotaram uma modalidade do antigo calendário persa (Era de Djelaleddin).
A era de Djelaleddin, iniciada em 1079 dC na Pérsia, consistiu numa correção do antigo
calendário zoroastriano, que no século V aC tomara como modelo, após o babilônio, o calendário egípcio tradicional de 12 meses de 30
dias e 5 dias epagômenos. Na Pérsia propriamente dita, esse calendário não fora alterado até o advento dos sassânidas (no século III
dC). Corrigiram-no, então, somando-lhe um mês suplementar - que tomava a denominação daquele ao qual se acrescentava, com a
indicação de "segundo" -, cada 120 anos. O ano começava a 16 de julho.
Depois da conquista árabe, que implantou o calendário muçulmano, o calendário zoroastriano
continuou em uso em atividades particulares da maioria dos persas mas foi descuidada a intercalação. Assim, o início do ano passou
por grandes defasagens; em 1079, acercava-se do equinócio de março. Djelaleddin, soberano persa muçulmano, restabeleceu o antigo
calendário zoroastriano, com acréscimo de um sexto dia epagômeno a cada quatriênio.
Atualmente, o calendário islâmico ou muçulmano é assim dividido:
Mês |
Dias |
Significado do nome |
Transcrição |
[1] Muhharram |
30 |
Mês sagrado |
Muharran |
[2] Sáfar |
29 |
Mês da partida para a guerra |
Saphar |
[3] Rabiá-al-áual |
30 |
1º mês da Primavera |
Rabia-1 |
[4] Rabiá-a-Thâni |
29 |
2º mês da Primavera |
Rabia-2 |
[5] Jumáda Al-Ula |
30 |
1º mês da seca |
Jomada-1 |
[6] Jumáda A-Thânia |
29 |
2º mês da seca |
Jomada-2 |
[7] Rajáb |
30 |
Mês do respeito e da abstinência |
Rajab |
[8] Xaaban |
29 |
Mês da germinação |
Shaaban |
[9] Ramadan |
30 |
Mês do grande calor |
Ramadan |
[10] Xauál |
29 |
Mês do acasalamento dos animais |
Shawwâl |
[11] Dhu Al-Qaáda |
30 |
Mês do descanso |
Dulkaada |
[12] Dhu Al-Hijja |
29 |
Mês da peregrinação |
Dulheggia |
A Era Muçulmana começou no ano em que o profeta Maomé emigrou, de Meca para Medina, a fim de escapar às perseguições de seus adversários e poder continuar a
proclamar as Revelações, no ano 622 do calendário juliano/gregoriano. Esse é portanto o 1º ano da Hégira (nome dado à emigração do
Profeta), ou 1 aH.
O segundo califa, sucessor do Profeta, Omar I - que governou de 634 a 644 -, estabeleceu
como norma que o começo do ano deveria ser o dia 1º de Muhharram e que a contagem dos anos deveria começar pela Hégira, como
prescrevia o Qur'an (Corão ou Alcorão). Assim, a Era Islâmica começou no dia 16 de julho de 622, que é o dia 1 de Muhahham do ano 1
aH.
Este calendário é lunar e não acompanha, por isso, as estações do ano, como os calendários
solares. Assim, há fases em que o Ramadan cai no inverno, e outras em que ocorre na época mais quente do verão, o que torna a
observância do jejum mais dura para os árabes, em regiões onde a temperatura chega normalmente aos 50ºC.
O calendário islâmico pode sofrer mudanças no transcurso de cada ano, em razão do sistema
tradicional de determinação de certas datas pela observação visual da Lua. Em virtude disso, as autoridades islâmicas são obrigadas
a introduzir ajustes compensatórios no ano seguinte, acrescentando ou subtraindo um dia da duração de certos meses, que podem
portanto sofrer mudanças em sua duração.
Embora os métodos matemáticos da astronomia permitam determinar com exatidão o momento de
ocorrência de cada evento, a tradição religiosa islâmica exige que certos feriados e festividades religiosas tenham seu início
decretado por meio de observação pessoal dos astros celestes. Assim, são incertas algumas datas de importantes acontecimentos.
O Corão determina que os fiéis só iniciem o jejum do Ramadan após observarem, a olho nu, a lua nova que marca o dia 1º desse mês.
A tradição estabelece que tal observação deve ser feita por duas testemunhas idôneas e piedosas, que comunicam o fato a autoridades
islâmicas reconhecidas, as quais decretam, então, o início do período. No dia 29 do mês de Xaaban, as testemunhas perscrutarão o
céu. Se a lua nova for vista, terá início o mês do Ramadan. Se não for, considerar-se-á que o mês Xaaban terá 30 dias e o Ramadan
será adiado para o dia seguinte. O mesmo se aplicará à data do fim do Ramadan. Pela mesma razão, são também incertas as datas de
início e a duração de alguns meses e, portanto, incerto todo o calendário. A própria duração do ano lunar pode ser de 354 a 356
dias, conforme o caso.
Principais feriados religiosos islâmicos:
Lailat Al-Miraj (27 de Rajáb) - Nessa data se comemora a
miraculosa viagem que o profeta Maomé efetuou, um ano antes da Hégira, montado em
lendário animal trazido pelo anjo Gabriel. Em uma noite, o Profeta viajou por diversos lugares, dos quais o mais relevante foi
Jerusalém, onde, em rocha sobre a qual hoje se assenta célebre mesquita, ascendeu por uma escada ao Paraíso, onde teve o privilégio
de falar com Deus.
Mês do Ramadan (1 a 30 de Ramadan)
- Período de sacrifício em que os fiéis estão proibidos de comer, de beber e de quaisquer
outras atividades carnais durante as horas do dia, podendo fazê-lo somente à noite. Não é propriamente um feriado, mas nesse período
os negócios sofrem sensíveis modificações.
Eíd Al-Fitr (1 a 5 de Xauál) - Feriados em que se
comemora o término do jejum do mês do Ramadan.
Período do Hajj (1 a 10 de Dhu al-Hijja) - Período em
que os muçulmanos de todo o mundo cumprem o dever de peregrinar a Meca, que lhes incumbe pelo menos uma vez na vida como um dos
cinco preceitos básicos de vida piedosa. A rigor, o período do Hajj dura uma semana, mas a movimentação começa antes e termina
depois dele. Nessa época, a Arábia Saudita recebe quase dois milhões de peregrinos, cessando todo o comércio.
Eíd Al-Adha (10 de Dhu Al-Hijja) - Uma das mais
importantes datas do calendário islâmico, quando os muçulmanos se congratulam, tal como fazem os cristãos entre si no Natal. A data
lembra a ocasião em que o Profeta Ibrahim - o Abrahão dos cristãos - teria cumprido a ordem de sacrificar seu filho Ismael (que a
tradição judaica afirma ter sido Isaac), demonstrando imensa fé e sendo por Deus impedido, no último momento, de consumar o ato.
Segundo a tradição, a pedra sobre a qual Ibrahim ia executar o sacrifício do próprio filho era uma
rocha negra que estava no vale onde hoje se situa Meca. Essa pedra foi usada na construção da Caabah, monumento em cuja direção
todos os fiéis do mundo se voltam nas cinco orações diárias. Está numa das quinas da Caabah, engastada em prata, e todos querem
beijá-la ou tocá-la. Esse feriado ocorre no auge do período da peregrinação.
Eíd Ra's As-Sana Al Hijria ou Uáhad Muharram (1 de Muhhárram)
-O Ano Novo muçulmano, que inicia o ano lunar. Os muçulmanos da seita xiita, numerosos no Irã e no Sul do Iraque, comemoram nos
primeiros dez dias do novo ano as festividades fúnebres da Achurá, em que praticam mortificações, pela morte do Imã Hussein
ibn µli ibn Abu-T lib (ibn = filho), ocorrida no início da história do Islam.
Achurá (10 de Muhharram) - Dia do martírio do Imã
Hussein Ibn Áli Ibn Abu Tálib, neto do Profeta Maomé.
Eíd-Al-Máulid An-Nabáui (12 de Rabiá Al-Áual) - Data do
nascimento do Profeta Maomé.
Nos países islâmicos, o dia consagrado ao repouso, equivalente ao domingo dos países
ocidentais, é a sexta-feira. Por esta razão, são colocadas em destaque nos calendários as sextas-feiras. Sábados e domingos são dias
de trabalho normal, exceto nas áreas de população predominantemente cristã. Quintas-feiras não são dias de repouso. Entretanto, em
muitos lugares, trabalha-se apenas em meio período nesses dias. Repartições públicas podem não funcionar às quintas e sextas.
No Reino de Marrocos, adota-se o calendário gregoriano. Os dias de repouso são portanto
sábado e domingo, havendo porém setores de atividade que observam as sextas-feiras.
Existem muitos outros feriados nacionais, geralmente com datas móveis.
O conversor - Embora na vida diária o calendário gregoriano seja mais comum, bilhões de
muçulmanos usam o calendário lunar islâmico (hijri) para determinar os principais dias de observância dos preceitos religiosos
islâmicos, a exemplo do início e final do mês de Ramadã, início e final de cada ano, ou o Dia do Sacrifício (Id al-Adhã)
durante a peregrinação a Meca.
O conversor de calendários desta página é baseado no calendário hisabi, que é o calendário
aritmético ou tabular introduzido pelos astrônomos muçulmanos no nono século da era cristã para predizer o início aproximado dos
meses do calendário lunar islâmico. Este calendário também é citado como calendário Fātimid, embora seja de fato um dos
muitos calendários aritméticos islâmicos.
Convenciona-se que os meses no calendário islâmico aritmético têm alternadamente 30 e 29 dias de
duração, resultando num ano normal de 354 dias (sanā basīta). Para manter a correspondência com as fases lunares, cada dois
ou três anos um dia extra é adicionado ao último mês, resultando em um ano de 355 dias (sanā kabīsa). O método mais comumente
adotado intercala 11 dias em cada período de 30 anos. Quatro métodos de intercalação têm sido descritos na literatura, assim
resumidos:
Tipo |
Anos intercaláveis com 355 dias |
Origem/Uso |
I |
2, 5, 7, 10, 13, 15, 18, 21, 24, 26 & 29 |
Kūshyār ibn Labbān (11º século EC), Ulugh Beg (15º século EC), "Algoritmo
Kuwaiti" |
II |
2, 5, 7, 10, 13, 16, 18, 21, 24, 26 & 29 |
Esquema de ano ampliado mais comumente usado |
III |
2, 5, 8, 10, 13, 16, 19, 21, 24, 27 & 29 |
Calendário Fātimid (também conhecido como Misri ou Bohra) |
IV |
2, 5, 8, 11, 13, 16, 19, 21, 24, 27 & 30 |
Habash al-Hāsib (9º século EC), al-Bīrūnī (10/11º século EC), Elias de Nisibis
(11º século EC) |
Para cada esquema de intercalação há duas variantes possíveis, dependendo de como se considera o
início do calendário islâmico (1 Muharram, 1 AH), que pode ser assumida como 15 de julho do ano 622 da era cristã (conhecido
como época astronômica ou da "quinta-feira") ou 16 de julho de 622 da era cristã (a época "civil" ou da "sexta-feira").
Como o dia islâmico começa ao por do sol, as datas islâmicas neste conversor de calendários são
consideradas como iniciando no dia anterior do calendário ocidental.
Note-se que este conversor não pode ser usado antes do ano 10 da Hégira (631/32 da era cristã),
quando a intercalação de meses extras no calendário árabe foi abolida, conforme a sūra 9:36-37 do Corão. Antes desse
ano, um mês intercalável era adicionado ao ano a cada dois ou três anos, para manter o calendário de acordo com as estações. Como o
esquema de intercalação adotado é desconhecido, todas as propostas reconstruções do calendário islâmico antes de 10 aH só podem ser
vistas como hipotéticas.
A data da Hégira ou Hijra - Muitas fontes erroneamente indicam que a Hégira - a data em que
Maomé e seus seguidores deixaram Meca, e depois de cerca de duas semanas de caminhada chegaram a Yathrib, depois conhecida como
Madinat al-Nabī (Cidade do Profeta), a atual Medina - ocorreu em 1 Muharram, 1 aH.
Entretanto, a data da Hégira não é mencionada no Corão ou em outros antigos textos islâmicos.
Antigas tradições, como as mencionadas no Hadith (reunião de ditos e ações do profeta e seus seguidores), antigas biografias de
Maomé e tabelas cronológicas/astronômicas islâmicas sugerem que a Hégira ocorreu na última semana do mês Safar (provavelmente no 24º
dia) e que Maomé e seus seguidores chegaram às cercanias de Yathrib no oitavo dia do mês Rabī‘ al-Awwal, num dia em que os judeus de
Yathrib estavam observando um dia de jejum, e depois de uns poucos dias, entraram em Yathrib no 12º dia do mês Rabī‘ al-Awwal.
Convertendo-se essas datas ao antigo calendário Juliano, e tendo em conta os meses de intercalação
(possivelmente três), que foram inseridos entre a Hégira e a última peregrinação de Maomé (10 aH), a Hégira provavelmente ocorreu na
quinta-feira, 10 de junho do ano cristão 622, e Maomé chegou às cercanias de Yathrib provavelmente na quinta-feira 24 de junho de
622 da era cristã, ali entrando provavelmente na segunda-feira 28 de junho de 622 da era
cristã.
A antiga astronomia islâmica foi largamente baseada nas tabelas astronômicas calculadas pelo grego
Claudius Ptolomeu de Alexandria, que considerou a lunação - intervalo médio entre uma lua nova e outra - como sendo de 29;31,50,8,20
dias (expressados em notação sexagesimal, isto é, com base 60), como já era empregado vários séculos antes pelos
sacerdotes-astrônomos babilônicos (e que ainda é usado hoje no calendário hebreu), equivalendo a 29 dias, 12 horas, 44 minutos 3
segundos e 1/3, em unidades modernas de tempo.
Por este valor, um ano lunar com 12 lunações resulta em 354;22,1,40 dias, que podem ser
aproximados sem grande perda de precisão para 354;22 dias. Com a adição de 22 dias intercalados em cada 60 anos - ou 11 dias
intercalados em cada período de 30 anos - um calendário lunar aritmético pode ser montado com a capacidade de acompanhar as fases
visíveis da lua por vários milênios.
Um ciclo completo de 30 anos contém (19 × 354) + (11 × 355) = (30 × 354) + 11 = 10.631 dias ou
1.518 semanas e cinco dias. A cada sete ciclos de 30 anos (ou 210 anos), os dias da semana devem se repetir exatamente nos mesmos
dias do calendário aritmético lunar. Por essa razão, tabelas de calendário islâmico medievais eram elaboradas para um período de 210
anos.
O "Algoritmo Kuwaiti" - Há alguns anos, os programas da empresa Microsoft incluem um
conversor de calendário islâmico baseado no assim chamado Algoritmo Kuwaiti, que a empresa descreve superficialmente em suas
páginas, ao lembrar que "o calendário da Hégira é muito importante para a Arábia Saudita e outros países como o Kuwait", mas seu
cálculo representa um problema difícil. Sua equipe de desenvolvedores do Oriente Médio fez extensas pesquisas sobre o tema,
analisando uma longa linha de tempo de informações sobre o calendário Hijri da forma como é usado no Kuwait, para desenvolver
análises estatísticas e chegar ao algoritmo mais acurado possível.
Apesar de não dar detalhes dos cálculos que levaram a esse Algoritmo Kuwaiti, pode-se demonstrar
facilmente que ele é baseado em um esquema aritmético padrão que tem sido usado nas tabelas astronômicas islâmicas desde o 11º
século da era cristã. Denominar esse algoritmo como Algoritmo Kuwaiti é historicamente incorreto e essa prática deve portanto ser
abandonada, na opinião dos especialistas no assunto.
(Informações traduzidas de página
em inglês e que estão mais completas em holandês) |