Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/pg/pgh018.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/12/05 16:26:10
Clique na imagem para voltar à página principal
HISTÓRIAS E LENDAS DE PRAIA GRANDE
Uma história antes da História (1)

Achados arqueológicos incluem um osso com 357 kg

Uma série de descobertas que remete ao passado pré-histórico de Praia Grande foi relatada no boletim Informativo Cultural, edição 43 (julho de 1981), da Associação Centro de Estudos Amazônicos de Praia Grande (Aceam):

PRAIA GRANDE E SUA HISTÓRIA
Achados arqueológicos em Praia Grande

A distribuição das terras e mares, com suas transgressões e regressões marinhas, os levantamentos de montanhas, os paróximos vulcânicos, as variações climáticas, a formação de acidentes geográficos e o registro da vida do homem só poderão ser reconstituídos através do estudo da Geologia em todos os eventos ocorridos num passado longínquo.

Atualmente (N.E.: em 1981), dois cientistas paulistas estão estudando o mistério que envolve os ossos paleozóicos encontrados na Praia do Boqueirão. Mas é através da história da cidade que vamos descobrindo toda uma gama de fragmentos, que possivelmente revelem a idade exata das terras de Praia Grande.


O osso de 357 quilos
Foto: Deoclécio José da Silva (Foto Ideal Ltda., de Praia Grande), publicada com a matéria

I - ACHADOS ARQUEOLÓGICOS EM PRAIA GRANDE

ARQUEOLOGIA DO RIO XIXOVÁ

O volume de informações sobre a arqueologia do Rio Xixová é carente de dados completos e específicos, faltando um maior contexto nos depoimentos recolhidos entre habitantes da região, o que naturalmente provoca a distribuição de dados culturais, padrões de povoamento na área estudada e um efetivo controle cronológico, o que de certo modo torna difícil uma correlação de seqüências; é através dos achados arqueológicos que podemos vislumbrar o início de toda uma civilização, que com todos seus traços primitivos deu início à nossa base cultural.

O SURPREENDENTE DEPOIMENTO DE DONA MARIA DO FORTE

Maria Francisca dos Santos - Maria do Forte, como é carinhosamente chamada antiga moradora da cidade e que até hoje reside às margens do córrego (hoje Rio Xixová) - é quem relata: "Em 1927, fazendo escavações para abertura de uma valeta para canalizar água do Forte para o Rio Xixová, houve um achado, histórico, escabroso e impressionante, pois enterrados às margens do rio estavam oito potes decorados que, ao serem abertos, constatou-se que eram oito urnas funerárias e abrigavam em seu interior corpos reduzidos em posição observada em outros achados (sentados).

"Na época, o fato foi muito comentado na então freguesia de São Vicente, e como a descoberta foi realizada em terras do Sítio Sua, que a essa época já pertencia à Fortaleza de Itaipu, o major Edgar de Paula Costa entregou as urnas ao Museu Paulista.

"Em matéria de arte primitiva, havia a Olaria que produzia tijolos para a construção da Fortaleza, olaria essa dirigida por meu irmão Nelson Francisco dos Santos, ocasião em que o major E. Paula Costa escreveu em pedra o nome da Fortaleza.

"Naquela época, os índios que habitavam a região, ou se mesclavam com os pescadores, ou seguiam para Conceição de Itanhaém, ou ficavam isolados no acampamento chamado Cemitério dos Índios, onde presume-se que haja ossadas, tesouros enterrados etc.

"A arte de Praia Grande é portanto antiga tanto nas armas trabalhadas pelos indígenas, como a plástica de duas índias remanescentes, Galifan e Beiscolan, tão belas que na ocasião foram para os Estados Unidos, contratadas pelo artista Haroldo Loyd, embarcando no Porto de Santos.

"Portanto, Galifan e Meiscolan foram as primeiras representantes da arte e da beleza praiagrandense no exterior".

Em 1975, quando se processavam fundações para exame do solo nas margens do Mar Pequeno, foram achados diversos fragmentos de objetos de arte, alguns em cerâmica crua, outros em barro cozido, e na ocasião o motorista Antônio Dias recolheu diversos fragmentos, que atualmente estão em poder da Associação Centro de Estudos Amazôncos para estudos posteriores.

II - OSSOS PALEOZÓICOS ENCONTRADOS NA AREIA DA PRAIA

1981 - ABRIL - O primeiro achado ocorreu na altura onde está localizado o Restaurante Lagosta (N.E.: tradicional estabelecimento, inaugurado em 1/7/1952 no Canto do Forte); os ossos foram descobertos e desenterrados por operários da firma Heleno & Fonseca, empreiteira contratada pela Sabesp para proceder a implantação de um emissário de esgotos, sob a orientação do engenheiro Fernando Moura e Silva.

O achado provocou curiosidade, a Aceam recebeu 8 telefonemas, de pessoas interessadas em que os ossos ficassem na cidade, mesmo porque vândalos e inescrupulosos já haviam levado parte do achado. A poetisa Sílvia Smith e o zelador do prédio Le Chateau, sr. Clóvis B. Guimarães, foram os primeiros a comunicar o fato. Imediatamente, a Equipe Aceam foi ao local e, constatando a importância e a veracidade do achado, entrou em entendimentos com os engenheiros Jordão e Irineu Silveira, e - após consultar os superiores -, a doação do achado foi feita ao Centro de Estudos Amazônicos, onde até hoje se encontram para a visitação pública, no horário de 14 às 16 horas.

Característica - Os dois ossos paleozóicos estão em processo de fossilização e medem 1 metro de comprimento cada um, pesando no total 150 quilos; o formato e aparência dos mesmos têm suscitado muitas especulações a respeito.

III - A CORRENTE

Cerca de 9 metros de distância, do local onde o osso foi desenterrado, foi encontrada uma grotesca corrente de ferro de 12 metros de comprimento e pesando cerca e 100 quilos. A corrente tem seus elos encadeados, evidenciando um trabalho artesanal primitivo.

Repercussão - Os dois achados provocaram uma verdadeira corrida de curiosos, pois inicialmente foi publicada uma pequena notícia no jornal Notícias Populares (N.E.: antigo jornal publicado pelo grupo Folha da Manhã, na capital paulista), intitulada "Fósseis na Praia"; na semana seguinte, os jornais A Tribuna de Santos, Jornal da Tarde, O Estado de São Paulo e Diário Popular e o São Vicente Jornal também deram notas a respeito. Várias emissoras de rádio e televisão divulgaram o fato. A RTC - Canal 2 (N.E.: Rádio e Televisão Cultura, de São Paulo) fez um documentário a respeito, tendo exibido várias vezes. Cidinha Campos fez uma entrevista ao vivo do Rio de Janeiro, com a presidente da Aceam. Ao mesmo tempo, várias pessoas telefonavam e escreviam solicitando detalhes, de várias cidades do interior e dos Estados onde a notícia foi divulgada.

IV - 6 VÉRTEBRAS DESENTERRADAS AUMENTAM O MISTÉRIO

1981 - MAIO - À altura da Rua Marechal Maurício José Cardoso, novo achado despertou a atenção de todos; desta feita, eram 6 vértebras de grande porte, que imediatamente foram doadas à Aceam. Estudos posteriores determinaram que as vértebras pertencem ao mesmo animal, embora também estejam em processo de fossilização, e vieram aumentar mais ainda o mistério que envolve os achados.

V - OSSO DE 357 QUILOS É ACHADO NA PRAIA

1981 - JUNHO - Um enorme osso (em volume maior que o primeiro, pesando cerca de 357 quilos) foi encontrado durante as escavações, sob a Av. Paris, na praia do Boqueirão. Após ter sido retirada pelo guindaste, sob grande curiosidade dos populares, a peça foi encaminhada à Associação Centro de Estudos Amazônicos, onde encontra-se franqueada à visitação pública. Durante a temporada, o Centro de Estudos recebeu cerca de 85 visitas (média) por dia.

Para todos os cientistas que têm examinado os ossos, é que os mesmos não pertencem a nenhum animal conhecido das espécies encontradas atualmente sobre a Terra.


Os dois segmentos do osso encontrado na areia da praia
Foto publicada com a matéria

DOIS CIENTISTAS PAULISTAS INTERESSADOS EM DESVENDAR O MISTÉRIO DOS OSSOS ENCONTRADOS NA PRAIA

Dois cientistas, que passaram a temporada de julho na Cidade, visitaram várias vezes a sede da Associação Centro de Estudos Amazônicos de Praia Grande, sem contudo se encontrarem. Entretanto, ambos fotografaram, mediram e levaram pequenas amostras para determinar a datação dos ossos.

O dr. Sérgio Mezzalira, diretor do Instituto Geológico, da Secretaria de Agricultura do Estado, é geólogo, paleontólogo e autor de diversos trabalhos, entre eles "A paleontologia no Estado de São Paulo, sua evolução e seus problemas", "Bioestratigrafia do Grupo Passa Dois no Estado de São Paulo", "Os fósseis do Estado de São Paulo" etc.

Na oportunidade, o dr. Sérgio fez a doação de 40 amostras de rochas minerais, devidamente classificadas, e 3 exemplares de suas obras já publicadas, que foram incluídas no acervo da entidade.

Outro estudioso no assunto, o dr. Otaviano Gaiarsa, médico aposentado, pesquisador e atual presidente da Academia de Letras da Região do ABC, depois de examinar os ossos paleozóicos, discorreu para um grupo de universitários que visitavam a Aceam, e afirmou que os ossos são de animal (mamífero gigante) que viveu há mais de 100 milhões de anos e, dependendo do tamanho da cauda, o animal deve ter 10 metros de comprimento. 

Ao regressar para Santo André, onde reside, o dr. Gaiarsa prometeu estudar as peças, identificar a espécie e, possivelmente, esboçar uma reconstituição do animal e, devido à curiosidade que o achado despertou e ao interesse popular, é de opinião que os ossos, pelo seu tamanho e pela sua idade, são um interessante motivo turístico.

As escavações da Sabesp na Praia do Boqueirão prosseguem, e é grande o número de turistas e moradores que ficam no alto das grandes dunas artificialmente formadas pelas escavadeiras, pois muitos acreditam que a qualquer momento novos achados poderão ocorrer.

Não se sabe ainda ao certo a que animal os ossos pertencem; entretanto, ficou evidenciado que não são de nenhum animal que atualmente habite a face da Terra. Mas, vejamos o que escreveu Roy Andrews no seu livro Os Dinossauros:

"Muitos anos antes dos dinossauros serem descobertos, os cientistas já desenterravam restos fossilizados de outros animais. O primeiro a ser encontrado, ou pelo menos de que se tem registro, foi exumado em East Windsor, no Estado de Connecticut, América do Norte, em 1818. Ninguém sabia a que criatura pertenciam aqueles ossos. Anos mais tarde, o prof. Marsh deu-lhes o nome de Anquissauros.

"Em 1822, a esposa do dr. Gideon Mantell descobriu alguns dentes estranhos nas rochas de Sussex, na Inglaterra. Até então, jamais se ouvira falar de dinossauros. O dr. Mantell enviou os dentes encontrados a vários outros cientistas, os quais inicialmente afirmaram que pertenciam a um rinoceronte.

"A conclusão não satisfez o dr. Mantell, que voltou ao lugar onde os dentes tinham sido encontrados. Ali, desenterrou uma porção de ossos que estudou por muito tempo. Finalmente, concluiu que representavam um novo tipo de réptil, muito grande. Descreveu-o e chamou-o de Iguanodonte, porque os dentes pareciam muito com os de um lagarto vivo chamado iguana.

"Foi, porém, sir Richard Owen quem reconheceu que esses répteis extintos precisavam de um nome mais generalizado. Denominou-os então dinossauros, que significa lagartos terríveis.

"Curiosamente, um dos primeiros descobridores de répteis fósseis não foi um cientista, mas sim uma garota chamada Mary Anning. Morava na costa meridional da Inglaterra e costumava ajudar seu pai a catar conchas marinhas fósseis que vendia aos turistas quando vinham passar o verão na aldeia.

"Em 1811, quando Mary tinha doze anos, fez uma grande descoberta. Foi a do esqueleto petrificado de um réptil que vivera no mar quando os dinossauros dominavam a Terra. Era completamente desconhecido e foi denominado Ictiossauro.

"O réptil descoberto por Mary causou uma grande excitação entre os cientistas. Continuando a procurar nas rochas próximas de sua casa, ela encontrou outros animais marinhos petrificados. E, quando o pai morreu, passou a colecionar fósseis.

"Em 1821, Mary Anning desenterrou o primeiro esqueleto de uma serpente-do-mar, que foi denominada Plesiossauro. Sete anos mais tarde, fez outra importante descoberta. Foi o esqueleto de um Pterodáctilo, um réptil voador. Era o primeiro de sua espécie encontrado na Inglaterra. E Mary Anning ganhou algum dinheiro vendendo fósseis para os museus de todo o mundo. Seu nome tornou-se famoso na ciência.

"Além de deixarem seus ossos nas rochas, os dinossauros deixaram também as impressões digitais. No Vale de Connecticut existe uma das pegadas de dinossauros mais bem conservadas do mundo.

"Em 1802, um fazendeiro chamado Pliny Moody, arando sua terra, arrancou um bloco de pedra. Nessa pedra estava a marca de qualquer coisa que parecia um pé de pássaro. Outras foram encontradas, mas ninguém deu muita importância a elas, até 1835.

"Depois, o professor Hitchcock, do Colégio Amherst, resolveu estudá-las, decidindo que haviam sido feitas por grandes pássaros desaparecidos. Só muito mais tarde foi que se verificou que eram pegadas de dinossauros que caminhavam sobre os membros posteriores. O engano do professor Hitchcock era muito natural, Naquele tempo, os dinossauros eram quase desconhecidos e as pegadas de três dedos semelhavam muito mais com as de um pássaro.

"As pegadas do dinossauro de Connecticut são antiqüíssimas. Foram feitas há cerca de 200 milhões de anos, no início da Era dos Répteis. Desde então, o aspecto da região passou por grandes alterações. Ela não era tão linda como agora. Toda a paisagem apresentava um verde sombrio. Havia pouca vegetação, exceto coníferas, fetos e cicadáceas, que são plantas parecidas com as palmeiras e samambaias. Nem uma só flor era vista nessas florestas. No outono, as folhas não apresentavam as cores brilhantes que têm hoje. Do mesmo modo, não existiam pássaros. Nos lagos nadavam tartarugas, os lagartos dormiam ao sol, e milhões de pequenos dinossauros vagavam por toda a parte.

"A história dos rastros de Connecticut constitui um capítulo importante da existência dos dinossauros. A região do vale do Rio Connecticut, onde se acham as pegadas, era o leito de um antigo rio, ou um braço de mar de pouca profundidade. Vastas poças permaneciam secando ao sol durante dias e semanas. Depois, de súbito, eram novamente alagadas por águas lamacentas.

"Por alguma razão, os dinossauros gostavam e vir até essas águas rasas. Quando caminhavam por ali, seus pés mergulhavam profundamente na lama, deixando marcas fundas. Depois a lama secava ao sol. Quando as águas subiam novamente, os sedimentos enchiam as marcas, formando moldes. E com o decorrer dos anos, a lama endurecia, transformando-se em rocha.

"Desta forma foram preservados milhares de rastros. Ali devem ter existido milhões de dinossauros. Suas impressões mostram que eram de vários tipos e tamanhos. As maiores pegadas têm 37 centímetros de extensão e estão afastadas uma das outras de 1 metro. Foram porém feitas, realmente, por grandes dinossauros".

Os achados de Praia Grande vieram modificar o panorama da "localização das principais ocorrências fossilíferas", pois não há indicação no mapa, com referência ao litoral, no trabalho "Os fósseis do Estado de S. Paulo".

Em "A Paleontologia no Estado de São Paulo: Sua Evolução e Seus Problemas", do geólogo Sérgio Mezzalira - pesquisador científico -, observa-se que "as pesquisas paleontológicas, no Estado de São Paulo, tiveram, no seu início, como praticamente em todos os outros Estados do Brasil, intensa participação de pesquisadores estrangeiros.

"O campo para as suas pesquisas era vasto e oferecia inúmeras oportunidades para novos descobrimentos e ampliação do conhecimento das ciências geológicas e, mais particularmente, da paleontologia.

"Embora A. Pissis, em 1848, mencionasse o encontro de restos organizados, muito pequenos e mal conservados, que não lhe permitiam uma definição sobre os mesmos, coube a Richard Rathbun a constatação de répteis fósseis, em calcários, dos arredores de Tietê/SP, abstendo-se de opinar sobre a idade das camadas, pelo fato de o animal fóssil lhe ser desconhecido. Foi este cientista, incumbido pela Comissão Geográfica do Império, organizada em 1875 para realizar estudos na Província de São Paulo, tendo-a percorrido em 1877, quando teve ocasião de assinalar o encontro desses animais fósseis.

"A descoberta, no calcário de Piracicaba, de poucas e mal conservadas conchas fósseis idênticas às já anteriormente observadas em Colônia Teresa, na Província do Paraná, como características dos terrenos carboníferos, confirmara a Orville A. Derby (1879) a possível semelhança de estrutura geológica das duas províncias.

"A primeira real contribuição paleontológica foi a de E. D. Cope, em 1885, quando descreveu Stereosternum tumidum n. gen. n. sp. encontrado na região de Itapetininga/SP.

"Os estudos geo-paleontológicos tiveram maior impulso com a criação da Comissão Geográfica e Geológica a 27 de março de 1886, sob a direção de Orville A. Derby, tendo como colaboradores os primeiros técnicos nacionais aliados aos estrangeiros, como Luiz F. Gonzaga de Campos, Francisco de Paula de Oliveira, Teodoro Sampaio, Guilherme Florence, Eugen Hussak, Albert Loefgren e mais tarde Joviano Pacheco, dos quais somente este último se dedicou praticamente à Paleontologia. As pesquisas paleontológicas, aliadas às geológicas, se desenvolveram intensamente, contribuindo para a descoberta de inúmeros jazigos fossilíferos na Província, e foram de tal monta que permitiram a J. C. Branner escrever, em 1919, que a "geologia desse Estado havia sido estudada melhor do que a de qualquer outro Estado da União".

"Após cinco anos, àquela contribuição de E. D. Cope, surgiu, em 1890, o trabalho de B. Renault, versando a paleoflora com a descrição específica de Lycopodiopsis derbyi, encontrado nos arredores de Piracicaba/SP. Em 1898, A. Smith Woodward traz a sua contribuição sobre os peixes fósseis de Tremembé/SP.

"A série de trabalhos de autores estrangeiros prosseguiu, destacando-se os de Ameghino (1907), que estudou a fauna cenozóica e mamíferos das cavernas da região de Iporanga, com a identificação de Chironectes minimus. Outros cientistas, como Carlota Maury Staesche, David Dunk, Rigluy, R. Krausel & E. Dolianti (1958), W. Kegel e tantos outros.

"A primeira contribuição nacional apareceu em 1913, com a descrição, por Joviano Pacheco, de restos de quelônios do cretáceo paulista e referíveis a Prodocnemis harrisi n. sp., bem como de outros animais encontrados associados. Dentro do critério de exposição adotado para os trabalhos alienígenas, prosseguimos com um ligeiro retrospecto sobre as contribuições dos autores indígenas.

"Assim, M. G. O. Roxo, em 1929, identificou Alligator (Caiman) parahybensis n. sp. sinonimizado, em 1937. Outros cientistas nacionais, como Moraes Rego, Euzébio de Oliveira, Jordano Maniero, J. Camargo Mendes.

"Em 1951, S. Mezzalira noticiou o encontro de restos de vegetais Glossopteris sp. e Gangamopteris sp., sementes platispérmicas e - pela primeira vez no Estado -, a ocorrência de eripterídio Hastimima sp., da região de Capivari/SP. Esse mesmo autor, em 1952, baseado na entidade específica de Bampsonyx brazilicus Clarke, criou o gênero Clarkecaris, à vista de novos exemplares de crustáeos da região de Tatuí/SP, e referíveis ao Membro Taquaral da Formação Irati.

"Mais tarde, em 1956, desreveu Nuculana limal n. sp. e identificou Orbiculoidea cf. O. guaraunensis (E. Oliveira) encontrados em testemunhos de sondagem de Itaporanga/SP, e referíveis ao Grupo Tubarão (Carbonífero).

"Esse mesmo autor, em 1957, ampliou o conhecimetno da fauna da Formação Corumbataí, na região de Piracicaba-Limeira-Rio Claro, descrevendo Rioclaroa lefevrei n. gen. etc. n. sp. e Ferazia simplicicarinata n. sp. associados aos demais bivalves já estudados e modificando, em parte, a distribuição bioestratigráfica desses animais.

"Ainda, S. Mezzalira, estudando a flora cenozóica de Vargem Grande do Sul/SP, identificou Tibouchina Izildaisabelae n. sp., associada a restos referíveis a Anonaceas Rutales e Ebenales. Em 1969, notificou o encontro, pela primeira vez no Estado, em testemunho de sondagem do Grupo Tubarão, da cidade de Boituva/SP, asas de insetos que estão sendo estudadas por Irajá Damiani Pinto.

"Em 1971, com o encontro de exemplares melhor conservados de Clarkecaris, em diversas localidades do Estado, quer em afloramentos como em testemunhos de sondagem, apresentou uma descrição mais completa do mesmo, bem como outros dados sobre os demais gêneros de crustáceos da Formação Irati. Em seguida (1974), estudou a fauna invertebrada (moluscos e crustáceos) da Formação Bauru, com a identificação de Anodonttes paulistanensis n. sp.; Anodontites freitasi n. sp.; Monocondylaea cominatoi n. sp.; Sancticarolis tolentinoi n. gen. n. sp.; Diplodon arrudai n. sp.; Itaimbeia priscus (Ihering) n. gen.; Physa aridi n. sp; Hidrobia prudentinensis n. sp., Viviparus souzai n. sp. (de Goiás) e Paleolimna diopsis suarezi n. sp. e sinonimiza praechara barboasi (Petri).

"Nesse mesmo trabalho identificou, de Minas Gerais, Anodontites pricei n. sp. e Florenceia peiropolensis n. gen. etc. n. sp. Em 1976, apresentou, no 29º Congresso Brasileiro de Geologia, nova contribuição à distribuição bioestratigráfica dos fósseis da formação Estrada Nova e assinalou, pela primeira vez, no Grupo Tubarão, no Estado, em testemunhos de sondagem da região de Sarapuí/SP, o vegetal Plumsteadiella sp.

"Outros pesquisadores como Ana Maria V. de Carvalho, Carlos de Paula Cento, Setembrino Peri. H. S. Travassos, L. Rubens S. Santos, Roberto Cardoso, Antonio Rocha Campos, J. Marim Suarez, Nicéia Traindade, Dalmon Quadros, F. M. Arich  Luiz D. Vizzotto, Antonio Souza, Osmar Siveli & Neide M. Gonçalves, Sérgio E. Amaral, Paula Couto, Ewaldo Ragonha, Paulo Soares, Diana Mussa, Ignácio Brito, Mauro Ribeiro, J. Milan, Dina Araújo, identificaram vários fósseis, dando assim grande contribuição no estudo da Geologia.

"No 29º Congresso Brasileiro de Geologia (1976) há vários trabalhos que versam a paleontologia do Estado, destacando-se os de Murilo Lima et alli sobre os foraminíferos arenáceos do subgrupo Iararé; Diana Mussa sobre as Vertebraria da Formação Irati; Giuseppe Leonardi sobre a descoberta de uma rica icnofauna (vertebrados e invertebrados) no Arenito Botucatu em Araraquara, e o estudo de Paula Couto sobre a Paleontologia e Cromogeologia da bacia Tremembé-Taubaté.

"No I Simpósio Regional de Geologia (1977) patrocinado pelo Núcleo de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Geologia, dentre os trabalhos apresentados destacamos o de K. Soguio & Diana Mussa, que descreveram as seguintes madeiras fósseis dos aluviões antigos do rio Tietê: Astronioxylon mainieri; Piptadeni oxylon chimeloi; Mirocarpoxylon sanpaulensis; Matayboxylon tietei e Qualeoxylon itaquaquecetubai, todas referíveis ao Pleistoceno Sup.; o de Giuseppe Leonardi sobre a ocorrência de Titanosauridae na Formação Bauru em Guararapes/SP; e o de Fairchild, que tratou dos Conophyton and other columnar stromatolites from Proterozoic Açungui Group near Itapeva/SP, Brasil.

"Nesse ligeiro retrospecto demos ênfase às contribuições, indígenas e alienígenas, que trouxeram a lume novas entidades genéricas e/ou específicas, não desmerecendo as demais que, também, têm o seu valor para a evolução das pesquisas paleontológicas, ampliando a distribuição geográfica dos fósseis por todo o Estado, mas que se fossem aqui enunciadas tornariam esse retrospecto por demais longo."

Ao terminar, o Dr. Sérgio Mezzallera ressalta: "É preciso, porém, dar maior divulgação do que seja a Paleontologia, chamando a atenção para o papel que os fósseis apresentam na solução de problemas de cunho biológico, geológico, litoestratigráfico, paleoecológico e econômico (petróleo, carvão etc.)".

N.R. - Quando encerramos esta edição recebemos informações do dr. Otaviano Gaiarsa de que os ossos pertenceram a um dinossauro Diplodocus, que viveu há cerca de 150 milhões de anos.

Leva para a página seguinte da série

QR Code - Clique na imagem para ampliá-la.

QR Code. Use.

Saiba mais