PRAIA GRANDE E SUA HISTÓRIA
Antiga Capela de Santo Antonio do Boqueirão de Praia Grande
"Fachada da Matriz", segundo a objetiva do fotógrafo Luiz Alberto Aguiar Luz
Foto publicada com a matéria, na capa do boletim
Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua é "il santo di
tutto il mondo", como escreveu o Papa Leão XIII, em 1895, no sétimo centenário de seu nascimento.
No Brasil, é um dos santos de maior devoção popular. É orago de 228 freguesias,
o maior número. Segue-se São José, com 71. E não é possível contar o total das capelas e oratórios privados onde o santo é venerado.
Suas festas quase desapareceram, mas o prestígio se mantém nos assuntos de encontrar
casamento e deparar as coisas perdidas. Trouxeram os portugueses o culto antonino, que se divulgou e fixou através dos tempos.
Incontáveis as orações que lhe são dedicadas, especialmente citadas as "trezenas" e a
recitação do "responso", infalível na obtenção de "graças".
As "trezenas" são treze dias oferecidos ao santo, com orações e leituras de exemplos
de sua vida, terças-feiras seguidas. O "responso" é devido a Julião de Spira, reunido ao ofício-divino comemorativo da festa antonina.
Sabem-no de cor, em latim e nas muitas versões portuguesas, mais ou menos ingênuas e
fiéis.
QUEM ERA SANTO ANTÔNIO
Fernando de Bulhões nasceu em Lisboa a 15 de agosto de 1195 e faleceu em Arcella,
perto de Pádua, na Itália, a 13 de junho de 1231. Frade regrante de Santo Agostinho, passou para a Ordem de São Francisco em 1220, tomando o nome de
Antônio. Ficou três anos em França (1224-1227), ano [em] que voltou e foi eleito padre
provincial da Itália superior.
Uma tradição maravilhosa envolveu-o ainda em vida. Tinha o dom de pregar e ser
entendido por todos os estrangeiros. Ficou sendo famoso o seu "sermão aos peixes de Rimini", quando os homens não o quiseram ouvir (Fioretti di
San Francesco, XXXIX e XL).
Veio em espírito a Lisboa, fazendo o cadáver de um assassino negar, por um sinal de
cabeça e de mão, a culpabilidade atribuída a Martin de Bulhões, seu pai. Foi canonizado um ano depois da sua morte, pelo Papa Gregório IX.
Em Portugal e Brasil, diz-se que o santo era visitado comumente pelo Menino-Deus, e a
iconografia antonina reproduz abundantemente a tradição.
As moças, em geral, submetem as imagens de Santo Antônio a todos os suplícios
possíveis, na esperança de um deferimento rápido para o casamento "...e algumas chegam até mesmo a tirar o menino Jesus
dos braços de Santo Antônio para restituí-lo somente depois de realizado o milagre; viram o santo de cabeça para baixo, tiram-lhe o resplendor e
colocam sobre a tonsura uma moeda pregada com cera; e por fim, quando tarda o milagre, e cansadas já de tanto esperar, atam o santo com uma corda, e
deitam-no dentro de um poço - o que deu lugar, de uma vez, a desaparecer a imagem, porque era de barro e derreteu-se completamente ao contato com a
água!" (Pereira da Costa, Folclore Pernambucano, 120).
Hoje, seu nome batiza igrejas, ruas e continua sendo um dos mais escolhidos para se
batizar um menino, em Portugal e Brasil. Rara será a cidade, vila ou povoado sem uma "Rua de Santo Antônio", em todas as terras do idioma português.
SANTO ANTÔNIO DO BOQUEIRÃO DA PRAIA GRANDE
Este é mais um dos títulos atribuídos ao santo popular, que os antigos moradores do
Boqueirão da Praia Grande, quando então ainda pertencia a São Vicente, notando a necessidade de um templo de religião, resolveram, um dia, levantar
uma capela em homenagem a Santo Antônio e onde tivesse também o seu lugar de honra a imagem de São Pedro, o patrono dos pescadores, que naquela
época habitavam em grande número pela Praia Grande.
Organizaram a Irmandade, chefiada pelo saudoso Francisco Camargo, o "seo"
Chico, e da qual participaram, com bons serviços prestados, Urcezino Camargo, Antônio Valentim de Sousa (Paraíba), Caetano, Geraldo, Paulo Camargo,
Honório Passos e seu irmão Benjamim, Chico Silveira, Lolô, Francisco Inácio Ribas, Heitor Pinheiro Ribas, d. Marieta Camargo Silva, Orieta Moura,
Maria Pacheco Nobre (Mariquinha Nobre), Maria da Conceição Camargo Sousa, Gertrudes da Luz Camargo, Gabriela Carolina de Oliveira, Odila Camargo e
outros.
Com muito dinamismo e força de vontade a capelinha foi levantada, embora com grandes
sacrifícios, e à custa de esmolas conseguidas com os fiéis e devotos. Conta-nos Edison Telles de Azevedo, no seu livro Vultos Vicentinos,
página 259, que Francisco Emílio de Sá, grande abolicionista e pacificador, possuía diversas propriedades na Praia Grande, e uma delas "doou
a capela de Santo Antônio, em homenagem à data natalícia de seu filho Francisco de Sá Jr., o popular "Zé Tramela", já falecido, que além de
ser jornalista era teatrólogo, esportista e foi o fundador do Chantecler F. Clube, em São Vicente".
Com planta já aprovada por D. Idílio José Soares, na época bispo de Santos, os antigos
moradores do Boqueirão lutavam pela ereção da nova capela
Foto: arquivo particular do historiador Jaime M. Caldas, publicada com a matéria
DOAÇÃO DO TERRENO
Doaram o terreno (15,60 x 80,00 m), para a Mitra Diocesana de Santos, Marieta Camargo
Silva, Maria da Conceição Camargo Sousa e seu marido Antônio Valentim de Sousa. Os pais e sogros dos doadores, Francisco Pires Camargo e sua mulher
Gertrudes da Luz Camargo, antes de falecerem já manifestavam esse desejo, porém com a condição de não desaparecer o culto a Santo Antônio, e as suas
vontades, parece-nos, até hoje estão sendo respeitadas.
COMO ERAM AS FESTAS
(Segundo Jaime M. Caldas)
Em 1909, a capela sofreu radical reforma e ampliação. Inúmeras foram as festas em louvor a Santo Antônio,
São Pedro e Sant'Anna, com iluminação a gambiarra (pedaços de bambus, com torcidas imersas em querosene).
As procissões pela praia (sem o burburinho de hoje) tinham um encanto inigualável
e os devotos acompanhavam o desfile religioso com todo o respeito, cantando e rezando. Depois da missa, em frente à capela, o leiloeiro
insubstituível, Urcezino Camargo, começava o leilão de prendas, um dos fatores para grande aglomeração. Dotado de um espírito alegre e
comunicativo, o sempre lembrado praiano, que desempenhava também as funções de capelão, era quem puxava as ladainhas preparatórias para a festa.
O nosso saudoso amigo, Edison, comentava: "Conheci-o,
já alquebrado, fazendo as suas caminhadas a pé da Praia Grande a São Vicente, tendo como sapatos pedaços de pneus de automóveis, que ele mesmo
adaptava, trazendo às costas sacos e cestos de mercadorias".
Segundo D. Maria Francisca dos Santos (Maria do Forte), "muitas
foram as festas realizadas em louvor a São Pedro, Santo Antônio, Sant'Ana e N. Sra. da Conceição e, em todas, o povo participava com fé e
simplicidade". D. Maria mandou construir uma capelinha (que até hoje existe perto de sua casa), só para receber São
Pedro, que saía do Canto do Forte para a Igreja do Boqueirão.
A IMAGEM HISTÓRICA DE N. SRA. DA CONCEIÇÃO QUE PERTENCEU À CAPELA
Imagem de N. Senhora da Conceição, em mármore, bicentenária,
que pertenceu à professora Mariquinha Nobre
Foto publicada com a matéria
Mariquinha
Nobre (Maria Pacheco Nobre) custodiou em sua residência, por alguns anos, uma imagem de N. Sra. da Conceição, esculpida em mármore de rara
qualidade, considerada de grande valor histórico e estimativo. Pertenceu sucessivamente ao capitão-mor de Itanhaém, José Gonçalves Neves, e ao
pai de Mariquinha, Anselmo Pacheco Nobre, que a mantinha numa das salas de sua residência, reservada para capela.
A casa, que era num sítio do Canto do Itaipu, onde ela nasceu, a 27/1/1876, muitas
vezes se enchia de devotos da santa, quando ali era puxado o terço pelo seu pai e por ocasião das novenas. No dia 8 de dezembro (dedicado à
Imaculada Conceição), a casa tinha um ar todo de festa religiosa.
Após o falecimento de seu pai, Mariquinha Nobre, que não quis casar, preocupava-se
com o destino da preciosa imagem - quando morresse -, e assim, por sua vontade, depois que se construiu a capela de Santo Antônio, foi a imagem
processionalmente transferida de sua casa para aquela capela.
Os anos se passaram e a querida e estimada Mariquinha Nobre, que ensinou durante
23 anos, sem jamais se ter valido de qualquer pedido de licença, na Escola Mista de Praia Grande (Boqueirão), onde já havia lecionado seu pai,
viria falecer aos 49 anos de idade (12/6/1925), em São Vicente, na residência da sua grande amiga, sra. Júlia Paranhos, que cuidou dela até os
derradeiros momentos. A casa ainda existe e fica à Rua João Ramalho, esquina da Rua Padre Anchieta, e nela está atualmente instalada a Sucen-SR2
da Secretaria do Estado de Saúde.
Com o correr do tempo, a capela de Santo Antônio também foi abandonada.
Desaparecendo aqueles que cuidavam dela, inexoravelmente caiu em ruínas. Nessa ocasião, a imagem, hoje quase bicentenária, foi recolhida por d.
Flora Dias Bexiga, sobrinha-neta do capitão-mór de Itanhaém, sobrinha de Alselmo Pacheco Nobre e conseqüentemente prima de Mariquinha. Temendo o
seu desaparecimento e sabendo do seu valor estimativo, mandou "José Joana" buscá-la.
D. Flora Dias Bexiga faleceu a 9 de abril de 1965, com 92 anos de idade, e a
imagem encontra-se hoje sob a custódia de sua filha, já viúva, d. Cacilda Dias Freixo, que reside em São Vicente.
ESCOLA "MARIQUINHA NOBRE"
O edil Jaime Hourneaux de Moura apresentou na Câmara Municipal de São Vicente, em
28 de abril de 1964, o projeto de lei nº 70/64, autorizando o prefeito municipal a dar a uma das futuras escolas do município, preferivelmente
no subdistrito de Praia Grande, o nome de "Professora Mariquinha Nobre". O ex-prefeito sr. Charles de Souza Dantas Forbes sancionou, com a lei
nº 1022/64, o referido projeto, em data de 10 de junho do mesmo ano.
ESCOLA DE 1º GRAU "PROFESSORA MARIA PACHECO NOBRE"
Em 1981, por sugestão do prof. Jorge Monteiro Jr., foi dado ao antigo Grupo
Boqueirão o nome de "Profª. Maria Pacheco Nobre", e por sugestão da Equipe Aceam e da profª. Neide Andrade Silva, a diretoria da escola manda
celebrar missa, às 19 horas do dia 12 de junho, aniversário de morte daquela que oficialmente foi a primeira mestra do município.
A NOVA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO
Em 1956, foram demolidas as ruínas da capela de Santo Antônio, para dar lugar a
uma igreja moderna. O projeto da nova igreja foi de responsabilidade da firma Wilke & Saenz Ltda., cuja planta, posteriormente, foi devidamente
aprovada pelo sr. bispo diocesano, D. Idílio José Soares (nascido em 26/10/1887 - falecido em 10/12/1969), e pela Prefeitura Municipal de São
Vicente.
Numa das vitrinas da cidade foi exposta a referida planta, para que o público
avaliasse a grandiosidade da obra de fé cristã, que seria levantada no Boqueirão da Praia Grande.
Convém ressaltar o dinamismo e o trabalho do saudoso cônego Teófilo Fraile (n.
6/2/1901 - f. 28/6/1969), que, à frente de uma comissão de devotos de Santo Antônio, após várias reuniões na Casa Paroquial, elaboraram vários
trabalhos para aquisição de donativos em espécie e em dinheiro, para o início da construção da nova igreja no Boqueirão da Praia Grande, em
louvor ao milagroso santo.
A própria comissão organizou, com êxito, várias quermesses, tômbolas, leilões de
prendas, espetáculos e reuniões sociais, conseguindo os meios necessários à construção. No ano seguinte (1957), já tinham construído os muros de
frente, laterais e dos fundos e a parte que iria servir de capela provisória. Nesse local, em 4/11/1957, o cônego Teófilo Fraile celebrou missa
às 10 horas, dedicada aos fiéis e devotos de Santo Antônio, pedindo graças para o término das obras. E Santo Antônio atendeu.
Estivemos, um dia desses, em visita à Igreja de Santo Antônio de Praia Grande, e,
na penumbra silenciosa e aconchegante daquele templo, concentrados que estávamos no tempo que já passou, veio-nos a lembrança e a inspiração
para escrever este modesto e despretensioso trabalho, como subsídios àqueles que, como eu, amam as tradições do passado.
Saindo da igreja, contemplamos mais uma vez a sua fachada e pensamos:
- Afinal, não foi preciso virá-lo de cabeça para baixo para que a igreja ficasse
pronta.
Sorrimos. Já na condução de volta para o lar, murmuramos:
- Santo Antônio, rogai por nós.
(a) Jaime de Mesquita Caldas
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Ruínas da primitiva Capela Santo Antônio do Boqueirão,
que foi erigida em 1909, pelos antigos moradores do Boqueirão de Praia Grande
Foto: arquivo particular do historiador Jaime M. Caldas, publicada com a matéria
A NOVA IGREJA
Dia 23 de janeiro de 1955, a Folha Vicentina registrava:
"Será erguida no Boqueirão de Praia Grande a Igreja em
louvor a Santo Antônio - Realizou-se, na Casa Paroquial, mais uma reunião dos componentes da comissão com finalidade de levantar no Boqueirão de
Praia Grande a igreja em louvor a Santo Antônio, no mesmo local onde existem as ruínas da capela construída em 1909. A reunião presidida pelo
vigário da paróquia, padre Teófilo Fraile, contou com a presença da senhora presidente, a professora Margarida Heinze de Campos".
A senhora Ismênia de Campos Heinze (falecida), e suas filhas Margarida Heinze de
Campos e Diva Heinze Campos Pires Lennon tiveram ativa participação na construção, desde o lançamento da pedra fundamental, dia 1º de janeiro de
1954, seguida de missa campal celebrada pelo bispo diocesano D. Idílio José Soares.
As três senhoras organizaram e participaram da comissão pró-construção da Igreja de
Santo Antônio e iniciaram a campanha de fundos e, como católicas praticantes, enquanto a Igreja não estava terminada, assistiam as missas ao ar
livre.
A primeira missa foi celebrada em novembro de 1955, pelo bispo diocesano D. Idílio
José Soares.
CHEGADA DOS PADRES ESTIGMATINOS
A vida religiosa, oficialmente falando, começou em 1966 (29 de dezembro). De acordo
com as instruções dadas oralmente por D. David Picão, bispo da Diocese de Santos, os padres estigmatinos iniciaram seu trabalho na Paróquia de Santo
Antônio do Boqueirão da Praia Grande no dia 29 de dezembro de 1966.
A princípio veio o padre Frederico Vettori, vigário da Paróquia Santa Cruz, em
Campinas, acompanhado pelo Irmão Sebastião Marson. Mais tarde, no dia 5 de fevereiro de 1967, chegou padre Cirilo Ambrosi, que fixou residência na
Capela de Cidade Ocian.
Apesar da paróquia na época não ter sido instalada oficialmente, D. David permitiu que
todos os atos paroquiais fossem realizados, apenas os batizados e casamentos fossem registrados em livro à parte.
INSTALAÇÃO CANÔNICA DA PARÓQUIA
De acordo com a página 1 do Livro de Tombo, está inserido o seguinte teor: "Ereção
Canônica da Paróquia de Santo Antônio de Praia Grande (6 de junho de 1967)". No mesmo termo, Dom David Picão, bispo
diocesano de Santos, desvinculava a nova Paróquia de Santo Antônio da Praia Grande da Paróquia de São Vicente Mártir, fixando os limites da nova
Paróquia a partir da Ponte Pênsil até a Paróquia de Mongaguá.
Dia 11 de junho de 1967, D. David Picão veio à Praia Grande e instalou definitivamente
a Paróquia e na ata de instalação constam os seguintes nomes: D. David Picão, bispo de Santos; padre Frederico Vettori; monsenhor Geraldo Boroski,
pároco de São Vicente Mártir; padre José Jesuíno Filho; diácono Luís Girardi; irmão Sebastião Marson; Carlos Conceição Borges; Antônio Aristides
Franco; padre José Rosário Losso Netto; sra. Diva de Campos Lennon e Armando Vespoli.
Sem reboco, sem janelas, sem forro e sem piso,
foi assim que o primeiro vigário encontrou a Paróquia. Um desafio que foi vencido
Foto publicada com a matéria
O PRIMEIRO PÁROCO
No mesmo dia, na presença das testemunhas designadas pelo bispo, o padre Frederico
Vettori foi designado para ser o primeiro vigário da Paróquia e na ata de posse, além da assinatura do padre Frederico, estão gravados os nomes de
D. David Picão, padre José Rosário Losso Netto, monsenhor Geraldo Boroski, padre José Jesuíno Filho, senhores Sérgio Araújo, Sílvio Neves Silva e
José Alberto Moura.
No mesmo ato, foi lançada a provisão do primeiro pároco. A situação da Paróquia não
era das melhores, pois estava levantada e coberta, porém não terminada (sem reboco, sem janelas, sem forro e sem piso).
Naquele tempo, cinco capelas faziam parte da paróquia:
1) Santa Mathilde;
2) Nossa Senhora das Graças de Cidade Ocian;
3) Santo Antônio de Vila Mirim;
4) São João de Solemar e
5) Santa Luzia (na Cidade da Criança).
Além destas capelas, havia uma capela semi-pública, mantida na Vila Caiçara, por uma
irmã, membro de um instituto secular. Essa irmã, a conselho de médicos, para salvar a vista seriamente ameaçada, teve que se instalar na praia e
assim se dedicou ao ensino das crianças de Vila Caiçara.
Para manter o Santíssimo na capela, D. Idílio ordenou que houvesse missa regularmente
e assim, todos os domingos, um sacerdote da Ordem do Verbo Divino oficiava missa na pequena capela.
Outra capela muito antiga na cidade é a de Nossa Senhora da Guia, próximo ao Portinho
do Mar Pequeno. O Livro de Tombo ainda relata que, de todas as capelas existentes na cidade, a única que tem escritura de doação de terreno para a
Diocese é a Capela de São João Batista, de Solemar. Doada por Júlio Secco de Carvalho, pioneiro da cidade e da Emancipação.
Em 1967, o sr. João Gomes da Silva ofertou uma imagem de Nossa Senhora de Fátima,
vinda diretamente de Portugal e trasladada para a Igreja, em procissão de velas e coroada por 29 crianças que no mesmo dia fizeram a Primeira
Comunhão.
Dia 12 de outubro de 1969, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi levada para a
capela provisória das Irmãs Passionistas, no bairro do Sítio do Campo (Tude Bastos), levada em grande procissão, desde a entrada do bairro até a
Capela das Irmãs. Compareceram ao ato o prefeito Dorivaldo Loria Júnior e o vice-prefeito Leopoldo Estásio Vanderlinde. Vale ressaltar o trabalho da
Irmã Tarcisa e demais Irmãs, pelo apostolado que desde 1960 exercem no bairro. Na oportunidade, o padre Frederico Vettori salientava a necessidade
urgente da construção de uma capela para atender às necessidades espirituais do povo.
Padre Frederico Vettori procurava vencer o desafio de terminar as obras da igreja e,
contando sempre com o apoio dos paroquianos, fez os seguintes melhoramentos:
Os bancos
- Dia 11 de junho de 1969 chegaram da cidade de Castro, no Paraná, 44 bancos que custaram Cr$ 3.225,00 (cruzeiros novos) e quatrocentos cruzeiros
novos para o frete.
Serviço de
som e alto-falante - Foram instalados, dia 23 de novembro de 1969, pela firma Sison de São Paulo, o que permitiu que todos os fiéis que lotavam
a igreja acompanhassem melhor a Santa Missa.
Visual da
fachada - Em dezembro de 1970 foi inaugurado o pastilhamento da fachada com um custo total de nove mil cruzeiros (entre mão-de-obra e material).
Piso do
ádrio e altar-mor - Foi construído pela firma Marmidol, de Americana, tendo como mestre o sr. Giuseppe Faedo.
Ajardinamento
- Em agosto de 1974, ao preço de quatro mil cruzeiros, foi feito o ajardinamento. Entretanto, como a conservação era difícil, foi erguida a mureta
em frente à igreja, com um custo total de dez mil cruzeiros; em novembro do mesmo ano foi colocada a porta interna, revestida de envernizamento
sintético, com um custo de 5 mil cruzeiros.
Em virtude da doença e afastamento do padre Frederico Vettori, muitas obras foram
adiadas; entretanto, por ocasião da passagem do padre Pedro Ferreira (1976-1977), foi procedida a reforma interna da Matriz, constando de pintura e
a projeção de uma barra de madeira que na época custou 20 mil cruzeiros.
Sob a orientação do padre Osvaldo Tagliari, várias reformas estão sendo realizadas e
muitas outras planejadas. Entretanto, a Matriz conserva um ar de simplicidade, inspirada na vida de seu padroeiro Santo Antônio.
A procissão de São Pedro. Na foto, pescadores do Boqueirão, sr. Manoel Ramos e o
ex-presidente do Lions Clube, sr. Eloi Mendes Pereira
Foto: Arquivo Aceam, publicada com a matéria
TAPETES NAS RUAS, NO DIA DE CORPUS CHRISTI
A primeira procissão de Corpus Christi foi realizada dia 30 de maio de 1970,
patrocinada pela Prefeitura com o apoio das entidades e escolas locais.
Dia 10 de junho de 1971 foi realizada a segunda procissão; nos anos seguintes houve
algumas falhas na elaboração dos Tapetes, mas nem por isso a procissão de Corpus Christi deixou de ser realizada, e sempre com grande
acompanhamento.
Em 1980, por determinação do sr. governador do Estado, dr. Paulo Salim Maluf, a
procissão passou a fazer parte do Calendário Turístico do Estado de São Paulo, mas, apesar de todo o prestígio alcançado, a procissão deixou de ser
realizada em 1981 e 1982.
Em 1977 foi realizada a Procissão de São Pedro, com a presença de várias autoridades,
destacando-se a presença de dona Maria Francisca dos Santos (Maria do Forte), que na oportunidade foi homenageada, recebendo uma miniatura da imagem
original.
A imagem original estava em péssimo estado e foi mandada para a restauração pela sra.
Layde Reis Loria.
Foi nesta pequena procissão que ocorreu um pequeno incidente (ver
Graziela Diaz Sterque Informa...).
Esta procissão reviveu uma tradição, pois desde 1901 até 1954, a devoção a São Pedro
era um ponto de fé e de honra dos pescadores que moravam na praia, Entretanto, com o término da pesca artesanal (arrastão) e a ereção da nova
igreja, houve uma retração por parte dos poucos pescadores que restaram.
Crianças fazem preparativos para a procissão de Corpus Christi em Praia Grande, cerca
de 1979
Foto: Antonio Olintho dos Santos, publicada na edição 29 do Informativo Cultural
da Aceam,
em maio de 1980
ENTRONIZAÇÃO DA VIA SACRA
Dia 5 de março de 1981, às 19,30 horas, houve no recinto da igreja a ereção da Via
Sacra. O senhor bispo D. David Picão esteve presente e benzeu os quadros, fazendo uma meditação alusiva a cada estação.
Os quadros são obra-prima de entalhe em madeira (mogno), feita pelo escultor Dorival
Fuina, filiado à Casa do Poeta Brasileiro, Setor Praia Grande, e a madeira foi doada pela firma Cepeca, de propriedade do vice-prefeito Edmilson das
Neves.
Para cada quadro foi escolhido um casal de padrinhos pelo escultor Dorival Fuina. A
cerimônia durou uma hora e meia e foi uma autêntica evangelização.
Foram paraninfos da Via Sacra: dr. Aristheu Bulhões e sra.; dr. Walter Waeny e sra.;
sr. José Clovis Fuina e sra.; sr. Leopoldo Estásio Vanderlinde, nossa editora; sr. José Alves e sra.; sr. Jorge Leechmeinster e sra.; sr. Antenor
Garrido Peres e sra.; pintor Antonio J. Fabri, poetisa Irene Santini; poeta José Florindo, pintora Assumpta Romano; sr. Ercílio Angelo Ferrari e
sra., sr. Carlos Eduardo de Oliveira e noiva, representando o dr. Osvaldo Toschi e sra.; sr. Paschoal Brefere e sra. Rosa Figuerôa.
D. David Picão, bispo diocesano de Santos, procedeu à entronização dos 14 quadros da
Via Sacra. Na foto, D. David, padre Osvaldo Tagliari, escultor Dorival Fuina e sra., dr. Aristheu Bulhões e sra., poeta Walter Waeny e sra.
Foto: arquivo Aceam, publicada com a matéria
PADRES QUE SERVIRAM NA PARÓQUIA, DESDE SUA INSTALAÇÃO CANÔNICA:
Padre Frederico Vettori (primeiro vigário, falecido), irmão Sebastião Marson (mais
tarde ordenado padre), padre Cirilo Ambrosi (Cidade Ocian), padre Ezio Geslimberti, padre Pedro Piazzoloi, padre Vicente Marques Ramalho de Freitas,
padre Osvaldo Casellato, padre José Pellegrini do Pime, padre Antonio Pedro Netto, padre Artur Vitti, padre Pedro Ferreira (segundo vigário), padre
Osvaldo Tagliari (terceiro vigário), padre Osvaldo Missione, padre Expedito da Silva Guimarães.
O atual vigário é o padre Osvaldo Tagliari e o vigário cooperador é o padre Expedito
da Silva Guimarães.
A paróquia tem recebido efetiva colaboração ao longo dos anos das Irmãs Tarcisa, Irmã
Terezinha Cintra, Matilde Orlando e outras tantas, que no seu anonimato têm contribuído para o engrandecimento da religião.
ATIVIDADES PARALELAS E FORÇAS DE APOIO DA COMUNIDADE
Pão de Santo Antônio e Bazar Beneficente (sras. Maura Salvador Correa, Odete
Monteiro). Através destas duas iniciativas, a paróquia atende diversas famílias, fornecendo mantimentos e roupas.
A Matriz tem contado com os serviços da sra. Emília Hara.
Em dezembro de 1981, foi lançado o primeiro número do Boletim Informativo Casa -
Comunidade dos Amigos de Santo Antônio. Tendo como editor o prof. Sérgio Abatte e como diretor administrativo o dr. Esdras de Oliveira e Silva,
com a orientação dos padres Osvaldo Tagliari e Expedito da Silva Guimarães.
Além da Comunidade Jovem há o Grupo de Encontro de Casais - Apostolado do Coração de
Jesus, e todas as sextas-feiras, às 20 horas, no Salão Paroquial, é realizada a Reunião dos Artistas da Casa do Poeta Brasileiro, setor Praia
Grande.
Desde a Fundação Canônica da Paróquia foram realizados:
Batizados - 5.569
Casamentos -
1.013
Legitimações - 54
Comunhões -
693.070
Primeira
Eucaristia - 3.258
Crisma - 114
Unção de Enfermos
- 39
Viáticos - 13
Confissão - 5.500
Confissão de
enfermos - 61
Visitas a
famílias - 72
Bênção de casas -
182
Nos anos de 1976 e 1977 não foram feitos os quadros sinóticos da Paróquia,
desconhecendo-se portanto o número de atos religiosos nestes dois anos.
Os sacramentos ministrados em 82 não estão computados.
Desde 1968, a paróquia tem participado ativamente da Campanha da Fraternidade e Semana
da Família. A paróquia colaborou também na Campanha da Rosa de Ouro para a Basílica Nossa Senhora de Aparecida e outras campanhas emanadas pelo
Bispado.
Em todos esses anos de atividades, a paróquia tem contado com a assistência de D.
David Picão, bispo diocesano de Santos, que, como bom pastor, tem conduzido com dignidade seu rebanho de almas.
O padre Teófilo Fraille celebra a primeira missa na hoje Matriz de Nossa Senhora das
Graças
Foto publicada com a matéria
Graziella Diaz Sterque... Informa
Nossa coluna registra hoje algumas curiosidades, todas
relativas a acontecimentos reais ligados à Paróquia de Santo Antônio do Boqueirão
SANTO ANTÔNIO, ITINERANTE
Quando a Capela Nossa Senhora das Graças, em Cidade Ocian, foi inaugurada, os
organizadores providenciaram tudo, mas faltou a imagem da Santa, que ficara esquecida em São Paulo, e como não dava mais tempo para buscar a Santa,
o jeito foi levar a imagem de Santo Antônio, e assim o monsenhor Teófilo Fraille inaugurou a capela com a imagem de Santo Antônio, do Boqueirão.
OS SINOS QUE NUNCA BADALARAM
Um casal de Sorocaba, ele funcionário da antiga Sorocabana, hoje Fepasa, prometeu doar
o sino da Matriz, e no dia marcado para a entrega, o casal pensava que bastava entregar o sino a qualquer portador, mas foi alertado que -
tratando-se de uma doação importante - haveria necessidade de um ato solene. Entretanto, acredita-se que o casal tenha ficado constrangido com a
idéia de ter que participar do evento; o fato é que o casal mudou da Cidade, perdendo assim a Matriz de ganhar o seu sino (e até hoje, não tem).
FALTA UM NOME NA RUA
O primeiro vigário, padre Frederico Vettori, falecido a 3 de setembro de 1978, ainda
não recebeu dos Poderes Públicos a homenagem merecida da Cidade, dando seu nome a uma das nossas vias públicas.
PARA ANOTAR
O Padroeiro da cidade de Praia Grande é São Pedro. Entretanto, há poucos anos atrás,
uns diziam que era Santo Antônio (que é padroeiro da Paróquia); outros, no intuito de agradar o prefeito, diziam ser São Francisco. Resultado:
muitos escolares perderam ponto, por falta de uma boa informação.
O MAU LADRÃO
A igreja, no decorrer de sua existência, já foi assaltada cinco vezes. A primeira
ocorreu quando o ex-presidente do Lions Clube, Eloi Pereira, e os colaboradores da quermesse, contavam a féria do evento, e levaram todo o
numerário. O segundo roubo ocorreu no interior, e desta vez foram-se os castiçais de prata. Na terceira vez, a Cruz Processional de bronze, e na
quarta vez, vários utensílios de pequena monta. (N.E.: anotada a falta de referência à quinta vez. E a redação da nota
passa a errônea impressão de que os colaboradores da quermesse levaram o dinheiro).
SÃO PEDRO ESCAPOU DO BANHO
Ao reviver a Procissão de São Pedro em 1977, vários pescadores colocaram seus barcos
em frente à Matriz, na orla da praia, e um dos pescadores escolhidos para carregar São Pedro estava embriagado, e ao invés de segurar o Santo, ia
adentrando com a imagem no mar, mas devido à pronta interferência dos participantes da procissão e do padre Pedro Ferreira, que dirigia o ato, São
Pedro se livrou do banho.
MÃO LEVE
O interventor Dr. Paulo de Souza Sandoval mandava benzer todas as viaturas antes de
entrarem para o serviço da Prefeitura e, certa vez, o material litúrgico do vigário desapareceu e, como por encanto, foi encontrado na bolsa de uma
funcionária que, muito embaraçada, não soube explicar o fato.
PADRE SANFONEIRO
O padre Antônio Pedro Netto marcou sua passagem pela Paróquia como um exîmio
sanfoneiro que levava aos bairros mais distantes a Palavra de Deus através da música.
O ETERNO VESTIDO DE NOIVA
O Bazar da Igreja tem 3 vestidos de noiva. Noiva que pode, aluga; quem não pode, usa o
vestido de graça, lava e devolve. Maura C. Salvador e Odete Monteiro acham que não é justo uma moça deixar de realizar seu sonho de noiva, por falta
de dinheiro, e assim os vestidos estão sempre limpos, esperando as pretendentes. |