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PRAIA GRANDE, ANTIGAMENTE
Um restaurante chamado Lagosta, anos 1950

Situado no antigo Jardim Mathilde (hoje bairro do Canto do Forte), o Restaurante Lagosta foi inaugurado em 1952, na esquina da Rua Tiradentes com a Avenida Castelo Branco:

Foto divulgada nos perfis do Facebook de Norma Soares Rocha e Prefeitura de Praia Grande (acesso em 22/10/2012)

 

Sobre esse estabelecimento, relata em seu site o Centro Cultural Palácio das Artes, de Praia Grande (acesso em 11/11/2012):

 

Palácio resgata memória do Restaurante Lagosta

Quando a família Sanches inaugurou o Restaurante Lagosta, em 1º de julho de 1952, filmou tudo em uma câmera caseira de tecnologia Super 8. O que talvez eles não imaginassem é que, mais do que um simples documentário de família, aqueles rolos de filme seriam considerados registro de um marco histórico. As linhas arrojadas da arquitetura do estabelecimento se transformaram em referência do modernismo no litoral e símbolo da época em que a elite paulistana buscava as então calmas e quase desertas praias locais para repousar. Doado por Sueli Sanches, o vídeo está no estande de história oral do Museu da Cidade, no Palácio das Artes.

"O Restaurante Lagosta fez parte da história de muitas pessoas que frequentaram Praia Grande na década de 50", comenta Sueli Sanches, neta do fundador do estabelecimento, Heitor Sanches. "Me lembro que naquela época, o trecho onde o restaurante estava localizado, no Jardim Mathilde, hoje bairro Canto do Forte, era reduto de belas casas de veraneio, pertencentes a artistas, empresários e personalidades políticas".

Sueli conta que a trajetória do Restaurante Lagosta está ligada a uma face da história do Município que pouca gente conhece: a época em que o balneário era local de turismo para a elite paulistana. "Um dos maiores representantes do cinema nacional da década de 50, Mazzaropi, tinha casa de veraneio próximo ao Restaurante Lagosta. O então governador de São Paulo, Ademar de Barros, também. Muitas questões que definiam a política regional eram discutidas nas mesas do Lagosta".

Projetado pelos arquitetos Tinoco e Bivatelli, o restaurante ganhou destaque na mídia da época. As linhas do projeto já davam prenúncios do conceito de arquitetura modernista, cujo grande representante seria Oscar Niemeyer, e o maior símbolo sua principal obra: a construção de Brasília, que se iniciaria quatro anos depois. "Um dos traços mais marcantes na arquitetura do restaurante era a bela torre de aproximadamente cinco metros de altura, que, mais do que efeito decorativo, tinha função inovadora para a época: era um imenso reservatório de água da chuva, utilizada para limpeza do local em épocas de escassez", relembra Sueli. "Em 1950 ainda não havia água encanada em Praia Grande e geralmente buscávamos em uma bica na base do Morro do Xixová ou dentro da Fortaleza de Itaipu".

Os tempos áureos do Restaurante Lagosta, com eventos badalados, grandes jantares e muito glamour estão vivos na memória de Sueli: "O Restaurante Lagosta foi tudo na minha juventude. Era ponto de encontro de amigos, o lugar de paquera. Me lembro da Festa do Pulôver, quando todas as meninas saiam à caça de uma bela peça para exibir na festa. Era uma competição na qual ganhava quem vestia o pulôver mais bonito. Eu tinha 15, 16 anos, e, assim como minha amigas, esperava ansiosamente pela data. Era uma das melhores festas do Lagosta".

Entre festas e acontecimentos sociais, Sueli guarda com carinho duas recordações da juventude vivida no local: "Meu primeiro beijo, aos 15 anos, e a festa de casamento com o mesmo rapaz, seis anos depois. Foi um dos momentos mais bonitos de minha vida".

Quarenta e cinco anos depois de sua inauguração, em 1997, o Restaurante Lagosta fechou definitivamente as portas. "Meu tio, que tocava o negócio, seguiu por outros caminhos. Após passar pelas mãos de alguns locatários, o prédio infelizmente acabou abandonado. As dívidas se acumularam, e, com muito pesar, decidimos que a única saída era vender o imóvel. Hoje, o trecho de orla em frente ao quiosque sete, no bairro Forte, onde estava localizado o restaurante, há três prédios residenciais", conta Sueli.

Dos tempos em que o então Jardim Mathilde era reduto de barões do café, grandes empresários, políticos e artistas que tinham no Restaurante Lagosta o ponto de encontro predileto, restam fotografias, alguns documentos e publicações pertencentes ao Patrimônio Histórico do Município, e o vídeo, hoje convertido em DVD e disponibilizado gratuitamente aos interessados em conhecer melhor a história de Praia Grande.

O Museu da Cidade está inserido no complexo cultural Palácio das Artes, na Avenida Costa e Silva, 1.600. A visitação é gratuita e pode ser feita de terça a quinta-feira das 14 às 18 horas, sexta e sábados das 14 às 20 horas e domingos, das 14 às 18 horas. Outras informações no telefone 3473-1016.

 

Foto publicada com a matéria, no site do Palácio das Artes de Praia Grande

 

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