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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa

A defesa dos idiomas no mundo - Índia

Artigo publicado no caderno semanal Folha de São Paulo/The New York Times, na segunda-feira, 8 de novembro de 2010, página 5:

Um aldeã no Nordeste da Índia conta a história de sua vida em koro, uma língua até então desconhecida fora dessa região remota, falada por cerca de 800 pessoas

Foto Chris Rainier/New York Times, publicada com a matéria

A arte de descobrir línguas

Por John Noble Wilford

Dois anos atrás, uma equipe de lingüistas visitou a remota região montanhosa do Nordeste da Índia para estudar línguas pouco conhecidas, muitas delas não escritas e em risco de cair em desuso.

Em média, a cada duas semanas, uma das 7 mil línguas registradas no mundo se torna extinta, e a expedição buscava documentar e ajudar a preservar as que estão ameaçadas. Na aldeia de Kichang, os lingüistas esperavam escutar as pessoas falando aka, uma língua bastante comum naquela área. Em vez disso, ouviram uma língua que parecia tão diferente do aka quanto o inglês do japonês.

Depois de investigações, os pesquisadores anunciaram em meados de setembro a descoberta da língua "oculta" koro, que até então era desconhecida fora dessas comunidades rurais. "Percebemos imediatamente" que era uma língua desconhecida, disse Gregory Anderson, diretor do Instituto Línguas Vivas para Línguas Ameaçadas em Salem, Oregon (EUA).

Os doutores Anderson e K. David Harrison, um lingüista do Swarthmore College da Pensilvânia, lideraram a expedição, que fez parte do Projeto Vozes Duradouras da Sociedade Geográfica Nacional.

Em Kichang, eles foram de porta em porta na pequena aldeia de quatro casas de bambu e pediram que as pessoas falassem sua língua nativa. Os aldeões compartilham uma economia de subsistência e uma cultura com outros da região que falam aka, ou miji, outra língua comum. Em uma das casas, os lingüistas ouviram uma mulher contar a história de sua vida em koro.

No início, os pesquisadores suspeitaram que Koro fosse um dialeto de aka, mas suas palavras, a sintaxe e os sons eram totalmente diferentes. Poucas palavras em koro eram iguais em aka: montanha em aka é "phu", mas "nggo" em koro; porco em aka é "vo", mas "lele" em koro.

 

Na Índia, lingüistas tentam salvar língua obscura

 

Em seu livro The Last Speakers: The Quest to Save the World's Most Endangered Languages [os últimos falantes: a busca para salvar as línguas mais ameaçadas do mundo], publicado em setembro pela National Geographic Books, o doutor Harrison notou que os falantes de koro "estão misturados com outros povos locais e talvez não alcancem mais de 800 indivíduos".

Os lingüistas não têm certeza de como o koro sobreviveu como língua viável. O doutor Harrison escreveu: "os koro não dominam uma única aldeia ou mesmo uma grande família".

Em comparação, existem cerca de 10 mil aka vivendo em relações estreitas com falantes de koro. O doutor Anderson disse que a existência de línguas diferentes entre dois grupos integrados que não reconhecem uma diferença étnica entre si é incomum.

Os pesquisadores determinaram que o koro pertence à família lingüística tibeto-birmanesa.

O esforço para identificar "pontos quentes de línguas ameaçadas" é crítico para preservar e ampliar o uso dessas línguas, repositórios da história e da cultura de uma população.