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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa

A defesa dos idiomas no mundo - Indonésia

Artigo publicado no caderno semanal Folha de São Paulo/The New York Times, na segunda-feira, 2 de agosto de 2010, página 3:

Uma mãe indonésia lê no idioma local; muitas crianças do país são matriculadas em escolas particulares para dominar o inglês, às custas de aprender sua língua nativa

Foto Kemal Jufri/New York Times, publicada com a matéria

Inglês se dissemina na Indonésia, e governo teme pelo idioma nacional

Por Norimitsu Onishi

JACARTA, Indonésia - A disseminação global do inglês, com seus efeitos às vezes corrosivos sobre as línguas locais, causou muita preocupação em vários cantos do mundo que não falam o idioma.

Mas as implicações podem ter maior alcance na Indonésia, onde gerações de líderes políticos promoveram o indonésio para unir o país e forjar um identidade nacional entre inúmeros grupos étnicos, antigas culturas e dialetos diferentes.

O legado lingüístico da Indonésia está cada vez mais ameaçado, conforme números crescentes de famílias e da classe média alta evitam as escolas públicas onde o indonésio continua sendo a língua principal, mas o inglês muitas vezes é mal ensinado. Em vez disso, elas recorrem a escolas privadas que se concentram no inglês e dedicam pouco tempo ao indonésio.

Para alguns indonésios, o domínio do inglês tornou-se cada vez mais ligado à posição social, e a língua nacional foi relegada a uma situação de segunda classe. em casos extremos, algumas pessoas se orgulham de falar mal o indonésio.

O governo recentemente anunciou que exigirá que todas as escolas privadas ensinem a língua oficial do país para seus alunos indonésios até 2013. Mas os detalhes continuam imprecisos.

"Essas escolas funcionam aqui, mas não oferecem bahasa (o idioma indonésio) para nossos cidadãos", disse Suyanto, que supervisiona a educação primária e secundária no Ministério da Educação.

"Se nós não as regulamentarmos, em longo prazo poderá ser um risco para a continuidade de nossa língua", disse Suyanto, que, como muitos indonésios, usa apenas um nome. "Se este grande país não tiver uma língua forte para uni-lo, poderá ser perigoso".

O holandês já foi a língua estrangeira predominante. Em 1928, os nacionalistas que buscavam a independência dos holandeses escolheram o indonésio, uma forma de malaio, como língua da união civil.

Enquanto uma pequena porcentagem de indonésios educados falava holandês, o indonésio tornou-se a língua preferida dos intelectuais.

Mas, com a democratização do país, na última década, dizem especialistas, o inglês tornou-se o novo holandês.

As regras foram afrouxadas, permitindo que crianças indonésias freqüentassem escolas privadas que não seguiam o currículo nacional, mas ofereciam o inglês.

As mais caras, com anuidades de vários milhares de dólares, geralmente empregam falantes nativos de inglês, disse Elena Racho, vice-presidente da Associação Nacional de Escolas Plus, uma organização guarda-chuva para escolas particulares.

Centenas dessas escolas abriram nos últimos anos, disse Racho. As menos caras, que não podem contratar estrangeiros, muitas vezes têm professores indonésios que ensinam todas as disciplinas em inglês, mesmo que às vezes imperfeito, ela acrescentou.

Della Raymena Jovanka, 30, mãe de dois pré-escolares, desenvolveu algumas dúvidas sobre o inglês.

Seu filho Fathiy, 4, participou de um grupo de brincadeiras em inglês e foi matriculado em um jardim de infância concentrado no inglês; Jovanka só permitia que ele assistisse a programas de televisão em inglês.

O resultado foi que seu filho só respondia aos pais em inglês e tinha dificuldades com o indonésio. Jovanka estava pensando em mandá-lo para uma escola pública normal no ano que vem. Mas amigos e parentes a pressionaram para escolher uma escola privada, para que seu filho pudesse se tornar fluente em inglês.

Questionada se ela preferia que o menino fosse fluente em inglês ou indonésio, Jovanka disse: "Para ser franca, em inglês. Mas isso pode se tornar um grande problema para sua sociabilização. Ele é indonésio e vive na Indonésia. Se não puder se comunicar com as pessoas, será um grande problema".