Controle
pode virar lei
Da Reportagem
Nossa língua mãe tem sido tema de vários
projetos de políticos, em nível estadual e federal. O deputado
Aldo Rebello (PC do B/SP) apresentou projeto na Câmara dos Deputados,
que acabou virando o livro Culta, Bela e Ultrajada - Um projeto em defesa
da Língua Portuguesa.
O parlamentar reconhece as numerosas contribuições
externas que enriqueceram a língua portuguesa ao longo dos séculos,
mas diz não ser aceitável a simples reprodução
de letras e sons que são difíceis de entender e pronunciar,
e os quais nenhum brasileiro tem a obrigação de conhecer.
Ele acha que com a lei que propôs, é possível
resgatar o idioma da desnacionalização, do bilingüismo
que deixa os brasileiros chegarem à conclusão de que a língua
é feia, limitada, vaga e inferior a outras.
A deputada estadual Mariângela Duarte também é
autora de projeto nos mesmos moldes, apresentado no final do ano passado
na Assembléia Legislativa. Ela alerta para o mesmo problema: em
tempos de Internet, é impossível controlar a invasão.
Junto com a high tech vêm outros termos (aqueles que listamos acima)
e também o folclore estrangeiro.
Mais do que qualquer lei, entretanto, vale a consciência
de cada um. Temos a nossa língua e não precisamos de outra
para nos expressar. O inglês e outras línguas são importantes
dentro do mercado de trabalho e não devem ser ignoradas. Mas deve-se
guardá-las para a hora certa: ler textos na Internet ou conversar
com algum americano.
Caroline Menezes Roldan, 28 anos, faz parte do movimento em defesa
da Língua Portuguesa desde sua implantação. Para ela,
o crescimento tem surpreendido até os mais otimistas. Estão
sendo abertos novos núcleos em Porto Alegre, Natal e Curitiba. Em
Guarujá, brevemente haverá um grupo. ‘‘É importante
que todos saibam exatamente do quê estamos falando, para que não
existam informações desencontradas. A conscientização
é fundamental’’.
A estudante do 3º ano de Jornalismo da Unisanta, Carla Rodrigues
Ribeiro, de 20 anos, diz que há termos impossíveis de serem
usados em Português. ‘‘Shopping Center, por exemplo, pelo quê
pode ser substituído mantendo o exato sentido?’’, questiona.
Vítor Hugo Silva Soares, quartanista de Publicidade da
Unisanta, não acha certo se basear no inglês para vender produtos,
mas diz que a situação é esta: se dá mais valor
ao que vem de fora.
Solução? Ele não vê nenhuma que não
passe pela educação e conscientização. ‘‘O
publicitário somente se adapta a uma realidade de mercado. Se ninguém
quiser comprar o que estiver descrito em inglês, os anúncios
mudarão. Caso contrário, temos que fazer o que for melhor
para vender o produto’’.
Todo jovem é, pelo menos em parte, influenciado pela cultura
americana. É assim que pensa Larissa Rodrigues Damiani, 15 anos
e 2º Colegial do Santa Cecília, cujos pais fazem parte do Movimento
Nacional em Defesa da Língua Portuguesa. ‘‘Meus pais não
me influenciam, mas tenho consciência de que todo jovem é
um pouco americanizado. Não é a língua inglesa, mas
a cultura toda deles, que é muito forte e bem distribuída’’.
O quartanista de História da UniSantos, Kleber Gustavo
dos Santos, 23 anos, diz que a história está recheada de
exemplos de dominação de um povo sobre outro através
da supressão do idioma. ‘‘Os romanos fizeram isso mas, graças
a Deus, foram seduzidos pelos gregos’’.
Kleber vê uma total falta de espírito crítico
nos jovens de sua idade. ‘‘Eu gosto da cultura americana. Curto rock, jazz,
as roupas, os filmes. Mas gostar não significa assimilar, sem questionar,
todo um estilo de vida’’.
Carolina Escobar, 22 anos, cursando o quarto ano de Publicidade
da Unisanta, vê um processo de desnacionalização.‘‘Este
problema com a língua e influência americana não está
acontecendo agora, vem de tempos, mas só agora estamos despertando
para o problema’’.
Mesmo assim, ela concorda com Vitor: o publicitário adota
a estratégia que julga ser a melhor aceita pelo público. |