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Litoral Paulista, Quinta-feira, 29 de Junho de 2000
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Controle pode virar lei

Da Reportagem

 Nossa língua mãe tem sido tema de vários projetos de políticos, em nível estadual e federal. O deputado Aldo Rebello (PC do B/SP) apresentou projeto na Câmara dos Deputados, que acabou virando o livro Culta, Bela e Ultrajada - Um projeto em defesa da Língua Portuguesa.

  O parlamentar reconhece as numerosas contribuições externas que enriqueceram a língua portuguesa ao longo dos séculos, mas diz não ser aceitável a simples reprodução de letras e sons que são difíceis de entender e pronunciar, e os quais nenhum brasileiro tem a obrigação de conhecer.

  Ele acha que com a lei que propôs, é possível resgatar o idioma da desnacionalização, do bilingüismo que deixa os brasileiros chegarem à conclusão de que a língua é feia, limitada, vaga e inferior a outras.

  A deputada estadual Mariângela Duarte também é autora de projeto nos mesmos moldes, apresentado no final do ano passado na Assembléia Legislativa. Ela alerta para o mesmo problema: em tempos de Internet, é impossível controlar a invasão. Junto com a high tech vêm outros termos (aqueles que listamos acima) e também o folclore estrangeiro.

  Mais do que qualquer lei, entretanto, vale a consciência de cada um. Temos a nossa língua e não precisamos de outra para nos expressar. O inglês e outras línguas são importantes dentro do mercado de trabalho e não devem ser ignoradas. Mas deve-se guardá-las para a hora certa: ler textos na Internet ou conversar com algum americano.

  Caroline Menezes Roldan, 28 anos, faz parte do movimento em defesa da Língua Portuguesa desde sua implantação. Para ela, o crescimento tem surpreendido até os mais otimistas. Estão sendo abertos novos núcleos em Porto Alegre, Natal e Curitiba. Em Guarujá, brevemente haverá um grupo. ‘‘É importante que todos saibam exatamente do quê estamos falando, para que não existam informações desencontradas. A conscientização é fundamental’’.

  A estudante do 3º ano de Jornalismo da Unisanta, Carla Rodrigues Ribeiro, de 20 anos, diz que há termos impossíveis de serem usados em Português. ‘‘Shopping Center, por exemplo, pelo quê pode ser substituído mantendo o exato sentido?’’, questiona.

  Vítor Hugo Silva Soares, quartanista de Publicidade da Unisanta, não acha certo se basear no inglês para vender produtos, mas diz que a situação é esta: se dá mais valor ao que vem de fora.

  Solução? Ele não vê nenhuma que não passe pela educação e conscientização. ‘‘O publicitário somente se adapta a uma realidade de mercado. Se ninguém quiser comprar o que estiver descrito em inglês, os anúncios mudarão. Caso contrário, temos que fazer o que for melhor para vender o produto’’.

  Todo jovem é, pelo menos em parte, influenciado pela cultura americana. É assim que pensa Larissa Rodrigues Damiani, 15 anos e 2º Colegial do Santa Cecília, cujos pais fazem parte do Movimento Nacional em Defesa da Língua Portuguesa. ‘‘Meus pais não me influenciam, mas tenho consciência de que todo jovem é um pouco americanizado. Não é a língua inglesa, mas a cultura toda deles, que é muito forte e bem distribuída’’.

  O quartanista de História da UniSantos, Kleber Gustavo dos Santos, 23 anos, diz que a história está recheada de exemplos de dominação de um povo sobre outro através da supressão do idioma. ‘‘Os romanos fizeram isso mas, graças a Deus, foram seduzidos pelos gregos’’.

  Kleber vê uma total falta de espírito crítico nos jovens de sua idade. ‘‘Eu gosto da cultura americana. Curto rock, jazz, as roupas, os filmes. Mas gostar não significa assimilar, sem questionar, todo um estilo de vida’’.

  Carolina Escobar, 22 anos, cursando o quarto ano de Publicidade da Unisanta, vê um processo de desnacionalização.‘‘Este problema com a língua e influência americana não está acontecendo agora, vem de tempos, mas só agora estamos despertando para o problema’’.

  Mesmo assim, ela concorda com Vitor: o publicitário adota a estratégia que julga ser a melhor aceita pelo público.

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