Segundo informações da Agencia Senado, o Congresso Nacional poderá autorizar o governo
brasileiro a rever o acordo ortográfico firmado com os países de língua portuguesa. Esta foi uma sugestão apresentada pela
senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), após ouvir diversas críticas feitas ao acordo, durante audiência pública sobre o tema
realizada em 4 de novembro, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). A comissão analisa encaminhar uma lei que
autorize o governo a sugerir modificações no texto da reforma ortográfica.
Sobre Portugal, o presidente de honra da Academia Brasileira de Filologia, Leodegário Amarante
de Azevedo Filho, afirmou que existe grande resistência à adoção da reforma, principalmente entre escritores portugueses.
Para ele, o acordo foi feito para as próximas gerações, que já aprenderão a língua segundo a nova ortografia, apesar de
apontar problemas. "Os portugueses não abrem mão das consoantes mudas, que não têm função, enquanto o trema, que tem função,
foi eliminado".
O representante da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, Walter Esteves
Garcia, também citou a reação dos portugueses. Segundo ele, escritores de Portugal dizem que o Brasil está querendo impor
uma revisão da língua ao país onde a língua foi criada.
O acordo foi duramente criticado pelo professor Ernani Pimentel, que lançou o movimento Acordar
Melhor, destinado a aperfeiçoar a reforma ortográfica. "Não houve uma discussão democrática e aberta" afirmou. Por sua vez,
o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu a revisão do acordo, após perceber a existência das falhas mencionadas pelos
expositores.
De acordo com a senadora, é preciso aprofundar o debate sobre a reforma com a sociedade. O
Brasil foi o único país que adotou oficialmente o acordo, assinado em 1990, e a implantação das mudanças na língua deverá
estar concluída até 2013.