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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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NOSSO IDIOMA
A economia e a língua portuguesa
Matéria publicada no site do
Instituto Camões, de Portugal,
em 19 de novembro de 2008:
Imagem: reprodução
parcial da matéria original
Língua Portuguesa
representa 17% do PIB
Estudo encomendado pelo Instituto Camões
As indústrias e os serviços em que a Língua Portuguesa é um
elemento chave representam 17% do Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, segundo os dados preliminares do estudo O Valor
Económico da Língua, encomendado pelo Instituto Camões (IC) em Setembro de 2007, e desenvolvido desde então por uma equipa de
investigadores do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).
Número 132 · 19 de Novembro de 2008 · Suplemento do JL n.º 995, ano
XXVIII
A revelação foi feita a 13 de Novembro pelo professor José Paulo Esperança, membro da equipa, ao falar na 6ª
Conferência anual da Federação Europeia dos Institutos Nacionais de Língua (EFNIL), em Lisboa, numa intervenção em que começou
por focar os aspectos conceptuais e metodológicos destinados a proceder à avaliação de uma língua nas suas diversas vertentes,
económicas e outras, abordando o caso do Português.
Os investigadores portugueses, indicou, tiveram em conta estudos efectuados para Espanha para calcular o valor da língua em
percentagem do PIB e o Valor Acrescentado Bruto (VAB) de produtos e actividades imputável à língua. Outros estudos, efectuados
para o Inglês, proporcionaram informação sobre a forma como o crescimento da língua afecta o crescimento da economia ou como são
valorizadas as competências linguísticas no mercado de trabalho.
Destaque foi dado por
José Paulo Esperança às questões ligadas ao «efeito de rede» na língua. O investigador universitário defendeu que o crescente
interesse que tem havido um pouco por todo o globo pelo Português resulta do «valor de rede» que o idioma tem, ao ser a «quarta
ou a quinta língua mundial».
«As pessoas em geral, quando investem no estudo de uma língua têm de ter várias preocupações - uma delas é a preocupação de
rede. É um fenómeno muito parecido com o das telecomunicações, em que também gostamos de utilizar o serviço do operador com
maior peso. Se houver diferenças de preços, temos toda a vantagem em estar na rede mais numerosa, porque temos mais pessoas com
quem podemos falar», explicou o investigador do ISCTE ao suplemento do IC.
É devido a esse «efeito de rede» que «tantos não falantes de Português estão a aprender o idioma», nomeadamente nos países
vizinhos dos de Língua Portuguesa (LP), como Espanha e vários Estados da América Latina - com relevo para a Argentina e Uruguai
(onde é idioma obrigatório nas escolas) e para a Venezuela -, e de África.
O estudo conduzido pelo ISCTE, refere o investigador, vai procurar saber, com base num questionário que já foi dirigido a quem
está a estudar a LP na vasta rede de instituições com que o IC está relacionado, quais os benefícios que o Português traz aos
seus utilizadores noutros países.
Intitulada Uma Abordagem Ecléctica do Valor da Língua: O Uso Global do Português, a palestra de José Paulo Esperança na
Conferência da EFNIL focou também «o impacto que a língua tem em termos de comércio externo, de investimento directo estrangeiro
(IDE)» e de outros de factores do mesmo tipo.
Verifica-se, diz, «que as trocas comerciais e os fluxos de investimento estrangeiro entre países que têm uma língua comum são um
pouco maiores. E portanto, nesse aspecto [a língua] também tem alguma influência». José Paulo Esperança admite que o Inglês é a
língua global dos negócios, mas responde afirmativamente à questão de saber se há mais trocas entre países que dominam a mesma
língua.
Essa importância da língua ganha mesmo uma dimensão especial «nas chamadas indústrias culturais, que são aquelas que utilizam
mais e tiram mais partido da língua, como por exemplo, a literatura, a música, o teatro, a televisão, etc.», sustentou o
investigador, que sublinhou o efeito de retorno dessa influência. «As actividades culturais, as actividades linguísticas são
importantes do ponto de vista do reforço que fazem a essas trocas comerciais», diz.
Um segundo aspecto da avaliação do valor da língua é a do seu peso no PIB. O estudo do ISCTE, segundo José Paulo Esperança,
seguiu a metodologia utilizada em Espanha pelo Instituto Cervantes. «É uma metodologia relativamente simples que consiste em
identificar o peso da língua em cada actividade económica».
«Nos serviços, por exemplo, o peso da língua é maior. Nos serviços de educação é mais importante. No teatro, no cinema é mais
importante do que na agricultura e na indústria, onde, apesar de tudo, ainda existe um pequeno peso em termos mais residuais. No
essencial o que foi feito foi reproduzir esse modelo para Portugal, e procurar a partir daí extrair um valor da língua em
percentagem do PIB».
Foi na aplicação desse modelo que a equipa do ISCTE chegou a um peso da língua de 17% do PIB português. Este valor é superior ao
espanhol (15%), em resultado da maior terceirização da economia portuguesa em relação à espanhola. Os sectores primário
(agricultura, matérias primas) e secundário (indústria), em que a língua é menos importante, pesam mais na economia espanhola.
Um terceiro aspecto da avaliação em curso pelo ISCTE diz respeito às «mais-valias» da língua em termos de notoriedade de
personalidades, marcas e empresas portuguesas, resultantes das respostas a um questionário.
Registam-se aqui «aspectos curiosos». Entre eles, «o facto de algumas personalidades - como por exemplo o José Saramago ou
outras pessoas, ou até cantores, artistas que trabalham na língua - terem um peso em termos relativos muito interessante face a
outras personalidades obviamente conhecidas para quem a língua não é tão importante, como jogadores de futebol... Temos alguns
resultados curiosos sobre essa matéria que serão analisados», conclui o docente do ISCTE. |
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