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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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MNDLP NA IMPRENSA
Jornal da Orla
Na edição de 10/3/2002, o Jornal da Orla, da Baixada
Santista, publicou na página 3 e também na versão na Internet uma ampla
matéria sobre a defesa da língua portuguesa e as atividades do MNDLP:
Ano 29 - Domingo, 10/03/2002 - nº 1455 - Santos/SP
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C I D A D A N I A |
Mírian Ribeiro
Movimento luta para preservar língua portuguesa |
Muita gente ainda não sabe, mas há dois anos nasceu em Santos o Movimento Nacional em
Defesa da Língua Portuguesa (MMDLP), hoje uma organização não-governamental que luta para preservar o nosso idioma e conter
o estrangeirismo que funciona como forte instrumento no avanço da exclusão social de grande parte dos brasileiros. A
bandeira foi levantada pelo professor José Paschoal Vaz em palestra que fez no II Fórum Social Mundial, como representante
do MMDLP e da UniSantos. O fórum aconteceu em Porto Alegre (RS) de 31 de janeiro a 5 de fevereiro, com 53 mil delegados de
dezenas de países inscritos. Foram realizadas 27 grandes conferências, 140 seminários e 800 oficinas.
Paschoal Vaz, que participou da oficina Língua e Identidade, colocou a questão sob a
ótica da globalização. Segundo ele, 20% dos brasileiros detêm 65% da renda nacional e são justamente esses que possuem um
conjunto capacitário mais elevado por, entre outras razões, terem tido acesso a uma educação mais longa e de melhor
qualidade. "Os 20% mais ricos estão verdadeiramente inseridos numa economia globalizada. O restante – ou seja 80% - está
fora. O estrangeirismo expõe a vontade da elite brasileira de imitar o que considera desenvolvido, forçando a exclusão
social dos demais. O cidadão se sente humilhado em seu próprio país". |
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Cultura dominante |
Idioma dominante nos tempos atuais, o inglês está por toda parte – da placa do
restaurante ao anúncio de liquidação. Quem não sabe pronunciar, muitas vezes é ridicularizado e, não raro, leva a fama de
ignorante. "Nossa luta não é uma questão meramente semântica, lingüística ou gramaticista. Através da língua passa toda a
cultura deles, incorporam valores. O estrangeirismo invade nosso mercado de trabalho, desqualifica o profissional. Em
determinadas atividades, se o cidadão usa expressões estrangeiras é do ramo, do contrário é excluído", diz a professora de
português e advogada Rosilma Roldan, presidente do MMDLP.
Segundo ela, o conhecimento de nosso idioma vai muito além de falar e escrever
corretamente. "Usamos a língua para pensar, escrever, nos comunicar em relação a qualquer assunto. O verdadeiro papel da
educação é de formar o cidadão, formar um povo que questiona, que reflete, que cobra, e por isso mesmo mais trabalhoso
Tiraram do currículo escolar as disciplinas de filosofia, lógica, sociologia, que ensinavam a raciocinar. Hoje a escola
ensina apenas a ler e escrever, e nem isso está sendo cumprido. Ensinar a ler, formar pensamento, dominar línguas, se
comunicar, isso é formar um cidadão e não mero repetidor".
O MMDLP realizou no ano passado e pretende repetir neste o projeto "Presenteando com
Letras", uma campanha de doação de livros que, em 2001, contemplou a comunidade de Caroara, na área continental de Santos. O
movimento também promoveu o lançamento do CD 'Cavalo de Praia', reunindo seis músicos da cidade. "A defesa da língua começa
pelo apoio a nossa cultura, nossa música, à moda nacional", exemplifica Rosilma. Além de reuniões e palestras, os
integrantes da Ong realizam debates virtuais pelo site www.novomilenio.inf.com.br/idioma, envolvendo pessoas de outros
estados e países lusófagos. |
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Estudantes santistas participam de Fórum |
Os jovens santistas também estiveram presentes no Encontro Mundial da Juventude,
atividade paralela ao Fórum Social Mundial, representados pelo estudante de jornalismo Pablo Solano. Pablo integrou o Comitê
Paulista da Juventude e participou do 2º Acampamento Intercontinental da Juventude, que reuniu cerca de 20 mil pessoas de
diversos países. "Discutimos parâmetros para pautar nossa ação para o futuro.
Queremos articular um movimento comprometido com outra visão do mundo, contribuir para que a globalização tenha uma
abordagem humanista. A proposta de reunir em uma rede mundial os movimentos sociais da juventude é tão importante quanto a
de criar um fórum social brasileiro, que já está em processo, e fóruns semelhantes nas cidades. Este é o grande desafio". |
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Educação falha |
Para a professora Rosilma, o sistema de progressão continuada (sem repetência)
adotado na rede pública contribui para aumentar a exclusão social dos brasileiros. "A progressão não desestimula o aluno,
não humilha. Só que o ser humano é forjado na frustração, não no sucesso. É preferível ser humilhado na escola do que no
mercado de trabalho. Conter a evasão escolar à custa do analfabetismo é politiqueiro. O país cria um meio-cidadão, que vai
ser humilhado de verdade na hora que for para o mercado de trabalho pensando que tem um diploma".
Embora considere boa a idéia da progressão continuada - "reprovar também não funciona
pois a criança vai para a rua" -, o professor Paschoal Vaz entende que é preciso fazer o sistema de reforço funcionar. "Da
forma como está não adianta. O reforço é fraco, o valor da bolsa-escola baixo, não tem crédito educativo, o sistema saúde,
transporte e habitacional muito falhos. Como exigir que uma criança estude em um barraco onde moram dez, quando mal cabe
um?" |
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Pesquisa revela analfabetismo |
De 680 crianças de classes de reforço das 4ª séries da rede pública em São Vicente
pesquisadas ano passado, 80 – ou seja 11% - foram consideradas analfabetas. A pesquisa foi coordenada pela professora Zélia
de Oliveira Barros, do Núcleo de Pesquisa Social da Faculdade de Serviço Social da UniSantos, em convênio com a Secretaria
de Educação de São Vicente. Apesar do resultado, 90% das famílias classificaram a escola de "boa".
Veja alguns dos nomes escritos pelas crianças (a maioria na faixa etária de 11 e 12
anos) quando apresentados os desenhos de animais:
Coelho
Coenho - ulo - colha
Cavalo
Cabalo - ca
Sorvete
Rovete
Carro
Cao - aro - carem
Abacaxi
abacal |
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