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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa

MNDLP NA IMPRENSA
Jornal da Orla

Na edição de 9/2/2002, o semanário Jornal da Orla, da Baixada Santista, publicou este artigo na seção Opinião & Debate:

José Pascoal Vaz (*)


Fórum Social Mundial - Sementes de Esperança

Estivemos em Porto Alegre participando do II FSM, 31/jan a 5/fev. Voltamos com os bolsos cheios de sementes de esperança. Nada mais do que isto. Mas em mundo e Brasil de tanta desagregação social, estas sementes representam tudo e muita coisa.

Apesar dos pesares, ainda há terra fértil, clima bom e água em abundância. Basta que nos transformemos em "jardineiros de homens", como diz Exupéry em Terra dos Homens. Ou que tenhamos em mente Tolstoi: "O objetivo da vida é a união da espécie humana", citação de J. North em Nenhum Homem é Estrangeiro, livro alter ego do inesquecível Prefeito David Capistrano, humanista eterno.

A quantidade de jovens de olhos brilhando emocionou-nos. Há encontros de todas as formas. Desencontros, talvez nenhum. A diversidade - isto sim, riqueza - é infinita. Foram entre 50 mil e 70 mil participantes, de cerca de 150 países, 27 grandes conferências, 140 seminários, 800 oficinas e dezenas de testemunhos, além de várias manifestações simultâneas.

A primeira semente a plantar é a da transformação pessoal, interior, a da conscientização de que a competição destrói os objetivos de Exupéry e Tolstoi e, portanto, qualquer sonho socialista. Germinando esta, todas as demais darão como fruto uma sociedade justa.

O FSM é encantador. Fomos lá representando duas entidades.

Uma, o MNDLP - Movimento Nacional em Defesa da Língua Portuguesa. Discutimos como os estrangeirismos - delivery, personal bank, fast food, coffee-break, school bus etc. - influem no funcionamento da economia de país tão desigual quanto o nosso, ajudando a excluir mais e mais pessoas.

A outra é a UniSantos, a quem já representáramos no I FSM/2001, quando divulgamos a criação do NUDES - Núcleo de Estudos da Desigualdade Social. Havia bom número de pessoas da Baixada, do "Comitê Santista pelo FSM" que, como diz seu primeiro organizador, o jovem Pablo, está aberto a todos que acreditam que "um outro mundo é possível", lema do FSM.

Havia também pessoas de outros movimentos, associações e sindicatos da região. O grande desafio agora, a cada um dos que lá estiveram, é disseminar - espalhar o mais longe possível - os objetivos do FSM. Um bom início é divulgar a página da Internet - www.forumsocialmundial.org.br - onde se encontra tudo sobre o FSM, inclusive muitas das palestras proferidas. O outro desafio é estar atento aos oportunistas e à tentação de certas ofertas de dinheiro ao FSM, pois nem todas devem ser aceitas. À semeadura, pois.

(*) José Pascoal Vaz é economista e professor.

Obs.: no texto original constava a informação de terem ocorrido 480 oficinas. O correto é 800 oficinas, como foi citado em errata na edição de 24/2/2002 desse jornal.