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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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NOSSO
IDIOMA
Estrangeirismo: invasão ou apropriação?
Nada existe de permanente a não ser a mudança. (Heráclito)
Rosália do Vale (*)
Em tempos que internautas trafegam velozmente pela Internet,
tornou-se lugar comum sentir-se estrangeiro em sua própria pátria. Porém, esse sentimento de cidadania cosmopolita requer uma nova
compreensão de modos, costumes e hábitos culturais; sobretudo em relação à Língua. Para alguns, a influência do Inglês; presença
esmagadora entre os termos de informática, é uma ameaça que gera desconforto e indignação ao nosso bom e velho Português. Enquanto
outros acreditam que a Língua sai enriquecida após essa "invasão", e que idiomas recebem influências de todos os lados,
apropriando-se apenas do que lhes é conveniente.
A questão é que esse tal estrangeirismo, mais que uma nova forma democrática e
antietnocêntrica de enxergar o mundo, tem causado muita polêmica em solo tupiniquim. Tanto, que gerou um projeto de lei que, se
aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados, proíbe escrever e até falar palavras estrangeiras. A autoria desse projeto que
impede o uso de palavras importadas de um modo geral é do deputado Aldo Rebelo (PC do B), que não descansa com tantas expressões
made in USA.
A partir de uma enquête realizada com os internautas que visitaram o site Arte em Escrever
no mês de maio/2001, acerca do convívio com palavras importadas, concluiu-se que as opiniões se dividem quase que igualmente entre
aqueles que não acreditam que o estrangeirismo seja de fato uma ameaça, e aqueles que preferem fazer ressalvas quanto ao seu uso
indiscriminado. Segundo a pesquisa, 36, 7% acreditam que o estrangeirismo faz parte da globalização, de forma que só tem a
acrescentar à cultura brasileira; 23,33% disseram que estamos perdendo nossa identidade cultural e 40% afirmam que na falta de
correspondente em Português, deve-se empregar o termo "invasor".
A verdade é que estamos longe de encerrar a discussão, até porque passamos um momento
histórico de intensas transformações culturais em que a Língua Portuguesa não é certamente um elemento alheio. Assim como as pessoas
estão convencidas de que existe o certo e o errado no tocante a Língua, o estrangeirismo aparece como um novo comportamento
paradigmático das elites, instalando-se muito além das fronteiras das normas gramática. Resta saber o quanto se perde ou ganha com
isso.
(*)
Rosália do Vale é jornalista, webwritter, webdesigner e,
atualmente, redatora publicitária. É comunicadora social. Edita o site
http://arteemescrever.cjb.net. |