Lembrando daquelas pessoas que gostam de falar empolado, de forma
incompreensível, para mostrar uma falsa erudição, Antonio Carlos Bastos de Mattos enviou à lista de debates Idioma, em
1/9/2000, o soneto Anósia, em que o poeta Jorge de Sena abusa intencionalmente das formas gongóricas para fazer a
ironia:
Que marinais sob tão pora luva
De esbranforida pela retinada?
Não dão volpúcia de imajar anteada
a que moltínea se adamenta ocuva?
Bocam dedetos calcurando a fuva
que arfala e dúpia de antegor tutada,
e que tessalta de nigrors nevada.
Vitrai! Vitrai! Que estamineta cuva!
Labiliperta-se infanal a esvebe,
agluta, acedirasma, sucamina,
e maniter suavira o termidodo...
Que marinais, dulcífima contebe,
ejacicasto, ejacifasto, arina...
Que marinais tão pora luva, todo!
(Obs.: o remetente cita de memória, reconhecendo a possibilidade de
inexatidão) |