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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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NOSSO IDIOMA CURIOSO E DIVERTIDO
Vírgulas fatais
O VALOR DA PONTUAÇÃO
Um homem rico, sentindo-se morrer, pediu papel e pena, e escreveu assim: "Deixo os meus bens
à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres". Não teve tempo de pontuar - e morreu.
A quem ele deixava a fortuna que tinha? Eram quatro os concorrentes.
Chegou o sobrinho e fez estas pontuações numa cópia do bilhete: "Deixo os meus bens à minha
irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate! Nada aos pobres!"
A irmã do morto chegou em seguida, com outra cópia do escrito; e pontuou-a deste modo:
"Deixo os meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho! Jamais será paga a conta do alfaiate! Nada aos pobres!"
Surgiu o alfaiate que, pedindo a cópia do original, fez estas pontuações: "Deixo os meus
bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres!".
O juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade. Um deles, mais sabido, tomando
outra cópia, pontuou-a assim: "Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada!
Aos pobres."
Assim é a vida, nós é que colocamos os pontos e isto faz a diferença.
A contribuição acima é de Luiz Norberto Damiani, membro do MNDLP em
Santos/SP, transcrevendo em 15/4/2000 mensagem recebida de Mário Canelas Jr.
Meu pai contava uma história assim:
Dizia que no Pará houve um levante popular. O comandante das forças armadas telegrafou ao
Presidente da República relatando o fato e, no fim, perguntou - reajo?
O Presidente respondeu assim: Não, tenha ponderações.
O telegrafista esqueceu da vírgula. Em razão disto, morreram várias pessoas.
Aristóteles
Contribuição de Aristóteles, da Paraíba, participante da lista de
debates Idioma, mantida pelo MNDLP na Internet, enviada em 18/4/2000.
Reprimido versus recessão, ou a vírgula que salvou o herói
Num reino distante e antigo, uma criatura terrível ameaçava a tranqüilidade do povo. Era tão
assustadora que todos começaram a chamá-la Recessão. Preocupado com os estragos que a Recessão causava ao Reino, o rei convocou
Reprimido, um manjado herói, para liquidar a fera. Reprimido partiu, levando sua grande arma: o cartão de crédito. Alguns dias
depois, o rei recebeu um telegrama no castelo: "A Recessão Reprimido matou". O rei ficou muito triste e decretou uma semana de luto
em homenagem a Reprimido, que imaginava morto. Mas qual não foi a surpresa de todos, quando no dia seguinte Reprimido apareceu
vivinho da silva. E explicou ao rei que tudo era culpa do telegrafista. Na pressa de mandar o telegrama, ele se esquecera de uma
vírgula. A mensagem certa era: "A Recessão, Reprimido matou."
Extraído de "Língua não tem osso, ouvido não tem porteira,
pensamento não tem fronteira", revista SuperInteressante Jovem Especial, Editora Abril, novembro de 1990.
Oráculo ambíguo - Na antiga Grécia havia um célebre oráculo, que respondia com
segurança a todas as perguntas que se lhe fizessem sobre o futuro, que para nós hoje já é passado. Um pai aflito, um dia, perguntou
ao oráculo se o seu filho, que devia partir para a guerra, regressaria são e salvo.
O oráculo respondeu por escrito: "irá virá nunca morrerá nas armas".
O pai ficou satisfeitíssimo com a resposta. Mas a sua alegria não durou muito tempo. Logo
depois de dois meses recebeu a dolorosa notícia da morte do filho em combate. Desesperado, foi ao oráculo, a fim de reclamar contra
o engano da profecia. O oráculo lamentou muito o que havia sucedido, mas fez ver ao velho pai que nada tinha a corrigir. A sua
profecia estava certa e havia se cumprido.
O que ele respondera era o seguinte: "Irá. Virá nunca. Morrerá nas armas". E não: "Irá.
Virá. Nunca morrerá nas armas", como julgava o pai.
Extraído de Almanhaque para 1949 ou Almanhaque d'A Manha -
Primeiro Semestre,
produzido por Apparício Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971).
Lembra, por sua vez (em 6/2/2001, na lista de debates Idioma), o
internauta Luiz Ezildo:
"Tem aquela historinha do cartorário que escreveu a respeito de um
erro e tentando consertá-lo: "...quando digo digo, não digo digo, digo Diogo ..."
Em uma lista de debates sobre negócios, a Widebiz, a internauta
Márcia Gama citou, em 24/1/2001:
Dizer "Quem canta, seus males espanta" é muito diferente de dizer
"Quem canta seus males, espanta".
No dia seguinte, na mesma lista, o internauta Lucio Wandeck
respondeu contando uma história:
Não sei se é verdade, mas conheço a seguinte história.
Lá pelos idos de mil oitocentos e tantos, a atual cidade de Manaus
(então pertencente à Provìncia do Pará) rebelou-se contra o governo. Foram deslocados de Belem dois navios de guerra que fundearam
em frente ao lugarejo. O comandante, após comprovar a insurreição - chefiada por padres - enviou mensagem à Corte:
- Devo bombardear Manaus?
A Corte respondeu:
- Não, poupe Manaus.
Porém o telegrafista achou desnecessária a vírgula!
E há também a velha história do rei impiedoso e do escrivão
clemente. Um desafeto político do rei estava preso, aguardando a sentença do rei. Perguntou-se ao soberano se o condenado poderia
contar com a bondade real. Respondeu o rei: "Não, mate!" Mas o esperto escrivão retirou a vírgula no documento que levou à
assinatura do soberano. Assim, a ordem que os guardas receberam foi: "Não mate!". E o prisioneiro foi salvo... |