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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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NOSSO IDIOMA
Preposições com sotaque estrangeiro
by Jussara P. Simões (*)
Uma vez tive uma longa conversa com uma colega, mas não
consegui convencer a moça de que certos verbos adquirem um tom ambíguo, dependendo da posição dos objetos ou da preposição usada.
Usei como exemplo uma frase mais ou menos assim: "Família quer proteger os filhos dos criminosos".
A minha colega, insistia que o enunciado não é ambíguo, ao passo que eu dizia que é. Ora, a
família quer proteger os próprios filhos ou os filhos dos criminosos? Para cortar a ambigüidade, expliquei que o melhor seria usar a
preposição "contra": "Família quer proteger os filhos contra os criminosos".
Mas a minha colega não se convenceu e continuou achando que "proteger a família das
bactérias" não é ambíguo. Pois eu acho que "proteger as famílias das bactérias" é montar um laboratório em casa para cultivar
bactérias e evitar sua extinção, né não? ;-)))
De por by - Outra coisa que me deixa encafifada é esse papagaísmo de copiar o "by"
inglês. Nos títulos de matérias, artigos, livros, qualquer coisa, em português, nunca ficou subentendido verbo na voz passiva em
relação a autoria. Desde pequenininha, sempre entendi que a preposição subentendida em "Os Sertões, Euclides da Cunha", por exemplo,
era DE, e nunca POR, pois nunca houve elipse de verbo na passiva nos casos de autoria.
Uma vez precisei escrever a um gentil cavalheiro que publicou uma vasta bibliografia e teve
a bondade de incluir o nome do tradutor de cada obra, só que o simpático senhor escreveu assim (por exemplo): Harry Potter e a
pedra filosofal, K. H. Howling, tradução POR Lia Wyler. Ora, como dizia o Capitão Vacalhau: Isso não faz o menor sentido! Se
fosse "traduzido por", tudo bem, mas "tradução por"?
Vemos, portanto, que a imitação do 'by', em alguns casos, nem se dá ao trabalho de tentar
argumentar com a elipse do verbo na passiva. Os macaquitos não pensam, nem lhes passa pela cabeça o verdadeiro significado da
preposição "por". Ouviram dizer que "by" é "por" e saem por aí espalhando "por" pra tudo quanto é lado porque o "by" ao lado do nome
é "chique".
Inclusivamente (gostei do uso que os lusitanos fazem de "inclusivamente" e resolvi plagiar),
sempre reparei que o "por", no caso de assinaturas de documentos, por exemplo, ocorria quando alguém assinava por [no lugar de]
outra pessoa (o tão conhecido p/fulano de tal, que não estava presente no momento e passou procuração para que outra pessoa
assinasse em seu lugar).
Por conseguinte, deduzo que as matérias assinadas que são publicadas nos jornais estão sendo
assinadas pelos focas ou por escritores-fantasmas no lugar dos autores. Quando vejo um artigo assim:
Salários escapam da inflação
POR KATIA MILITELLO
(info exame)
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...fico pensando: essa Kátia Militello parece funcionária pública, meu! Só vive mandando
outras pessoas assinarem por ela. Vai ver que ela pendura o paletó no encosto da cadeira e vai flanar. O chefe da redação, quase
arrancando os cabelos, manda um estagiário qualquer redigir a coluna e assinar POR ela.
Cada uma que me aparece! ;-)
(*) Jussara P.Simões
é tradutora em São Paulo e internauta, participante do fórum de
debates do MNDLP.
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O "by Jussara" é uma provocação do editor destas páginas à autora...
;)))
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Os simbolos em vermelho são usados pelos internautas em suas
comunicações em texto puro e conhecidos na forma inglesa como smileys (sorrisos) ou emoticons, ícones de emoção. Gire seu
monitor 90 graus no sentido horário (ou a cabeça 90 graus no sentido anti-horário, como preferir) para ver as carinhas, como esta,
gargalhando e piscando um olho... ;))) |