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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 10/04/00 11:02:42

Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa

NOSSO IDIOMA
Preposições com sotaque estrangeiro

by Jussara P. Simões (*)

Uma vez tive uma longa conversa com uma colega, mas não consegui convencer a moça de que certos verbos adquirem um tom ambíguo, dependendo da posição dos objetos ou da preposição usada. Usei como exemplo uma frase mais ou menos assim: "Família quer proteger os filhos dos criminosos".

A minha colega, insistia que o enunciado não é ambíguo, ao passo que eu dizia que é. Ora, a família quer proteger os próprios filhos ou os filhos dos criminosos? Para cortar a ambigüidade, expliquei que o melhor seria usar a preposição "contra": "Família quer proteger os filhos contra os criminosos".

Mas a minha colega não se convenceu e continuou achando que "proteger a família das bactérias" não é ambíguo. Pois eu acho que "proteger as famílias das bactérias" é montar um laboratório em casa para cultivar bactérias e evitar sua extinção, não? ;-)))

De por by - Outra coisa que me deixa encafifada é esse papagaísmo de copiar o "by" inglês. Nos títulos de matérias, artigos, livros, qualquer coisa, em português, nunca ficou subentendido verbo na voz passiva em relação a autoria. Desde pequenininha, sempre entendi que a preposição subentendida em "Os Sertões, Euclides da Cunha", por exemplo, era DE, e nunca POR, pois nunca houve elipse de verbo na passiva nos casos de autoria.

Uma vez precisei escrever a um gentil cavalheiro que publicou uma vasta bibliografia e teve a bondade de incluir o nome do tradutor de cada obra, só que o simpático senhor escreveu assim (por exemplo): Harry Potter e a pedra filosofal, K. H. Howling, tradução POR Lia Wyler. Ora, como dizia o Capitão Vacalhau: Isso não faz o menor sentido! Se fosse "traduzido por", tudo bem, mas "tradução por"?

Vemos, portanto, que a imitação do 'by', em alguns casos, nem se dá ao trabalho de tentar argumentar com a elipse do verbo na passiva. Os macaquitos não pensam, nem lhes passa pela cabeça o verdadeiro significado da preposição "por". Ouviram dizer que "by" é "por" e saem por aí espalhando "por" pra tudo quanto é lado porque o "by" ao lado do nome é "chique".

Inclusivamente (gostei do uso que os lusitanos fazem de "inclusivamente" e resolvi plagiar), sempre reparei que o "por", no caso de assinaturas de documentos, por exemplo, ocorria quando alguém assinava por [no lugar de] outra pessoa (o tão conhecido p/fulano de tal, que não estava presente no momento e passou procuração para que outra pessoa assinasse em seu lugar).

Por conseguinte, deduzo que as matérias assinadas que são publicadas nos jornais estão sendo assinadas pelos focas ou por escritores-fantasmas no lugar dos autores. Quando vejo um artigo assim:

Salários escapam da inflação
POR KATIA MILITELLO
(info exame)

...fico pensando: essa Kátia Militello parece funcionária pública, meu! Só vive mandando outras pessoas assinarem por ela. Vai ver que ela pendura o paletó no encosto da cadeira e vai flanar. O chefe da redação, quase arrancando os cabelos, manda um estagiário qualquer redigir a coluna e assinar POR ela.

Cada uma que me aparece! ;-)

(*) Jussara P.Simões é tradutora em São Paulo e internauta, participante do fórum de debates do MNDLP.

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O "by Jussara" é uma provocação do editor destas páginas à autora... ;)))

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Os simbolos em vermelho são usados pelos internautas em suas comunicações em texto puro e conhecidos na forma inglesa como smileys (sorrisos) ou emoticons, ícones de emoção. Gire seu monitor 90 graus no sentido horário (ou a cabeça 90 graus no sentido anti-horário, como preferir) para ver as carinhas, como esta, gargalhando e piscando um olho... ;)))