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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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NOSSO
IDIOMA
Guerra da língua
Geraldo Carneiro (*)
O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) acaba
de aprovar projeto que proíbe e pune o uso de palavras e expressões estrangeiras por pessoas físicas e jurídicas. Não parece coisa
de xiita, caro leitor? Pois não é. Muitos países civilizados criaram legislações semelhantes, para conter o domínio do inglês sobre
suas línguas. Caso contrário, vai perpetuar-se o atual fuck in the doll, ou, em bom português, ferro na boneca.
Já sei, você dirá que as línguas sempre canibalizam umas às outras.
Pode crer. O português, por exemplo, é um verdadeiro sururu de capote, um samba-lelê com diversas outras línguas do mundo, inclusive
africanas e indígenas. Faz parte do jogo. Só que, nos últimos séculos, os três impérios sucessivos de língua inglesa (o próprio
império inglês, o americano e o da informática) tornaram cada vez mais desigual essa suruba lingüística entre Davi e Golias.
De qualquer maneira, é preciso conter o uso indiscriminado da língua
inglesa, quase sempre fazendo parte de estratégias de engodo e exclusão. Os edifícios do Sérgio Naya e certas expressões do economês
de nossos mandatários são exemplos do inglês a serviço da vigarice política ou mercadológica, tal como os antigos parangolés latinos
de padres e magistrados.
O pessoal da informática também exagera. Expressões como
screensaver e download parecem-me perfeitamente permutáveis por guarda-telas e descarregar. Aliás, o melhor exemplo do
abrasileiramento vocabular talvez seja o futebol que, como assinalou o filólogo Millôr Fernandes, foi aos poucos adaptando quase
todo o seu vocabulário específico: corner virou escanteio, foul virou falta etc.
Em suma, mesmo beirando o ridículo, temos que brandir o tacape de
I-Juca Pirama contra os punhos de aço do Super-Homem. Do contrário, no bangue-bangue das línguas, seremos somente o cocô do cavalo
do bandido.
(*) Geraldo Carneiro é poeta e
dramaturgo. Artigo publicado no jornal O Dia, do Rio
de Janeiro, em 18/8/2000. |