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Movimento Nacional em Defesa
da Língua Portuguesa
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NOSSO
IDIOMA
Nosso português não pode deixar de ser o idioma da família brasileira
Afonso Luciano Durand (*)
A pátria não é simplesmente o lugar em que nascemos, a cidade,
a aldeia, o monte, o vale, assim dizia o acadêmico Brant Horta, nos idos de 1920. Defendia - como muitos poucos brasileiros que
vivem hoje - ser a terra que amamos e que nos sentimos presos por laços indissolúveis que não se quebram com o tempo. E sobre a
instrução, como professor, afirmava não existir maior herança. como capital mais seguro e rendoso do que os conhecimentos básicos
para a cultura. É o maior legado que os pais podem deixar a seus filhos, pois a instrução lhes assegura a existência mais que os
bens materiais.
A pátria começa no lar e estende-se pelos quarteirão. município, estado natal e, finalmente
à nação. Portanto, a extensão de terra cujos habitantes estão sujeitos às mesmas leis e obrigações, falando sempre o mesmo IDIOMA,
tem os mesmos interesses e as mesmas fronteiras, as mesmas tradições. Assim, o idioma constitui uma instrução sólida, intelectual,
moral, religiosa e, antes de tudo, cívica.
Nestes momentos do fim do Século 20, como alguns brasileiros têm se manifestado, defendendo
o vernáculo nativo, sem serem nativista ou xenofobistas, é uma obrigação de todas as autoridades dos Três Poderes da Nação. O nosso
português genuíno deve e tem de ser defendido. A nossa linguagem pura e correta, no falar e no escrever, sem se deixar impressionar
ou dominar por outros idiomas.
O ideal é prepararmos muitos grandíloquos. Brasileiros que tenham linguagem erguida,
elevada, nobre, pomposa, muito eloqüente, mas falando uma vernaculidade com todos os seus caracteres especiais e legítimos: o
português. Os verdadeiros nacionalistas têm o dever de eliminar o crescimento diário da xenomania. Uma xenofobia propriamente
citando não aos povos estrangeiros, mas às suas línguas que estão fazendo desaparecer o nosso belíssimo idioma português.
O otimismo nacionalista começa a preocupar uma boa parte da população. Estudantes e
professores, além de alguns poucos membros das comunidades, já compreendem que defender e lutar pelo nosso idioma é fundamental. São
esperançosas as perspectivas de uma mudança nessa ameaça de estrangeirismo que compromete as instruções básicas dos escolares e que
querem uma reconquista da língua pátria, fortalecendo os conhecimentos adquiridos nestes 500 anos.
Para relembrar, transcrevo o artigo 13 da Constituição da União de 5 de outubro de 1988, que
diz: "A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil" e essa frase vem desde as primeiras cartas magnas,
editadas desde 1824. Assim, a nossa língua-mãe tem que ser considerada e respeitada desde o seu surgimento, em nosso território. Que
é próprio do país a que pertence ou região em que está. É inadiável a implantação do vernaculismo, como culto do vernáculo, isento
do estrangeirismo, para que a geração presente e futura possam elevar o valor do nosso idioma e do nosso Brasil.
O abuso do estrangeirismo vem provocando repulsa em muitas regiões do Brasil. Há pouco tempo
a escritora Lygia Fagundes Teles disse: "Uma extraordinária arma para impedir a colonização da língua portuguesa, por isso
precisamos de algo para protegê-la". E lutar.
Na Câmara dos Deputados o deputado federal paulista Aldo Rebelo (PCdoB) apresentou, em
março, projeto que proíbe o uso abusivo de palavras estrangeiras em produtos, nos veículos de comunicações e na publicidade.
Surgiram reações de agências de publicidade. Naquele mês, na Câmara dos Deputados, escritores, professores e jornalistas
participaram de debates, afirmando que "o idioma é um dos principais valores da identidade de um povo". Campanhas serão
realizadas com a finalidade de palavras estrangeiras serem revertidas, com programas de valorização da língua portuguesa.
Neste noticiário em defesa do nosso português, quero registrar uma recente portaria da
Universidade de São Paulo sobre o processo de seleção de candidatos ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciência
Ambiental. Entre as exigências, só podem fazer inscrição candidatos que concluíram curso de graduação e demonstrar proficiência em
leitura da língua inglesa. Sobre o nosso idioma não faz nenhuma exigência. E assim, por omissão do Ministério da Educação e Cultura,
a quem compete observar e regulamentar esse abuso de estrangeirismo, como diz um órgão de imprensa desta Capital, vem causando
polêmica.
(*) Afonso Luciano Durand é jornalista profissional e
professor. O artigo foi publicado na Folha do Servidor Público, órgão oficial da
Associação dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, edição de julho/agosto de 2000, página 6. |