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Movimento alerta sobre uso
indiscriminado de palavras em inglês
Melissa Canada |
"Estamos fazendo o caminho inverso. Ao invés de apenas assimilar, estamos aceitando a
cultura de massa proveniente de outros Países, principalmente dos Estados Unidos". O alerta em forma de desabafo é de um dos
coordenadores do Movimento em Defesa da Língua Portuguesa na Baixada Santista, Luiz Ezildo da Silva, que
desde o início do ano, vem se mobilizando em torno de um só objetivo: alertar as pessoas sobre o uso cada vez mais freqüente
de expressões na língua inglesa.
Mais do que uma campanha com começo, meio e fim, em visita ao Diário do Litoral,
Ezildo explicou que apesar de o movimento ainda estar em fase de implementação, a luta pela preservação da língua portuguesa é
permanente e pretende desenvolver um trabalho constante de conscientização.
Na oportunidade, ele aproveitou para divulgar mais uma reunião do grupo, aberta à população,
que estará acontecendo hoje às 19h, no Sindicato dos Petroleiros, em Santos.
Preocupado, o coordenador apontou que a descarecterização da língua portuguesa, ao contrário
do que acontece em outros países, é grande e vem aumentando de forma cada vez mais rápida. "Na França por exemplo, a língua é
uma questão de Estado. Aqui, fazemos questão de pronunciar palavras em outro idioma, com a pronúncia correta na outra língua e
errada na nossa".
Resgate - Definindo o trabalho como um "resgate", Ezildo explicou que como o
aculturamento vem acontecendo no Brasil, sempre de forma lenta e gradual, as pessoas não se dão conta das incorporações que
fazem em seu vocabulário e no seu cotidiano.
Ele cita como exemplo as festas de Halloween. Restritas às escolas de inglês, atualmente as
comemorações referentes ao Dia das Bruxas, comemorado nos Estados Unidos no dia 31 de outubro, se expandiram. Outro exemplo
citado por ele refere-se às festas juninas. "Agora até as comemorações de São João tocam música country", observa.
O uso de palavras e expressões como "deletar", "delivery" e "50% off", também foram
destacados, assim como a influência e a contribuição da Internet para a "americanização" do idioma. "A luta é para que
traduções reais de algumas expressões passem a ser feitas. Traduzindo ao pé da letra, existem equívocos, como por exemplo,
deletar", comentou, explicando que deletar significa apagar, mas as pessoas já passaram a acreditar que significa 'jogar
fora'.
Longe de querer condenar o uso da Internet, classificado por ele como importante, e
preocupado em ressaltar que a luta pela preservação da língua portuguesa não está ligada a uma atitude de xenófoba, ou seja,
com o objetivo de repudiar pessoas ou coisas estrageiras, Ezildo afirmou estar otimista com o trabalho que vem sendo
desenvolvido. "A luta está começando. Pretendemos transformar o movimento em uma Organização Não-Governamental e trabalhar,
principalmente, junto às crianças e aos jovens, porque que não seremos nós, mas eles, que irão colher os frutos".
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A edição de 29/6/2000 do Diário do Litoral inclui editorial e
charge sobre a questão do idioma |
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