FEBEANET Que Congresso é este?
Depois,
os deputados e senadores reclamam de que a população os trata
como párias da sociedade, vagabundos ou algo pior. Com as devidas
exceções, tão raras que por isso mesmo são
chamadas de exceções, o Congresso sumiu na hora de votar
uma lei tão sem importância como o Orçamento Nacional
para 2005.
Deveriam estar presentes no mínimo
257 deputados e 42 senadores, para se ter o quórum necessário
à votação da peça orçamentária
federal. No dia 29 de dezembro, já estourando todos os prazos legais,
apenas 81 deputados e senadores se reuniu para tratar do assunto, sobrando
500 cadeiras vazias no Congresso.
O Congresso,
aprovando o Orçamento para 2005... Captura de
tela, TV Band News, 29/12/2004, 22h03
Jeitinho brasileiro: como em anos
anteriores, foi feita uma negociação para que nenhum dos
parlamentares pedisse em plenário a verificação de
quórum, o que acarretaria a constatação oficial das
ausências e o cancelamento da sessão. Votado o orçamento,
os ausentes não poderiam reclamar depois. Mas, bastaria então
que um deputado ou senador furasse o acordo de lideranças e pedisse
a contagem dos votantes para o esquema desmoronar.
Então, há um momento
para ocorrer todo tipo de chantagem. Questionado a respeito, o presidente
da Comissão do Orçamento, Paulo Bernardo, respondeu aos jornalistas
que chantagem é uma palavra muito forte, mas concedeu que ocorreram
"pressões não legítimas".
Nessa hora, vários políticos
registram reclamações perante as câmeras e os microfones
da imprensa, de que é preciso mudar esse estado de coisas, pois
o Congresso simplesmente não está discutindo o orçamento
nacional. Porém, eles mesmos sabem - e os jornalistas também
- que passados alguns dias tudo isso será convenientemente esquecido,
e no final de mais um ano todas essas cenas degradantes voltarão
a acontecer...
O Congresso,
aprovando o Orçamento para 2005... Captura de
tela, TV Band News, 29/12/2004, 22h03
E é para deixarem de trabalhar
nos poucos dias em que deveriam fazê-lo, ou para articularem "pressões
não legítimas", que o povo elege seus representantes? Se
esses políticos podem fazer votações "simbólicas",
também não deveriam ser pagos "simbolicamente"? Bem, que
os internautas votem se essa história merece ou não ser destacada
como a besteira do ano, neste Festival de Besteiras que Assola a Internet
(Febeanet) - e
o Brasil...
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