FEBEANET Congresso delirante...
Parece
história do Dia das Mentiras, ou uma daquelas lendas que circulam
pela Internet. Mas não, pode ser conferida por quem quiser diretamente
nas páginas
da Câmara dos Deputados, de nosso Distrito Federal. Procurar pela
proposição PLP-137/2004, do deputado Nazareno Fonteles, do
PT do Piauí, apresentada em 16/3/2004 e em fase de tramitação
nas comissões internas.
O nobre parlamentar quer estabelecer
no Brasil a chamada Poupança Fraterna, em tudo o que a pessoa ganhar
a partir de um certo limite é compulsoriamente depositado numa caderneta
de poupança especial, o que de imediato configura uma espécie
de confisco de renda. Esquece o deputado Nazareno que num país continental
como o Brasil, controlar tudo isso requer um esforço contábil
e fiscalizador que consome boa parte dos recursos obtidos (pelo menos uns
60% vão para o custeio da máquina administrativa). Quer o
deputado despejar mais essa dinheirama pelo ralo?
E se os pobres, como de costume -
é só ver o que tem acontecido de aberrações
em outros programas assistenciais bancados pelo governo federal -, acabam
não vendo resultados positivos, os ricos também não
se abalam, pois contam com estruturas contábeis, jurídicas
e bancárias para fazer com que os lucros excessivos desapareçam
- é só ver o pouco que pagam de Imposto de Renda e o muito
que possuem nos paraísos fiscais estrangeiros.
Na utópica possibilidade de
aprovação de tal projeto, os nobres deputados dariam o exemplo,
submetendo todos os seus ganhos - eu disse todos, inclusive as verbas de
correio, as passagens aéreas etc. - ao escrutínio dos fiscais
dessa poupança? E nossos juízes, não tratariam de
encontrar brechas legais para proteger sua categoria de mais esse vendaval
que se abateria sobre o país? Ora...
E não é preciso muita
imaginação, o nobre parlamentar talvez recorde como foi feito
o confisco das poupanças pelo presidente Fernando Collor de Mello,
no primeiro dia de seu governo, e quem foi de fato prejudicado por aquela
medida.
No máximo, o novo confisco
disfarçado de poupança/limite máximo de consumo atingirá
outra vez e apenas a classe média nacional - justamente aquela que
investe os poucos recursos que tem para a geração de empregos,
mesmo penalizada pelos impostos escorchantes e pelos juros excessivos -,
que será novamente penalizada caso tal projeto vire lei. Quem duvidar,
comece a se perguntar sobre o motivo de não ter sido aprovado ainda
o projeto do Imposto sobre as Grandes Fortunas...
Projetos como este da Poupança
Fraterna, que não levam em conta os sentimentos do povo brasileiro,
as condições mínimas de viabilização
legal e prática, servindo unicamente para polêmicas inócuas,
dificultando e atrasando a tramitação e votação
dos projetos mais sérios de que o País realmente necessita,
são merecedores de figurar neste Festival
de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet)...
|