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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/10/02 16:54:38
FEBEANET
Jóias+quadros+livros= só R$ 1,22...

Capa da edição de 10/7/2002, com a notícia: TRE divulga relação de bens declarados pelos candidatosTalvez seja normal para o vice-presidente da República, Marco Maciel, comprar quadros, livros e jóias tão baratinho que a soma de todo esse patrimônio custe mais ou menos o mesmo que um litro de leite. Tanto que foi assim que ele registrou esses itens em sua declaração oficial de bens como candidato a senador nas próximas eleições. 

Porém, o resto do Brasil, habituado aos preços de tais produtos nas livrarias, joalherias e galerias nacionais, estranha profundamente que o candidato tenha tão pouco patrimônio deste tipo a declarar. Ainda mais estranheza decorre da proporção desse valor em relação ao seu patrimônio total, dito ser de R$ 457,9 mil...

A notícia é do Jornal do Commércio do Recife, edição de 10/7/2002, que já classifica como "informações curiosas" tais declarações de Marco Maciel (grifo nosso):
 

   ELEIÇÕES 2002 
   Candidatos têm bens revelados 
   10/Jul/2002 
     
   Três dos nove candidatos a governador de Pernambuco declaram não ter bens a declarar. O mesmo foi informado por sete dos treze candidatos a senador  

   O Tribunal Regional Eleitoral revelou ontem as relações dos bens declarados pelos candidatos majoritários que irão disputar as eleições de outubro. Entre os candidatos ao Governo do Estado, o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que concorre à reeleição, é quem tem o maior patrimônio, orçado em R$ 586,6 mil. De acordo com o peemedebista, o seu bem mais valioso é a sua coleção de arte, avaliada em R$ 198,2 mil. Dos noves majoritários, três informaram não ter bens a declarar: Rui Alcântara (PAN), Flávio Renato Lapenda (PTC) e José Carlos Neves de Andrade (PGT). Ana Lins (PSTU) informou ter um apartamento em Olinda de R$ 28 mil e Maurílio Silva (PCO) declarou um automóvel e uma casa, sem especificar os valores. 

   O candidato a governador Ilo Jorge (PDT) tem o segundo maior patrimônio – R$ 265 mil –, a maior parte dele referente à participação do pedetista em uma empresa na área educacional. Em terceiro está Humberto Costa (PT) com R$ 224,7 mil, sendo que mais da metade desse dinheiro foi investido para a compra de dois imóveis. Em seguida vem o candidato Humberto Barradas (PSB) com R$ 220 mil. Grande desses recursos refere-se à bens (fazenda e sítio) em Alagoas. 

   Nas relações protocoladas pelos candidatos existem informações curiosas. O vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), que é candidato a senador, declarou que tem R$ 457,9 mil de patrimônio. Na documentação existe um item em que relaciona o valor que possui em jóias, quadros e livros: apenas R$ 1,22. Um dos suplentes de Maciel é o ex-ministro Gustavo Krause (PFL), que conseguiu acumular um patrimônio de R$ 1,1 milhão. O outro candidato a senador da União por Pernambuco, o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB), registrou um total de R$ 1,9 milhão em bens. A maior parte deles investido em terras e obras de arte. 

   Dos treze candidatos ao Senado, sete afirmaram que não têm bens a declarar. Kátia Teles (PSTU), José Carlos Pantaleão (PSTU), Ocidir Potes Vale (PAN), Samuel Marcelino da Silva (PAN), Antônio Aparecido Queiroz (PCO), Olga Conceição (PGT) e Milton Xavier de Carvalho (PGT). O candidato Nélson Borges (PPS) informou ter um apartamento no Rio avaliado em R$ 60 mil. 

Eis o comentário do pernambucano Gevilacio A.C. de Moura, postado na mesma data na lista de debates sobre negócios Widebiz, e que apenas confirma ser no mínimo estranha tal declaração de bens:
 

Assunto: [widebiz] OT - Os bens: pobre Brasil, pobres políticos
     Data: Wed, 10 Jul 2002 11:40:33 -0300
      De:  "G. Moura" <*****@elogica.com.br>
     Para: "Lista Widebiz" <widebiz@yahoogrupos.com.br>

Pessoal:

O Jornal do Commercio do Recife de hoje (10 de julho de 2002) traz a manchete:

"Candidatos têm bens revelados"

No texto, constam os bens de diversos candidatos.

Chama a atenção a declaração de bens do vice-presidente Marco Maciel, candidato a senador. O valor total é de 457.935,04. Nada de mais a não ser o item

"Valores em bens jóias, quadros e livros: R$1,22 (hum real e vinte e dois centavos)."

Curioso.

Hum real e vinte e dois centavos é o quanto valem a biblioteca, os quadros, jóias e outros bens. Tudo somado.

Quem será o pintor que tem um de seus quadros avaliado, pelo Vice-Presidente da República, em menos de R$1,22?

Lá no Mercado da Ribeira, em Olinda, não se encontra um quadro por menos de R$30,00. Será que o senhor Vice-Presidente da República declinaria o nome desse pintor de um quadro tão pouco valioso? Mas ele não tem apenas um quadro, a declaração de bens fala em "quadros", plural.

Pobre pintor, pobres pintores!

Que jóias são  essas que valem menos de R$ 1,22? Existe alguma bijuteria com esse valor? Ou é aquilo a que chamam de "semijóia"? (Desculpem o cacófato, mas é assim que chamam.)

Nem no Camelódromo, encontra-se um par de brincos de lata por esse preço.

E os livros, e a biblioteca?

Qualquer suplente de vereador já teria comprado, desde a primeira eleição, uma coleção de livros encadernados com capas vermelhas e letras doiradas e que lhe custaria uns cem "real" (em 24 módicas prestações mensais ;).

Apesar de ser (ex) professor da Universidade Federal de Pernambuco, o culto vice-presidente investiu apenas  R$1,22 em sua biblioteca. Perdão, menos de R$ 1,22, pois também investiu em obras de arte e em jóias. 

O livro mais barato que eu comprei até hoje  me custou R$ 2,00 lá na Praça do Sebo. Está meio estragado, mas dá pra ler, pois o general Dionísio faz um interessante relato sobre a campanha do Paraguai. Os outros livros me custaram de dois "real" pra cima.

Onde encontrar livros por menos de R$1,22? O Vice-presidente da República fica devendo essa informação a milhões de brasileiros que querem comprar livros, principalmente livros escolares, e não têm dinheiro sobrando no final do mês.

Mas nem tudo está perdido.

Com jeitinho e com esse exemplo de virtude de um dos grandes próceres (epa!) da ARENA/PFL, talvez  o brasileiro médio consiga poupar uns  dois "Vale-A", dois "Vale-B" ou dois  "Vale-C". Com dois desses vales, dá pra comprar pelo menos uns dois livros no fornecedor do senhor Vice-Presidente da República.

Logo no primeiro mês, o senhor Brasileiro Médio terá a sua biblioteca comparável à do senhor Vice-Presidente. Biblioteca, sim, pois já se pode falar em biblioteca se existirem pelo menos dois livros, estejam eles sobre uma  estante de mogno ou em cima de um caixote (vazio) de tomates.

O senhor Brasileiro Médio vai continuar sem  poder comprar quadros nem jóias, coisas de gente abonada, mas comprar livros já é um bom começo.

Pobre Brasil, pobres políticos.

Gevilacio A. C. de Moura

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http://www.quatrocantos.com/
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A reação pública explica e justifica a inclusão deste caso entre os candidatos do Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet). 

P.S.: Para que não restem dúvidas, registramos aqui a página citada: