FEBEANET
"... não é um país
sério"
Franceses foram pescar...
acabaram fisgados!
Consta
ser falso que um falecido presidente francês, Charles De Gaulle,
tenha dito, na década de 1960, que "o Brasil não é
um país sério". Na verdade, ele apenas teria dito que 'o
Brasil não é um país". O "sério" foi acrescentado
depois, para amenizar... Não importa, prevaleceu a versão.
E agora, ela se volta contra os franceses. Pois não é que
eles, mesmo querendo mudanças, abandonaram as eleições
em curso e foram para a praia e as montanhas? Ou preferiram aproveitar
que era o primeiro dia da temporada de pesca...
Resultado: deu
mais peixe no anzol e mais bronzeador na praia do que voto na urna! 27,85%
dos 38.585.465 eleitores franceses não compareceram às urnas
e, dos que votaram, 962.867 anularam o voto. Na apuração
dos resultados, os franceses descobriram que o candidato direitista Jacques
Chirac não foi bem nas urnas, ficando com 19,94% dos votos, o que
era mais ou menos esperado. Os eleitores apostavam que o candidato "de
renovação", o primeiro-ministro esquerdista Leonel Jospin,
disputaria o segundo turno com Chirac.
Entretanto, Jospin
ficou em terceiro lugar com 16,01% dos votos, e quem passou ao segundo
turno foi o candidato da direita radical, Jean-Marie Le Pen, com 17,87%
dos votos. Ele é visto como favorável às ações
neonazistas contra imigrantes e chega a ser rejeitado por 80% da população
francesa. Depois da estupefação, o protesto: os franceses
saíram às ruas, em manifestações contra Le
Pen.
Como comenta o
articulista Joel
Conrado em seu "Bilhete da Europa", distribuído em 21/4/2002
pela Internet desde Paris, "afirmar que a extrema direita, em ligeira ascensão
em outros países da Europa, estaria também se impondo na
França será um julgamento prematuro e sem fundamento. Na
verdade, Jean-Marie Le Pen, considerado por muitos como facista e racista,
não terá a mínima chance de se eleger presidente da
República. Desde ontem e hoje, mais de cem mil (!) pessoas desfilaram
nas principais ruas das grandes cidades francesas protestando contra a
candidatura de Le Pen. E lá estavam jovens, velhos, comunistas,
socialistas e muitos emigrantes. Eles procuram recuperar o tempo perdido
e visam agora, e principalmente, as eleições para o Parlamento.
Se a esquerda vencer e obter a maioria no Legislativo, a França,
mais uma vez terá que viver com um governo de coabitação
com um presidente da direita (Chirac) e um Parlamento da oposição."
Joel continua:
"Curioso, para não dizer trágico: a militância da esquerda
francesa, composta de comunistas e socialistas terá que votar em
Jacques Chirac, um candidato da tradicional direita francesa.... Mas como
um popular disse ao microfone de uma televisão: 'Não temos
outra escolha... ou votamos num facista, ou num super mentiroso' -
referindo-se à alcunha recebida por Chirac num programa de marionetes
(Les Guignols) de grande audiência aqui na França".
Protestos nas
ruas de Paris! Contra o quê? Contra uma candidatura surgida dentro
da normalidade do processo eleitoral francês, e legalmente sufragada
por parte da população? Onde estavam os manifestantes, no
dia da eleição?
Pois é,
a atitude francesa de abandonar a forma efetiva de manifestar sua vontade
(o voto) e depois fazer manifestações nas ruas, num estilo
de "muito ruído e pouca ação", configura uma grande
bobagem, merecedora de figurar neste Festival de Besteiras que Assola a
Internet (Febeanet)! E que sirva de exemplo
aos eleitores: no final de 2002, votem na melhor história deste
festival, pois se não o fizerem, depois não adianta manifestarem
seu protesto contra a besteira escolhida...
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