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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 04/16/02 22:34:12
FEBEANET
"EUA defendem a democracia"...

Verdade é apenas uma mentira não descoberta, cita velho dito popular, que pode ser complementado pelo que dizia o ministro da propaganda de Hitler: uma mentira dita mil vezes ganha foros de verdade. 

Basta lembrar os - desmentidos pro forma - estreitos relacionamentos dos estadunidenses com o grupo militar que tomou o poder no Brasil em 1964, com o grupo do general Augusto Pinochet Ugarte (que tomou o poder no Chile em 1973), o apoio ao golpe militar que depôs em 1976 a presidente argentina Isabelita Perón,  a história dos armamentos na Nicarágua, a intervenção armada no Haiti, a invasão estadunidense (em 1989) no Panamá... - só para ficar na América Latina.

Manchete do jornal 'El Mundo', de Caracas, lido por um político na Assembléia Nacional. (Imagem: TV Globo/Brasil, 16/4/2002, 20h30) Paul Krugman critica a posição dos EUA, em artigo em jornais dos EUA (Imagem: TV Globo/Brasil, 16/4/2002, 20h29)
Não estão errados os sobrinhos do Sam: eles defendem a democracia... à moda deles. Isto é: eles julgam que governo é democrático e qual governo não é. Nem importa a posição das Nações Unidas, que em algumas oportunidades até se insurge contra as atitudes ianques, embora não muito para não sofrer dificuldades financeiras com os atrasos de pagamentos das contribuições que esse país deve fazer (como todos os demais, aliás).
O empresário Pedro Carmona Estanga, ao ser empossado pelos golpistas no dia 12. (Imagem: TV Globo/Brasil, 16/4/2002, 20h29) Jornal 'The New York Times' denuncia ligação ianque com os golpistas. (Imagem: TV CNN/EUA 16/4/2002, 21h05)
Nesse campo, a mais recente besteira é representada pela participação dos EUA na tentativa de golpe de estado na Venezuela, em 12-13/4/2002. Os EUA já tinham conhecimento dos preparativos desse golpe pelo menos dois meses antes, denunciam os jornais; assessores do presidente dos EUA estiveram reunidos com os golpistas um dia antes do golpe; durante o golpe, o governo estadunidense não correu em defesa do governo eleito, como em outros locais onde a queda de seus protegidos imediatamente causa reações em Washington. 

Também foi significativo o silêncio ianque no momento em que o governo golpista rasgou a Carta Magna venezuelana e dissolveu o Assembléia Nacional - o que teoricamente seria inaceitável, dentro das diretrizes políticas esposadas pelos EUA...

Funcionários do governo dos EUA tentam explicar as polêmicas ligações. (Imagem: TV CNN/EUA 16/4/2002, 21h06) Funcionários do governo dos EUA tentam explicar as polêmicas ligações. (Imagem: TV CNN/EUA 16/4/2002, 21h06)
Em 16/4/2002, confrontado com as acusações de ligação espúria com o grupo de empresários golpistas na Venezuela, o governo estadunidense apenas reconhece ter havido contatos, mas nenhum incentivo às intenções golpistas do grupo. Sobre o avião norte-americano que supostamente ficou sobrevoando Caracas durante o golpe, não surgiu explicação oficial no contato entre o assessor de imprensa da Casa Branca, Ari Fleischer, e os jornalistas, em Washington. Também nada explicou a porta-voz do Pentágono, Victoria Clarke, a respeito desse episódio.

Extra-oficialmente, a explicação é que um avião com equipamentos de interferência nas comunicações de rádio e telefonia celular, sobrevoando uma zona de conflito, visa captar informações que permitam garantir a segurança física do pessoal estadunidense no local... 

Hugo Chavez, ao voltar ao palácio Miraflores, em Caracas, após o golpe. (Imagem: TV CNN/EUA 16/4/2002, 21h06) Presidente Hugo Chavez, ao reassumir o governo venezuelano. (Imagem: TV CNN/EUA 16/4/2002, 21h04)
Bem, besteira seria acreditar que as atitudes de um governo em relação a outro não são ditadas pelos interesses desse governo. Por via de conseqüência, seria besteira esperar pureza de intenções em tudo o que é dito oficialmente por representantes de algum governo. 

O que leva tal história a ser inscrita neste Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet) não é o golpe em si, ou as declarações de Washington a respeito de seu relacionamento com golpistas, mas o fato de o governo de um país-potência como os EUA se deixar apanhar envolvido em tais situações. Afinal, outro dito popular cita que criminoso é inocente apanhado em delito... 

Também merece crítica a posição dos principais jornais venezuelanos, que divulgaram amplamente o golpe, apoiando-o abertamente por ser um golpe de empresários, e quando da retomada do poder nem foram publicados.


 
Noticiário alternativo distribuído desde Cuba por Prensa Latina, durante o golpe na Venezuela, circulou amplamente na Internet brasileira, sendo também recebido de forma contínua por Novo Milênio:
o o o o o    PRENSA LATINA
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o   o - PL     Agencia Informativa Latinoamericana S.A.
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MADRE DE PRESIDENTE CHAVEZ DENUNCIA CRITICA SITUACION DE SU HIJO

La Habana, 13 abr (PL) Elena Frias, madre del presidente constitucional de Venezuela, Hugo Chavez, afirmo hoy que la situacion de su hijo es grave, en declaraciones a la television cubana desde el territorio de ese pais andino.
     "La situacion de mi hijo es grave, lo tienen incomunicado, el es el presidente del pais porque no ha renunciado y esta preso como un vulgar ladron, no lo dejan ni ver, ni que sus hijas ni su madre hablen con el por telefono", preciso.
     Agrego que lo que impera actualmente en Venezuela es peor a una dictadura, esos malvados estan maltratando a la gente en plan de machete. "En mi pais no hay democracia, existe una dictadura, preciso.
     La madre de Chavez reitero que su hijo es presidente constitucional de Venezuela porque no ha puesto la renuncia, y reitero que las autoridades golpistas lo tienen incomunicado y ella ignora lo que le estan haciendo.
     Tambien exhorto a la opinion publica mundial y a la Organizacion de Naciones Unidas a impedir que esos asesinos maten a su hijo.
     Yo le agradezco a todo el mundo que me averiguen donde el se encuentra y que "le preserven la vida, por amor a Dios, y este es el reclamo de una madre desesperada", afirmo.
as/ipp

20:17 UTC Abril 13, 2002