FEBEANET
Afegãos cultivam flores...
Chega
de jogar aviões contra prédios, ou talvez enviar cartas com
vírus antraz... e ficar recebendo na cabeça pacotes que tanto
podem ser bombas achocolatadas ("ajuda da Humanidade") como explosivas
("ajuda à Humanidade")...
Com a devida bênção
dos Estados Unidos e seus aliados, que desterraram seus antigos aliados
talibãs, os novos aliados - coincidentemente denominados Aliança
do Norte: é tanta aliança que até este trecho ficou
confuso - assumem o poder no Afeganistão e uma das primeiras medidas
é permitir, ainda que por omissão, que o pacífico
país volte a cultivar flores e a oferecê-las ao mundo...
Nos dois últimos anos do governo
pelo regime teocrático Talibã, o cultivo de papoula - base
para uma próspera indústria de entorpecentes - fora proibido
no Afeganistão. Com a entrega do poder à Aliança do
Norte, os agricultores voltaram ao rendoso plantio. Que aliás nunca
foi abolido nas terras protegidas pela Aliança do Norte.
Então, ficamos assim: na Colômbia,
os Estados Unidos combatem guerrilheiros que protegem os cultivos de plantas
alucinógenas, jogam até produtos químicos que poluem
e destróem florestas inteiras (logo os EUA, que tanto "defendem
a biodiversidade, a proteção aos mananciais", quem diria...).
Os cultivadores colombianos alegam que não têm outro meio
de subsistência, é com o cultivo da matéria-prima de
drogas pesadas destinadas a destruir fisica e emocionalmente jovens do
mundo inteiro que tais agricultores defendem o sustento de seus filhos.
Então, os EUA propõem
pagar um preço melhor pelo café colombiano que pelo brasileiro,
para que os agricultores colombianos tenham a oportunidade de um cultivo
mais rentável e possam abandonar as nefastas colheitas. Se a moda
pega... - aliás, a desculpa afegã é a mesma, os agricultores
afegãos não têm outra opção de renda,
a não ser exportar papoulas...
No Afeganistão, um governo
contrário à plantação de papoulas é
derrubado, sob o pretexto de guerra a um ex-colaborador dos EUA, o milionário
Osama Bin Laden, que se voltou contra seus protetores e se tornou incômodo
com sua mania de jogar aviões sobre prédios estadunidenses.
Lógico, havia um outro motivo para a guerra: o Talibã estava
atrapalhando os planos das grandes companhias petrolíferas para
a construção de um oleoduto através daquele país.
Agora, o caminho para a passagem do oleoduto já está garantido,
e ele vai ficar bonitinho no cartão postal, enfeitado com papoulas...
E a guerra santa anti-terror continua,
"coincidentemente" removendo em todos os continentes qualquer obstáculo
aos planos do mesmo grupo empresarial que motivou o presidente George-que-esconde-o-sobrenome-Washington-Bush
a rasgar o acordo de Quioto sobre a não-emissão de clorofluorcarbonetos,
bem como os acordos de não-proliferação de armas...
O mundo gira... e gira... Lá
no andar de cima, os saudosos gozadores Stenislaw Ponte-Preta (Sérgio
Porto, criador do Festival de Besteiras que Assola o País - Febeapá),
Chacrinha (Abelardo Barbosa, grande comunicador da televisão brasileira)
e o manhoso Apparício Torelli (Barão de Itararé,
herói da batalha que não houve) devem estar se divertindo.
Invoco mais uma vez a experiência deste famoso trio, no momento em
que procedo assim à inscrição no Febeanet-2002 deste
primeiro candidato...
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