FEBEANET
Quem fiscaliza o fiscal?
2+2=5, afirma o conselheiro...
Para
fiscalizar os gastos dos governos nos três níveis - municipal,
estadual e federal -, existem os tribunais de contas, encarregados de aprovar
ou vetar as prestações de contas, zelando pelo bom uso do
dinheiro público.
Na capital paulista, porém,
parece que terá de ocorrer o contrário: o governo fiscalizar
as contas do tribunal de contas do município, que além de
consumir verbas estratosféricas em suas instalações,
ainda tem gastos extraordinários com pessoal e manutenção,
suficientes para o régio pagamento de funcionários - há
quem ganhe três vezes mais que o prefeito (aliás, a prefeita,
Marta Suplicy), e só os gastos extraordinários dariam para
construir um bairro de casas populares por ano, conforme a denúncia
oferecida pela Rede Globo de Televisão em seu Jornal da Globo,
às 0h30 do dia 7/8/2001 - da qual foram capturadas estas telas:
Detalhe da história: parte
da verba do TCMSP foi usada na compra de discos da dupla Milionário
e José Rico - que não se percam pelos nomes. Agora, imperdoável
mesmo, pelo menos para os torcedores dos demais times, foi a compra de
camisas oficiais do Palmeiras. Ah, sim, vê-se por aí que o
time deve estar com a bola toda... no duplo sentido.
O Relatório Vicente Cândido,
da CPI do tribunal, apontou inúmeras outras irregularidades, inclusive
a presença de onze parentes dos conselheiros na folha de pagamento
do tribunal, e um contador recebe R$ 13,4 mil mensais, um auxiliar administrativo
(isso pode incluir até o encarregado de servir o cafezinho...) percebe
R$ 12,4 mil. Um conselheiro aposentado (não incluídos os
parentes), retira R$ 19.333,08 líquidos por mês, conforme
contracheques de abril de 2001 (não foram decerto emitidos no dia
1º).
A própria reportagem da Globo
não se conteve, ao entrevistar o ex-conselheiro do Tribunal, Paulo
Buarque. Ele está disposto a provar precisamente que a soma "dois
mais dois" resulta em cinco. Ele explica que isso ocorre em sua Matemática,
que não é necessariamente a mesma usada pela maioria dos
brasileiros, especialmente pelos contribuintes que o sustentam.
Tem o sereníssimo conselheiro
toda a razão, e demonstra bastante erudição, pois
existem vários exemplos menos conhecidos de matemáticas não-euclidianas
(nas quais, por exemplo, duas paralelas podem se encontrar em algum ponto).
Mas, quem o autorizou a aplicar matemáticas
especiais às contas públicas paulistanas? E fica no ar outra
pergunta: se o TCMSP aplica matemática especial em suas funções,
poderá também estar empregando alguma ética especial
ao trato das contas públicas? É o que parece, pelo
relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI),
que registra vários desvios, como este, destacado na reportagem:
R$ 430 milhões, suficiente para a construção de 270
escolas de primeiro grau.
A coordenação do Festival
de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet)
sente-se desonrada em processar mais esta inscrição no festival-2001,
e faz questão de consignar nesta ata o oferecimento especial de
um vidro com óleo de peroba (bom para dar um caprichado polimento
em sua cara de pau...) ao incompreendido gênio Paulo Buarque, o mago
paulistano da Relatividade - que, como Einstein, também foi
reprovado em Matemática...
Se ainda estivesse entre nós,
o saudoso apresentador de televisão Chacrinha decerto convidaria
o ilustre conselheiro para jurado de seu programa de calouros. Afinal,
o Abelardo Barbosa sempre deixava claro seu papel neste mundo: "Eu vim
para confundir, não vim para explicar!"
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