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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/31/01 23:25:43
FEBEANET
Quem fiscaliza o fiscal?
2+2=5, afirma o conselheiro...

Para fiscalizar os gastos dos governos nos três níveis - municipal, estadual e federal -, existem os tribunais de contas, encarregados de aprovar ou vetar as prestações de contas, zelando pelo bom uso do dinheiro público.
 

O prédio do tribunal, em imagens da matéria divulgada pela Rede Globo de Televisão O prédio do tribunal, em imagens da matéria divulgada pela Rede Globo de Televisão

Na capital paulista, porém, parece que terá de ocorrer o contrário: o governo fiscalizar as contas do tribunal de contas do município, que além de consumir verbas estratosféricas em suas instalações, ainda tem gastos extraordinários com pessoal e manutenção, suficientes para o régio pagamento de funcionários - há quem ganhe três vezes mais que o prefeito (aliás, a prefeita, Marta Suplicy), e só os gastos extraordinários dariam para construir um bairro de casas populares por ano, conforme a denúncia oferecida pela Rede Globo de Televisão em seu Jornal da Globo, às 0h30 do dia 7/8/2001 - da qual foram capturadas estas telas:
 

Destaques no relatório da CPI, em imagem da Rede Globo de Televisão Destaques no relatório da CPI, em imagem da Rede Globo de Televisão

Detalhe da história: parte da verba do TCMSP foi usada na compra de discos da dupla Milionário e José Rico - que não se percam pelos nomes. Agora, imperdoável mesmo, pelo menos para os torcedores dos demais times, foi a compra de camisas oficiais do Palmeiras. Ah, sim, vê-se por aí que o time deve estar com a bola toda... no duplo sentido.
 

Destaques no relatório da CPI, em imagem da Rede Globo de Televisão Destaques no relatório da CPI, em imagem da Rede Globo de Televisão

O Relatório Vicente Cândido, da CPI do tribunal, apontou inúmeras outras irregularidades, inclusive a presença de onze parentes dos conselheiros na folha de pagamento do tribunal, e um contador recebe R$ 13,4 mil mensais, um auxiliar administrativo (isso pode incluir até o encarregado de servir o cafezinho...) percebe R$ 12,4 mil. Um conselheiro aposentado (não incluídos os parentes), retira R$ 19.333,08 líquidos por mês, conforme contracheques de abril de 2001 (não foram decerto emitidos no dia 1º).
 

O que daria para fazer com o dinheiro dos gastos extras do TCMSP, em cálculo demonstrado pela TV Globo O prédio do tribunal, em imagens da matéria divulgada pela Rede Globo de Televisão

A própria reportagem da Globo não se conteve, ao entrevistar o ex-conselheiro do Tribunal, Paulo Buarque. Ele está disposto a provar precisamente que a soma "dois mais dois" resulta em cinco. Ele explica que isso ocorre em sua Matemática, que não é necessariamente a mesma usada pela maioria dos brasileiros, especialmente pelos contribuintes que o sustentam. 

Tem o sereníssimo conselheiro toda a razão, e demonstra bastante erudição, pois existem vários exemplos menos conhecidos de matemáticas não-euclidianas (nas quais, por exemplo, duas paralelas podem se encontrar em algum ponto). 

Mas, quem o autorizou a aplicar matemáticas especiais às contas públicas paulistanas? E fica no ar outra pergunta: se o TCMSP aplica matemática especial em suas funções, poderá também estar empregando alguma ética especial ao trato das  contas públicas? É o que parece, pelo relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que registra vários desvios, como este, destacado na reportagem: R$ 430 milhões, suficiente para a construção de 270 escolas de primeiro grau.

2+2=5, afirma o entrevistado, explicando que sua Matemática é diferente da usada pelo repórter...
A coordenação do Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet) sente-se desonrada em processar mais esta inscrição no festival-2001, e faz questão de consignar nesta ata o oferecimento especial de um vidro com óleo de peroba (bom para dar um caprichado polimento em sua cara de pau...) ao incompreendido gênio Paulo Buarque, o mago paulistano  da Relatividade - que, como Einstein, também foi reprovado em Matemática...

Se ainda estivesse entre nós, o saudoso apresentador de televisão Chacrinha decerto convidaria o ilustre conselheiro para jurado de seu programa de calouros. Afinal, o Abelardo Barbosa sempre deixava claro seu papel neste mundo: "Eu vim para confundir, não vim para explicar!"