Eis
que começam a chegar algumas importantes inscrições
internacionais ao nosso Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet-2001).
Esta vem do Afeganistão, onde o grupo fanático religioso
que controla o país agora resolveu demolí-lo literalmente,
removendo até as montanhas em nome da fé...
Para quem não sabe, vale explicar:
o Talibã é um grupo islâmico tão fundamentalista
que até os fundamentalistas têm de pensar duas vezes antes
de apoiá-lo. Nos últimos anos, assumiu o controle político
do Afeganistão e desde então vem tomando atitudes cada vez
mais drásticas. Lá não se pode ter televisão
ou Internet, pois elas difundem imagens e conceitos perniciosos à
fé. As mulheres não podem continuar na escola após
os oito anos de idade, devem usar vestimenta (xador) que as cubra integralmente
(se um vento levantar uma pontinha, elas são mortas a pedradas imediatamente,
no meio da rua), sequer têm direito a serviços médicos
de qualidade igual à reservada aos homens.
Nas últimas semanas, esse
truculento regime, em nome da preservação dos costumes e
da volta à fê autêntica, resolveu que todas as obras
de arte milenares, todos os monumentos que apresentem representações
de rostos, devem ser demolidos. E passou da retórica à prática,
num processo de completo aniquilamento de obras que deveriam ser consideradas
tesouros do patrimônio cultural humano. E, mesmo que no futuro o
povo do Afeganistão entenda a besteira que agora comete, já
não contará mais com esse patrimônio. Que poderia,
além de contribuir para a ampliação do conhecimento
de nossas origens e das antigas civilizações, servir como
pólo de atração turística, gerando riqueza
para os afegãos.
É como se o Egito destruísse
a Esfinge, os Estados Unidos demolissem a Estátua da Liberdade e
os rostos dos pais da pátria no monte Rushmore, a França
incendiasse o museu Louvre e o Rio de Janeiro derrubasse o Cristo Redentor,
apenas porque algum líder religioso entendesse, de uma hora para
outra, que são imagens profanas, já que a essência
humana ou a imagem divina não podem ser representadas materialmente.
Ora! Respeitando as crenças
religiosas, que não se faça mais, se assim o desejarem tais
líderes, mas o que já foi feito faz parte de um patrimônio
comum a toda a Humanidade, é a base histórica em que construímos
nosso futuro.
E pensar que lamentamos aquele guerreiro
estulto que, diante das maravilhas reunidas na Biblioteca de Alexandria,
entendeu que, se elas eram contra a doutrina que professava, eram impuras
e deveriam ser destruídas. Se, porém, elas louvavam seu deus,
então deveriam ser destruídas, pois nada acrescentavam... |
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