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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/06/01 11:09:40
FEBEANET
A fé que remove montanhas
Eis que começam a chegar algumas importantes inscrições internacionais ao nosso Festival de Besteiras que Assola a Internet (Febeanet-2001). Esta vem do Afeganistão, onde o grupo fanático religioso que controla o país agora resolveu demolí-lo literalmente, removendo até as montanhas em nome da fé...

Para quem não sabe, vale explicar: o Talibã é um grupo islâmico tão fundamentalista que até os fundamentalistas têm de pensar duas vezes antes de apoiá-lo. Nos últimos anos, assumiu o controle político do Afeganistão e desde então vem tomando atitudes cada vez mais drásticas. Lá não se pode ter televisão ou Internet, pois elas difundem imagens e conceitos perniciosos à fé. As mulheres não podem continuar na escola após os oito anos de idade, devem usar vestimenta (xador) que as cubra integralmente (se um vento levantar uma pontinha, elas são mortas a pedradas imediatamente, no meio da rua), sequer têm direito a serviços médicos de qualidade igual à reservada aos homens.

Nas últimas semanas, esse truculento regime, em nome da preservação dos costumes e da volta à fê autêntica, resolveu que todas as obras de arte milenares, todos os monumentos que apresentem representações de rostos, devem ser demolidos. E passou da retórica à prática, num processo de completo aniquilamento de obras que deveriam ser consideradas tesouros do patrimônio cultural humano. E, mesmo que no futuro o povo do Afeganistão entenda a besteira que agora comete, já não contará mais com esse patrimônio. Que poderia, além de contribuir para a ampliação do conhecimento de nossas origens e das antigas civilizações, servir como pólo de atração turística, gerando riqueza para os afegãos.

É como se o Egito destruísse a Esfinge, os Estados Unidos demolissem a Estátua da Liberdade e os rostos dos pais da pátria no monte Rushmore, a França incendiasse o museu Louvre e o Rio de Janeiro derrubasse o Cristo Redentor, apenas porque algum líder religioso entendesse, de uma hora para outra, que são imagens profanas, já que a essência humana ou a imagem divina não podem ser representadas materialmente.

Ora! Respeitando as crenças religiosas, que não se faça mais, se assim o desejarem tais líderes, mas o que já foi feito faz parte de um patrimônio comum a toda a Humanidade, é a base histórica em que construímos nosso futuro.

E pensar que lamentamos aquele guerreiro estulto que, diante das maravilhas reunidas na Biblioteca de Alexandria, entendeu que, se elas eram contra a doutrina que professava, eram impuras e deveriam ser destruídas. Se, porém, elas louvavam seu deus, então deveriam ser destruídas, pois nada acrescentavam...

Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Noticiário em espanhol da TV CNN, Estados Unidos, em 19/3/2001
Imagem: Noticiário em espanhol da TV CNN, Estados Unidos, em 19/3/2001
Imagem: Noticiário em espanhol da TV CNN, Estados Unidos, em 19/3/2001 Imagem: Noticiário em espanhol da TV CNN, Estados Unidos, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001 Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001 Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001
Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001 Imagem: Telediario, TV Espanha Internacional, em 19/3/2001