HUMOR
A máquina de escrever
Já existiu um tempo em que a pessoa que não soubesse datilografar (não, ainda não se usava a palavra digitar) era
considerada analfabeta. É como se fosse, hoje, despreparada para usar um teclado de computador.
Naquela época (até por volta de 1990, por aí...), as máquinas eram
- pasmem! - mecânicas em sua maioria, não precisavam parar quando acabava a bateria ou a energia elétrica. E para ver televisão, era
preciso espetar uma antena no telhado (a imagem e o som ainda não vinham por cabo, nem pela Internet...).
A história a seguir é desse tempo, e participou de um concurso na
cidade gaúcha de Nova Bréscia/RS em 1983, sagrando-se vencedora. Daí, ganhou uma
página na Internet. Como esse endereço pode ser removido ou alterado, reproduzimos aqui o texto, tal e qual:
"II FESTIVAL DA MENTIRA
Campeã: A Máquina de Escrever
Contada por: José Maria A. Pires de Porto Alegre em 17/09.83
"Eu vim de Porto Alegre, porque estou com um problema muito muito
grave, eu tenho amigos, e conto para eles o que aconteceu comigo há certo tempo atrás, e o pessoal diz que é uma tremenda de uma
mentira. E, como aconteceu realmente, eu trouxe inclusive a minha máquina de escrever para contar a esta comissão julgadora o que
aconteceu e aqui decidir esta questão, se achar que a minha história é uma grande mentira, eu não vou contar para mais ninguém, por
que eu não quero passar por mentiroso, se eu não for classificado, é por que a história é verdade.
Era uma tarde de sábado, em Porto Alegre; que eu sou de lá, e de onde
vim para resolver este problema; e fazia um calor terrível, e estava trabalhando em casa, fazendo um texto datilografado, mas era
tanto calor tanto, que eu não agüentei mais trabalhando em casa, e pensei em levar a máquina lá para cima do morro da televisão, que
é mais fresquinho, lá onde tem as antenas das repetidoras. E botei a máquina no carro, cheguei lá desci do carro, instalei a máquina
num banco, de uma pracinha que tem ali, e o vento começou a bater, e coloquei o papel na máquina para terminar o trabalho.
O vento começou a ficar forte e a levantar o papel, aí eu levantei
este dispositivo, (toda máquina de escrever possui uma espécie de vareta quando em posição vertical firma o papel em pé) quando
levantei esta vareta, só de pensar eu fico todo arrepiado, começou a aparecer a imagem "dum" canal de televisão aqui neste papel, no
papel que estava na máquina, mas olhem, eu ainda estou arrepiado, começou a aparecer, e eu fiquei nervoso.
Estava aparecendo a imagem, e aí já juntou aqueles gurizinhos que tão
sempre pedindo esmolas e disseram que a imagem não estava boa, e mandaram que eu mexesse no vertical, aí eu olhei a letra "V" e
pressionei a tecla, e melhorou um pouquinho a imagem, mas ainda não estava boa, quando outro gurizinho disse para mexer no
horizontal, e eu tremendo de nervoso pressionei a tecla "H" aí sim melhorou muito.
E cada vez juntava mais gurizada, quando um deles pediu para que eu
mudasse de canal, eu olhei e pressionei o número "5", mas não estava bom, aí pressionei o "4" e mudou para o canal 4, e tinha uma
imagem boa, bem melhor. Lá pelas tantas um guri disse, pô tio, se fosse a cores. E eu me lembrei que a máquina também tinha outro
dispositivo que troca a cor da fita, e passei para o vermelho e começou uma imagem colorida. Eu acho, que foi por causa deste
dispositivo que firma o papel, que ali perto da televisão começasse a aparecer a imagem no papel.
E esta foi a história que aconteceu, e eu tenho até vergonha de
contar, sem ter o veredicto desta comissão, e trouxe esta máquina que aconteceu isso, pois tenho que me limpar com os amigos que me
chamam de um tremendo mentiroso então está aí para os senhores resolverem." |