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HUMOR
A Ilha

O que é ficar ilhado atualmente? Esta história (retransmitida pelo Paulo Mauá, da empresa santista Enterdata Informática, em 24/10/1998) ilustra bem a situação:

"Um engenheiro meio introvertido finalmente conseguiu realizar o sonho da sua vida: um cruzeiro. Era a coisa mais doida que tinha feito até então. Estava começando a desfrutar da viagem quando um furacão virou o navio como se fosse uma caixa de fósforos.

O rapaz conseguiu agarrar-se a um salva-vidas e chegar a uma ilha aparentemente deserta e muito escondida. Deparou com uma cena belíssima: cachoeira, bananas, coqueiros... mas quase nada além disso. Ele se sentiu desesperado e completamente abandonado.

Vários meses se passaram, e um belo dia apareceu, remando, uma belíssima moça, daquelas de fazer parar o trânsito em São Paulo. A moça começou uma conversa:

- Eu sou do outro lado da ilha. Você também estava no cruzeiro?

- Estava! Mas onde conseguiu esse bote?

- Simples! Tirei alguns galhos de arvores, sangrei alguma borracha, reforcei os galhos, e fiz a quilha e os remos com madeira de eucalipto.

- Mas... com que ferramentas?

- Bom, achei uma camada de material rochoso, evidentemente formada por aluviões. Eu descobri que esquentando este material a uma certa temperatura, ele assumia uma forma muito maleável. Mas chega disso! Onde você tem vivido esse tempo todo? Não vejo nada parecido com um teto...

- Para ser franco, eu tenho dormido na praia...

- Quer vir a minha casa?

O engenheiro aceitou, meio sem jeito. A moca remou com extrema destreza ao redor da ilha. Quando chegou no "seu" lado, amarrou a canoa com uma corda que mais parecia uma obra prima de artesanato. Os dois caminharam por uma passarela de pedras construída pela moça, e depararam, atrás de um coqueiro, com um lindo chalé pintado de azul e branco.

- Não é muito - disse ela - mas eu o chamo de "lar".

Já dentro, ela convidou:

- Sente-se, por favor! Aceita um drinque?

- Não, obrigado! Não agüento mais água de coco!

- Mas não é água de coco! Eu tenho um alambique meio rudimentar lá fora, de forma que podemos tomar Pinas-coladas autênticas!

Tentando esconder a surpresa, o engenheiro aceitou. Sentaram no sofá dela para conversar. Depois de contarem suas histórias, a moça perguntou:

- Você sempre teve barba?

- Não. Toda a vida eu andei bem barbeado.

- Bom, se quer se barbear, tem uma navalha lá em cima, no armarinho do banheiro.

O homem já não perguntava mais nada. Foi em cima no banheiro e fez a barba com um complicado aparelho feito de osso e conchas, tão afiado quanto uma navalha. A seguir, tomou um bom banho, sem nem querer arriscar palpites sobre como ela tinha água quente no banheiro. Desceu sem poder deixar de se maravilhar com o acabamento do corrimão.

- Você ficou ótimo! Vou lá em cima também me trocar, pôr algo mais confortável.

Nosso herói continuou bebericando sua pina colada. Em instantes, a moça estava de volta, com um delicioso perfume de gardênias, e vestindo um estonteante e revelador robe, muito bem trabalhado em folhas de palmeira.

- Bom - disse ela - ambos temos passado um longo tempo sem qualquer companhia... Você não tem se sentido solitário? Há alguma coisa de que você sente muita saudade? Que lhe faz muita falta e do qual todos os homens e mulheres precisam?

- Mas é claro! - disse ele esquecendo um pouco sua timidez. Tem algo que venho  querendo todo esse tempo. Mas... aqui nesta ilha... sabe como é... era simplesmente impossível.

- Bom - disse ela - já não é mais impossível, se é que você me entende...

O rapaz, tomado de uma excitação incontrolável, disse, quase sem alento:

- Não acredito! Você não está querendo dizer que... você bolou um jeito de pegar os seus e-mails aqui, na ilha?

                                     FIM !!!