A implementação de um parque no alto do Morro das Astúrias evitaria a
especulação imobiliária do local Parte daquela área pertence à Prefeitura de Guarujá, e outra a particulares
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria, na página A-1
Nas Astúrias, a luta pela preservação de um
morro
O risco não é iminente, mas dois
ambientalistas de Guarujá, temendo que o Morro das Astúrias se transforme em mais uma concentração de espigões, propõem a criação de um parque. A
idéia é que o alto do morro possa abrigar um teatro ao ar livre, com palco e arquibancada. Proposta semelhante foi implantada em São Paulo, onde a
prefeitura criou o Parque Victor Civita.
Levantamento |
"Pedi o levantamento dos terrenos que há naquela área.
Há proprietários que não pagam IPTU há muitos anos" |
Élio Lopes, secretário de Meio-Ambiente |
A luta para preservar as Astúrias
Ambientalistas defendem a criação de um parque ambiental, em Guarujá, para resguardar o morro
Simone Queirós
Da Redação
Criar
um parque municipal e, de quebra, preservar o Morro das Astúrias, em Guarujá. É essa a intenção de dois ambientalistas que há pelo menos cinco anos
estão batalhando para colocar este sonho em prática.
Tudo começou com uma polêmica envolvendo a construção de dez torres de 18 andares cada, na Praia do Tombo. Uma ação civil pública por parte da
Promotoria de Meio Ambiente conseguiu suspender a construção há sete anos, mas o medo de que o populoso bairro perdesse ainda mais sua área verde
motivou um dos moradores do local, Gio Romanini, a procurar ajuda.
Ele se uniu ao advogado Nelson Terra Barth, especialista em meio-ambiente e diretor da Comissão de Meio-Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), em São Paulo. Nesse período ambos já procuraram o Poder Público, pediram o tombamento do morro ao Condephaat e ainda conseguiram coletar
cerca de 250 assinaturas de pessoas que moram no entorno do morro para dar andamento ao projeto.
A idéia é transformar o topo do Morro das Astúrias, também conhecido como morro da caixa d'água por abrigar uma estrutura da Sabesp, em um parque
aos moldes do Victor Civita, em São Paulo. "Poderia ter palco, arquibancada, teatro ao ar livre. A estrutura é ideal", afirma Nélson.
Ao mesmo tempo, impediriam a especulação imobiliária no local, que tem uma parte pertencente à Prefeitura e outra a proprietários que a dupla
ainda não conseguiu identificar. Um levantamento feito pelos ambientalistas apontou a futura construção de nove empreendimentos, com um total de 15
torres, até janeiro de 2013, entre as Astúrias e Tombo. "Serão 1.189 novos apartamentos", afirma Gio.
Ao saber dos interesses imobiliários na área, Nelson afirma que procurou, ainda na época das eleições municipais, em 2008, a então candidata Maria
Antonieta de Brito para apresentar o projeto. "Ela adorou", diz ele, que voltou a procurá-la novamente após a posse, em 2009. "Ela voltou a adotar a
idéia e, desta vez, reforçou que não queria que a burocracia atrapalhasse o projeto". Porém, o tempo passou e ele não viu a questão progredir com a
velocidade que esperava. Mas está sempre atento e em contato com os responsáveis. "Encontramos o Élio (Lopes, secretário de Meio-Ambiente)
recentemente e ele se comprometeu a dar andamento".
ESTUDO |
A Prefeitura de Guarujá está estudando a possibilidade
de o Morro das Astúrias ser utilizado até mesmo como compensação ambiental para outras áreas da Cidade. Mas a Secretaria Municipal de
Meio-Ambiente não tem definição sobre o caso |
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Levantamento
– Questionado sobre o assunto, o secretário confirmou que está mobilizado pela preservação do local. "Pedi o levantamento dos terrenos que há
naquela área. Há proprietários que não pagam IPTU há muitos anos".
Segundo ele, aquela já é uma Área de Preservação Permanente (APP). "Não permitiríamos a construção de nenhum empreendimento naquele local mesmo.
Tem mais de 45 graus de inclinação".
O problema, no caso, seria o topo do morro. Depois de sua revisão, o Código Florestal agora permite ocupações em áreas assim. "Mas é uma questão
de bom senso. O risco de deslizamento é iminente".
Élio cita uma situação recente na qual teve de interceder. A Prefeitura proibiu e cassou o alvará de um empreendimento que seria feito no Tejereba.
"Conseguimos uma liminar (decisão judicial provisória) impedindo a empresa de construir, pois haveria até supressão de parte do morro. Depois a
empresa conseguiu reverter a decisão em segunda instância. A Prefeitura teve que fazer um decreto para cassar o alvará".
É nesse espírito que Élio garante que o local não ficará lotado de espigões. O Morro das Astúrias, segundo ele, poderia ser utilizado até mesmo
como compensação ambiental para outras áreas da Cidade. "Estamos estudando todas essas hipóteses", garante o secretário.
Uma das idéias dos ambientalistas é transformar o topo do Morro das
Astúrias em um parque nos moldes do Victor Civita, na Capital, com palco, arquibancada e teatro ao ar livre
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria, na página A-12
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