Os ovos de Páscoa mais famosos do mundo nem são ovos de
comer: um joalheiro russo, Carl Fabergé, fez seus ovos de ouro, prata e
pedras preciosas. Abertos, revelavam pequenas imagens de pessoas, animais, plantas ou prédios, e eram dados como presentes
pelo imperador russo aos amigos.
Ovos-jóias de Carl Fabergé: Cuco, de 1900 (E) e
Azova, de 1891 (D)
Fabergé foi o joalheiro da corte dos czares russos Aleksandr III e Nikolai II. Segundo H.C.Bainbridge,
seu amigo e divulgador de sua obra, os ovos de Páscoa de Fabergé se tornaram uma marca registrada a partir da Exposição
Universal de Paris em 1900, maravilhando o público pela riqueza de detalhes (tudo em ouro, prata e pedras preciosas) e pelos
pequenos e delicados mecanismos incluídos nas peças - pois os ovos Fabergé não eram apenas bonitos por fora, continham sempre
algum segredo em seu interior.
A Páscoa era uma data muito especial na Rússia czarista: todos se beijavam e diziam "Cristo
ressuscitou", recebendo a resposta "Verdadeiramente, Cristo ressuscitou" e um presente. Os ovos representavam a nova vida que
surgia, o renascer das esperanças. Assim, quando Aleksandr III encomendou em 1885 um ovo para presentear a imperatriz na
Páscoa seguinte, contendo uma surpresa, Fabergé criou uma série de ovos encaixáveis, em ouro, prata e pedras preciosas.
O czar gostou tanto da obra que disse a Fabergé que produzisse um ovo desses por ano. O
acordo dava carta branca ao joalheiro para criar essas jóias como desejasse, a única condição era que deveriam ter
sempre alguma surpresa em seu interior.
Ovos-jóias de Carl Fabergé: Madonna Lily (E) e
Renaissance, de 1894 (D)
Durante a vida de Aleksandr III, só um ovo era feito por ano, sendo entregue pelo czar à
czarina. Marie Feodorovna. Mas, a partir da ascenção ae Nikolai II, Fabergé passou a criar dois ovos por ano, um para a
czarina Aleksandra Feodorovna e outro para a mãe dela. O ovo de Páscoa anual era sempre a grande surpresa para a família
imperial. Assim, além do brinquedo original, existem outros 49 ovos imperiais, conta o amigo H.C. Bainbridge.
Ele conta que esses ovos eram cuidadosamente guardados junto com o tesouro da família
Romanov. Apesar da tragédia que se abateu sobre essa família com a chegada da Revolução Russa (quem lembra da história da
desaparecida princesa Anastasia, que poderia ter sido a única sobrevivente do massacre de sua família?), o tesouro dos Romanov
milagrosamente caiu no esquecimento.
Em 1921, um jovem médico estadunidense, Armand Hammer, esteve na Rússia prestando serviços
voluntários, e retirou do país a maior coleção privada de peças de Fabergé hoje conhecida. Conhecedor de arte, percebeu que um
dos maiores tesouros de uma grande dinastia tinha sido esquecido. Junto com telas de grandes mestres, ele reuniu algumas
centenas de peças das finas criações de Fabergé, como jóias em formatos de flor, animais produzidos com pedras semi-preciosas
e grande variedade de bibelôs. Em negociações diretas com o governo russo, Hammer conseguiu comprar os 11 ovos imperiais de
Páscoa criados por Fabergé que havia encontrado, junto com outras jóias da Coroa russa.
Algumas dessas jóias foram mostradas na Exposição Russa Imperial realizada em Londres em
1935. As imagens desta página (e outras) foram divulgadas na Internet pela primeira vez em 1995, em uma lista de debates,
alt.binaries.pictures.misc. |