Registro oficial da Biblioteca da Presidência da República:
Fonte: Arquivo Nacional
-Centro de Informação de Acervos dos Presidentes da República
Hermes Rodrigues da Fonseca, marechal
[Mensagens
Presidenciais] [Ministérios]
[Órgãos da PR] [Vice-presidente]
Biografia
Militar, nascido na cidade de São Gabriel, estado do Rio Grande do Sul, em 12 de maio de 1855. Hermes da Fonseca era republicano, membro da
maçonaria e sobrinho do primeiro presidente do país, Deodoro da Fonseca. Ministro da Guerra do governo de Afonso Pena (1906-1909), instituiu a Lei
do Serviço Militar Obrigatório. Em 1910, foi um dos fundadores do Partido Republicano Conservador.
Por meio de eleição direta, passou a exercer a presidência da República em 15 de
novembro de 1910. Com o assassinato de Pinheiro Machado, dirigente do Partido Republicano Conservador, deixou o Brasil em 1915 para residir na
Europa, após pedir licença do Exército. Retornou ao país em 1920 e, em 1923, foi transferido para a reserva no posto de marechal. Faleceu na cidade
de Petrópolis, estado do Rio de Janeiro, em 9 de setembro de 1923.
Período presidencial
Hermes da Fonseca foi o primeiro militar eleito à presidência através de um pleito nacional. Sua eleição expressou a falta de acordo entre as
lideranças paulistas e mineiras, e a emergência no cenário político da aliança do Rio Grande do Sul com os militares, rompendo assim a "política do
café com leite". A influência do presidente do senado Pinheiro Machado no governo perdurou desde a sugestão de indicação da candidatura de Hermes da
Fonseca até o fim do período presidencial.
No início do governo, eclodiu a Revolta da Chibata, levante de marinheiros que se opunham ao regime de castigos físicos em vigor na Marinha. A
chibata era o instrumento utilizado pelos oficiais para açoitar os marinheiros que cometiam faltas consideradas graves. Após a punição do marinheiro
Marcelino Rodrigues, que recebeu 250 chibatadas, assistida por toda a tripulação do encouraçado Minas Gerais, desencadeou-se a revolta liderada por
João Cândido Felisberto, que ficou conhecido como Almirante Negro. Durante esse movimento, uma esquadra composta por três encouraçados chegou a
voltar seus canhões em direção à cidade do Rio de Janeiro.
Em seu governo, Hermes da Fonseca utilizou-se das tropas federais para garantir a política de intervenção nos estados, denominada "política das
salvações", apoiando os candidatos favoráveis ao governo central.
Em 12 de setembro de 1912, foi deflagrada uma rebelião de caráter messiânico, na região de litígio entre os atuais estados do Paraná e Santa
Catarina, conhecida como zona do Contestado. As tropas do governo do Paraná iniciaram o primeiro confronto na cidade de Irani. Entre os 23
sertanejos mortos, estava o beato José Maria, líder do movimento que pretendia fundar uma "monarquia celestial" na região. Na área sob a sua
influência não era aceita a cobrança de impostos nem permitida a propriedade da terra. Após vários conflitos armados, nos quais morreram cerca de
vinte mil pessoas, a rebelião foi liquidada em 1915, já no governo de Venceslau Brás.
Em 16 de março de 1913, o governo assistiu, na capital federal, à manifestação de cerca de dez mil pessoas contra a deportação de sindicalistas, em
cumprimento à nova lei que determinava a expulsão do país de estrangeiros envolvidos em greves.
Em maio, ocorreram manifestações operárias em vários estados. Em 8 de outubro, a
pedido do presidente, foi decretado o estado de sítio na capital federal, na tentativa de conter a onda de greves e de controlar o movimento
operário.
Nesse mesmo ano, em dezembro, Hermes da Fonseca decretou o estado de sítio no
Ceará, em decorrência da revolução em Juazeiro do Norte, movimento que se originou da aliança formada entre o padre Cícero e os opositores ao
governo de Franco Rabelo, indicado pelo governo federal. |