A torre de Newport em foto de
cartão estereográfico de William Herman Rau (1855-1920)
- da coleção de James Baker, de Newport/EUA
Os vikings descobriram a América mil anos antes de Colombo. Hoje, alguns
manuais de história já admitem o fato como verdadeiro. Entretanto, as pesquisas vão ainda mais longe: antes dos vikings, os
celtas (galeses, irlandeses e bretões) também teriam visitado o "novo mundo".
Colombo era apenas o representante de uma nova mentalidade, que precisava
de propaganda para se impor. Antes dele, porém, até o Vaticano já tinha enviado expedições para cobrar o dízimo dos vikings
convertidos ao cristianismo, que residiam na Groenlândia.
Louis Kervran (*)
A história oficial, gravada no mármore das
universidades, continua a afirmar: Cristóvão Colombo descobriu a América em 1492. Colombo entrou a serviço da rainha Isabel de
Castela com a intenção de abrir um novo itinerário marítimo para a Índia. Partiu de Palos no dia 3 de agosto de 1492, em meio
a uma grande festa popular, e deparou em outubro com um obstáculo que barrava seu caminho: um continente desconhecido. De
fato, durante essa primeira viagem, abordou somente São Salvador, Cuba e Haiti. Só desembarcou no continente em sua terceira
expedição de 1498, que seria a penúltima.
Nos últimos quinhentos anos, contudo, surgiram alguns elementos inesperados que não podiam
ser incluídos na tese colombiana aceita tradicionalmente. Somente alguns vestígios, por vezes imperceptíveis, se desprendem do
passado; o significado deles surge pouco a pouco graças ao estudo de alguns pesquisadores. A preguiça incita muitas vezes a
repelir na sombra o que havia permanecido muito tempo nela: as certezas não gostam de ser abaladas. Pelo fato de importunar a
história oficial, os indícios que afetavam a reputação da gloriosa epopéia colombiana foram classificados sob a rubrica do que
Darwin denominava "os fatos malditos". O número deles cresceu a ponto de explodir o caldeirão.
Por que razão, segundo a narrativa do filho de Cristóvão Colombo em suas
Memórias, o navegador genovês foi à Bretanha antes de empreender sua primeira viagem, com a certeza de encontrar ali
informações preciosas sobre a navegação no Atlântico? Qual é a origem de uma lenda transmitida pelas tribos da América Central
antes do desembarque de Cortez: a lenda do homem branco? Quem ergueu certos monumentos antigos, inexplicados, na região de
Boston? [1]
Medo de modificar os livros - As pesquisas sistemáticas sobre a
civilização dos vikings confirmou o fato de que esses conquistadores intrépidos atingiram a costa oriental da América do Norte
por volta do século X, isto é, cinco séculos antes de Colombo, e que se instalaram na Groenlândia [2].
Cortez: encontrou na América uma civilização
já bastante desenvolvida e sofisticada, a asteca
A fim de não ter que modificar os livros de
história, alguns autores admitiram que a descoberta fortuita deles, causada por tempestades que desorientaram os pilotos, não
teve conseqüências. Sem dúvida, a lenda de Cristóvão Colombo sofreu com isso. Ele não havia domesticado uma virgem pura, mas
apenas uma mulher inocente que tinha sido violada durante seu sono. Era um incidente sem muita significação, já que a virgem
não conservava nenhuma lembrança desse fato dos bandidos, e que coubera à Espanha introduzi-la na civilização.
O ensino clássico é uma longa tradição transmitida nas escolas por gerações e gerações de
professores. Ele aceita dificilmente certos retoques. Em compensação, o edifício inteiro desmorona algumas vezes sob a pressão
dos fatos. Nossa época de renascimento assiste a diversas demolições e renovações. Eu, pessoalmente, critiquei a química
tradicional de Lavoisier, ponto em dúvida alguns aspectos adquiridos da biologia, da medicina, da geologia e do atomismo.
As ciências naturais não são as únicas que envelhecem ou evoluem; as ciências humanas
conhecem as mesmas transformações. As pesquisas arqueológicas de Schliemann não transformaram em realidade a lenda de Tróia?
A descoberta dos manuscritos do mar Morto revolucionou nossa visão das civilizações
pré-cristãs. Da mesma forma, dos arquivos onde se encontram guardados os documentos sobre as relações da Europa-América antes
de Colombo sobe um "grande clamor de silêncios", segundo a expressão colorida de Charles Fort.
Mil anos antes de Colombo - Das narrativas, dos mapas, dos vestígios, surgem à tona
algumas coincidências exageradas, feitas sob medida para derrubar nossos conhecimentos históricos. Uma conjuração de
elementos parece demonstrar que o continente americano era conhecido uns mil anos antes da viagem do enviado especial de
Isabel de Castela, que as ligações entre a Europa e a América eram freqüentes e organizadas. Cristóvão Colombo, na verdade,
beneficiou-se com a propaganda criada em torno de suas expedições que, além de influenciar a história e os historiadores, deu
a elas uma importância imerecida.
A Espanha armava seus navios com intenções de conquista e de comércio. Era
necessário despertar a curiosidade das cortes e dos comerciantes da Europa para que o empreendimento fosse lucrativo. Nas
brumas dos pequenos portos da Bretanha e da Irlanda, alguns comandantes transmitiam igualmente, há muitos séculos, os mapas
dos ventos e das correntes marinhas que permitiam atravessar o Atlântico e chegar em menos de três semanas à sua outra costa
[3].
A regra deles era o segredo e o silêncio, ao contrário da do navegador genovês, porque o
essencial para eles era conservar o domínio do mar. Não há dúvida que Cristóvão Colombo ignorava onde tocaria realmente na
terra, ao navegar em direção ao Oeste, apesar de suas visitas insistentes aos marinheiros bretões. Mas o capitão da Santa
Maria, Juan de la Cosa, sabia com exatidão. Mais informado sobre a cosmografia do que o comandante da expedição, não se
enganou nos seus cálculos. Sabia perfeitamente que o solo onde desembarcou não era o das Índias. Ele pertencia, certamente, ao
número de iniciados para os quais o Atlântico não era um mar desconhecido e assustador.
Torre que teria sido construída pelos celtas em Newport (Rhode
Island/EUA),
500 anos antes da chegada de Colombo à América
Os celtas chegaram antes dos vikings -
Desde o fim do século XIX, uma extensa literatura foi dedicada ao período americano dos vikings, que principia antes do ano
1000. Alguns livros escolares começam mesmo a fazer referência a essa parte da história que permaneceu oculta durante mais de
mil anos. A análise dos documentos não foi muito profunda, caso contrário teria revelado uma presença nitidamente anterior às
navegações dos vikings: a dos celtas. Denominados celtas, os galeses, os irlandeses e os bretões, isto é, os povos do mar
Céltico.
Cristóvão Colombo não errou ao fazer suas investigações na Bretanha, em lugar
de ir buscar informações na Noruega. Os celtas conheciam muito melhor do que os vikings as rotas marítimas para Oeste - e há
muito mais tempo. Cristóvão Colombo devia estar informado desse fato, já que se limitou a andar pelos portos interrogando os
marinheiros. Tentou seguir os navios que partiam para Oeste [4].
Nas primeiras vezes, foi facilmente despistado. Durante uma tentativa mais
afortunada, os navios bretões preferiram voltar do meio do caminho... e pôr-se ao mar sem aviso prévio. Cinqüenta anos antes
da partida da nau Santa Maria, de Palos, uma carta do rei da França concedia à abadia de Kérity, perto de Paimpol, o
direito de receber uma décima parte de todos os produtos desembarcados procedentes do mar e dos países situados na outra costa
do oceano [5].
Os vikings, por sinal, mencionam a
presença dos celtas no continente americano. Essas alusões são encontradas muitas vezes em suas sagas, isto é, em suas
narrativas familiares dos antepassados ilustres. Os arquivos dos chefes vikings foram transcritos em 1180. São esses
documentos que chegaram até nós, confirmando que a viagem de ida e volta da Europa do Norte à América do Norte era realizada
freqüentemente. As sagas eram transmitidas oralmente há mais de dois séculos quando foram fixadas em pergaminho
[6].
Palavra escrita e tradição oral - Esse fato diminui sua importância? Nossa
civilização livresca manifesta uma desconfiança profunda pela tradição oral. Suspeitamos que os diversos narradores tenham
deformado ou embelezado suas histórias. Não estamos, dessa forma, atribuindo aos antigos nossos próprios defeitos? Mas um povo
sem escrita, cujo pensamento e história circulam há muito tempo de boca em boca, não deve demonstrar um respeito minucioso
pelos textos que transportam a totalidade de seu patrimônio cultural?
O narrador que se deixasse empolgar, ou cuja memória falhasse, era imediatamente repreendido
e corrigido por um vizinho atento. A palavra não tinha a força de nossos contratos assinados? E ninguém ousava infringi-la.
Nessas condições, é possível que algumas deformações tenham ocorrido durante um milênio. Mas em duzentos anos, que supõem
apenas três ou quatro intermediários entre o primeiro que viveu os fatos e o último que os transmitiu, a verdade não sofreu
mais do que alterações insignificantes.
A maioria dos conhecimentos adquiridos nessa época eram transmitidos oralmente, e alguns não
podiam ser retocados sem causar graves incidentes. Onde os marinheiros conservavam suas ciências senão na memória? Descobertas
recentes provam que existiam mapas em épocas muito antigas: os mapas de Piri Reis, de Thordsten ou de Zeno ainda não revelaram
todos os seus mistérios aos especialistas. Eles descrevem os contornos dos continentes e a topografia interior.
Mas, a direção dos ventos? Os pontos de encontro das correntes marítimas? As estações
favoráveis às navegações? O comportamento a ser adotado nas tempestades? Os locais em que as tempestades afastavam os navios
da rota? Essas informações, tão valiosas quanto as outras, pertenciam à tradição oral. A fantasia dos mensageiros não
encontrava um terreno propício.
Nossos longínquos antepassados tinham certamente em relação à palavra a mesma atitude de
respeito que reservamos aos escritos. Isso explica por que Colombo voltou de mãos vazias de sua viagem à Bretanha. Se as
informações que procurava estivessem nos mapas, ele as teria encontrado. Mas, diante do estrangeiro que não pertencia à
profissão de marinheiro, os capitães bretões guardaram o silêncio.
As sagas nórdicas são provas históricas - As sagas que conhecemos,
sejam de origem norueguesa, groenlandesa ou islandesa, formam um conjunto suficiente homogêneo para confirmar o papel que
atribuímos à tradição oral. Fora isso, elas fornecem informações que revolucionam a história. Nas 80 sagas que conhecemos, há
inúmeras alusões à presença dos celtas na América [7].
Cada uma das referências consideradas isoladamente não prova grande coisa; mas quando são
reunidas e comparadas, constituem um acervo impressionante de provas. Num estudo curto como esse é impossível analisar todas
as menções, uma por uma; devemos nos limitar ao essencial.
A saga mais antiga é a de Ari Marson. Esse marujo que partiu da Islândia em 983, após a
conquista da ilha pelos vikings, foi arrastado por uma tempestade até uma costa desconhecida, onde brancos que falavam o
gaélico acolheram-no e batizaram-no à força na religião católica.
Vinte e cinco anos mais tarde, o nobre islandês Karselfni e sua mulher, em sua viagem de
núpcias à América, encontraram indígenas chefiados por celtas, entre os quais havia "uma mulher de cabelos claros presos na
testa por uma fita, e de pele muito clara". Ela se dirigiu em celta à jovem esposa e fez alguns comentários sobre o filho
recém-nascido.
Em 1013, ao navegar pela costa da Nova Escócia, após ter desistido de se
instalar no continente ocupado por populações hostis, Karselfni avistou um homem barbado na companhia de duas mulheres e de
duas crianças [8].
Uma estranha procissão católica - Os adultos fugiram, mas as crianças foram
capturadas e levadas para a Noruega como prova do contato com o continente americano. Ao aprenderem a língua dos vikings, as
crianças contaram que, certos dias, seus pais brancos, vestidos com roupas claras, reuniam-se em procissões tendo à frente
homens vestidos de branco, que cantavam alto, enquanto outros carregavam tecidos de cores vivas na ponta de varas compridas.
Quem eram esses homens brancos? Padres celtas e seus fiéis, sem dúvida
alguma, vestidos com seus hábitos e cantando hinos atrás de seus estandartes religiosos. Os ritos e o cerimonial, muito
apreciados pelos povos de todas as épocas, chamaram a atenção das crianças capturadas por Karselfni. Os celtas fugiram da
Irlanda antes da invasão pagã dos vikings
[9].
Expulsos por esses degoladores de padres, saqueadores de igrejas,
destruidores de abadias, refugiaram-se no continente americano conhecido há muito tempo. Os historiadores surpreenderam-se de
que os vikings tenham se instalado na Islândia e na Groenlândia e só tenham feito breves incursões no continente americano.
Concluíram que as tempestades arrastaram alguns navios perdidos em direção à costa oriental do Atlântico, e que os náufragos
só tinham um desejo: ancorar num porto seguro.
Um estudo minucioso das sagas demonstra que diversas tentativas de
fixação no continente foram levadas a cabo sem sucesso. Os celtas chefiavam os indígenas; sua preocupação principal era
repelir os invasores. As sagas dos vikings mencionam contatos esporádicos com os celtas estabelecidos na América de 983 a
1029, isto é, durante 46 anos.
O nobre Leif passou um inverno no continente americano com 35 anos, de
1003 a 1004. Seu irmão, Thorvald, explorou a região do Oeste por volta de 1006, mas morreu num combate. Em 1904, uma tentativa
épico-cômica terminou como as precedentes; diante dos insucessos dos homens, a irmã de Leif, violenta e depravada, organizou
uma expedição composta essencialmente de mulheres. Também essa foi mal sucedida após vários combates sangrentos.
Os celtas que se encontravam na América no momento dessas incursões
vikings habitavam ali há muito tempo. No século IX, os piratas noruegueses ocuparam todos os portos da Irlanda e instalaram-se
pouco depois na etapa necessária que constitui a Islândia. Nas datas dos acontecimentos narrados pelas sagas, a viagem dos
celtas da Europa para a América era impraticável desde um século e meio.
Os celtas encontrados por Leif, Thorvald, Karselfni e outros chefes de
expedições residiam há várias gerações na América. Como não eram provavelmente muito numerosos e como havia cessado toda
contribuição de sangue novo, devem ter se mesclado pouco a pouco às populações indígenas, assumindo a liderança delas.
As sagas não são as únicas fontes de informação sobre a América
pré-colombiana; os arquivos do Vaticano fornecem comparações preciosas.
A Igreja não podia desinteressar-se dos cristãos
instalados na outra costa do Atlântico, os quais deviam contribuir para as despesas do culto. A autoridade do papa levou algum
tempo para se estender sobre toda a cristandade, mas, desde 1026, Inocêncio III nomeou um arcebispo para a Noruega, a Islândia
e a Groenlândia, e se queixava das irregularidades na contribuição obrigatória à Igreja [10].
O Vaticano também chegou antes de Colombo - Diversas expedições
foram organizadas para cobrar o dízimo dos sete mil vikings residentes na Groenlândia e convertidos ao cristianismo. Em 1354,
o papa Inocêncio IV lançou um grito de alarma: as populações cristãs da Groenlândia passaram mais de 12 anos sem enviar uma
única pele nem uma única presa de morsa (grande mamífero anfíbio) ao Vaticano. Convocado pelo papa, o rei da Noruega organizou
uma nova expedição.
Ela nos interessa mais do que as primeiras, porque os enviados
especiais do rei e do papa não se limitaram dessa vez a ir à Groenlândia: navegaram até o continente americano. O Vaticano
fornece assim a prova de que os marujos possuíam desde o século XIII o domínio perfeito do Atlântico e conheciam a existência
de um continente situado além da Islândia.
Quando a expedição aportou na Groenlândia, descobriu casas e estábulos
intactos, mas nenhum vestígio dos cristãos. Supondo que a população houvesse partido em direção a regiões mais clementes, a
expedição ganhou o mar e abordou o continente americano, na região da atual cidade de Boston. Mas não encontrou tampouco
nenhum indício dos fiéis vikings. Em vista disso, as naus seguiram a costa em direção ao Norte e entraram na baía de Hudson.
Os arquivos nos informaram que a expedição instalou seu acampamento junto à foz do rio Nelson. Um grupo de expedicionários
partiu para a pesca enquanto o acampamento ficou guardado por dez homens.
Quando os pescadores voltaram e descobriram que os guardas
haviam sido massacrados, decidiram aumentar o número dos homens da guarda para evitar novas surpresas. Vinte homens
permaneceram em terra; trinta outros subiram o rio Nelson em canoas. Atravessaram o lago Winnipeg e rumaram para o Sul.
Acamparam a 14 dias de marcha dos navios da expedição, a Noroeste dos Grandes Lagos. Continuavam sem notícias dos cristãos
desaparecidos [11].
Caracteres rúnicos gravados nas rochas - A missão
decidiu finalmente, oito anos depois de sua partida, voltar à Noruega, e deixou um marco para comemorar sua passagem: no alto
de uma pedra plana que faz parte de um conjunto de rochedos, gravou uma inscrição em caracteres rúnicos. Os marujos voltaram
ao porto de partida em 1362 e enviaram um relatório a Urbano VII, que nesse meio tempo ocupava o trono de São Pedro
[12].
Assim, a América do Norte, a partir da região de Nova York e de
Boston, até os Grandes Lagos e a baía de Hudson, foi explorada pelos escandinavos enviados pela corte da Noruega e pelo
Vaticano. Os exploradores sabiam onde se situavam os rios e as montanhas. Sabiam perfeitamente que estavam desembarcando em
continente americano.
Relatórios escritos e minuciosos existiam há 130 anos antes da viagem
de Cristóvão Colombo. Não se tratava mais de narrativas transmitidas com dois séculos de atraso, mas de um diário de bordo,
por assim dizer, dos membros da expedição organizada pelo papa e pelo rei da Noruega.
Os arquivos romanos, apesar de se preocuparem de uma maneira geral com
o destino dos cristãos da Islândia e da Groenlândia, não fazem nenhuma menção aos celtas instalados na América. Talvez esse
silêncio se explique pelo fato de que a implantação deles era nitidamente anterior à supremacia do Vaticano, e que a
organização religiosa deles não seguia estritamente a da Igreja romana; ela gravitava em torno de um mosteiro. Nenhum bispo
era nomeado e nenhum arcebispo reconhecido: a única autoridade aceita era o abade, o chefe da abadia ou mosteiro.
Os celtas da América seguiram certamente o exemplo dos
europeus. Foi somente na metade do século IX que a Igreja bretã organizou-se nas mesmas bases da Igreja franca, e foi somente
em 1199 que aceitou a integração e renunciou a seu arcebispo autônomo. Entretanto, encontramos nos documentos religiosos
nórdicos alguns elementos provando que o papado se interessou um momento pelos cristãos da América: foi por essa razão que o
bispo Jon embarcou na Islândia, em 1054, com destino ao continente americano. Foi aprisionado e morto pelos índios. Um outro
bispo, Eric Gnupson, partiu da Dinamarca meio século depois com o mesmo destino: desapareceu sem deixar notícia
[13].
A partir do século VII, no momento em que os piratas
do Norte da Europa atacavam a Irlanda e a Bretanha, a região de Boston era um centro monástico importante. Além dos monges
celibatários, alguns padres tinham se instalado com suas famílias, o que possibilitava a renovação da colônia celta. O
celibato do clero só foi imposto por Hildebrando, que se tornou papa em 1073 e assumiu o nome de Gregório VII [14].
Descobridores e cosmonautas - Não foi por acaso que a colônia se estabeleceu em
Boston. O mar impôs essa região. Ela oferecia a vantagem capital, reconhecida pelos primeiros marinheiros celtas que tinham
sido desorientados pelas tempestades, de apresentar ali, em volta do cabo Cod, o ponto de encontro das rotas naturais, rápidas
e diretas, para a Irlanda, a Mancha e a Bretanha.
De maio a outubro, durante todo o período da navegação, os ventos sopram ali favoravelmente.
Essa zona costeira era igualmente um ponto natural de chegada. Os veleiros que partiam da Europa tomavam naturalmente essa
direção. Os vikings fizeram essa experiência depois dos celtas, dificultando por sinal a implantação européia ao barrarem a
passagem das embarcações.
O domínio dos mares não se limitava porém ao conhecimento dos recifes, das ilhas e dos
continentes. Ultrapassava a cartografia banal. Era devido sobretudo à ciência das correntes e dos ventos. Em que época do ano
os ventos impeliam as naus? A partir de que ponto do oceano? Para onde?
Os veleiros dos antigos eram semelhantes às naves espaciais que os
cientistas modernos põem em órbita. O capitão que deixava um porto da Irlanda ou da bretanha procurava, antes do mais, dirigir
suas naus para as correntes permanentes, de água ou de ar, que cruzavam o oceano. Os barcos penetravam no meio das forças
imensas que governam o planeta, da mesma forma que as espaçonaves ingressam na lei geral da gravidade. O paralelo entre os
primeiros conquistadores dos mares e os exploradores do cosmo pode ser levado mais adiante [15].
Os cosmonautas que explorarão amanhã Vênus ou um outro planeta do sistema solar, depois de
amanhã a região da Alfa do Centauro, não deverão possuir as mesmas qualidades dos navegadores celtas? O que havia do outro
lado do oceano? O que há do outro lado do cosmo? As perguntas se parecem, da mesma forma que a coragem necessária para
encontrar a resposta. O oceano era mais misterioso inicialmente do que o espaço.
Os primeiros conquistadores que desembarcaram no continente americano ignoravam quem os
receberia. Monstros? Homens? Ninguém? Os punhados de pioneiros que subiam penosamente os rios, no silêncio impressionante das
florestas virgens, à procura do homem branco hipotético, eram semelhantes aos nossos Gagarins e Shepards. Como vimos, as
expedições duravam dezenas de anos. Durante quanto tempo os primeiros exploradores da Alfa do Centauro vão se ausentar do
sistema solar? O tempo das cidades, segundo o qual calculamos, é o tempo artificial dos relógios. A dois mil anos de
distância, alguns homens vão viver segundo os ritmos amplos da natureza.
O que restará daqui a dois milênios da primeira passagem do homem por um outro mundo? Uma
modesta pedra gravada que despertará o interesse dos cientistas? Um pingo d'água na imensidade: eis o que restou da presença
dos celtas na América no início de nossa era.
As sagas não são, por sinal, os únicos elementos que provam a presença dos celtas na
América. Suas indicações são confirmadas por vestígios arquitetônicos. E é curioso observar que os únicos monumentos
encontrados estão situados exatamente nas regiões mencionadas pela tradição viking. Em Newport, em região de Boston, uma torre
intriga os arqueólogos há vários séculos. Em seu livro, The Last Discovery, o arqueólogo americano Frederick Pohl
refere-se a ela nesses termos: "Uma das funções prováveis da torre de Newport, segundo sua estrutura, era a de fortaleza. O
único acesso aos andares superiores era por uma porta que ficava a 4,5 m do chão, exigindo o emprego de uma escada que era
facilmente levantada por uma corda".
Essa descrição pode ser completada por um texto de Gérard Lavallée: "Essas torres eram
certamente construções militares que surgiram nas cidades do século IX, época das primeiras invasões normandas: torres de
vigia de onde era dado o alarma, e de defesa passiva, onde os habitantes se refugiavam graças a uma escada móvel, porque não
possuíam porta, mas apenas uma janela elevada, a uns 5 m do solo". Essa descrição não se aplica à torre de Newport, mas à de
Clonmcnois, na Irlanda. Trata-se de uma obra celta autêntica e reconhecida como tal.
A torre celta de Newport
A única torre celta na América - A torre americana é única
[16]. Na Europa, ela existe em
série. Realizei pessoalmente um trabalho de aproximação entre a torre de Newport e a torre céltica de Lanleff que se encontra
nas costas do Norte. Os documentos fotográficos, nesse caso específicos, não revelam apenas uma simples concordância, mas uma
semelhança verdadeira.
A torre de Newport é um terço menor do que o templo de Lanleff, mas a espessura das paredes
- 3 pés - é a mesma; os arcos são bem trabalhados; as pedras foram assentadas, nos dois casos, por uma massa composta de
cimento e areia, conchas calcáreas e argila cozida; a porta elevada é bem estreita e avança para o exterior.
Enquanto o templo de Lanleff é obra de um arquiteto habilidoso, a construção de Newport
parece ser uma cópia realizada por amadores, monges e índios; as arcadas sobretudo são grosseiras.
O monumento de Lanleff, que data de 860 e terminou por pertencer à abadia de Lehon, era um
priorado de monges; o claustro ficava no andar térreo; em caso de perigo, os monges refugiavam-se na parte superior. Esse tipo
de igreja redonda só foi construído na Bretabnha até o início do século XI. A arquitetura evoluiu definitivamente a partir
dessa data. A torre de Newport só pode ter sido construída por monges que deixaram a Europa antes dessa época.
Um outro elemento confirma essa teoria sobre a origem dos construtores de Newport: em 918,
uma reunião dos delegados das diversas abadias da Bretanha realizou-se em Lehon (situada a alguns quilômetros do priorado de
Lanleff). Diante das invasões dos vikings, os religiosos deliberaram sobre as providências a serem tomadas: recuar para o
interior da Gália e guardar em lugar seguro as relíquias e os tesouros.
Um texto nos informa que os monges de Lehon preferiram partir para alto-mar. Talvez seja
essa a última grande expedição que se dirigiu ao "pais dos homens brancos" antes dos conquistadores normandos invadirem a
Bretanha e barrarem a rota marítima.
Os índios eram aliados dos celtas - As sagas narram que os vikings surgiram na região
de Newport, vizinha ao acampamento de Leif, em 1003 e 1004. Essa incursão foi seguida pelo reconhecimento de Thorvald, irmão
de Leif, em 1005-1006, pela tentativa de implantação de Karselfni durante três anos, de 1010 a 1013, e finalmente pela
expedição de Freydis, irmã de Leif, em 1014-1015. De todas as expedições organizadas nessa época, conservamos apenas algumas
narrativas. Somos informados assim que os combates foram sangrentos.
Os celtas, aliados dos índios, julgaram prudente construir essa torre imensa como tinham
feito seus predecessores na Bretanha em circunstâncias idênticas. A torre de Newport permitia vigiar toda passagem para Oeste,
da foz do Hudson à cidade atual de Nova York.
Alguns autores atribuem sua construção aos vikings. Ignoravam certamente a
presença dos celtas na América antes do século IX. Não há nada na arquitetura da torre que lembre as construções norueguesas,
enquanto tudo, da base à porta elevada, aproxima-a dos santuários bretões [17].
Essa torre não é o único monumento que coloca certos problemas aos
historiadores. Em Salem, no New Hampshire, a 75 km de Boston, uma construção lembra, como escreveu o arqueólogo Pohl, "certas
obras antiqüíssimas da Islândia, da Escócia e da Bretanha, todas elas de pedra" [18].
A descrição de Salem nos levou a aproximar essa construção misteriosa da
arquitetura do curioso santuário dos Sete Santos, na comuna do Vieux-Marché (Costa do Norte), monumento igualmente enterrado,
utilizando lajes de granito, com nichos abertos na pedra. Esse oratório de aspecto druídico data do século VI ou VII.
No início do cristianismo na Bretanha, a mistura dos ritos não surpreendia os fiéis; os
monges utilizavam inclusive certos locais de culto tradicional para não ferir a sensibilidade dos povos que tentavam
converter. O estilo arquitetônico indica que os oratórios dos Sete Santos e de Salem são contemporâneos e produtos de uma
mesma cultura. Essa última construção nos permite datar as primeiras viagens dos celtas à América. A lenda celta (puramente
oral) da navegação de São Brandão, um dos primeiros druídas convertidos ao cristianismo, precisa que no século VI um
intercâmbio periódico existia com a Islândia [19].
Somos informados igualmente que o santo, avisado por um oráculo, reuniu uma tripulação de 16
homens para sair à procura de um outro monge, Mermoc, que não estava perdido, mas simplesmente atrasado... por uma penitência
que se impusera. As primeiras viagens para a América realizaram-se provavelmente nessa época, sob a liderança de Brandão,
conhecido por seu proselitismo infatigável. Os vestígios de Salem reúnem-se às lendas bretãs, como a torre de Newport confirma
as sagas dos vikings.
É impossível abalar meio milênio da história oficial sem recorrer às referências. E
utilizamos apenas alguns dados essenciais, tanto no tempo quanto no espaço. Fornos celtas e vikings, pedaços de punhais e de
espadas, datados segundo os métodos científicos modernos, foram igualmente enumerados, fotografados, classificados e
analisados. São apenas algumas das provas, espalhadas por uma costa de várias centenas de quilômetros. O detetive dispõe
freqüentemente de um número menor de vestígios para reconstituir a verdade.
A totalidade das aproximações que estabelecemos ultrapassa os limites de uma introdução.
Abrimos arquivos que estavam classificados separadamente, quando deviam estar juntos. No século XV, Cristóvão Colombo tomou
conhecimento de uma tradição perdida. De fato, as viagens para a América realizaram-se até a metade do século XIV.
Foi assim que, em 1364, o armador veneziano Zeno, indo negociar na Irlanda, escreveu a seus
irmãos uma notícia fantástica: um marinheiro contou-lhe em detalhe sua estada de 26 dias no além-mar, no "Novo Mondo". É a
primeira vez que a expressão "novo mundo" foi empregada.
Colombo representava uma nova mentalidade - As colônias celtas da
América e as vikings da Groenlândia e da Islândia foram dizimadas pelas epidemias. Assediada por lutas internas, a Europa se
fechou [20].
Durante vários séculos, entre o VI e o X, a Europa tinha seus portos abertos. Esse é um
detalhe importante. Cristóvão Colombo levou para os mares e para a América a mentalidade da Europa do século XV: espírito de
conquista, de comércio, de imperialismo. O ideal dos monges medievais era bem diferente. Indo evangelizar e não escravizar,
uniram-se imediatamente aos indígenas que consideravam como irmãos e não como escravos. A história conservou apenas alguns
ecos dessa aventura fantástica.
A torre celta de Newport: postal de 1906 de Blanchard, Young and Co.,
Providence (Rhode Island/EUA) - coleção de John Dandola
[*] Transcrito da publicação
Planeta (número 9, maio de 1973, Editora Três, São Paulo/SP).
[01] Quando Cortez desembarcou na
América Central, em 1519, e avançou para o interior, ficou muito espantado ao encontrar uma civilização extremamente
desenvolvida e requintada. Nos templos, descobriu estátuas que representavam um deus branco. Os astecas contaram que esse deus
branco, há muito tempo, havia introduzido algumas leis muito boas e ensinado aos nativos alguns conhecimentos úteis... Leis e
conhecimentos em uso em toda a bacia do Mediterrâneo. Pela primeira vez, a tese de Louis Kervran restituiu a essa "lenda do
homem branco" seu valor de realidade.
[02] Groenlândia vem de "green land",
que significa "terra verde". Essa região era na época fértil e acolhedora. Para explicar as modificações climatológicas, seria
necessário abordar certas considerações que fogem aos limites desse artigo.
[03] Encontramos, por exemplo, indicações
sobre a duração das travessias no Landnamabok, "o livro do nascimento da Islândia", cuja primeira transcrição data do
século XII. Com "um bom vento soprando", eram necessários 5 dias para ir da Irlanda à Islândia, 7 dias para ir de Bergen
(porto da Noruega) a Reykyavik (porto da Islândia). A saga de Ari Marson informa que eram necessárias 6 semanas para ir da
Islândia à América, e 3 somente para a volta utilizando as correntes do Gulf Stream.
[04] Essas informações são
fornecidas com precisão nas Memórias escritas pelo filho de Cristóvão Colombo. Somos informados que após muitos copos
bebidos de parte a parte, o navegador genovês conseguiu obter algumas indicações preciosas do proprietário do navio
Coatelem, da ilha de Bréhat, freqüentador das costas do Canadá. Essa informação beneficiou a expedição financiada por
Isabel de Castela.
[05] A história parece apresentar
um vazio que vai da metade do século XII à metade do século XIII, durante o qual as relações entre a Europa e a América
cessaram. Reiniciaram no século XIV, mas numa nova forma: os barcos iam pescar ao largo das costas da Terra Nova e da
Groenlândia, mas não havia mais implantação na América. A carta do rei da França referia-se aos produtos da pesca.
[06] As sagas mais antigas e mais
importantes estão conservadas em Copenhague. O Flatehjarbok, que trata sobretudo das famílias islandesas, está
conservado na Biblioteca Real; o Hauksbok, que descreve as famílias da Groenlândia, encontra-se na Biblioteca
Arnamagnean.
[07] Empregamos sempre o termo
América para facilitar a compreensão do leitor. Dependendo das épocas e das civilizações, o continente americano foi na
realidade denominado Markland, Vinland, Albânia, País dos Homens Brancos etc.
[08] Os povos da América eram
naturalmente imberbes; fora isso, raspavam o crânio. Cortez e seus companheiros fizeram a mesma observação que os vikings ao
descobrirem a América Central: no meio dos rostos mongólicos, um homem branco e barbado causava surpresa.
[09] Por volta de 840, os vikings
ocupavam metade da Irlanda. Na mesma época, a Escócia foi invadida. Dominavam igualmente a Bretanha e começavam a penetrar no
continente; o primeiro assalto de Paris foi em 845. Essa caminhada ia conduzi-los à Alemanha e até à Rússia.
[10] Os arquivos do Vaticano
conservam ainda muitos segredos sobre esse assunto, sobretudo devido à dificuldade das consultas. Descobrimos, no entanto,
diversas indicações: os nomes dos 17 bispos da Groenlândia, as prestações de contas organizadas a partir do século XIII
referentes ao dízimo pago pelos cristãos da Groenlândia, as bulas ordenando ao rei da Noruega a organização de expedições para
Oeste etc.
[11] Somente em 1921 o mistério se
esclareceu: o arqueólogo Paul Nordlund encontrou na Groenlândia um cemitério: o exame dos esqueletos revelou traços de
degenerescência; a bacia das mulheres havia encolhido, tornando-as estéreis. É provável que o desaparecimento da paróquia
groenlandesa, que preocupava Roma, fosse provocado pela peste negra que devastava a Europa nessa época com regularidade. Entre
os esqueletos encontrados, o arqueólogo identificou o de um bispo: tinha o anel episcopal, e o báculo jazia a seu lado. Se os
enviados do rei da Noruega não encontraram os celtas durante sua expedição, foi possivelmente por que esses tinham sido
dizimados pela peste.
[12] Rúnico significa misterioso.
Os caracteres rúnicos são símbolos mágicos conhecidos apenas de alguns iniciados. Muitas vezes, rúnico e escandinavo possuem o
mesmo significado. Ora, esse termo é aplicado a todos os caracteres misteriosos e existem por isso de diversas origens.
[13] Inúmeros documentos foram
destruídos provavelmente no incêndio da catedral da Islândia em 1630. Os que restaram, no entanto, confirmam os arquivos do
Vaticano: nomeações de bispos, expedições, excomunhões em 1274 de groenlandeses que recusavam pagar o dízimo etc.
[14] Conjeturas lingüísticas
testemunham igualmente em favor da presença celta no Canadá e nos Estados Unidos. A casa que se pronuncia ty em galês e
ti em bretão moderno era denominada tea entre os dacotas, tith entre os Yanktons, tee entre os
osages, e tiah entre os quappes. Jacques Cartier encontrou no Canadá construções idênticas às dos celtas na Bretanha,
como relatou. Quanto ao osso, é askorn, askourn em bretão e okann entre os cree, achigun (delaware),
ochgun (moicano), askunia (milícite), uskon (micmac), uskan (narraganset). Poderíamos citar
centenas de palavras semelhantes que constituem outras tantas conjeturas.
[15] Não eram frotas numerosas que
enfrentavam ondas e tempestades, mas um punhado de homens, apertados numa embarcação, e que sabiam admiravelmente aproveitar
as correntes e os ventos.
[16] A torre de Newport foi durante
muito tempo confundida com um moinho de vento, isso porque um proprietário escreveu em 1677 no seu testamento que "desejava
ser enterrado junto ao seu moinho". Uma análise posterior revelou que o moinho ruiu na primeira tempestade, enquanto a torre,
muito mais antiga e mais sólida, resistiu.
[17] Os nórdicos assentavam as
pedras sem o emprego de massa. A técnica da areia com conchas (areia, argila e conchas moídas), utilizada na torre de Newport,
é especificamente céltica. Arqueologicamente, o priorado de Newport é nitidamente céltico.
[18] Em Salem, trata-se de uma mesa
granítica mais ou menos retangular, de 3 m de comprimento por 2 de largura, montada em cima de quatro pés. Seu peso foi
calculado em 4,5 t. Comporta, como as mesas da Bretanha que serviam ao sacrifício da ovelha, um sulco de escoamento de 5 cm de
profundidade. Está situada ao lado de um edifício em ruínas que parece ter sido em parte subterrâneo. É uma espécie de
oratório com transepto e um nicho que formam o altar. O folheto turístico que convida atualmente para uma visita do local - 45
minutos com 3 pontos de interesse! - apresenta a ilustração de um sacrifício de um bode na idade do bronze (sem piada).
[19] Não existem documentos sobre
as viagens de São Brandão. Mas as lendas a seu respeito são numerosas e resistentes; elas se cruzam entre si e confirmam as
descobertas modernas.
[20] Isso aconteceu no início da Guerra dos Cem Anos. Provocada pela rivalidade entre Felipe VI da
França e Eduardo III da Inglaterra, durou de 1377 a 1453. A estada de Zeno na Irlanda ocorreu em 1390. Intrigado pela
narrativa de um velho pescador e excitado pela possibilidade de ganhar dinheiro, Zeno organizou uma expedição de vários navios
com destino à América. O marinheiro que residira ali durante 2 anos estava entre a tripulação, mas morreu três dias antes do
embarque. Mesmo assim, os barcos rumaram para alto-mar. Quando chegaram à costa da América, os homens da tripulação realizaram
diversas expedições de reconhecimento pelo interior. Encontraram indivíduos de pequeno porte dos quais não puderam se
aproximar. Foi a tripulação que insistiu junto aos capitães para regressarem à Europa antes do inverno. O espírito de aventura
tinha abandonado os celtas da Irlanda? A expedição de Zeno, cuja narrativa foi encontrada juntamente com as cartas trocadas
pelo negociante com seus irmãos de Veneza, foi, ao que parece, a última organizada antes da de Cristóvão Colombo.
Torre - Sobre a torre celta, dados da página Web "The Portuguese Tower of Newport", do Dr. Manuel Luciano Da Silva, autor de Portuguese Pilgrims and Dighton Rock: A torre
está situada em 41'17 de latitude Norde, no mais alto ponto da península que forma a cidade de Newport, e sua vista
panorâmica domina todas as entradas aquáticas do delta do Narragansett. Instalada
no atual Touro Park, e composta com materiais da própria região, tem estrutura cilíndrica com diâmetro externo de 23 pés e
altura de 24 pés e meio, sustentada por oito colunas ou pilares redondos de 7 pés e meio de altura. As colunas 1 e 5 estão
situadas na linha verdadeira Norte-Sul orientada pela Estrela do Norte. Cada coluna está assentada sobre uma base com 12
pés de circunferência. As colunas são ligadas por oito arcos redondos, formando a letra "U" invertida e sugerindo um
estilo romanesco. Sobre os arcos há três janelas principais. A primeira, a 70 graus Leste/Nordeste descortina a área do
Easton Point e a boca do rio Skonnet. A segunda, ao Sul, mostra o Oceano Atlântico. A terceira aponta para Oeste, com o
porto de Newport e a entrada da Baía Narragansett.
Por dentro, a torre tem sete pequenos nichos e uma auto-denominada praça de fogo
construída dentro dos muros. No topo de cada coluna, pelo lado interno, e entre os arcos, há encaixes triangulares para
vigas de madeira.
O autor compara o formato cilíndrico com as torres que os bizantinos começaram a
construir no século IV, evoluindo para o formato octogonal de seus templos, e que foi adotado pelo Cristianismo, tendo
como exemplo marcante a igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, construída no ano 330. Os templários, ao retornarem das
Cruzadas no século XII, introduziram as igrejas redondas e octogonais na Europa. As torres redondas eram usadas para
suportar domos nas igrejas, mas também foram empregadas como torres de vigia nos castelos medievais.
Após desconsiderar uma teoria de construção local da torre em 1675 - teoria Arnold,
referente ao governador local Benedict Arnold, que se referia a uma torre de pedra por ele construída, em documento
de 24/11/1677, e à semelhança entre a torre e a existente em Chesterton (Inglaterra), onde esse governador nasceu - o
autor desmente igualmente a teoria viking, por não existirem torres semelhantes nos países escandinavos, nem serem
conhecidas comunidades vikings cristãs.
A torre de Newport (E)
apresenta semelhanças com o castelo de Tomar (D), no centro de Portugal
Em seguida, constrói a teoria portuguesa, a partir da cidade de Tomar, no centro de
Portugal, onde pode ser vista instalação do tipo no Castelo de Tomar, erigida em 1160 pela Ordem Portuguesa dos
Templários, que em 1320 foi rebatizada como Ordem de Cristo. Esta Ordem foi a principal financiadora das missões marítimas
portuguesas e, inspirada palas igrejas redondas e octogonais do Oriente Próximo, especialmente o Santo Sepulcro, construiu
mais cinco castelos além de Tomar (Almoural, Idanha, Monsanto, Pombal e Zezere), no mesmo estilo misto de torre de igreja
na base e vigia no alto. |
A torre de Newport em gravura publicada em 1852 por Benson J. Lossing e
William Barritt,
em The Pictorial Field-book of The Revolution
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