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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/17/03 13:28:40

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Carta de D. Manuel aos Reis Católicos (1)

Mais de um ano depois da descoberta do Brasil por Cabral é que o rei português D. Manuel comunicou o fato aos reis espanhóis ("de Castela"), em 28/8/1501.

As dez páginas do documento podem ser vistas em fotocópia, agrupadas duas a duas, clicando-se nos vínculos a seguir: [1/2]  [3/4]  [5/6]  [7/8]  [9/10]

E esta é a leitura dessa carta, segundo cópia do Arquivo de Veneza, atualizando-se parcialmente ortografia e pontuação (as notas do rodapé da página apontam as discrepâncias entre essa leitura e outra, de texto espanhol). Para facilitar a leitura, foi feita uma divisão do texto em parágrafos, inexistente no original, e no final há um mapa com as principais localidades citadas no Oceano Índico:

Traslado da carta que El-Rei nosso senhor escreveu a El-Rei e à Rainha de Castela seus padres da nova da Índia

(a) Estes dias passados depois que a primeira nova da Índia chegou, não escrevi logo a Vossas Senhorias as cousas dela porque não era ainda vindo Pedro Álvares Cabral meu capitão-mor da frota que lá tinha enviado. E depois da sua chegada sobrestive nisso porque também não eram ainda vindas duas naus de sua companhia das quais uma delas tinha enviado a Sofala, que é mina de ouro que novamente se achou, não para resgatar, somente para haver verdadeira informação das cousas dela, porque duas naus que para isso iam, uma delas se perdeu no mar (b) e a outra se apartou da frota com tempo feito e não foi à dita Mina (c).

E depois de chegadas as ditas naus (d), estando para notificar tudo a Vossas Senhorias, Pero Lopes de Padilha me disse que folgarieis de saber as novas de como as cousas dela sucederam, as quais, de como tudo sumariamente se passou, são estas.

O dito meu capitão com treze naus partiu de Lisboa a nove dias de março do ano passado e nas oitavas de páscoa seguinte chegou a uma terra que novamente descobriu a que pôs nome Santa Cruz, em que achou as gentes mas como na primeira inocência, mansas e pacíficas, a qual pareceu que nosso Senhor milagrosamente quis que se achasse porque é mui conveniente e necessária à navegação da Índia, porque ali corregiu suas naus e tomou água, e pelo caminho grande que tinha para andar não se deteve para se informar das cousas da dita terra, somente dali me enviou um navio (e) a notificar-me como a achara, e seguiu seu caminho pela via do Cabo da Boa Esperança.

Naquele golfão, antes de chegar ao Cabo, passou grandes tormentas em que num só dia juntamente sossobraram à sua vista quatro naus (f) de que não escapou pessoa alguma, sendo já a este tempo desaparecida dele outra nau (g) de que até agora não tem havido notícia, e aquela em que ele ia com as outras que ficaram passaram grande perigo e assim foi sua via aportar ao Reino de Quilôa, que é de mouros, debaixo de cujo senhorio está a dita mina de Sofala, porque para o Rei dele levava minhas cartas e recados para com ele assentar a paz e trato acerca do resgate e negócio da dita mina.

E antes de chegar ao dito Reino achou duas naus com grande soma de ouro, as quais teve em seu poder e por serem do dito Rei de Quilôa fazendo-lhes muita honra as deixou ir, do qual Rei foi muito bem recebido, vindo em pessoa avistar-se com o dito meu capitão ao mar, e entrou com ele em seu batel e lhe enviou presentes, e aí, depois de ver minhas cartas e recados, assentou o trato.

E por as naus que para a dita mina iam dirigidas serem das que se perderam, não se começou por então aí nenhum resgate porque a mercadoria que as outras levavam não era conforme à que para aquela terra convinha, e dali se partiu e se foi a outro Reino de Melinde, para onde levava também minhas cartas e recados, por o Rei dele, que assim mesmo é mouro, ter feitas boas obras a D. Vasco, que lá primeiro foi a descobrir; o qual Rei assim mesmo se avistou com ele no mar e lhe enviou também presentes e com ele afirmou e assentou paz e amizade e lhe deu os pilotos que lhe convinha para a sua viagem; os quais reinos são do mar Roxo para cá e da parte do sertão confinam com gentios, os quais gentios confinam com o preste João, que eles chamam o abechy. Em sua linguagem quer dizer cerrados (h) porque de feito o são e se cerram por sinal que são baptizados em água.

Dali se partiu para Calecut que é além setecentas léguas, a qual cidade creio que já tereis sabido é de gentios que adoram muitas cousas e crêem que há um só Deus, e de muito grande povo; e há nela muitos mouros que até agora sempre nela trataram de especiaria, porque é assim como Bruges em Flandres, escapo (i) principal das cousas que da Índia que de fora vêm a ela, e nela não há senão canafístula e gengibre; à qual cidade chegou havendo cinco meses que era partido de Lisboa, e foi do Rei mui honradamente recebido, vindo-lhe falar a uma casa junto com o mar com todos os seus grandes e muita outra companhia, e ali lhe deu meus recados e assentou com ele minha paz e concerto, do qual assento o dito Rei mandou passar uma carta escrita em pasta de prata com seu sinal de tauxia dourada, por assim ser costume de sua terra nas cousas de grande sustância, e outras cartas escritas em folhas de umas árvores que parecem palmas, em que ordenadamente escrevem, e destas árvores e do seu fruto se fazem estas cousas que se seguem: açúcar, mel, azeite, vinho, água, vinagre, carvão e cordoalha para navios e para toda outra cousa, esteiras de que fazem algumas velas de naus, e para outras muitas cousas (j).

E o dito fruto além daquilo que dele se assim faz é grande mantimento seu, principalmente no mar; e depois do assento assim feito com o dito Rei pôs meu feitor com toda a casa ordenada que para a dita feitoria enviava à terra (k) e começou logo de tratar suas mercadorias e de carregar as naus de especiaria. Neste meio tempo enviou o Rei de Calecut dizer ao meu capitão que uma nau muito grande e mui armada de outro Rei seu inimigo lhe tinha mandado dizer que passava perante seu porto sem nenhum medo seu, a qual já outra vez o tinha enojado, e que lhe rogava muito que lha mandasse tomar, encarecendo-lha como cousa que tocava muito a seu estado e honra.

O dito meu capitão vendo o bom trato que ele e assim o meu feitor começavam de receber, por mais confirmar minha paz e amizade, acordou de o fazer, e por lhe mostrar a força de nossa gente, navios e artelharia, mandou somente a ela o mais pequeno navio que tinha, com uma bombarda grossa, e encalçou-os dentro do porto de outro Rei seu vizinho e à vista dele e de toda sua gente a tomou e a trouxe a Calecut com 400 homens archeiros e alguma artelharia e com sete elefantes ensinados de guerra dentro nela, que lá valeriam trinta mil cruzados porque por um só deles davam 5.000 cruzados, e com outra mercadoria de especiaria; a qual nau lhe mandou apresentar e lha deu com tudo o que nela vinha e ele a veio ver à ribeira por ser a eles mui grande espanto tam pequeno navio com tam poucos homens tomarem uma tamanha nau e com tanta gente, e a receber o recado que o dito capitão sobre ela lhe enviava vindo com todo o seu estado e festa.

E estando nesta concórdia e amizade, sendo já duas naus carregadas de especiaria, os mouros, principalmente os de Meca, que ali são estantes (l), por verem o grande dano que se lhe seguia, buscavam todos os modos que podiam para porem discórdia entre o meu feitor e el Rei e poseram a terra em alvoroço para torvarem e porque todas as mercadorias estavam nas mãos dos mouros, escondiam-nas e mandavam-nas secretamente para outras partes, e sabendo isto o dito capitão enviou dizer a el Rei de Calecut, queixando-se e pedindo-lhe que cumprisse o que com ele tinha assentado, que era que dentro em 20 dias se lhe daria mercadoria de que carregasse as ditas naus e que até elas serem carregadas não daria lugar a nenhumas outras se carregassem.

E el Rei lhe respondeu que toda a mercadoria que houvesse na terra lhe mandaria logo dar e que se alguma carregasse em seu porto sem seus oficiais o saberem que ele lhe dava lugar e poder para que a retivesse até ele mandar os ditos seus oficiais que nisso houvesse de prover para lha entregar.

E tanto que os mouros souberam acordaram com grande diligência de carregar uma nau publicamente dando ainda maior diligência de esconderem a mercadoria do que dantes faziam e isto para darem causa a que o escândalo se começasse, porque são poderosos.

E a cidade é de muitas nações e de espalhada povoação e em que o Rei mal pode prover aos alvoroços do povo, e vendo meu feitor como a nau se carregava requereu ao dito capitão que a retivese como com el-rei tinha assentado, e o dito capitão arreceando o escândalo duvidou de o fazer e o dito feitor tornou a lhe requerer que todavia a retivesse, dizendo-lhe que os principais dos mouros e assim alguns gentios lhe diziam que se a dita nau se não retinha em nenhuma maneira poderiam carregar suas naus, e segundo o que seguiu parece que o faziam a fim de darem causa ao dito escândalo.

E o meu capitão depois de o duvidar muitas vezes, receando o que se seguiu, mandou dizer à gente daquela nau, pelo poder do Rei que para isso tinha, que se não partisse, e eles não o quiseram fazer, e então foi necessário de a mandar reter e mandou aos seus batéis que a metessem dentro do porto onde estivesse seguro de não poder partir sem seu prazer, e tanto que os mouros isto viram, como era o fim que eles desejavam naquele próprio instante vieram logo com todo o outro povo, que já dantes tinham alvoroçado, sobre o dito feitor e casa e combaterem-no, e ele com esses poucos que consigo tinha se defendeu por algum espaço e se saiu de casa vindo-se recolhendo ao mar, e o meu capitão, que ao presente estva doente, tanto que lhe foi dito do alvoroço que era em terra, mandou todos os seus batéis a socorrer-lhe, e posto que o mar fosse mui bravo todavia ainda recolheu alguma parte de gente.

Mataram o feitor e com ele se perderiam 50 pessoas entre mortos e cativos, e nisto assim feito vendo o meu capitão como o Rei a isto não acudira e via que lhe não mandava nenhum recado e se provia de alguns aparelhos receando guerra, e assim se tinha apoderado de fazenda minha que em terra ficara, sobrestando um dia para ver se lhe fazia emenda do dito caso, quando viu que nenhum recado lhe enviava, temendo-se de ele armar grossamente, como  depois fez, para que lhe pudesse impedir a vingança que naquele tempo podia tomar, acordou de o por logo em obra e tomou-lhe dez naus grossas que no porto estavam e mandando passar (m) a espada toda a gente que nelas era, tirando alguma que escapou escondida e que depois não quis matar e ma trouxe cativa.

E depois de tomadas as mandou todas queimar davante o porto, que foi a ele grande espanto, nas quais estavam três elefantes que ali morreram, e nisto despendeu todo aquele dia, e tanto que foi noite se foi com todas as naus e se pôs o mais em terra que pode ao longo da cidade e tanto que amanheceu lhe começou atirar com artelharia e lhe atirou até noite principalmente às casas do rei, com a qual  lhe fez muito dano e lhe matou muita gente como depois soube, e lhe matou um homem principal que estava junto com ele, pelo qual ele se saiu logo fora da cidade por lhe parecer que em toda ela não estava seguro.

E dali fez vela e se foi a outro porto seu que se chamava Fandaran em que também lhe fez nojo com artelheria e lhe matou gente e dali fez vela a via do Reino de Cochim que é aquela parte donde vem a especiaria 30 léguas além de Calecut, e no caminho achou outras duas naus de Calecut que também tomou e mandou queimar, e chegando a Cochim depois de ter feito saber ao Rei o que tinha passado em Calecut foi dele muito bem recebido e assentou com ele seu trato pela maneira que o tinha assentado em Calecut, e pôs logo meu feitor e certos homens com ele em terra, para o qual lhe deram reféns dos mais honrados que me trouxesse, e lhe carregaram as naus em 16 dias, e a mercadoria lhe traziam em seus batéis e a elas com tanto maior amor e segurança que parece que nosso Senhor permitiu o escândalo de Calecut por se acertar este outro assento, que é de muito mais proveito e segurança porque é muito melhor porto e de muita mais mercadoria porque quasi toda a mercadoria que vai a Calecut muita dela há naquela terra e as outras primeiro vêm ali que vão a Calecut, na qual cidade de Cochim há muitas naus e soube que dois mercadores somente tinham 50 naus.

Naquele Reino há muitos cristãos verdadeiros da conversão de S. Tomé e os sacerdotes deles seguem a vida dos apóstolos com muita estreiteza, não tendo de próprio senão o que lhe dão de esmolas, e guardam inteira castidade e têm igrejas em que dizem missas e consagram pão ázimo e vinho que fazem de passas secas com água por não poderem [ter] outro, e nas igrejas não têm imagens, senão a cruz, e todos os cristãos trazem os vestidos apostólicos, com suas barbas e cabelos sem os nunca fazerem, e ali achou certa notícia de onde jaz o corpo de S. Tomé, que é 150 léguas de ali na costa do mar, em uma cidade que se chama Maliapôr, de pouca população, e me trouxe terra de sua sepultura, e todos os cristãos e assim os mouros e gentios pelos grandes milagres que faz vão a sua casa em romaria; e assim me trouxe dois cristãos, os quais vieram por seu prazer e por licença de seu prelado para os haver de mandar a Roma e a Jerusalém e verem as cousas da Igreja de cá, porque têm que são melhor regidas por serem ordenadas por S. Pedro, e eles crêem que foi a cabeça dos apóstolos, e eles serem informados delas; e também soube novas certas de grandes gentes de cristãos que são além daquele Reino (n), os quais vêm em romaria à dita casa de S. Tomé, e têm Reis mui grandes os quais obedecem a um só e são homens brancos e de cabelos louros e havidos por fortes, e chama-se a terra Malchina, de onde vêm as porcelanas e almíscar e ambar e lenho alóis, que trazem do rio Ganges, que é àquem deles; e das porcelanas há vasos tam finos que um só vale lá cem cruzados.

E estando neste Reino de Cochim com o trato já assentado e as naus carregadas lhe veio recado do Rei de Cananor e do Rei de Colum, que são ali comarcãos, requerendo-lhe que se passasse a eles porque lhe fariam o trato mais a seu proveito, e por ter já o assento feito se escusou de ir; e neste tempo, estando para partir de Cochim, lhe mandou o mesmo Rei dizer como uma armada grossa de Calecut vinha sobre ele, em que viriam até 15.000 homens, com a qual ao meu capitão não pareceu bem de pelejar por ter suas naus carregadas e ter pouca gente e não lhe parecia tempo nem necessidade de aventurar por ter receio de lhe matarem ou ferirem alguma delas pela longura do caminho que tinha de andar, que eram 4.000 léguas daqui.

Porém, fêz-se à vela com elas não deixando seu caminho, e eles não ousando de se alargar ao mar se tornaram arreceando de ir sobre eles, e dali fez seu caminho que era pelo Reino de Cananor, um daqueles Reis que o mandaram requerer e em passando, tanto que da terra houveram vista dele, lhe mandou outro recado, rogando-lhe que pousasse ali porque queria mandar por ele a mim seu mensageiro, o qual me trouxe e em um só dia que ali esteve lhe mandou trazer tanta especiaria às naus que as carregara de todo se viessem vazias e lha davam que a trouxesse de graça em presente por cobrarem minha amizade, e assim vieram todos os seus grandes ao meu capitão, dizendo-lhe da parte do Rei que por ali veriam que seria ali de outra maneira tratado do que foi em Calecut, afirmando-lhe que se quisesse fazer guerra a Calecut (o) o ajudariam a ele em pessoa por terra e toda sua armada por mar, e depois de lho muito agradecer da minha parte se despediu dele dizendo-lhe que nesta outra armada que logo havia de enviar lhe mandaria a minha resposta, e se veio por seu caminho e no meio daquela travessia tomou uma grande nau carregada de mercadoria, parecendo-lhe que seria das de Meca e então havia de vir de Calecut, e achando que a dita nau era do Rei de Cambaia a deixou, mandando por ela dizer ao dito Rei que a deixava porque não ia a fazer guerra com ninguém, somente a tinha feito àqueles que lhe faleceram da verdade que com ele em meu nome tinham assentado, e seguindo mais adiante se lhe perdeu uma das naus que traziam carregada (p) por de noite vir dar em terra.

Salvou-se a gente e ele a mandou queimar por se não poder tirar san (q) e desta paragem mandou o navio haver novas da mina de Sofala, como já atrás digo, o qual é vindo e me trouxe certa informação dela e assim do trato e maneira da terra e da grande quantidade de ouro que aí há e ali achou novas que entre os homens que trazem ouro alí às costas vêm muitos que têm quatro olhos, a saber: dois adiante e dois detrás. São homens pequenos de corpo e rijos, e diz que são homens que comem os homens com que têm guerra, e que as vacas do Rei trazem colares de ouro grosso ao colo, e àcerca desta mina e duas ilhas em que colhem muito aljofar e ambar; e dali se veio o dito meu capitão e chegou a Lisboa a tempo que fazia 16 (r) meses do dia que dela partiu e bento seja nosso Senhor com toda esta viagem não lhe morreu de doença mais que três homens, e todos os outros vêm sãos e em boa disposição, e agora me veio certo recado como um dos navios que ia para Sofala (s), que tinha por perdido, vem e será um dia destes aqui, o qual dizem que entrou no mar Roxo e que traz de lá alguma prata e assim alguma informação das cousas de lá, posto que já do dito mar Roxo estou largamente informado, pelo dito meu capitão disso fui informado (t).

As mais particularidades neste negócio a Pero Lopes as remeto que a tudo foi presente (u).

Escrita em Lisboa a 28 de agosto (v) de 1501.

NOTAS:

(a)No texto espanhol a narrativa começa: "Muy altos y muy excelentes y muy poderosos Principes Señores padre y madre." Por esta omissão voluntária e pela do fecho da carta se depreende que à cópia enviada para Veneza presidiu um critério tão somente informativo.

(b) Na tormenta do Cabo da Boa Esperança.

(c) A nau de Diogo Dias.

(d) As de Pedro Álvares Cabral, Nicolau Coelho e Pedro de Ataíde.

(e) A naveta dos mantimentos, do comando de Gaspar de Lemos.

(f) Os navios de Bartolomeu Dias, Aires Gomes da Silva, Luís Pires e Simão de Pina.

(g) O navio de Vasco de Ataíde, perdido nas alturas de Cabo Verde.

(h) Não circuncisos.

(i) "escapolia" lemos no documento, significando escoadouro. Na versão espanhola, publicada por Navarrete, a palavra foi lida "Está la", o que não faz sentido.

(j) No texto espanhol, que com raríssimas e pouco importantes alterações acompanha literalmente o texto português da cópia do arquivo de Veneza, a frase "e pera outros muitas cousas" aparece assim traduzida: "é se sirven de ellas eu todo io al que les cumple".

(k) A leitura do documento feita expressamente para Eugênio do Canto em 1906 no arquivo da Torre do Tombo e publicado nesse mesmo ano revela um lapsus calami do copista, pois esta passagem ali aparece assim redigida literalmente, como se pode verificar no fac-símile: "que pera dita dita feitoria enuijaua Em terra pera dita feitorija..." A versão espanhola diz: "que para la dicha fatoria enviaba en terra.."

(l) residentes.

(m) Na leitura do documento feita na Torre do Tombo para a edição Eugênio do Canto encontra-se: "mandando trazer a espada". Na versão espanhola: "mandó poner à espada".

(n) "de Cochim", na versão espanhola.

(o) Na versão espanhola há omissão da frase intercalada entre as duas palavras Calecut, o que denuncia lapso do tradutor. O texto de Navarrete diz: "que seria alli de otra manera tratado que fué en Calecut [afirmando-lhe que se quisesse fazer guerra a Calecut], que le ayudaria é iria él en persona por tierra, é toda sua armada por mar..."

(p) A nau de Sancho de Tovar.

(q) salva.

(r) Na leitura do documento publicada por Eugênio do Canto são 17. Lemos 16, como na versão espanhola, e assim deve ser, pois Cabra chegou no mês de julho.

(s) O navio de Diogo Dias.

(t) Na versão espanhola lê-se: "y por muchas vias fui de ello sabedor". É, visivelmente, tradução livre do texto original.

(u) No traslado português foram omitidas as palavras de saudação, conservadas na versão espanhola: "Muy altos y muy excelentes é muy poderosos príncipes señores Padre é Madre. Nuestro Señor haya vuestra vida y Real Estado en su santa guarda".

(v) Na versão espanhola lê-se: "Escrita en Santaren á veinte é nueve de julio". É a única e importante divergência entre os dois textos, que, de resto, se reconhece serem versões de um mesmo documento original.

Imagens e texto reproduzidos e adaptados por Novo Milênio a partir de
documento fornecido em 1981 pelo Serviço de Antologia e Documentação
da Enciclopedia Mirador Internacional/Encyclopaedia Britannica, ref. 1346.


Recompilado por Novo Milênio a partir de duas imagens  do livro A Aventura Portuguesa, Editorial Verbo, 1991, Lisboa/São Paulo/Macau