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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - BEATRIZ
Beatriz Rota-Rossi (8)

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Argentina radicada em Santos, Beatriz Y. Allevato de Rota-Rossi é artista plástica, professora de universitária de História da Arte no Brasil, Cultura Brasileira, Estética e Cultura de Massa, tendo se aprofundado sobre temas que os próprios brasileiros geralmente desconhecem, como as artes indígenas. É o caso desta história, registrada pelo editor de Novo Milênio, então jornalista de A Tribuna, em matéria publicada no dia 18 de setembro de 1978, página 6:

A mulher, um dos temas de Beatriz Rota-Rossi

Foto publicada com a matéria

 

INTERCÂMBIO CULTURAL SANTOS/CÓRDOBA

Pioneirismo que deu certo

Carlos Pimentel Mendes (texto)

Enviado especial à Argentina

 

Há um curioso costume entre os índios bororos que somente uma vez foi fotografado, por dois padres antropólogos italianos: quando um desses índios, já idoso, sente que não vale mais a pena viver, é aconselhado pelos pajés da tribo, e assim, cobre de penas brancas o corpo inteiro, menos as mãos, o rosto, os pés e os órgãos genitais. As mãos, porque com elas trabalhou; o rosto, porque com ele viu a vida; os órgãos genitais, porque com eles deu a vida; os pés, porque com eles pisou o solo amado.

Os amigos do índio que assim procede vêm de longe visitá-lo, e ele se senta em posição semelhante à de ioga, não come nem bebe mais. Assim fica, até que um dia tomba, morto. Então, as mulheres que o amaram cortam-lhe a pele do peito, das mãos e do ventre, manchando as penas. A partir de então, nem as mulheres, nem as crianças podem vê-lo mais, porque estas representam o futuro, e o índio morto representa o passado.

O corpo é colocado ao lado de um rio e molhado, ali ficando até se decompor. Os homens da tribo limpam então os ossos, entregando os grandes aos pintores e os pequenos aos escultores. Assim, os ossos do índio falecido se convertem em pinturas e esculturas, sendo tudo colocado em uma cesta, sobre uma estaca que é fincada no leito do rio dos mortos, e este é o cemitério bororo.

Esse costume profundamente humano existente entre índios brasileiros tem um significado filosófico: o homem, dessa forma, cumpre um ciclo vital, e seu fim é uma obra de arte. Então, ele não é mais passado, tornou-se eterno, e então todos podem vê-lo, inclusive as mulheres e crianças (que na crença bororo representam o futuro).

A história desse ritual bororo foi ouvida com grande atenção por todos os estudantes e professores que no último dia 7 lotaram o auditório do Pabellón Méjico, na Universidade Nacional de Córdoba, Argentina. Quem a contava, em castelhano, era a professora Beatriz Rota-Rossi, que assim iniciava sua conferência sobre a Semana de Arte Moderna de 1922 (o mais importante movimento artístico deste século ocorrido no Brasil).

Beatriz explicaria depois que contara propositalmente aquela história, para fazer desaparecer a ideia de que o índio brasileiro está num estado muito primitivo, ou num "estado de macaco", como ela diz. O objetivo era mostrar que na verdade o nosso indígena tem profunda sensibilidade e compreensão da razão humana, fato esse desconhecido até por muitos brasileiros.

O Brasil é um dos países da América do Sul mais ricos em costumes étnicos, sociais e outros, pois nosso indígena, em algumas tribos, está ainda em estado quase intocável, não tendo ocorrido ainda o processo de aculturação.

Com mais de 14 pessoas - entre professores e alunos do Instituto Superior de Educação Santa Cecília, de Santos - Beatriz Rota-Rossi participou de um progratma de intercâmbio cultural no setor de Artes Plásticas com a Escuela de Artes Arq. Antel T. lo Celso, da Facultad de Filosofia y Humanidades de la Universidad Nacional de Cordoba, entre os dias 4 e 10 de setembro.

Os contatos para a promoção do intercâmbio haviam sido iniciados em outubro de 1977, entre as faculdades, e no último dia 4 embarcava no Aeroporto de Congonhas uma delegação de 15 pessoas, com destino a Córdoba via Buenos Aires - composta pelo diretor da Escola Santa Cecília, dr. Milton Teixeira; Reginaldo Aparecido Ramos, também diretor; maestro e professor Ciro Gonçalves Dias Júnior; professores Aquelino José Vasques e Carlos Eduardo Pimentel (Desenho Industrial); Ronaldo Bertaco e Beatriz Rota-Rossi (Artes Plásticas), Paulo Augusto Bueno Wolf (Estudos dos Problemas Brasileiros) e a esposa de Wolf; além dos alunos e artistas  Flávia Rota-Rossi, Suzana Helena Duarte Vaz, Regina Maria dos Santos, Valéria Cardoso Carvalho, Rosângela Tavares Pasqualini e Paulo Roberto de Faria.

Beatriz, um dos sucessos em Córdoba

Foto publicada com a matéria

 

Beatriz Rota-Rossi

Foto publicada com a matéria, na página 7

Festa funerária dos índios Bororos, imagem de Wilhelm Kuhnert (1865-1926) e Karl von den Steinen (1855-1929)

Imagem: Wikimedia Commons (acesso: 23/3/2013)

Fonte: Mid-Manhattan Picture collection/Indians - South America-Brazil

A Universidade Santa Cecília editou em 1978 um folheto com o resumo biográfico dos integrantes da comitiva que viajou a Buenos Aires e Córdoba. Entre eles, o de Beatriz Rota-Rossi:

Capa do folheto levado pelos participantes da viagem à Argentina

 

Beatriz Rota-Rossi

Nasceu em Buenos Aires, Argentina, onde cursou: Escola Normal do Instituto Lenguas Vivas. Curso de Francês da Alliance Française. História da Civilização - Alliance Française. Literatura Italiana - Instituto Dante Alighieri. Artes Plásticas, no Estimulo Bellas Artes.

Estudos no Brasil: Curso de Gravura e Civilização Brasileira, no Festival de Inverno  de Ouro Preto.

Trabalhou: Instituto Bernasconi, com alunos que apresentavam problemas de conduta (Buenos Aires).

Presídio de Santos (professora de Artes Plásticas); Instituto Ludus de Santos (pintura para crianças com problemas de conduta) - Sesc/Santos.

Galeria Emmanuel Leon  (coordenadora). Atualmente é professora de Artes Plásticas no Centro Cultural Brasil-Estados Unidos e Centro de Cultura Franco-Brasileira - Santos.

Participou dos seguintes salões:

1968 -

Vitória - Espírito Santo

São Caetano do Sul - S. Paulo

Santo André - S. Paulo

Salão de Trabalho do Sesc - S. Paulo.

X Salão de Arte Contemporânea de Santos

1969 -

Santo André - S. Paulo

São Caetano do Sul - S. Paulo

1970 -

Salão de Piracicaba - S. Paulo

Salão Paulista de Arte Contemporânea

Exposições individuais:

1968 -

Galeria do A. M. A. M. - S. Paulo

Galeria Varanda

1969 -

Galeria Vaccarini - Ribeirão Preto

Clube XV - Santos

1970 -

Galeria Emmanuel Leon - Santos

1971 -

Galeria Rosa Filho - S. Paulo

Museu de Arte Contemporânea de Olinda/PE

SESC - S. Paulo (coletiva)

Ilustrou contos de Plínio Marcos e Oscar Von Pfuhl.

 

Beatriz Rota-Rossi

Foto publicada no folheto editado pela Universidade Santa Cecília

Realizou conferências:

No Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, 14 conferências sobre História da Gravura Mundial e História da Arte Contemporânea.

Na Associação Educativa Ramos Lopez, 12 conferências sobre Arte Contemporânea.

Em 1971 na Faculdade de Filosofia de Santos, 4 conferências sobre Arte Contemporânea - Curso de Museologia (extensão universitária). Única conferencista (em idioma português) a ser convidada a participar dos Seminários de 1970 e 1971, dos professores de Inglês do Brasil.

Fala italiano, espanhol e francês.

Em 1971 na Faculdade de Filosofia de Santos e no Centro Cultural Brasil-Estados Unidos - Santos, conferência realizada de parceria com Nélia Silva, sobre o Panorama da Semana de Arte Moderna de 1922.

Em março de 1972 - Panorama da Semana de Arte Moderna - conferência-espetáculo, realizada em Pinhal, a convite da Prefeitura Municipal e do Lions Club.

Em abril, o mesmo espetáculo é apresentado sob patrocínio do Colégio Stella Maris e da Associação de Cultura Franco-Brasileira - Santos.

Em maio, nova apresentação na Faculdade de Letras de São Caetano do Sul, dentro do Curso de Extensão Universitária.

Em junho, o mesmo trabalho com o título de Tupi or Not Tupi é apresentado em São João da Boa Vista, sob o patrocínio da Prefeitura Municipal.

Em julho, convite do Instituto de Cultura da Língua Portuguesa para encerramento do II Encontro de Professores de Português, com o trabalho sobre o Panorama da Semana de Arte Moderna de 22. Ainda em julho, Arte Contemporânea - Curso de Extensão Universitária, ministrado a convite da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santos.

O Panorama é apresentado ainda em São Paulo (Clube Paulistano), Tatuí (Cons. Mus. Carlos de Campos e Faculddade de Filosofia) e novamente em Santos (Departamento de Letras da Faculdade de Filosofia).

Cesse tudo o que a musa antiga canta - Audiovisual de parceria com Nélia Silva. Apresentado a convite da Fac. de Fil. Ciências e Letras de São Caetano do Sul, encerrando a Semana de Estudos Camonianos.

Em 1974, direção e figurinos de O Mundo Contemplado - por Cecília Meireles - promoção da Sectur.

Ainda em 1974, continua seus estudos de História na Faculdade de Filosofia de Santos.

Continua colaborando com o jornal A Tribuna de Santos, em Turismo e Artes Plásticas.

Dirige o espetáculo O Mundo Contemplado, apresentado pela Sectur no Centro Português (poesia de Cecília Meireles). Ministra o Curso de Extensão Universitária na Faculdade de Artes Plásticas Santa Cecília: Arte Ocidental. Promove uma exposição coletiva de seus alunos na Galeria da Aliança Francesa.

Coordena a decoração do Teatro Caveau da Aliança Francesa. Convidada a representar o desenho santista no Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM de S. Paulo. Conferencista no MAF em Santos.

Em 1975 expõe na Coletiva do Desenho Internacional Prêmio Joan Miró; expõe, com a mesma organização, na Coletiva de Navarra e Barcelona. Solicitada para doar um quadro para o Museu de Arte Moderna de São Paulo; Exposição individual na Aliança Francesa, exposição coletiva na Galeria dos Metalúrgicos de Santos. Continua colaborando com o jornal A Tribuna de Santos. Dirigindo o ateliê de Desenho, Pintura e Gravura da Aliança Francesa; continua lecionando, na Faculdade de Artes Plásticas de Santos, Estética e História da Arte. Forma-se em História pela Faculdade de Filosofia de Santos.

Viagem pelo litoral Rio-Santos, fazendo levantamento da arte e cultura do caiçara, documentada em fotografias e artigos publicados no jornal A Tribuna de Santos.

Organiza uma exposição coletiva de seus alunos no Clube XV de Santos. Apresenta-se no Caveau, Teatro de Bolso da Aliança Francesa de Santos, com um grupo de Poesia e Música.

Viagem à Cordilheira dos Antes - arte e cultura documentada.

Em 1976, segunda viagem pelo litoral Rio-Santos, completando a documentação anterior.

Apresentação de Poesia Brasileira e Músicas Folclóricas Sul-americanas em Paraty, junto a Nélia Silva e Elizabeth Abrantes, espetáculo promovido por Paulo Autran e Maria Della Costa.

"Máscaras" (Beatriz Rota-Rossi)

Foto publicada no folheto editado pela Universidade Santa Cecília

Comemoração do Dia da Independência Brasileira, pela comitiva santista, na Universidade de Córdoba. Beatriz é a segunda a partir da direita

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 7/9/1978

 

Comemoração do Dia da Independência Brasileira

Foto: Carlos Pimentel Mendes, em 7/9/1978

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