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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - CBJr
Charlie Brown Jr./Chorão (6)

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Banda formada em Santos em 1992, por músicos santistas, a Charlie Brown Jr. teve como vocalista o paulistano Alexandre Magno (Chorão), apaixonado por skate e pelo futebol do Santos F.C. O legado de Chorão e sua banda foram o tema principal da publicação semanal AT Revista, encartada no jornal santista A Tribuna, de domingo, 10 de março de 2013, páginas 1 (capa), 3 (editorial), :

CHORÃO, O LEGADO QUE PERMANECE - Papo reto do cantor, encontrado morto na quarta-feira, ecoa entre nós

Foto publicada com a chamada da matéria, na página A-1 de A Tribuna de 10/3/2013

 

E CHORÃO SE FOI... - O artista tinha nas letras de suas músicas um pouco de cada um de nós

Imagem: capa da publicação AT Revista - Ano 9 ed. 432

Homenagem - por Stevens Standke

A voz que não vai calar

Chorão não está mais entre a gente, porém deixa um legado de peso. Ele foi um porta-voz dos jovens, inspirou outros músicos e também ajudou a divulgar o skate e o grafite

Todo mundo quer deixar sua marca na História, mostrar que não passou em branco pela vida. E Alexandre Magno Abrão, o Chorão, fez isso muito bem. Apesar de seu comportamento, às vezes, controverso e polêmico, conseguiu atingir o sucesso em todos os sentidos. Em outras palavras: deu o seu recado para quem quisesse – ou não – ouvir. Foi o tal do papo reto, que serviu até de título para um dos hits do Charlie Brown Jr.

Em entrevista para a AT Revista em 2006, ele comentou: "
A música é mais forte. Tem começo, mas não tem fim". E o seu legado jamais será esquecido mesmo. A morte trágica na semana passada comprovou, de novo, a sua relevância no cenário cultural. Tanto que, num curto espaço de tempo, a notícia de que havia morrido aos 42 anos despertou inúmeras manifestações nas redes sociais, dentro e fora do País. Entre os posts estavam o de celebridades como Pe Lanza, vocalista da banda Restart, que chamou Chorão de "grande poeta".

Essa também é a opinião dos fãs. Estudante de Psicologia da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Gabrielle Martins Costa, 21 anos, foi ao velório na Arena Santos e conta que, ao conversar com outros fãs, a conclusão foi uma só: "
Em suas letras, ele colocava o que a nossa geração queria dizer e não tinha como. Todo mundo que conheço e gosta do Charlie Brown Jr., assim como eu, fala que as músicas do Chorão parecem que foram feitas especialmente para a gente. Não há uma canção que não represente uma época da minha vida desde a infância".

Vale acrescentar: a obra de Chorão é tão significativa para Gabrielle que, em cada um dos antebraços, ela tatuou um verso da música Ritmo, Ritual e Responsa. São eles: "
A arte da humildade é um exercício de espírito, que amplia o sentimento de amor" e "Viver para aprender e prosperar é um prestígio, que alivia o sentimento da dor".

Fonte de inspiração - Por mais que a sensibilidade que Chorão tinha para transmitir mensagens em suas letras cativasse principalmente o jovem, a ponto de ser considerado uma espécie de porta-voz desse público – na canção Não É Sério, já dizia "
O jovem no Brasil nunca é levado a sério" –, sua música acabou se mostrando universal, capaz de não só dialogar com todas as idades e classes sociais como inspirar colegas de profissão. Uma prova disso é que o líder do grupo Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz, declarou: "Chorão sempre foi um artista que inspirou muitas bandas e o CBJR (Charlie Brown Jr.) inspirou muito a mim. Força a todos aqueles que, como eu, perderam uma referência".

Compositora e vocalista da banda santista Mecanika!, Dani Vellocet conta que escreveu sua música mais famosa, Faça o Possível, após escutar Vícios e Virtudes, do Charlie Brown Jr. "
Lembro que foi durante a gravação do Acústico MTV do grupo. A linguagem verdadeira do Chorão sempre me instigou. Ele era genial para escrever algo que tocasse as pessoas e motivasse uma mudança de atitude", afirma.

"Embora eu seja compositora, às vezes não é fácil falar certas coisas para alguém. Já escrevi trechos das letras do Chorão e entreguei o papel para quem eu queria dizer algo e não conseguia".

Cena underground - O legado de Chorão ultrapassa o território da música. Além de ter divulgado incansavelmente Santos – mesmo que tivesse nascido em São Paulo –, ele ainda ajudou a promover o cenário underground que tem a ver com o som do Charlie Brown Jr., afinal o grupo mistura referências principalmente do hardcore, reggae e rap.

Por causa disso, uma das grandes bandeiras que levantou foi a do skate. Acostumado a praticar o esporte desde jovem, abriu uma pista em Santos, que batizou de Chorão Skate Park, e tratou de levar a modalidade para todos os lugares que pudesse. Inclua aí os shows da banda.

Wagner Ratinho foi um dos skatistas da Cidade que se apresentaram em duas turnês do grupo. "
O Chorão fez bastante pelo esporte e muitas vezes não ganhou nada em troca. Ele sempre estimulou a molecada que gostava de skate. Se tinha material sobrando, dava para os outros. Eu mesmo ganhei muita coisa dele. Nossa amizade começou na Praça Palmares (em Santos) e durou 15 anos".

Ao longo da carreira, Chorão também fez questão de apoiar o movimento do grafite. O artista plástico e designer santista Leandro Shesko produziu obras ao vivo, durante dois anos, nos shows do Charlie Brown Jr. Fora isso, preparou alguns dos grafites do Chorão Skate Park e assinou o painel da coletiva de O Magnata, filme escrito por Chorão. "
Ele tinha noção da linguagem do grafite e contribuiu para fortalecer a cena especialmente da Baixada Santista".

Na telona - Chorão tinha o hábito de colaborar com a roteirização dos clipes do Charlie Brown Jr. e, a partir daí, começou a alçar voo para o cinema. Essa empreitada paralela também rendeu bons frutos, já que outro roteiro que escreveu, O Cobrador, encontra-se em fase de produção.

Para o produtor santista Samuel de Castro, a relação de Chorão com a telona é tão marcante como sua música. "
Tive o privilégio de conhecê-lo quando trabalhei em O Magnata em 2006. Foi o primeiro grande projeto que fiz no início da minha carreira, após passar pelas Oficinas Querô. Eu era moleque de tudo, estava com 18 anos. Foi demais fazer parte da realização de uma viagem da cabeça de um cara de que sou fã e representou minha adolescência inteira. Vai demorar para cair a ficha e aceitar que, assim como Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller e outros nomes, ele foi embora cedo, tendo ainda muito para acrescentar".

Em família - Mesmo todo o sucesso na carreira não impediu Chorão de se dedicar à família. Na entrevista à AT Revista em 2006, ele afirmou: "
Tento conciliar o profissional e o pessoal. Vivo do que faço e para quem amo".

Em parte, esse cuidado também se refletiu no fato de receber nas filmagens que realizava o suporte do único filho, Alexandre Abrão, 23 anos, do relacionamento com Thaís Lima. Para completar, cansou de expor nas canções que escreveu o amor que sentia pela mulher, a estilista Graziela Gonçalves, com quem viveu por quase 20 anos (veja a mensagem divulgada por ela no quadro Amor em Verso e Prosa). "
Ela dá sentido a tudo. Mudou a minha vida, aprendi muito com ela. A Graziela passou comigo as maiores dificuldades que tive. Todas as músicas de amor que faço falam dela, são para ela. Ela é tudo para mim", confessou na entrevista à AT.

Ainda na matéria, detalhou sua evolução enquanto pessoa: "O tempo traz experiência e um pouco de sabedoria, que geram compreensão de que não temos o controle de nada, mas que podemos construir o nosso futuro a cada dia.Um passo de cada vez. Por isso, vivo em busca de paz e prosperidade. Minha única guerra é contra os meus defeitos e limites".

GRANDES PAIXÕES - Chorão em três tempos: com a banda Charlie Brown Jr.; a mulher, a estilista Graziela Gonçalves; e o time do coração, o Santos Futebol Clube

Fotos Rogério Soares (arquivo), Alberto Marques (arquivo), reprodução e divulgação, publicadas com a matéria, na página 18

 

AMOR EM VERSO E PROSA

"Hoje sou eu quem vai te homenagear, meu amor. As palavras faltam nestes momentos. O que pode ser dito que teria o poder de sanar tamanha dor, de curar tamanha saudade? Meu pensamento se volta para Deus para agradecer o privilégio de ele ter me proporcionado viver um grande amor e dividir minha vida com você por quase 20 anos. Quantas histórias, quantas conquistas, quanta luta!!! Quanto amor, em toque e calor, verso e prosa, que você me deu!

O que ficou está gravado para sempre no meu coração e na memória. Não só minha, como também de milhares de fãs. Através das suas músicas, você transformou as nossas histórias em histórias para outros tantos casais Brasil afora. Não existe forma mais generosa e bonita de se eternizar um sentimento. Você também falou vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo! Foi pouco mesmo, meu amor. Tão pouco...

Obrigada por tudo que você compartilhou comigo, por toda parceria, por ser meu melhor amigo, por ser meu grande amor infinito! Como você me disse na última vez em que nos falamos, eu também vou te amar para sempre, sempre, sempre, sempre...

Da sua Grazon"

 (Graziela Gonçalves, que viveu com Chorão por quase 20 anos)

 

Imagem: reprodução da página 19 de AT Revista

Nossas preferidas

A equipe da AT Revista escolheu os trechos que considera mais marcantes das músicas de Chorão. Fica aqui a nossa homenagem!

"Em minha vida de tudo acontece, mas quanto mais a gente rala, mais a gente cresce" (DIAS DE LUTA, DIAS DE GLÓRIA)
Cláudia Duarte Cunha, editora

"Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem. Essa é a coisa mais pura" (PONTES INDESTRUTÍVEIS)
Ivanir Xavier, subeditora geral

"Eu sobrevivo a todo lixo, todo ódio, com amor" (TAMO AÍ NA ATIVIDADE)
Stevens Standke, subeditor

"Eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão. Mas pra quem tem pensamento forte o impossível é só questão de opinião" (SÓ OS LOUCOS SABEM)
Adriana Martins, subeditora

"O tempo às vezes é alheio à nossa vontade, mas só o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível" (VÍCIOS E VIRTUDES)
Brenda Melo Duarte, repórter

"O amor é assim, é a paz de Deus em sua casa" (LUGAR AO SOL)
Karina Batista, diagramadora

"Eu me flagrei pensando em você, em tudo que eu queria te dizer" (PROIBIDA PRA MIM)
Vanessa Rodrigues, fotógrafa

"Um dia eu espero te reencontrar numa bem melhor. Cada um tem seu caminho, eu sei foi até melhor. Irmãos do mesmo Cristo, eu quero e não desisto" (LUGAR AO SOL)
Mariela Gonçalves, repórter e cunhada de Chorão

Carta da editora Cláudia Duarte Cunha, na página 4 de AT Revista de 10/3/2013

Imagem: reprodução parcial da página 4 de AT Revista

 

No mesmo dia 10 de março de 2013, o jornal A Tribuna publicou, na página E-3, nota sobre reapresentação de um programa de televisão em homenagem a Chorão:

 

O vocalista fala sobre vários assuntos, entre eles a perda do pai

e a música que fez para Cássia Eller

Foto: Rogério Soares/arquivo, publicada com a matéria

Ensaio com Chorão e recordar o que é bom

Em homenagem a ele, o programa exibe entrevista feita em 2009

Da Redação

Ensaio, um dos programas musicais mais interessantes da televisão brasileira, faz uma homenagem ao vocalista Chorão, hoje, às 23 horas, na TV Cultura, exibindo a gravação que fez em 2009 com a banda Charlie Brown Jr.. Entrevistado por Fernando Faro, o cantor fala de suas experiências não só na música, como também no cinema, e compartilha momentos de sua história.

O músico e compositor conta como começou a cantar e sobre as influências da prática do skate em seu estilo de vida e em suas composições. Ele lembra da infância e adolescência em Santos, e ainda fala da relação com o pai, que morreu em seus braços.

Chorão comenta sobre a produção do filme O Magnata, lançado em 2007, do qual foi roteirista e fez a trilha sonora. Outro tema é o longa O Cobrador, cujo roteiro escrevia na época.

O cantor relata ainda detalhes sobre o polêmico episódio da briga com o músico Marcelo Camelo. E comenta sobre a relação com Cássia Eller, para quem compôs a música O Dom, A Inteligência e A Voz.

No programa, a banda interpreta diversas canções, como O Preço, Me Encontra, Não Deixe o Mar te Engolir, Tudo Mudar, Papo Reto e Hoje Eu Acordei Feliz. [...]

Nota no site A Tribuna Digital, publicada em 12 de março de 2013:

Chorão foi encontrado morto em seu apartamento na Rua Morás, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo

Foto: Rogério Soares/arquivo, publicada com a matéria

Terça-feira, 12 de março de 2013 - 09h53

Saudade
Missa de 7º dia de Chorão será nesta quarta na Igreja do Carmo

De A Tribuna On-line

A missa de sétimo dia do cantor Chorão será realizada nesta quarta-feira, às 18h, na Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Ponta da Praia. A mensagem foi divulgada pela família por meio do site oficial da banda Charlie Brown Jr. A igreja fica na Rua Egídio Martins, 182, em Santos.

"Obrigada a todos os fãs que estão nos dando tanto carinho e dividindo a sua dor conosco. Para todos que mandaram mensagens de apoio através das redes sociais, para todos que gostavam do trabalho dele. Vocês eram a única razão do Alexandre querer continuar a fazer o que ele fazia. Vocês fizeram o sonho dele se tornar realidade e minha gratidão a vocês é eterna", diz Graziela Gonçalves, viúva do músico.

Chorão foi encontrado morto em seu apartamento na Rua Morás, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, na madrugada da última quarta-feira. Ele tinha 42 anos. O músico foi visto desacordado pelo seu motorista, que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). No local a unidade de resgate constatou que ele já estava morto. O exame toxicológico, que vai apontar evidências de cocaína ou outras substâncias no corpo do cantor, será divulgado em duas semanas

Coquetel mortal - Em depoimento emocionado ao programa Fantástico, da TV Globo, exibido na noite de domingo, a viúva diz que Chorão usava um coquetel mortal: remédio contra ansiedade, bebida e cocaína. Segundo Graziela, com quem o músico foi casado por 15 anos, o cantor passou a usar cocaína com mais frequência de um ano para cá, o que a teria motivado a internar o marido.

Ela conseguiu a autorização da família do músico, mas encontrou resistência dos funcionários de um hotel onde Chorão se hospedava.

Ainda na entrevista, fez um desabafo. Disse que pessoas muito próximas ao cantor ajudavam a manter o vício dele. "
Existiam esses facilitadores, mas ele também tinha as corridas dele, que ele ligava para fulano de tal, pessoas que eu nem faço ideia. Ele conseguia, ele arrumava um jeito".

"
Que isso sirva de lição para essa molecada não achar que droga é brincadeira, que é fácil, que é só uma curtição. Porque não é. Não é. Não é. É muito sério. É muito pesado e traz muito sofrimento para todas as pessoas que estão em volta", finaliza.

Anúncio de missa de 7º dia por Chorão

Imagem: jornal santista A Tribuna, 12 de março de 2013, página A-10

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