Suplício de Tântalo
Desejar sua posse e não poder possuí-la
e ter de recalcar, recôndito, no peito,
este desejo atroz, que aos poucos, me aniquila
na rude ânsia febril do gozo insatisfeito;
antepor à paixão o dever e o respeito;
ter a carne em delírio e mostrá-la tranqüila
e sopitar latente o incontido despeito
de ver outro, feliz, osculá-la e cingi-la:
eis aí todo o meu enorme sacrifício,
a causa do meu mal, que me torna um infausto
Tântalo condenado a este duro suplício.
E, para mitigar a febre do desejo,
ao menos, não poder haurir, hausto por hausto,
Na taça do seu lábio o néctar do seu beijo!
Cumba Junior