Há 24 anos à frente da entidade,
dona Aura tem sido incansável na luta pela aquisição de
um piano
Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria
FESTA
Centro de Expansão Cultural festeja 60 anos dedicados à arte e à
cultura
Dona Aura Botto de Barros comemora aniversário da entidade e a chegada de um piano Steinway
Elcira Nuñez y Nuñez
Da Redação
Se dependesse do desejo de dona Aura Botto de Barros, os 60 anos do
Centro de Expansão Cultural de Santos, completados hoje, seriam comemorados ao som de um piano Steinway Sons Gran, dedilhado pelo premiado Nelson
Freire. O sonho da aquisição do instrumento é acalentado há mais de 10 anos e está prestes a se tornar realidade.
Mas enquanto o piano não chega, a ordem é festejar a história de luta da diretoria da entidade pela divulgação da
arte e cultura. Para isso, a Orquestra Pão de Açúcar, sob a regência de Daniel Misiuk, sobe hoje às 19 horas ao palco do Teatro
Coliseu com um programa que passeia por obras de importantes compositores. A entrada é franca.
"O momento é de muita felicidade", avalia dona Aura, integrante da diretoria do Centro de Expansão Cultural desde
1973 e na presidência há 24 anos. "Não vejo a hora de ver o piano", diz emocionada. Apesar das dificuldades financeiras, a entidade - a segunda mais
antiga do Estado, só perde para a Sociedade Cultura Artística - sempre primou por trazer à Cidade uma programação de alto nível. Nessas seis décadas
de atividade cultural, grandes nomes nacionais e internacionais, cantores líricos, orquestras e prestigiadas companhias de balé marcaram presença em
Santos.
A história do Centro de Expansão será registrada em um livro, escrito pela historiadora Wilma Therezinha Fernandes
de Andrade. "A pesquisa do material está quase concluída. Depois, começo a redigir. Será um balanço desses 60 anos, mostrando o Centro de Expansão
inserido no progresso cultural de Santos", adianta a historiadora.
Piano - A Cidade merece um piano e o sonho de dona Aura está prestes a ser realizado, garante o secretário
de Cultura, Carlos Pinto. "Ela será a convidada de honra na festa de inauguração do piano, o que deve acontecer no aniversário da Cidade, dia 26 de
janeiro".
A agilização da compra depende da assinatura do projeto beneficiado pelo PAC - Programa de AÇão Cultural, da
Secretaria da Cultura do Estado. "Três empresas patrocinarão a aquisição do instrumento, que custa cerca de R$ 300 mil, obtendo benefício fiscal".
Há cerca de 10 dias, um representante da Steinway no Brasil esteve em Santos, quando foi escolhido o mais desejado
dos pianos: um Gran Concert - modelo D, que virá dos Estados Unidos. "Com o dinheiro na mão, o próximo passo será a ida do pianista Arnaldo
Cohen à fábrica em Nova Iorque, para testar o instrumento e dar o seu aval".
Serviço - O concerto será realizado às 19 horas, no Coliseu. Rua Amador Bueno, 237. A entrada é franca.
Daniel Misiuk escolheu peças que destacam performance do
grupo
Foto: Fernanda Luz, publicada com a matéria
Orquestra Pão de Açúcar é a convidada
Tocar durante as comemorações dos 60 anos do Centro de Expansão Cultural é motivo de honra e de muito orgulho para
o maestro Daniel Misiuk, regente da Orquestra Grupo Pão de Açúcar.
"Dona Aura é uma pessoa que merece todo o respeito por sua dedicação à divulgação da boa arte, e a apresentação no
Coliseu vem coroar também esses nove anos de desenvolvimento com os jovens músicos da orquestra", diz Misiuk.
Para a noite especial, o maestro escolheu peças que destaquem a performance de solistas e de todo o conjunto,
formado por estudantes provenientes do programa de educação musical sob a sua batuta.
No programa estão composições de Vivaldi, Bach, Genzmer, Gardel e Piazzolla. São obras que dão prazer para o
público ouvir e para a orquestra - formada por 30 jovens - tocar. Traduzem a força do sentimento, entre elas Adios Nonino, de Piazzolla, que
transmite toda a energia da música", avalia o maestro, que já preparou cerca de 00 turmas em Santos e em São Paulo.
Método coletivo - Nas aulas, é utilizado o Método Jaffé de ensino coletivo de cordas. "O método surgiu nos
anos 70 com meu pai, Alberto Jaffé, professor de violino, a partir da constatação de que as aulas em conjunto tinham maior aproveitamento e deixavam
os alunos mais entusiasmados. Ele percebeu que violoncelo e contrabaixo eram da mesma família do violino e da viola, a base técnica era igual. A
partir da similaridade dos quatro instrumentos, criou o método coletivo, que não existia na época", conta Renata Jaffé, diretora artística da
orquestra e mulher do regente.
O trabalho com música atrai jovens a partir dos 10 anos, que têm a oportunidade de aprender a tocar -
gratuitamente - viola, violino, contrabaixo ou violoncelo.
"Eles aprendem não só a metodologia, mas a se comportar no palco, a viver em sociedade. Passam a entender que um
depende do outro", destaca o maestro. |