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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - ASSOCIAÇÕES
As associações culturais (2-b)

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Ao completar seis décadas de existência, o Centro de Expansão Cultural foi destacado em matéria do caderno Galeria do jornal santista A Tribuna, numa terça-feira, 28 de outubro de 2008 (página D-1):
 

Há 24 anos à frente da entidade,

 dona Aura tem sido incansável na luta pela aquisição de um piano

Foto: Luiz Fernando Menezes, publicada com a matéria

FESTA

Centro de Expansão Cultural festeja 60 anos dedicados à arte e à cultura

Dona Aura Botto de Barros comemora aniversário da entidade e a chegada de um piano Steinway

Elcira Nuñez y Nuñez

Da Redação

Se dependesse do desejo de dona Aura Botto de Barros, os 60 anos do Centro de Expansão Cultural de Santos, completados hoje, seriam comemorados ao som de um piano Steinway Sons Gran, dedilhado pelo premiado Nelson Freire. O sonho da aquisição do instrumento é acalentado há mais de 10 anos e está prestes a se tornar realidade.

Mas enquanto o piano não chega, a ordem é festejar a história de luta da diretoria da entidade pela divulgação da arte e cultura. Para isso, a Orquestra Pão de Açúcar, sob a regência de Daniel Misiuk, sobe hoje às 19 horas ao palco do Teatro Coliseu com um programa que passeia por obras de importantes compositores. A entrada é franca.

"O momento é de muita felicidade", avalia dona Aura, integrante da diretoria do Centro de Expansão Cultural desde 1973 e na presidência há 24 anos. "Não vejo a hora de ver o piano", diz emocionada. Apesar das dificuldades financeiras, a entidade - a segunda mais antiga do Estado, só perde para a Sociedade Cultura Artística - sempre primou por trazer à Cidade uma programação de alto nível. Nessas seis décadas de atividade cultural, grandes nomes nacionais e internacionais, cantores líricos, orquestras e prestigiadas companhias de balé marcaram presença em Santos.

A história do Centro de Expansão será registrada em um livro, escrito pela historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade. "A pesquisa do material está quase concluída. Depois, começo a redigir. Será um balanço desses 60 anos, mostrando o Centro de Expansão inserido no progresso cultural de Santos", adianta a historiadora.

Piano - A Cidade merece um piano e o sonho de dona Aura está prestes a ser realizado, garante o secretário de Cultura, Carlos Pinto. "Ela será a convidada de honra na festa de inauguração do piano, o que deve acontecer no aniversário da Cidade, dia 26 de janeiro".

A agilização da compra depende da assinatura do projeto beneficiado pelo PAC - Programa de AÇão Cultural, da Secretaria da Cultura do Estado. "Três empresas patrocinarão a aquisição do instrumento, que custa cerca de R$ 300 mil, obtendo benefício fiscal".

Há cerca de 10 dias, um representante da Steinway no Brasil esteve em Santos, quando foi escolhido o mais desejado dos pianos: um Gran Concert - modelo D, que virá dos Estados Unidos. "Com o dinheiro na mão, o próximo passo  será a ida do pianista Arnaldo Cohen à fábrica em Nova Iorque, para testar o instrumento e dar o seu aval".

Serviço - O concerto será realizado às 19 horas, no Coliseu. Rua Amador Bueno, 237. A entrada é franca.

Daniel Misiuk escolheu peças que destacam performance do grupo

Foto: Fernanda Luz, publicada com a matéria

Orquestra Pão de Açúcar é a convidada

Tocar durante as comemorações dos 60 anos do Centro de Expansão Cultural é motivo de honra e de muito orgulho para o maestro Daniel Misiuk, regente da Orquestra Grupo Pão de Açúcar.

"Dona Aura é uma pessoa que merece todo o respeito por sua dedicação à divulgação da boa arte, e a apresentação no Coliseu vem coroar também esses nove anos de desenvolvimento com os jovens músicos da orquestra", diz Misiuk.

Para a noite especial, o maestro escolheu peças que destaquem a performance de solistas e de todo o conjunto, formado por estudantes provenientes do programa de educação musical sob a sua batuta.

No programa estão composições de Vivaldi, Bach, Genzmer, Gardel e Piazzolla. São obras que dão prazer para o público ouvir e para a orquestra - formada por 30 jovens - tocar. Traduzem a força do sentimento, entre elas Adios Nonino, de Piazzolla, que transmite toda a energia da música", avalia o maestro, que já preparou cerca de 00 turmas em Santos e em São Paulo.

Método coletivo - Nas aulas, é utilizado o Método Jaffé de ensino coletivo de cordas. "O método surgiu nos anos 70 com meu pai, Alberto Jaffé, professor de violino, a partir da constatação de que as aulas em conjunto tinham maior aproveitamento e deixavam os alunos mais entusiasmados. Ele percebeu que violoncelo e contrabaixo eram da mesma família do violino e da viola, a base técnica era igual. A partir da similaridade dos quatro instrumentos, criou o método coletivo, que não existia na época", conta Renata Jaffé, diretora artística da orquestra e mulher do regente.

O trabalho com música atrai jovens a partir dos 10 anos, que têm a oportunidade de aprender a tocar - gratuitamente - viola, violino, contrabaixo ou violoncelo.

"Eles aprendem não só a metodologia, mas a se comportar no palco, a viver em sociedade. Passam a entender que um depende do outro", destaca o maestro.

Personagens

Matteus

Foto: Fernanda Luz, publicada com a matéria

Matteus Farias de Souza, 17 anos, sempre quis aprender a tocar violino. Morador de Santos, ele há três anos começou a estudar com o maestro Daniel Misiuk. Tomou gosto e pretende seguir a carreira. "A música me abriu as portas, não sabia o que ia fazer depois de concluído o colégio. Hoje, toco com um quinteto, em Santos, e com um quarteto em São Paulo, durante eventos em geral. Quero viver de música".

Maíra

Foto: Fernanda Luz, publicada com a matéria

O violão e a bateria perderam espaço para o contrabaixo na vida de Maíra Torres Ribeiro, de 16 anos. A santista vendeu os instrumentos que tinha em casa desde pequena, depois que entrou no Instituto Grupo Pão de Açúcar. "A princípio, queria tocar violoncelo, mas quando vi o contrabaixo fui com a cara dele. Pretendo comprar um - custa cerca de R$ 3 mil -, já estou juntando dinheiro. Até o final do ano, acho que consigo".

Taffarel

Foto: Fernanda Luz, publicada com a matéria

Taffarel de Oliveira Araújo Souza, 18 anos, não gostava de música. Chegou às aulas em 2000, pelas mãos da mãe. "Eu era muito bagunceiro, foi o jeito de dar um pouco de sossego. Entrei, gostei e fiquei. Hoje, a música é tudo pra mim". Morador de São Vicente, Taffarel estuda em casa e não perde um ensaio. "A música desperta amor pela vida. Não sei onde estaria se não fosse ela".

Saiba mais
Início - Foi durante um almoço no Parque Balneário Hotel, em 1948, sob inspiração da pintora Guiomar Novaes, que surgiu a idéia de se fundar um clube ou associação cultural em Santos. Dias após, em 28 de outubro, na Sala Princesa Isabel, da Câmara de Santos, sob a presidência de Guiomar, foi fundado o Centro de Expansão Cultural de Santos.

Além da artista plástica, a diretoria contava com Frederico de Figueira Neiva, Pedro Theodoro da Cunha, Zezé Lara Infante Vieira, Oraida Amaral Camargo e Aída Pires da Silva. Em comum, tinham o mesmo objetivo: estimular a área artística, intelectual e cultural da Cidade.

Além de sócios individuais, o centro agregava, como sócios coletivos, as mais importantes agremiações. Em 22 de julho de 1958, a entidade cultural foi considerada de utilidade pública municipal, por meio da Lei 2.061, assinada pelo então prefeito Sílvio Fernandes Lopes.

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