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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - A.Schmidt
Afonso Schmidt - Filme de A Marcha (1)

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Em 1972, o diretor e roteirista Osvaldo Sampaio realizou o filme "inspirado na obra de Afonso Schmidt" A Marcha, tendo o "rei do futebol", Pelé (Edson Arantes do Nascimento) no papel de Chico Bondade, contracenando com os consagrados Paulo Goulart, Nicete Bruno, Rodolfo Mayer e Verah Sampaio:
 




Cartaz do filme: frente, parte central e verso
Imagens: Acervo da Biblioteca Municipal de Cubatão/SP - Coleção Afonso Schmidt. Tombo 320. Doação: Maria Clara Schmidt e Odila Schmidt de Mello

APRESENTAÇÃO

O cidadão Edson Arantes do Nascimento é o que se convencionou chamar de fora-de-série: rei do futebol, embaixador da simpatia e agora astro do cinema nacional. Não um jogador de futebol que toma parte, encabeça o elenco de um filme (mas um jogador de futebol - longe dos aplausos e de suas atuações nos gramados dos estádios - que, consciente de suas possibilidades artísticas, transforma-se em astro cinematográfico. Decide-se por uma nova carreira que julgamos lhe dará as mesmas e merecidas glórias ante as mais exigentes e ardorosas platéias de todo o mundo.

É o fora-de-série, que mais uma vez se repete genial, figura ímpar de nosso mundo contemporâneo, num contato mais direto com a mais nobre e eclética de todas as artes, o cinema. Pelé ator, enfrentando as câmeras com a classe e a garra de um veterano.

Chico Bondade é o personagem que lhe cabe como uma luva: ele que libertou o jogador de futebol, elevando a profissão aos píncaros em que se encontra hoje, é o escravo abolicionista que luta para salvar os seus irmãos de cor do grilhão da escravatura.

Osvaldo Sampaio trabalhou dois anos na preparação deste filme, lendo e relendo o livro de Afonso Schmidt, do qual foi extraído o enredo cinematográfico de A Marcha. A reconstituição de época, os trajes e os personagens obedecem a uma realidade histórica que coloca nosso cinema em plano internacional, projetando-o às telas de todo o mundo.

A Cinedistri, que se orgulha de ter no rol de suas apresentações ao longo de 12 anos de vida inteiramente dedicados à produção e distribuição de filmes brasileiros - um filme como o O Pagador de Promessas, premiado com a Palma de Ouro do Festival Internacional de Cannes - orgulha-se também de apor o seu sinete a esta produção de Osvaldo Sampaio que traz Pelé - pela primeira vez em sua vitoriosa carreira - como astro cinematográfico.


SÍNTESE

A Marcha passa-se num período que se estende de novembro de 1887 a março de 1888. Sua ação - verídica historicamente, romanceada em seu desenrolar dramático - concentra-se na cidade de São Paulo (capital) e na então Província de São Paulo (interior), e em locais e lugares como: Estação da Luz, Largo de São Gonçalo, Teatro São José etc., que sobrevivem ainda na memória de gerações passadas, de homens e netos paulistas. É uma reconstrução de hábitos e costumes de uma época em que todas as classes, sem distinção de cor, credo religioso ou posses, lutaram pela libertação da escravatura no Brasil.

A Marcha é uma adaptação-livre do livro homônimo de Afonso Schmidt. É uma síntese de como o povo brasileiro - e em especial o paulista - resolve seus problemas sociais, sem lutas fratricidas ou derramamento de sangue, com que, com amor e simplicidade, à maneira brasileira, sadia e boa, foram perpetuados todos os nossos eventos.

No pórtico-de-introdução ao filme, define-se, em seu desenrolar-romanceado, essa evidência histórica: 

"O nome Boaventura (Paulo Goulart) e de Chico-Bondade (Edson Arantes do Nascimento - Pelé), segundo as crônicas da época, eram perigosos abolicionistas. A eles cabia o desempenho de missões que exigissem longa e cuidadosa dissimulação. No caso de Boaventura, seu nome já era quase lendário. Senhor de vários nomes e inúmeros disfarces, conhecedor de vários ofícios, aceitava freqüentemente a tarefa de embarcar para o interior e infiltrar-se nesta ou naquela fazenda. Conseguia trabalho com facilidade e, apenas entrado na fazenda, começava a obra de propaganda entre os pretos. Depois era o trabalho silencioso de dias, de meses. Certa manhã, inesperadamente, o fazendeiro acordava com a senzala amotinada, e a partida, em massa, dos escravos para terras onde mais fácil se tornava a conquista da liberdade.

"Por essas alturas, já o Boaventura havia feito uma madrugada a fim de fugir às iras do patrão. Voltava a São Paulo, passava, disfarçado numa nova identidade, alguns dias no Consistório da Igreja dos Remédios, em conspiração e planos secretos, na casa de Antônio Bento, ou escondido nos diversos ninhos de caifazes e depois, de um dia para o outro, partia para zona distante, a fim de repetir a façanha em nova fazenda.

"Em torno de Boaventura e de Chico-Bondade ou Antônio-Paciência corria uma lenda com ressaibos de mistério. Duvidava-se até de sua existência. Afirmavam alguns escravagistas que eles não existiam, eram um mito apenas, criado pelos abolicionistas. Outros, poucas pessoas, e entre elas Antônio Bento, estavam ao par de sua verdadeira identidade" (A Marcha, de Afonso Schmidt).

O DIRETOR

Osvaldo Sampaio nasceu em São Paulo, capital. Estudou no Ginásio de São Bento, Mackenzie Colege, até o terceiro ano de arquitetura. Em 1930, entra para o Teatro, viajando como cenógrafo na Companhia de Revista Otília Amorim-Nino Nello, para Porto Alegre.

Como cenógrafo trabalha na Companhia Brasileira de Comédia, Companhia Renato Viana. Em 1936 entra para a Companhia Procópio Ferreira, onde durante doze anos exerce as funções de cenógrafo, contra-regra e diretor-de-cena. Em 1939, com Paschoal Carlos Magno, participa do Teatro do Estudante montando, como cenógrafo e figurinista, as peças Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias, e Os Romanescos, de Rostand, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 1942 retira-se do teatro a pedido do escritor Monteiro Lobato, a fim de assumir a direção (gerência) da Livraria Monteiro Lobato e Brasiliense. Funda uma firma editora, A Flama, onde publica Thomas Mann, Steinbeck, George Fink, B. Traven e outros. De volta ao Teatro, trabalha na Companhia de Procópio Ferreira até 1950, quando é convidado por Alberto Cavalcanti e contratado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

Na citada Companhia, passa por todos os departamentos técnicos da mesma, tanto no setor de filmagem como nos de montagem e sala-de-som. Escreve o roteiro de Tico-Tico no Fubá: estréia na direção, como assistente de Adolfo Celli.

Em 1953 escreve o roteiro de Sinhá-Moça, que co-dirige juntamente com Tom Payne. Encerrada a fase da Vera Cruz, em 1953, em 1956 escreve, produz e dirige o filme A Estrada.

Em 1968, escreve e dirige O Preço da Vitória, um filme que se torna padrão, na injunção econômica da cinematografia nacional. O filme é feito em 45 dias, na rua, dispensando o aparelhamento técnico e grande aparato dos estúdios.

PRÊMIOS RECEBIDOS

1946 - Medalha de Ouro Melhor Cenógrafo, com a peça Divórcio, de Clemence Dane, montada para a estréia de Bibi Ferreira na Companhia Procópio Ferreira.

1956 - A Estrada: Prêmio Saci, do Estado de São Paulo para Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Música, Melhor Fotografia e Melhor Montagem.

1959 - Prêmio Governador do Estado: Preço da Vitória. Melhor História. Prêmio Saci, do Estado de São Paulo: Melhor História.


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