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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Carlos Alberto Soffredini (1)

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Dramaturgo santista falecido em outubro de 2001, Carlos Alberto Soffredini teve seu trabalho destacado com a apresentação de um de seus roteiros em formato minissérie, em oito capítulos, pela Rede Globo de Televisão, em 2005. No dia da estréia do programa, 11 de janeiro de 2005, o jornal santista A Tribuna publicou:


Como Maria, Carolina Oliveira faz sua estréia na televisão
Foto: TV Globo, publicada com a matéria

MINISSÉRIE
Na tevê, Hoje é Dia de Maria, obra do santista Soffredini

Cultura popular brasileira serviu de inspiração para autor e diretor

Da Reportagem e do Rio

A obra do dramaturgo santista Carlos Alberto Soffredini chega à telinha com a estréia, logo mais, de Hoje é Dia de Maria. Com oito capítulos, a microssérie destaca a cultura popular brasileira, misturando sonho e lirismo à realidade. A produção faz parte das comemorações dos 40 anos da Globo. No elenco, nomes de primeira, como Fernanda Montenegro, Rodrigo Santoro, Letícia Sabatella, Osmar Prado, Stênio Garcia e muitos atores mirins.

A produção é uma encomenda feita pelo diretor Luiz Fernando de Carvalho [a] Sffredini, em 1995. Na época, a produção foi considerada cara. A princípio, seria um especial, mas acabou se transformando em oito capítulos, todos envoltos em um cenário de fantasia e imaginação.

A maior parte das gravações aconteceu no domo (antigo palco do Rock in Rio, reciclado). A estrutura foi montada sobre o solo natural, de terra, sem base de concreto.

Na história, a realidade se junta aos bonecos do Giramundo, grupo de artistas plásticos mineiros, com representação circense. O cenário foi construído com a assessoria técnica do artista plástico Raimundo Rodrigues, e os figurinos de papel são assinados pelo estilista Jum Nakao.

Preparação - Os diálogos utilizam estruturas metafóricas e a preparação do elenco também mereceu tratamento especial. Os atores tiveram oficinas de corpo, canto, prosódia, dança e participaram de workshops com o filho do pintor Cândido Portinari, autor das imagens inspiradoras do projeto, para mergulharem em seus personagens. Alguns receberam também noções de música, como Daniel de Oliveira, que faz o papel de Quirino, Inês Peixoto (Rosa) e Rodolfo Vaz (Maltrapilho).

Consultora da minissérie, a atriz e diretora Renata Soffredini, filha do dramaturgo, esteve no Rio para dar noções do dialeto caipira aos atores, entre eles Fernanda Montenegro (madrasta de Maria), Osmar Prado (pai de Maria) e Letícia Sabatella, que vive Maria.

Renata, que está organizando um livro de memórias do pai, não vê a hora da estréia da minissérie. "O público merece conhecer o seu trabalho".

História - Baseada em contos populares de Câmara Cascudo e Sílvio Romero, o original de Soffredini conta a história de Maria, vivida pela estreante Carolina Oliveira, de 10 anos.

Maltratada pela madrasta, a menina foge de casa e encontra pelo caminho o diabo Asmodeu (Stênio Garcia), que a transforma em adulta antes do tempo. Nessa caminhada, cruza também com vários tipos folclóricos e acaba se apaixonando por Amado (Rodrigo Santoro), que era seu pássaro protetor. Tudo em uma ambientação de sonho e muito lirismo para retratar o universo da cultura popular brasileira.


Rodrigo Santoro, na minissérie
Foto: TV Globo, publicada com a matéria

Amado, um pássaro que quer ser homem

Rodrigo Santoro interpreta um personagem que ora é pássaro, ora, homem. Em uma das cenas, fica suspenso em uma gaiola no teto do domo, que tem 26 metros de altura e serve como cenário. A sensação de estar aprisionado, segundo o ator, foi maior do que o medo de estar pendurado num lugar tão alto:

"É uma gaiola para pássaro, feita nas dimensões do pássaro. TIve que me contorcer. A possibilidade de movimentos era muito pequena ali dentro. Foi um desafio enorme e tive que me movimentar muito".

Amado é quem Maria busca sem perceber, mas esteve sempre a seu lado, encantado como o Pássaro Incomum. Enquanto pássaro, ele é representado por uma marionete, construída  e manipulada pelo pessoal do Teatro de Bonecos Giramundo.

"Trabalhamos com representação o tempo inteiro, não com realismo ou naturalismo. Ele é como a descrição diz: um Pássaro Incomum, um pássaro com um desejo humano e um homem com a transcendência de um pássaro", explica Santoro, que emagreceu cinco quilos durante as gravações.

"Achei interessante porque num processo de pesquisa, de estudo, eu comecei a realizar o quanto nós temos realmente essa representação que é o espírito, a alma, essa parte mais sutil".


Carlos Alberto Soffredini
Imagem publicada com a matéria

Memória
Falecido em outubro de 2001, o santista Carlos Alberto Soffredini foi um dos melhores dramaturgos de suas geração. Começou a escrever no Teffi - Teatro da Faculdade de Filosofia, que ele fundou no início dos anos 60. Escreveu antológicas peças e conquistou diversos prêmios, como os troféus Mambembe, Molière e APCA. Entre suas peças destacam-se Mafalda, Mais Quero Um Asno que me Carregue que Um Cavalo que me Derrube, Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu, Na Carreira do Divino, De Onde Vem o Verão, Vacalhão e Binho e muitas outras.
 
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