Como Maria, Carolina Oliveira faz sua estréia na televisão
Foto: TV Globo, publicada com a matéria
MINISSÉRIE
Na tevê, Hoje é Dia de Maria, obra do santista Soffredini
Cultura popular brasileira serviu de inspiração para autor e diretor
Da Reportagem e do Rio
A obra do dramaturgo santista Carlos Alberto Soffredini
chega à telinha com a estréia, logo mais, de Hoje é Dia de Maria. Com oito capítulos, a microssérie destaca a cultura popular brasileira,
misturando sonho e lirismo à realidade. A produção faz parte das comemorações dos 40 anos da Globo. No elenco, nomes de primeira, como Fernanda
Montenegro, Rodrigo Santoro, Letícia Sabatella, Osmar Prado, Stênio Garcia e muitos atores mirins.
A produção é uma encomenda feita pelo diretor Luiz Fernando de Carvalho
[a] Sffredini, em 1995. Na época, a produção foi considerada cara. A princípio, seria um
especial, mas acabou se transformando em oito capítulos, todos envoltos em um cenário de fantasia e imaginação.
A maior parte das gravações aconteceu no domo (antigo palco do Rock in Rio,
reciclado). A estrutura foi montada sobre o solo natural, de terra, sem base de concreto.
Na história, a realidade se junta aos bonecos do Giramundo, grupo de artistas
plásticos mineiros, com representação circense. O cenário foi construído com a assessoria técnica do artista plástico Raimundo Rodrigues, e os
figurinos de papel são assinados pelo estilista Jum Nakao.
Preparação - Os diálogos utilizam estruturas metafóricas e a preparação do
elenco também mereceu tratamento especial. Os atores tiveram oficinas de corpo, canto, prosódia, dança e participaram de workshops com o
filho do pintor Cândido Portinari, autor das imagens inspiradoras do projeto, para mergulharem em seus personagens. Alguns receberam também noções
de música, como Daniel de Oliveira, que faz o papel de Quirino, Inês Peixoto (Rosa) e Rodolfo Vaz (Maltrapilho).
Consultora da minissérie, a atriz e diretora Renata Soffredini, filha do dramaturgo,
esteve no Rio para dar noções do dialeto caipira aos atores, entre eles Fernanda Montenegro (madrasta de Maria), Osmar Prado (pai de Maria) e
Letícia Sabatella, que vive Maria.
Renata, que está organizando um livro de memórias do pai, não vê a hora da estréia da
minissérie. "O público merece conhecer o seu trabalho".
História - Baseada em contos populares de Câmara Cascudo e Sílvio Romero, o
original de Soffredini conta a história de Maria, vivida pela estreante Carolina Oliveira, de 10 anos.
Maltratada pela madrasta, a menina foge de casa e encontra pelo caminho o diabo
Asmodeu (Stênio Garcia), que a transforma em adulta antes do tempo. Nessa caminhada, cruza também com vários tipos folclóricos e acaba se
apaixonando por Amado (Rodrigo Santoro), que era seu pássaro protetor. Tudo em uma ambientação de sonho e muito lirismo para retratar o universo da
cultura popular brasileira.
Rodrigo Santoro, na minissérie
Foto: TV Globo, publicada com a matéria
Amado, um pássaro que quer ser homem
Rodrigo Santoro interpreta um personagem que ora é pássaro, ora, homem. Em uma das
cenas, fica suspenso em uma gaiola no teto do domo, que tem 26 metros de altura e serve como cenário. A sensação de estar aprisionado, segundo o
ator, foi maior do que o medo de estar pendurado num lugar tão alto:
"É uma gaiola para pássaro, feita nas dimensões do pássaro. TIve que me contorcer. A
possibilidade de movimentos era muito pequena ali dentro. Foi um desafio enorme e tive que me movimentar muito".
Amado é quem Maria busca sem perceber, mas esteve sempre a seu lado, encantado como o
Pássaro Incomum. Enquanto pássaro, ele é representado por uma marionete, construída e manipulada pelo pessoal do Teatro de Bonecos Giramundo.
"Trabalhamos com representação o tempo inteiro, não com realismo ou naturalismo. Ele é
como a descrição diz: um Pássaro Incomum, um pássaro com um desejo humano e um homem com a transcendência de um pássaro", explica Santoro, que
emagreceu cinco quilos durante as gravações.
"Achei interessante porque num processo de pesquisa, de estudo, eu comecei a realizar
o quanto nós temos realmente essa representação que é o espírito, a alma, essa parte mais sutil".
Carlos Alberto Soffredini
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Memória |
Falecido em outubro de 2001, o santista Carlos Alberto Soffredini
foi um dos melhores dramaturgos de suas geração. Começou a escrever no Teffi - Teatro da Faculdade de Filosofia, que ele fundou no início dos
anos 60. Escreveu antológicas peças e conquistou diversos prêmios, como os troféus Mambembe, Molière e APCA. Entre suas peças destacam-se
Mafalda, Mais Quero Um Asno que me Carregue que Um Cavalo que me Derrube, Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu, Na Carreira do
Divino, De Onde Vem o Verão, Vacalhão e Binho e muitas outras. |
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