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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA
Aristheu Bulhões

Um resumo biográfico foi publicado no terceiro volume da obra conjunta História de Santos/Poliantéia Santista, de Francisco Martins dos Santos/Fernando Martins Lichti (Santos, 1996):

SÍNTESE ANTOLÓGICA DOS POETAS DE SANTOS
Aristheu Bulhões

Nascido a 8 de junho de 1909, em Maceió, ALagoas. Foi conferente da Alfândega de Santos. É membro da Academia Santista de Letras, da qual foi presidente por duas vezes; da Associação Brasileira de Imprensa; da Academia Guimarães Passos, de Maceió, e sócio correspondente da Academia Alagoana de Letras. É poeta e escritor. Fez numerosas palestras literárias no Instituto Histórico e Geográfico de Santos e no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente.

Bibliografia: "Paisagem" (poesias inéditas); "Elogio de Antonio Carlos" (discurso acadêmico); "Os 30 melhores sonetos brasileiros" (antologia). Tem inúmeras publicações esparsas, inclusive em periódicos estrangeiros.

Tardia Compreensão

Quando, às vezes, o látego do pranto
tamborilava em meu padecimento,
dizia minha Mãe: - "Não chores tanto,
reza para esquecer teu sofrimento".

Mas, eu nunca rezei! Meu desencanto
era tão grande quanto o meu tormento...
Só ao ver minha Mãe no Campo-Santo,
é que eu compreendi o seu intento...

Fosse, agora, possível, Mãe querida,
soerguer-te da cova, dar-te vida
como Jesus com Lázaro já fez,

em paga do prodígio consumado,
as preces que me havias ensinado,
eu rezaria todas de uma vez!

 

Um poema de Aristheu Bulhões - então membro da Academia Santista de Letras e do Clube de Poesia de Santos - foi incluído na seção Literatura do Almanaque de Santos para 1959 (Santos/SP, 1ª edição, 1959 - exemplar no acervo da Sociedade Humanitária dos Empregados no Comércio - SHEC), página 88:


Imagem: reprodução do poema publicado no Almanaque de Santos para 1959

Judas

Foste somente o artista de uma cena

na ribalta que a vida preparou.

Amavas loucamente Magdalena,

a pecadora a quem Jesus perdoou.

 

No ímpeto da paixão, que tudo ordena,

ela, para teu mal, te abandonou,

embevecida pela voz serena

daquele que das pedras a livrou.

 

Quanta injustiça, Judas, tu sofreste

porque Jesus de Nazaré vendeste

no delírio de um ciúme vingador!

 

Não por dinheiro amarguraste a vida,

mas pelo afeto da mulher querida,

pela glória infinita de um amor...

Em sua coluna no site PortoGente, publicada em 1/11/2005, o despachante aduaneiro e cartofilista Laire José Giraud incluiu este poema de Aristheu Bulhões:

Terra de Santos

Ó terra de Santos, festiva, formosa,
Franjada de rosa, beijada de sol!
É justo o prestígio que sempre tu ganhas
Com tuas montanhas, teu lindo arrebol!

As praias de espuma da cor do alabastro,
Teu céu cheio de astros, jardins dando flor,
E teus edifícios, que beijam estrelas,
São paisagens belas, recantos de amor!

Na Ponta da Praia, nas noites de lua,
A balsa flutua, parece dançar...
Faróis que cintilam nos barcos pesqueiros
Projetam roteiros de luz sobre o mar...

A estátua do Santo, na frente da Igreja,
Momentos enseja de crença, de fé.
E ali, Santo Antônio, falando aos peixinhos,
Sugere carinhos e ajuda o Embaré.

Também Boqueirão, que a todos enleia.
Com praia que é cheia de encanto e magia,
Um cromo nos lembra de infinda ternura,
Mostrando a doçura que o mar irradia!

À noite, que o Gonzaga parece uma aurora
Que a fonte aprimora com jatos de luz!
José Menino abre as cortinas do sonho
E ao mundo risonho da vida conduz...

Assim vejo Santos – Cidade feitiço
Que nos dá tudo isso sem nada querer
Se não que o turista de novo a procure
E, amando-a, murmure: "Eu volto a te ver!"