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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - O "Vulcão" - BIBLIOTECA NM
Martins Fontes (C)

Clique na imagem para voltar ao índice desta obraO livrete Vivendo Martins Fontes, da escritora Edith Pires Gonçalves Dias, foi publicado em 2005 e teve a segunda edição em 2007, tendo sido composto e impresso nas oficinas da Gráfica Vice-Rei, com 36 páginas mais capas.

Marco Panchorra fez a produção e o tratamento das imagens, Marcelo da Silva Franco se encarregou da capa e do projeto gráfico, Carlos Fernandes fez a pesquisa e edição e Beto Iemini registrou a foto da autora. A obra teve o patrocínio da Sociedade Portuguesa de Beneficência, com apoios do Museu Martins Fontes e da Fundação Arquivo e Memória de Santos (ortografia atualizada nesta transcrição - páginas 25 a 33):

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Vivendo

Martins Fontes

Edith Pires Gonçalves Dias - SANTOS - 2007

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Poesias selecionadas


Como é bom ser bom

Tu, que vês tudo pelo coração,
Que perdoas e esqueces facilmente,
E és, para todos, sempre complacente,
Bendito sejas, venturoso Irmão.

Possuís a graça como inspiração.
Amas. Divides. Dás. Vives contente.
E a bondade que espalhas não se sente,
Tão natural é a tua compaixão.

Como o pássaro tem maviosidade,
Tua voz, a cantar, no mesmo tom,
Alivia, consola e persuade.

E assim tal qual a flor contém o dom
De concentrar no aroma a suavidade,
Da mesma forma tu nasceste bom.

(Do livro Canções do meu Vergel).


Nada Sou. Nada Tenho

A Affonso Schmidt

Nada sou. Nada tenho. E, noite e dia,
Meu espírito vive a imaginar
O consolo indizível que eu teria
Em dar, em dar, continuamente dar.

E povoa-me o sono esta alegria,
Enche-o de sonhos o prazer sem par
De ser um raio de ouro e de harmonia
Em cada coração e em cada lar.

Dar tudo, a todos, com fervor fraterno!
Ter, porém só para distribuir,
O meu tesouro astral, prodígio eterno…

Dar, não olhando a quem, sem refletir:
Ser como o sol, que lembra o amor materno,
Multiplicado, sem se dividir.

(Do livro Sombra, Silêncio e Sonho)


Folha Solta

Em breve acabarei não assinando
Mais nenhum dos sonetos que componho:
Por vários males e motivos, ando,
À força do sentir, sempre tristonho.

Porque? Mas para que? Se é miserando
Tudo, e, mais do que inútil, enfadonho?
Anonimar-me num imenso bando,
Despersonalizar-me, eis o meu sonho.


Não ter. Não ser em vida. Olhos enxutos.
Mãos vazias. Produzo bagatelas,
Na pobreza dos campos devolutos…


Árvore sou, talvez, das menos belas,
Que solta, por não dar flores, nem frutos,
Centenas de folhas amarelas…


Sonho de um dia de Primavera

Quando eu morrer, quero somente
Ter uma campa toda em flor…
De mim ressurja redolente,
A floração do meu amor.

Porque o meu último desejo
É que esse túmulo risonho,
Tendo o silêncio para o beijo
Seja um recanto para o sonho.

Para que um dia os namorados
Vendo esse ninho encantador,
Nele, escondidos e abraçados,
Venham falar do seu amor.

Essa é a homenagem mais querida,
Essa é a ventura mais secreta,
Que pode ter a alma florida
E apaixonada de um poeta.

Bendita seja a minha sorte
De namorado sonhador.
Se acaso eu for, depois da morte,
A alegre sombra de um amor.

Das recompensas gloriosas
Essa é a mais íntima e sincera!
O amor não vive como as rosas,
Um dia em cada primavera!

Acaba tudo neste mundo,
A vida é um sonho enganador.
Mas, no infinito de um segundo,
O amor é sempre o eterno amor!