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CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - O "Vulcão"
Martins Fontes (4)

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Amigos que conviveram com Martins Fontes deixaram vários depoimentos, como o que foi registrado neste texto, um original de 1925 republicado na edição de maio de 1944 da revista santista Flama (ano XXIII, nº 5), dedicada ao poeta (ortografia atualizada nesta transcrição):
 
Martins Fontes

Coelho Neto

Em dezembro de 1901 (achava-me eu, então, em Campinas), procurado por uma comissão de senhoras, promotoras de um festival em benefício dos pobres de uma paróquia de S. Paulo, fui solicitado a escrever um ato ligeiro para ser representado por amadores.

Achando-me, então, assoberbado de trabalho e não me sendo possível dirigir ensaios em S. Paulo, sugeri a idéia de uma conferência, ou palestra literária, sobre o tema: "A Caridade".

As senhoras sorriram, achando a idéia extravagante; uma, porém, defendeu-a e com uma razão que, desde logo, converteu as mais infensas - a de ser uma novidade. E só po isso foi a idéia aceita e anunciada e, no dia 22 de dezembro, contra a expectativa geral (a minha inclusive), que prognosticava um desastre, encheu-se à cunha o teatro Sant'Ana e, com o produto dessa experiência desmentidora do brocardo, que diz "A palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro", houve pão e lã em muito lar faminto e desagasalhado.

Voltando a residir nesta cidade amada, uma tarde, em conversa com Olavo Bilac e Medeiros e Albuquerque, lembrando-me do grande êxito que alcançara em S. Paulo com "A caridade", propus-lhes organizarmos uma série de conferências em um salão qualquer (e foi logo escolhido o do Instituto Nacional de Música, por ser muito central e de excelente acústica) - sobre temas leves, que pudessem ser tratados com simplicidade e graça.

Bilac fez cara:

"Não temos público para o livro, quanto mais para conferências. Acho mais prático um curso de dança".

Medeiros, porém, concordou comigo e assim, obtida a maioria de votos, o poeta das "Sarças de Fogo" resignou-se, assinando a proposta com a declaração: "vencido..." Vencido, ele! O grande triunfador.

Conspiraram os dois contra mim, atirando-me para a linha de frente. Tendo sido eu o proponente, não me ficaria bem recuar e arregimentei uma guerrilha feminina, marchando com ela, ao sol de um sábado glorioso do ano de 1905, para o Instituto Nacional de Música.

A conferência, que eu levava apenas apontada, versava sobre as "Mulheres da Bíblia". Eu seguia preocupado e dentro de mim, pendurado a um enorme ponto de interrogação, como tabuleta em gancho, balançava-me esta pergunta desanimadora: "Farei eu para as despesas?"

Pois, senhores, as "Mulheres da Bíblia" portaram-se como as companheiras de Pentesiléa, vencendo em toda a linha.

Não ficou uma cadeira vazia e muita gente resignou-se a ouvir de pé.

Bilac, pasmado, aturdido, gesticulava, dizendo a uns e outros: "Não compreendo. Não sei que é isto... Uma enchente assim... Estão loucos!" Eu também não achei explicação para aquilo. Na 2ª conferência, de Bilac, anunciada para as 4 horas, às 3 horas o salão transbordava. Enchente igual na 3ª, de Medeiros de Albuquerque. E falaram no palco do Instituto, sempre para numerosa e escolhida assistência, Alcindo Guanabara, que leu a admirável dissertação sobre "A Dor"; Manuel Bonfim, Severiano de Rezende, D. Júlia Lopes de Almeida, Morales de los Rios.

Do Instituto transferiram-se as conferências para o salão do Jornal do Comércio, depois para o da Associação dos Empregados no Comércio, entraram pelos teatros, invadiram clubes, sociedades e toda a gente armou tribuna por aí e todos os assuntos foram explorados, com elas (batatas) e sem elas, como as "iscas"; mas o público começou a desconfiar do anzol e os pescadores facundos, se não falaram aos peixes, como Santo Antonio, falaram às moscas, porque, para esvaziar um salão, bastava anunciar que nele se realizaria uma conferência.

Sempre houve e haverá exceções, já se vê, e uma delas dar-se-á amanhã à noite na Associação dos Empregados no Comércio, onde Martins Fontes se apresentará, pela primeira vez, ao público desta cidade como conferencista, lendo as páginas rutilantes de "A Cavalhada", um primor literário, repolido com o mesmo capricho com que Paul Saind Victor açacalou, à maneira caprichosa dos alfagemas de Damasco, o seu estudo de armas intitulado "Le Musée d'artillerie".

Martins Fontes é um animador da palavra. Escrevendo, os seus versos fagulham, os seus períodos flamejam. As velhas palavras, as expressões obsoletas restauradas por esse artista, que possui a chave do tesouro da língua, perdem o murge da anciania, refulgurando em brilho como os destroços do montante lendário, apanhados por Siegfried e levados à forja, recompuseram a espada mística, infrangível, que havia de abater o dragão.

Falando é torrencial, os vocábulos saltam-lhe da boca em explosões rutilantes e formam cenários que deslumbram e seres que vivem.

Por um prestígio mágico, apenas a palavra, como um Fiat (N.E.: latim: "faça-se"), ele cria o ambiente e nele desenvolve o drama, dá-nos o meio e as figuras, a música e a ação, a própria vida, como verdadeiro criador, ou Almo, que é.

Quem o ouve segue-lhe a expressão e o gesto como se acompanha a projeção de um raio de luz, vendo o que ele fita, o ponto em que incide e aclara: tanto uma simples figura como uma vasta paisagem, uma cena idílica ou o confuso tumulto de uma batalha.

Ele dá vida ao verbo, torna-o uma alma animadora da sua frase. O termo sai-lhe dos lábios belo e sonoro como do crânio de Zeus surgiu, gloriosa e amada, Atena augusta.

A noite de amanhã será de glória para o poeta, de reabilitação para a tribuna das conferências literárias e de encanto para os que a forem gozar, e eu serei um deles, porque lá estarei com toda a minha alma para rever o amigo e aplaudir o poeta, prestando a homenagem do meu espírito e o culto do meu coração a esse que é grande pelo talento e sublime pela Bondade".

(Crônica publicada no Jornal do Brasil, em 26 de abril de 1925).


"...nada mais sou, trovador naturista, do que festivo e bom, um Tié-Fogo santista" 
- Martins Fontes
Capa da revista santista Flama, de maio de 1944

Na mesma edição da revista Flama, de 1944, estes comentários:

Nababo da palavra

Rui Blaz

Para mim, o maior poeta da língua portuguesa, no Brasil, foi Vicente de Carvalho. Há nas suas rimas alguma coisa que nunca envelhece. As musas puseram nelas o fluído milagroso de eterna mocidade.

Colocado neste ponto de vista pessoal, apoiado pela crítica de muitos, estou bem à vontade para falar do maior predicado literário do imenso vate que inebriou o seu tempo com o fogo da sua mágica palavra, colorida e viva.

A leitura de seus versos, e, por vezes, da sua prosa, nos traz a profunda impressão de que Martins Fontes foi bem o nababo do linguajar, na época em que viveu, pensou e escreveu. Houve quem o comparasse a um mágico de infinitos recursos na sua arte de produção, na qual foi homem de ganhar, ao pedir da vontade.

Com esse poder de criar, feiticeiro dos mais hábeis no manejo da varinha de condão, devia ter andado pelo infinito, de nuvem em nuvem, tirando dos astros a luz, o calor e a variedade com que enfeitou a sua movimentada, a sua estranha, a sua harmoniosa, a sua esplêndida poesia.

Se os calepinos, sempre emburrados e secos, não registravam o termo, necessário, sem perder hora, revestir a idéia, dando-lhe a roupagem adequada. E, depois, que fosse para o léxico, mais tarde, para aí dormir o sono das moedas de oiro velho nas arcas dos somitas.

Não se afligia, jamais, com a tortura tantálica do verso, se lhe faltasse a rima, de momento. O soneto saía, sempre, assim: perfeito sonoro, bonito, animado, luzente, fogoso, metro, rima, justeza, propriedade.

O dicionário que os beneditinos da arte inventaram e onde estão as rimas, desde aquelas que estendem a mão pela pobreza ou penúria, até as mais ricas, andava um tanto desmoralizado. A sua memória tinha a natureza dos espelhos, por que refletia tudo, com precisão. Nessa enorme tela, andavam, ainda, os mais variados recursos: o supremo dom de fantasia, a imaginação mais fecunda, e, por cima, sabia os intrínsecos dos processos gramaticais. Uma coisa o auxiliaria, a la grande, nesse inacreditável manejo, nesse arranjo de palavras. O rouxinol santista se entregava, a pedir de boca, ao trato com os clássicos quinhentistas.

A sua fortuna vocabular não advinha, pois, apenas, do uso e abuso da sua imaginação criadora. Roubava, de sobre mão, o puro oiro dos mestres da língua, em cuja oficina até as varreduras são de vinte e quatro quilates.

Pondo, dessa maneira, no celeiro da sua inteligência, o que foi sempre seu e o dos outros, conseguiu formar essa opulência vocabular que faz a inveja dos mais árdegos senhores da palavra.

Tinha a grandeza da catadupa, de onde se despenhavam termos, expressões, frases e períodos, os mais límpidos e cristalinos. Brincava, nesse particular, com o pensamento e com as palavras.

Por vezes, se tornava macio e brando, como água de arroio, múrmure e encantador. Aqui e ali, era engraçado, quase humorista, galante, decaindo, às vezes, para a irreverência. Mas sempre movimentado, buliçoso, ardente, rico, com os mais sérios recursos literários.

Martins Fontes foi, a nosso ver, o mais opulento manejador do idioma - foi o nababo da palavra.

Ainda nessa mesma edição de Flama, estes comentários:


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Duas datas

Vinte e três de junho relembra o nascimento de Martins Fontes, em 1884.

Vinte e cinco de junho recorda a morte do grande poeta, em 1937.

São duas datas que a história de Santos assinala. E, volvidos anos, a recordação da última é pungente. Será sempre de amargor para os que o conheceram, quiseram e estimaram.

Admirável como Poeta, dos maiores que já rimaram em língua portuguesa, Martins Fontes foi um grande santista, amigo da sua terra, para que tinha desvelos infinitos. Era um grande coração cheio de sol. Uma alma boníssima, cheia de bondade.

Esbelto, cumprimentador, tinha um sorriso para todos, um abraço, um beijo para cada amigo. Santista, bem santista, porque era supremamente bom. Sacerdote de uma religião toda sua - a de fazer bem, espalhando benefícios, lenitivando sofrimentos, aplacando tormentas morais e físicas. Cura de almas. Médico de um humanitarismo elevado ao sublime.

Santos sofreu, com a sua morte, tão prematura, um golpe duríssimo. Recordamos o dia tenebroso em que essa desgraça nos solapou como uma inexorável sentença. Um dia em que o céu se manteve anuviado, como se um imenso manto de crepe se estendesse sobre a cidade. Choramo-lo. E a saudade parece mantê-lo vivo, redivivo, imortal.

Nós, que tanto que lhe queríamos, contraímos a dívida de venerar-lhe a memória. E também a obrigação de lembrá-lo às gerações que vierem, mantendo a tradição de comemorar essas duas datas que jamais se apagarão da história de Santos, terra que ele amou e honrou e dignificou.


Imagem publicada com a matéria

Martins Fontes

Manoel Moreyra

Tive, sempre, por Martins Fontes, uma grande admiração. Admirava-o como homem e como artista.

Como homem - era sincero, simples e bom. Coração aberto, alma pura e generosa, comovendo-se com a pobreza e a miséria, sempre inclinado à piedade e ao amor. Como artista - eu o considerava um dos mais altos valores da poesia sul-americana, tendo mesmo oportunidade de votar no seu nome, para "príncipe dos poetas brasileiros", em substituição a Olavo Bilac, no concurso instituído ha tempos pela revista Fon-Fon.

Certa noite, inesperadamente, Martins Fontes apareceu-me em casa. Apressado, como sempre. Era seu hábito andar às carreiras, devido aos inúmeros compromissos e afazeres.

Disse-me, logo à entrada, que "não podia demorar-se mais do que um minuto". Mas insisti e consegui que entrasse para a modesta saleta, onde me dispus a ouvi-lo, verdadeiramente emocionado com a honra e a surpresa da visita.

E, à medida que Martins Fontes ia falando, no entusiasmo daquela eterna obsessão do seu espírito - que era a "arte divina" -, como que o ambiente se inundava de um amplo clarão. As palavras refulgiam, fagulhavam, e eu, no maravilhoso arroubo, tinha a nítida impressão de uma chuva de estrelas...

O poeta levara consigo os originais das "Canções do meu Vergel", uma esplêndida coletânea de versos que acabara de escrever e pretendia publicar. Queria que, entre tantos mimos da sua inspiração, eu escolhesse o soneto que fosse mais de meu agrado para m'o dedicar, gentileza essa que bastante me sensibilizou.

A escolha, porém, como logo se calcula, era difícil. Martins Fontes, ele próprio, com aquela voz clara e arrebatadora, leu-me alguns sonetos, já esquecido, momentaneamente, da pressa e dos compromissos.

Fiquei indeciso. Se este era lindo, aquele o era mais. E, lidos pelo próprio autor, todos eles se me afiguravam verdadeiras obras-primas.

Na impossibilidade de optar por diversos, decidi fazer a escolha ao acaso. E esta recaiu no magnífico soneto "A carnaubeira", que está, efetivamente, incluído nas "Canções do meu Vergel", tendo sido também publicado em "Guanabara" com o título "A carnaubeira da Gruta Paulo e Virgínia".

Reproduzo, aqui, esses admiráveis versos, que sei de cór, fechando, assim, com chave de ouro, esta despretensiosa croniqueta evocativa:

É maravilhoso! A palmeira
Canta! O vento, nas cordas ou ramadas,
Passa, e faz modular a Carnaubeira,
De caprichosas folhas embricadas!

E escuta-se a moleza feiticeira
Dos violões em melódicas toadas,
A música da trova brasileira
Nos choros, nos lundus, nas emboladas!

Vem das raízes essa voz canora,
E, quando a fronde musical se enflora,
Em pendões farfalhosos se descerra"

A árvore-orquestra, ao surdinar da brisa,
Cromatizando escalas, sinfoniza
Os motivos temáticos da Terra!

Nessa mesma edição de Flama, de maio de 1944, os versos de Martins Fontes:

A canção cor de rosa

Sempre vivi de amor. Quando eu era criança,
Namorei uma estrela, adorei uma rosa...
Porém, se sempre amei, nunca tive esperança,
Nunca fiz a menor confidência amorosa...

Não sei porque motivo o coração não cansa
Da existência tornar sempre fantasiosa...
O verdadeiro amor é o que jamais se alcança,
Só se ama, a vida inteira, a ilusão caprichosa...

E é porque sei que tu não poderás ser minha,
E a tua perfeição, nem de longe, adivinha
o culto, a hiperdúlia em que vivo a envolvê-la,

Que ando, maravilhado, ao sabor do destino,
Hoje, como no tempo em que, poeta menino,
Namorava uma rosa, adorava uma estrela...

 

Igualmente publicados na Flama de maio de 1944:

De joelhos e de mãos postas

Amas! Não pode haver bênção mais pura
Do que amar e sentir-se bem-querido!
Ter o encanto, a recíproca ventura
De humanamente ser correspondido!

Amas! Sofres a máxima tortura!
Foste por teu amor desiludido!
Esvazias o Cálix da Amargura,
Abafando, em silêncio, o teu gemido!

Amas! E não conheces, em verdade,
O amor, que, em sua luminosidade,
O infinito num beijo condensou!
Porque sejas embora sábio, ou santo,
Nunca hás de amar a tua Mãe, no entanto,
Como sempre, e em segredo, ela te amou!

 

E também:

Adoração

Quem disser que a paixão como o fogo se apaga,
E os soluços do amor são efêmeros ais,
Que tudo é igual ao vento ou semelhante à vaga,
Não o creias jamais, não o creias jamais.

Desde o primeiro olhar, quem de amor se embriaga,
Sente que as atrações são mistérios fatais,
O amor é como o sol cuja luz se propaga,
Em crescente esplendor, em clarões imortais.

Há vinte anos em mim irradia uma aurora!
Amei! Amo! Amarei! Amanhã como outrora!
Arde o meu coração em contínuo fulgor!

É imutável, eterno o meu sonho adorado,
Para te sempre amar, bata-me haver-te amado,
O Amor do teu Amor, eis o Amor, meu Amor!

 

Na edição seguinte de Flama, em junho de 1944, saíram estes versos de Martins Fontes:

Fascinação

Amo-te, amo-te muito, amo-te ardentemente,
Sem poder confessar esta paixão profunda,
Este ciúme brutal que surge, de repente,
E os meus olhos febris de lágrimas inunda.

No desespero atroz, em que vivo e me inflamo,
O amor universal meu coração encerra!
Porque eu te amo de um modo extraordinário! eu te amo
Como ninguém amou sobre a face da terra!

Mas, como descrever esta paixão insana,
Esta implacável sede, este anseio faminto,
Se, as imagens verbais da confissão humana,
Jamais conseguirão traduzir o que eu sinto?

Ouço uma orquestra em mim, que soluça e que canta!
O coração me estala, em nervosos arpejos!
E esta música sobe, e atravessa a garganta,
E em meus lábios estruge em blasfêmias e beijos!

Eu, que nunca perdoei, tendo embora sofrido
Tanto e tanto por ti, meu único reclamo,
Perdoaria a amargura, em que tenho vivido,
Se te ouvisse dizer, à hora da morte: - "Eu te amo!"

Quando olhares o céu, como, às vezes, eu faço,
Comparando à minh'alma a noite que se eleva,
Pensa que o meu amor é imenso como o espaço,
Cheio de estrelas de ouro irradiando na treva!

Esta paixão cruel, em que vivo e palpito,
E me faz padecer, no maior desalento,
Dá-me a estranha impressão de um suplício infinito,
A certeza fatal do eterno sofrimento!

 

Nota do Almanaque de Santos - 1969, editado por Roteiros Turísticos de Santos, de P. Bandeira Jr., e tendo como redator responsável Olao Rodrigues (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda), em "Jóias da Poesia Santista" - página 176:

Minha Mãe

Beijo-te a mão, que sobre mim se espalma

para me abençoar e proteger.

Teu puro amor o coração me acalma;

provo a doçura do teu bem-querer.

 

Porque a mão te beijei, a minha palma

olho, analiso, linha a linha, a ver

se em mim descubro um traço da tu'alma,

se existe em mim a graça do teu ser.

 

E o M, gravado sobre a mão aberta,

pela sua clareza, me desperta,

um grato enlevo, que jamais senti:

 

Quer dizer - Mãe - este M tão perfeito,

E, com certeza, em minha mão foi feito,

Para, quando eu for bom, pensar em ti.

 Martins Fontes

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