Clique aqui para voltar à página inicialhttp://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult006q05.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 02/13/14 14:08:24
Clique na imagem para voltar à página principal
CULTURA/ESPORTE NA BAIXADA SANTISTA - Ribeiro Couto - BIBLIOTECA NM
Rui Ribeiro Couto (17-E)

Clique na imagem para ir ao índice desta obraUma das obras de Rui Ribeiro Couto é O Crime do Estudante Batista, aqui transcrita em primeira edição digital, a partir do livro publicado em 1945 pela Companhia Editora Nacional (São Paulo - Rio de Janeiro - Recife - Bahia - Pará - Porto Alegre), em segunda edição. A obra faz parte do acervo de Rafael Moraes transferido à Secretaria Municipal de Cultura de Santos e cedida a Novo Milênio pelo secretário Raul Christiano para digitação/digitalização (ortografia atualizada nesta transcrição - páginas 91 a 106):

Leva para a página anterior

O crime do estudante Batista

Ribeiro Couto

Leva para a página seguinte da série

O Primeiro Amor de Antônio Maria

- Seu Vieira, venho pedir-lhe para não comparecer amanhã.

Gordo, com os braços peludos a sobrarem da camisa arremangada, o sr. Vieira ergueu os olhos espantados para o caixeiro, demorou-os nele, em silêncio, prolongando o espanto, como a pedir uma explicação.

- É que tenho que tratar de uns interesses de família, umas coisas... Dou-lhe a minha palavra que é por necessidade.

Não era preciso que Antônio Maria desse a palavra. No espanto do sr. Vieira não ia nenhuma censura a ele. Ia apenas uma grande surpresa. Durante os cinco anos em que vinha prestando a sua colaboração obscura e pertinaz à fortuna crescente de Soares Vieira & Cia., Exportadores, Antônio Maria, caixeiro modelar, jamais faltara um dia, nem mesmo por doença.

Não que fosse um tipo sadio. Pelo contrário, era pálido, magro, olheiroso, um pouco acurvado, com um pescoço de cegonha. Às vezes, escrevendo, fazia uma careta, apalpava o fígado, ou o peito, ou então aparecia rouco, tomando a furto colheradas de xarope. No entanto, nunca faltara um só dia.

E agora, de súbito, ao fim de cinco anos daquele rigor no cumprimento meticuloso dos deveres, Antônio Maria pedia para faltar - e para faltar no dia seguinte. Devia haver uma razão gravíssima, e o sr. Vieira não se opôs. Concedia-lhe faltar um dia, dois, três, até mais... Disse isso sorrindo, mas guardando no sorriso, sem querer, a diluída expressão do seu espanto.

- Está satisfeito?

- Muito obrigado - murmurou Antônio Maria passando o lenço pela testa suarenta, angustiada.

Fazia um tempo fresco, sol brando e vento ligeiro a entrar pela janela. Antônio Maria, não obstante, suava. Fizera um esforço inaudito para soltar o pedido, depois de meia hora de uma ronda indecisa em torno da larga mesa do chefe.

Agradeceu mais uma vez, dobrando meio corpo numa reverência desajeitada e despediu-se:

- Então com licença.

- Venha cá...

Antônio Maria ficou frio. O chefe ter-se-ia arrependido? Iria recusar?

O sr. Vieira arremangou mais o braço esquerdo e por acaso os olhos do caixeiro pousaram no quase imperceptível traço branco de uma velha vacina. Depois, com a mesma calma instalada, superior, um pouco irônica, o sr. Vieira arremangou mais o outro braço. Antônio Maria esperava... Por fim, o chefe disse, devagar:

- Seu Antônio Maria: será que você vai casar: o menos convide a gente.

Antônio Maria gaguejou umas palavras confusas, atrapalhando-se todo. O patrão pensou: "É de fato um cretino. Não fosse cumpridor dos deveres como é e já estaria na rua. Enfim, eu simpatizo com esta besta." Depois, vendo que o empregado, a passar o lenço pela testa, não sabia o que responder, o chefe teve pena. Deu-lhe um tapa amistoso no ombro:

- Vá, vá-se embora... Tem três dias de licença. Case e seja feliz.

- Perdão... Dou-lhe a minha palavra... É apenas uma mudança, uma instalação de família... Sou obrigado... Sob minha palavra...

- Eu sei... Faça um vale de 50$000... Não será descontado. Vá...

- Obrigado, seu Vieira, muito obrigado.

***

Passados três dias, Antônio Maria voltou ao trabalho. Aquela ausência foi comentadíssima no escritório. Havia mistério em torno da sua verdadeira razão e isso exasperava os rapazes. Um deles ouvira o chefe fazer a pilhéria do casamento e começaram a insistir naquilo:

- Então, Antônio Maria, casou e nem sequer comunicou à gente?

- Está pálido...

- Com olheiras... Coitado, não vá com muita sede ao pote.

- Precisa entrar agora num regime de gemadas.

Era irritante, grosseiro, insuportável. Ele pedia que o deixassem, que não o aborrecessem, mas era inútil. De vez em quando lá vinha a ferroada:

- Antônio Maria, vamos parar com isso. Você está um espeto.

Antônio Maria não era simpático aos companheiros do escritório. Devia andar pelos trinta anos, apesar daquele físico de menino e da cara imberbe. Pois com essa idade não se lhe conhecia um amor, um namoro, mesmo uma pândega de uma noite. Antônio Maria era discreto, tímido, desconfiado e refratário a camaradagens. Aos sábados, a caixeirada alegre de Soares Vieira & Cia. reunia-se em bando e ia aos cabarés. Antônio Maria nunca os acompanhava. Tinham querido propô-lo para sócio do Vasco da Gama e ele recusara.

- Você deve remar, Antônio Maria. Criar peito! O que vale na vida é o muque.

Antônio Maria encolhia os ombros. E isso tudo irritava os colegas. Não havia ali naquele escritório ninguém tão impenetrável. Ele era o excepcional, o pretensioso, o sem-amigos...

Sim, debaixo dos seus modos vagos de rapaz doentio ocultava-se uma pretensão sem limites. Sem dúvida. Não podia deixar de ser assim - opinava em geral a caixeirada de Soares Vieira & Cia. Hostilizavam-no em pequeninas coisas, por isso. Como Antônio Maria era bom, generoso, sem prevenções contra ninguém, essas hostilidades caíam no vácuo. Ele tinha, além de uma alma simples, a virtude do zelo no trabalho. Era a sua força. Enquanto outros, quando encontravam um pretexto, faltavam ao serviço, ou demoravam-se dias e dias em casa, se enfermavam, ele era impecável. Fosse como fosse, às oito da manhã estava ali na Rua General Câmara, esquina de Primeiro de Março, esperando que se abrisse a porta.

Por todas essas razões, a licença de três dias, que o chefe dera a Antônio Maria, açulara as antipatias contra ele. Depois, sempre aquele mistério, aquele silêncio a respeito da vida particular, que fazia com que os rapazes perversamente lhe atribuíssem viciosas satisfações solitárias.

Antônio Maria manteve a simplicidade quotidiana da sua atitude. Sabia-se apreciado pelos patrões e isso lhe dava um íntimo orgulho. O resto, tolices. Era a vida!

***

Daí a um mês, todavia, uma notícia picante circulou entre os rapazes da casa, em murmurações. Um deles vira Antônio Maria, à noite, entrar num cinema do Meyer com uma mocinha magra. Portanto, Antônio Maria andava de amores. E daí por diante foi maior o tormento.

- Como vai madame?

Ele negava tudo. Não entrara em cinema nenhum do Meyer, muito menos com uma mulher. Era invenção do Carlos. O Carlos não tinha o que fazer.

Carlos zangou-se:

- Antônio Maria, você tem coragem de negar?

Antônio Maria corou, titubeou diante do olhar fixo, límpido, do Carlos, campeão de canoa a dois do Vasco da Gama. Oh! estava confirmado tudo! Antônio Maria andava de amores...

- Madame como passa?

Agora, se o encontravam com um embrulho na mão, à tarde ao tomar o bonde, exclamavam:

- Bravos, fazendo o pai de família, hein:

- Beijinhos nas crianças...

De outra vez foi visto num circo da Praça da Bandeira, num domingo. A moça era morena, um pouco avelhentada, mas com uma expressão viva, de malícia, nos olhos inquietos. Fora o Jorge que os apanhara. De propósito, foi dar boa noite, bem de perto, para afazer sentir a Antônio Maria que desta vez era impossível negar. Jorge ainda ouviu a voz da mossa perguntar: "Quem é?" e a dele responder com mau humor: "Um colega de escritório" E por maldade fora sentar-se perto dela, para flertar... E ela flertara com ele.

No dia seguinte, toda a caixeirada de Soares Vieira & Cia., Exportadores, olhava Antônio Maria com sorrisos mais terríveis do que antes. Repetia-se pelos cantos:

- O Jorge flertou com a amante do Antônio Maria num circo da Praça da Bandeira... Hah! hah!

O mistério a desvendar, agora, era o lugar onde Antônio Maria fora esconder o seu primeiro romance. Os colegas nadavam farejando, mas foi inútil. Alguns arriscavam:

- Quando é que você nos convida para uma feijoada completa, um domingo destes?

Jorge, então, jurou descobrir onde morava Antônio Maria.

- Ele é manso, não será coisa difícil.

Fizeram-se apostas.

***

Evidentemente, viam-no entrar sempre em lojas e fazer pequenas compras denunciantes. Não podia tratar-se apenas de uma namorada, ou de uma noiva, como alguns, por exceção, tinham pensado. Era collage.

- Ele ontem comprou xícaras. Eu vi, com estes olhos.

O caso de Antônio Maria foi-se tornando, dia a dia, insensivelmente, um caso importante. Já quase não caçoavam com ele. Antônio Maria fazia-se digno de respeito pela sua admirável atitude indiferente. Em compensação, na sua ausência, combinavam planos. O Jorge, que apostara conquistar-lhe a amante, já afrouxara o compromisso. QUeixava-se de que Antônio Maria era invisível. Não aparecia pela cidade com a moça. Ninguém podia saber onde moravam. Tinha tentado segui-lo três vezes, mas Antônio Maria sumia diante dele, sempre.

Até que o Pereira, o ajudante de guarda-livros, um que tinha a cara crivada de espinhas e era conhecido em todos os clubes e ruelas da Lapa, chegou uma vez ao escritório com ar melancólico.

- Perdeu esta noite na roleta... - murmuraram. Levou na cabeça.

- Ó Pereira, estão dizendo que você esta noite levou na cabeça. É fato?

Pereira chamou os companheiros à roda, tomou a atitude de quem vai fazer uma revelação grave e disse lentamente:

- Camaradas, estou muito impressionado com uma coisa. Ontem não dei importância, mas agora de manhã vim pensando nela pelo bonde.

- Que é?

- Vocês vão ficar admirados, vão pensar que é pilhéria, que eu estou mentindo etc.

- Deixa disso, Pereira. Conta.

- Pois bem: ontem fui ao Meyer ver uma criatura. Depois do jantar ela insistiu para que fôssemos a um cinema dali. Fomos. O Antônio Maria estava lá com a amiga.

- Eu já esperava. Quando você falou em cinema do Meyer eu vi... ia aparecer o Antônio Maria.

- Mas, esperem, o melhor é agora. Vocês sabem quem é a amiga do Antônio Maria?

E suspendeu.

Aí, a roda toda apertou-se mais em torno de Pereira, numa curiosidade que palpitava nos olhos. Pereira ficou um momento em silêncio, dominando, e respondeu ele mesmo:

- Uma femeazinha que eu conheço muito da Lapa.

- O quê, seu Pereira?

- Da Lapa?

- A Chiquinha Mineira, apenas. Do 59 da Rua Joaquim Silva.

- A Chiquinha Mineira? Do 59? Conheço! - exclamou um, no meio do espanto geral.

- Pois é ela.

Ficaram a olhar-se uns aos outros com vontade de rir, ao mesmo tempo que uma comiseração irresistível, misturada de respeito, dominava-os sem querer. Pereira concluiu:

- Vejam vocês que caso doloroso o do Antônio Maria... A gente aqui intrigada - tratava-se simplesmente da Chiquinha Mineira...

Jorge então afetou atitudes:

- Nesse caso vocês desculpem, mas eu desisto de enganar o Antônio Maria...

Pilheriaram:

- Não, senhor, as apostas estão de pé... Ou você cava a Chiquinha Mineira ou paga os vários jantares e vários almoços que apostou com a gente.

Nesse momento Antônio Maria passou por ali. Percebeu, pelo agrupamento e pelo silêncio que se fez, súbito, que se tratava dele. Cumprimentou com a costumeira indiferença, aquela indiferença humilde que desconcertava aos espertos rapazes de Soares Vieira & Cia., Exportadores. Um deles lançou:

- Então? Quando teremos o bebê?

Antônio Maria sorriu sem responder e desapareceu numa porta.

O Chiquinho, um pequeno pálido, de cara cínica, voltou-se para Jorge:

- Como e, comandante, o meu almoço?

Pereira também atacou o colega:

- Pois é, Jorge, ou você se atira para cima da Chiquinha, ou paga o pirão para a rapaziada.

Jorge, 2º secretário do Centro Dançante do Estácio, sentiu que ia brilhar:

- Pago.

***

Algumas semanas passaram e o caso de Antônio Maria ficou sendo, nos escritórios de Soares Vieira & Cia., um caso banal. Toda gente sabia que ele vivia com uma mulher e que essa mulher era a Chiquinha Mineira. Naturalmente, ninguém era capaz de grosseria maior que as insinuações habituais. Sabia-se, aliás, que o sr. Vieira, recentemente, dissera a alguém:

- Eu acho o procedimento do Antônio Maria muito nobre. Quanta gente por aí não tem feito o mesmo e é hoje feliz? Da lama, às vezes, saem excelentes criaturas. Deixem o Antônio Maria viver como entende. Bom rapaz!

A apreciação do chefe correu pelo pessoal da casa. Em torno do Antônio Maria adensou-se o respeito. Aquele magricela, pescoço de cegonha, olheiroso, amarelado, que em cinco anos só uma vez faltara ao serviço, fora buscar, para fazer o seu ninho, uma mulher da Lapa...

A preocupação de saberem onde ele morava desapareceu. Agora estavam mais ou menos a par de tudo. Morrera o interesse das indagações. Morava lá pelo Meyer, talvez; ou ali pelas imediações do Morro do Senado... Já se sabia que era com a Chiquinha Mineira. Isso era o principal. Bastava.

E uma tarde espalhou-se que Antônio Maria ia partir para Barbacena. Era lá que vivia a família dele. Antônio Maria, por causa da enfermidade de um parente, passaria em Barbacena duas semanas. Quiseram saber:

- Quem é que está doente na sua família?

- Um menino, meu sobrinho.

- Ah!

***

No fim de duas semanas, Antonio Maria escreveu ao chefe pedindo mais quinze dias. O sr. Vieira concedeu.

- Vocês acreditam nessa história de doença na família do Antônio Maria? Ele foi mas é passar a lua de mel em Barbacena.

- Como é, junto da família? Seria um escândalo.

- Vocês estão comendo mosca: o Antônio Maria já está é casado com a Chiquinha Mineira. Senão ele não iria.

Outro observou:

- O fato é que depois do aparecimento da Chiquinha Mineira na vida do Antônio Maria ele mudou bastante.

- Realmente.

- Digam o que disserem: ele já não é o mesmo no serviço. Já não tem o mesmo capricho.

- Mulher na vida da gente é assim - comentou Carlos, o campeão de canoa a dois.

***

No escritório de Soares Vieira & Cia., Exportadores, não havia férias para os empregados. Era muito raro alguém obter ali uns dias de descanso. Por isso a viagem de Antônio Maria despertara um ciúme irreprimível.

Ao termo das duas novas semanas de licença, o chefe recebeu outra carta do caixeiro: precisava de mais um mês, agora desistindo mesmo dos vencimentos, sendo necessário. O parente estava à morte. A mãe rogava-lhe pelo amor de Deus que não voltasse ao Rio naquele momento, que esperasse umas melhoras do doente. Ele sentia mesmo que o seu dever era ficar, ainda que com risco de desmerecer na confiança da casa e perder o lugar.

Desta vez o sr. Vieira se aborreceu. Sabia que o pessoal do escritório andava furioso com a ausência de Antônio Maria, atribuída à lua de mel, e temia que outros quisessem se aproveitar do precedente para pedir licenças também. Seria a indisciplina. Mas o sr. Vieira simpatizava com Antônio Maria por causa daquela sua virtuosa aplicação aos deveres. Não teve coragem de mandar dizer-lhe que a licença estava acabada. Demais, tratava-se mesmo de um caso de doença. Antônio Maria não era mentiroso. E telegrafou ao empregado que ficasse o tempo que quisesse, com ordenado e tudo.

Mas, dentro daquela mesma semana, inesperadamente, Antônio Maria apareceu de luto no escritório. Chegara, na véspera, à noite. Os colegas fizeram-lhe uma acolhida afetuosa, tocados de pena. Antônio Maria não mentira.

- Então morreu o seu sobrinho?

- Morreu.

- Coitado! De quê?

Antônio Maria deu com o indicador umas pancadinhas no peito, para mostrar que a moléstia fora a tísica. Disseram-lhe palavras consoladoras. Depois, para desviarem do assunto, que era aborrecido, pediram notícias da viagem.

- Como deixou Barbacena?

- Muito bem.

- Você é mesmo de Barbacena, Antônio Maria?

- Sou.

- Ah! conheci um rapaz de lá.

Como o chefe chegasse nesse momento, Antônio Maria, sorrindo com doçura, foi apresentar-se a ele:

- Seu Vieira, Deus lhe pague...

- Qual! E que é isso? Luto? Morreu o menino?

Entraram para o gabinete. O sr. Vieira pôs-se a tirar o paletó e o caixeiro explicou:

- Infelizmente, seu Vieira.

E ficou silencioso. O chefe depôs o paletó no cabide:

- Pois lamento, rapaz. Quantos anos tinha o seu sobrinho?

Antônio Maria esteve um instante sem responder e disse de repente, num arranco:

- Bem, seu Vieira, ao senhor eu conto: quem morreu foi minha irmã, aquela moça que eu tinha recolhido.

- Hein?

- O senhor deve ter ouvido falar... Era o assunto predileto do pessoal aí dentro...

- Uma com quem você vivia?

Antônio Maria teve um riso contraído de angústia:

- Eles aí dentro pensavam... pensavam que fosse amante... Era minha irmã, que tinha fugido de casa há quatro anos e eu fui encontrar por acaso, na Lapa, nomeio daquela gente... Coitadinha, estava já tuberculosa. Levei-a para Barbacena, para a casa da tia que nos criou, para ver se ela melhorava. Mas já estava muito adiantada, seu Vieira.

Acanhado, recuando para a porta, Antônio Maria disse para o chefe, que o contemplava de sobrolhos franzidos, imóvel na cadeira:

- Desculpe recomendar-lhe: isto fica entre nós, seu Vieira.

E saiu.