Nota preliminar
Publicado em 1922 por Monteiro Lobato & Cia., este volume d'O Crime do Estudante Batista, assim como o d'A Casa do Gato Cinzento - saído a lume no ano anterior - deve ser considerado como simples trabalho de adolescência. os
contos d'A Casa do Gato Cinzento foram escritos entre os dezessete e os vinte anos; os do outro volume, entre os vinte e os vinte e dois.
Não obstante o favor de que gozou desde logo O Crime do Estudante Batista, não me animei a uma segunda edição, porque teria desejado refazer
todo o livro, cujas imperfeições a mim mesmo já eram patentes. Passaram-se os anos e cada vez menos me seduzia essa tarefa.
Circunstâncias diversas levam-me a publicar de novo O Crime do Estudante Batista, bem como seis dentre as onze narrativas (as que me parecem
menos pueris) d'A Casa do Gato Cinzento.
Se eu escrevesse que esta reedição é feita agora a instância de amigos, estaria dizendo a verdade; prefiro, entretanto, não me refugiar na
benevolência e na afeição desses amigos, e confessar que com a idade me sinto eu próprio mais benevolente para com certo ansioso literato, mal saído da adolescência, de pince-nez e topete, enfermo de inexplicáveis nostalgias nos dias de
chuva.
Ultimamente, pus-me a fazer alterações, aliás ligeiras e superficiais, no texto de alguns destes contos. Verifiquei que não valia a pena
prosseguir. A retocar o retrato, desfigurando uma obra de primeira mocidade, preferi deixar-lhe os traços autênticos, ainda que pálidos pelo curso do tempo, e ingênuos, talvez.
Rio, abril de 1943.
R. C. |