CAPÍTULO
5 Metodologia
5.1. Escolha
e funcionamento do sistema de recirculação
Nossa escolha
pela implantação de um sistema intensivo em tanques de recirculação
contínua se baseia na baixa disponibilidade de água e terreno
e boa disposição para investimentos, em concordância
com Rakocy (1989) e ABRACOA (2004), quando comparam culturas em tanques
com culturas em lagos ou gaiolas.
Segundo Teixeira
Filho (1992), sobre as dimensões do tanque, deve-se escolher uma
relação de proporcionalidade, nem tanto na busca de imitar
a Natureza, mas no afã de aperfeiçoar, aos interesses do
criador, os traços de contorno e proporcionalidade. O tanque no
sistema de recirculação funcionará com uma bomba sugando
a água do centro, a qual através da tubulação
será lançada em um conjunto de filtros para a remoção
dos sólidos em suspensão. As partículas sólidas
em suspensão, na sua grande maioria, serão removidas.
Sabemos que
a eficiência do sistema de filtros diminuirá de acordo com
o uso e a quantidade de material filtrado. De acordo com McMillan et
al. (2003), altos níveis de sólidos suspensos podem representar
um problema, tanto para o peixe como para os componentes do sistema de
recirculação. Após a passagem pelo conjunto de filtros,
a água retornará ao tanque sem a necessidade de lançá-la
ao rio ou a um corpo d’água. Esse sistema, de acordo com Rakocy
(op cit.), tem como característica não efetuar grandes
lançamentos de efluentes em corpos d’água, diminuindo assim
o impacto ao meio-ambiente.
O sistema de
recirculação é simples na sua concepção,
já que o percurso da água não sofre influência
externa - o sistema é fechado -, minimizando assim o impacto ao
meio-ambiente através de produções não-agressivas,
e funcionará dentro de uma área coberta. Outro diferencial
deste sistema é a redução do período da safra,
uma vez que a qualidade de água é mantida em condições
ideais para a espécie trabalhada e a nutrição é
feita em sua totalidade através de rações completas
e balanceadas (ABRACOA, op cit.).
Para manter
um adequado nível de oxigênio dissolvido na água utilizaremos
um aerador, com capacidade de fornecer 1.800 litros/minuto, pois, como
relata Rakocy (1989), o oxigênio dissolvido (O. D.) é o fator
limitante primário para tanques de cultura intensiva e a limitação
do suprimento de água freqüentemente restringe as taxas de
troca.
5.2. Testes
Físico-Químicos
Para que o
sistema de recirculação funcione perfeitamente, precisamos
ter um controle intenso das características físico-químicas
da água utilizada. Dentro desse sistema, o controle destes fatores
se dará através dos testes feitos no laboratório da
própria escola, com amostras coletadas dentro da especificação
e da periodicidade adequada a cada teste, segundo recomenda Ostrensky &
Boeger (1998).
O teste de
amônia será feito coletando-se 5 ml de água e aplicando-se
1 ml do reagente 01 e duas gotas do reagente 02; agitará-se a cubeta
e esperar-se-á 10 minutos para, através de uma tabela de
cores, identificar o nível de amônia na amostra. O valor dentro
do sistema de cultivo para a amônia será em torno de 1,0 mg/l,
abaixo dos 2,0 mg/l a partir dos quais, segundo Popma & Masser (1999),
pode acarretar alta mortalidade. Sabe-se que em alguns cultivos os peixes
continuavam se alimentando mesmo com valores acima dos parâmetros
normais. Dentro desse controle, o teste de pH é de fundamental importância,
já que a sua variação pode levar à morte de
toda a produção em minutos. Segundo Ostrensky & Boeger
(op cit.), para cada unidade de aumento do pH, a quantidade de NH3 aumenta
10 vezes na água. O valor do pH será mantido na faixa de
6,8, dentro da faixa recomendada por Popma & Masser(op cit.),
para que a amônia, mesmo que fique em valores acentuados, não
seja tóxica aos peixes.
De acordo com
MÃMAR & CYRINO (1986), a turbidez será controlada através
do disco de Secchi, e recomenda-se uma transparência da água
em torno de 25 a 35 cm de profundidade, sendo que poderá adquirir
valores menores dependendo do material que estará em suspensão,
como restos orgânicos e plâncton. A concentração
de oxigênio dissolvido dentro do sistema deverá ser mantida
entre 6 e 8 mg/l, pois, como sugere Mamar & Cyrino (1986), possibilitará
uma maior salubridade para o plantel.
5.3. Manejo
de ração
O fato de não
ter que despender calorias para controlar a temperatura do próprio
corpo e gastar pouca energia para se locomover na água faz com que
os peixes tenham uma necessidade de ingestão calórica muito
menor que os animais de sangue quente (SPERANDIO, 2001).
De acordo com
Kubitza (1999), em piscicultura intensiva os gastos com alimentos e rações
podem representar de 5 a 80% do custo de produção. Desta
forma, a adequação do manejo nutricional e alimentar aos
diferentes sistemas de cultivo e espécies de peixes é uma
das maneiras mais eficazes de minimizar os custos de produção,
aumentar a produtividade e maximizar a receita líquida por área
de cultivo.
Ainda segundo
o autor, o uso de alimentos e rações de alta qualidade e
de estratégias eficazes de alimentação possibilitará
otimizar o crescimento dos peixes (reduzindo o tempo de cultivo e aumentando
o número de safras anuais) e a eficiência alimentar, minimizando
os custos com ração; minimizar o potencial poluente das rações
e, conseqüentemente, maximizar a receita líquida por unidade
de área.
De acordo com
ABRACOA (2004), no sistema superintensivo, por não existirem alimentos
naturais disponíveis aos peixes, estes devem ser ricos em proteína
e fornecidos em quantidades que variam de 4 a 10% da biomassa estocada,
de acordo com a idade e peso dos animais. Ainda segundo o autor, espécies
tropicais, como tilápias, podem ser cultivadas com sucesso de alevinos
até o peso comercial com rações completas com 36%
de proteína bruta.
Apesar do aumento
de custo gerado pela escolha de ração extrusada, esta
se justifica, segundo Kubitza (1999), pelo fato de apresentar uma melhor
eficiência alimentar nos peixes e, conseqüentemente, menor deterioração
da qualidade da água.
5.4. Adensamento
Na piscicultura
intensiva, a espécie é cultivada em alta densidade de povoação
(FURTADO, 1995). Para um sistema de recirculação, a densidade
de estocagem varia de 40 a 70 kg/m³, com um volume diário de
renovação de água (3 a 15%) (ABRACOA, 2001), ou seja,
cerca de 125 peixes/m³. Logo, em um tanque com 10 m³ poderemos
ter em média 1.250 peixes.
5.5. Despesca
A despesca
acontecerá quando os peixes atingirem o peso de 400 g, segundo Castellani
(2002) o peso comercial, e, com o controle de todos os fatores, principalmente
da temperatura, os peixes poderão atingir esta marca por volta de
4 meses de cultivo, segundo Popma & Masser (1999). Neste caso, consideramos
a possibilidade de 3 despescas por ano.
Nesta etapa,
os peixes deixarão de ser manipulados por professores, estagiários
e alunos, e passarão a ser de responsabilidade dos nutricionistas
da escola, os quais dispõem de toda a infra-estrutura (freezers,
bancadas etc.) para a preparação dos organismos visando à
merenda escolar.
Primariamente,
daremos maior prioridade ao atendimento da merenda escolar aos alunos de
1ª a 4ª séries e, posteriormente, as séries seguintes
passarão a ser beneficiadas. |