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EMEF "Bernardo José Maria de Lorena" - PISCICULTURA (2)
Piscicultura na Escola (D)

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Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - "Aspectos econômicos, sociais e ecológicos da piscicultura e proposta de desenvolvimento de cultivo de tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) em escola municipal de ensino regular em Cubatão-SP" - apresentado em 2004 à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos/SP, pelos estudantes Victor Fernandes Borges e André Ricardo Sanches:
 
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CAPÍTULO 5
Metodologia

5.1. Escolha e funcionamento do sistema de recirculação

Nossa escolha pela implantação de um sistema intensivo em tanques de recirculação contínua se baseia na baixa disponibilidade de água e terreno e boa disposição para investimentos, em concordância com Rakocy (1989) e ABRACOA (2004), quando comparam culturas em tanques com culturas em lagos ou gaiolas.

Segundo Teixeira Filho (1992), sobre as dimensões do tanque, deve-se escolher uma relação de proporcionalidade, nem tanto na busca de imitar a Natureza, mas no afã de aperfeiçoar, aos interesses do criador, os traços de contorno e proporcionalidade. O tanque no sistema de recirculação funcionará com uma bomba sugando a água do centro, a qual através da tubulação será lançada em um conjunto de filtros para a remoção dos sólidos em suspensão. As partículas sólidas em suspensão, na sua grande maioria, serão removidas.

Sabemos que a eficiência do sistema de filtros diminuirá de acordo com o uso e a quantidade de material filtrado. De acordo com McMillan et al. (2003), altos níveis de sólidos suspensos podem representar um problema, tanto para o peixe como para os componentes do sistema de recirculação. Após a passagem pelo conjunto de filtros, a água retornará ao tanque sem a necessidade de lançá-la ao rio ou a um corpo d’água. Esse sistema, de acordo com Rakocy (op cit.), tem como característica não efetuar grandes lançamentos de efluentes em corpos d’água, diminuindo assim o impacto ao meio-ambiente.

O sistema de recirculação é simples na sua concepção, já que o percurso da água não sofre influência externa - o sistema é fechado -, minimizando assim o impacto ao meio-ambiente através de produções não-agressivas, e funcionará dentro de uma área coberta. Outro diferencial deste sistema é a redução do período da safra, uma vez que a qualidade de água é mantida em condições ideais para a espécie trabalhada e a nutrição é feita em sua totalidade através de rações completas e balanceadas (ABRACOA, op cit.).

Para manter um adequado nível de oxigênio dissolvido na água utilizaremos um aerador, com capacidade de fornecer 1.800 litros/minuto, pois, como relata Rakocy (1989), o oxigênio dissolvido (O. D.) é o fator limitante primário para tanques de cultura intensiva e a limitação do suprimento de água freqüentemente restringe as taxas de troca.

5.2. Testes Físico-Químicos

Para que o sistema de recirculação funcione perfeitamente, precisamos ter um controle intenso das características físico-químicas da água utilizada. Dentro desse sistema, o controle destes fatores se dará através dos testes feitos no laboratório da própria escola, com amostras coletadas dentro da especificação e da periodicidade adequada a cada teste, segundo recomenda Ostrensky & Boeger (1998).

O teste de amônia será feito coletando-se 5 ml de água e aplicando-se 1 ml do reagente 01 e duas gotas do reagente 02; agitará-se a cubeta e esperar-se-á 10 minutos para, através de uma tabela de cores, identificar o nível de amônia na amostra. O valor dentro do sistema de cultivo para a amônia será em torno de 1,0 mg/l, abaixo dos 2,0 mg/l a partir dos quais, segundo Popma & Masser (1999), pode acarretar alta mortalidade. Sabe-se que em alguns cultivos os peixes continuavam se alimentando mesmo com valores acima dos parâmetros normais. Dentro desse controle, o teste de pH é de fundamental importância, já que a sua variação pode levar à morte de toda a produção em minutos. Segundo Ostrensky & Boeger (op cit.), para cada unidade de aumento do pH, a quantidade de NH3 aumenta 10 vezes na água. O valor do pH será mantido na faixa de 6,8, dentro da faixa recomendada por Popma & Masser(op cit.), para que a amônia, mesmo que fique em valores acentuados, não seja tóxica aos peixes.

De acordo com MÃMAR & CYRINO (1986), a turbidez será controlada através do disco de Secchi, e recomenda-se uma transparência da água em torno de 25 a 35 cm de profundidade, sendo que poderá adquirir valores menores dependendo do material que estará em suspensão, como restos orgânicos e plâncton. A concentração de oxigênio dissolvido dentro do sistema deverá ser mantida entre 6 e 8 mg/l, pois, como sugere Mamar & Cyrino (1986), possibilitará uma maior salubridade para o plantel.

5.3. Manejo de ração

O fato de não ter que despender calorias para controlar a temperatura do próprio corpo e gastar pouca energia para se locomover na água faz com que os peixes tenham uma necessidade de ingestão calórica muito menor que os animais de sangue quente (SPERANDIO, 2001).

De acordo com Kubitza (1999), em piscicultura intensiva os gastos com alimentos e rações podem representar de 5 a 80% do custo de produção. Desta forma, a adequação do manejo nutricional e alimentar aos diferentes sistemas de cultivo e espécies de peixes é uma das maneiras mais eficazes de minimizar os custos de produção, aumentar a produtividade e maximizar a receita líquida por área de cultivo. 

Ainda segundo o autor, o uso de alimentos e rações de alta qualidade e de estratégias eficazes de alimentação possibilitará otimizar o crescimento dos peixes (reduzindo o tempo de cultivo e aumentando o número de safras anuais) e a eficiência alimentar, minimizando os custos com ração; minimizar o potencial poluente das rações e, conseqüentemente, maximizar a receita líquida por unidade de área.

De acordo com ABRACOA (2004), no sistema superintensivo, por não existirem alimentos naturais disponíveis aos peixes, estes devem ser ricos em proteína e fornecidos em quantidades que variam de 4 a 10% da biomassa estocada, de acordo com a idade e peso dos animais. Ainda segundo o autor, espécies tropicais, como tilápias, podem ser cultivadas com sucesso de alevinos até o peso comercial com rações completas com 36% de proteína bruta.

Apesar do aumento de custo gerado pela escolha de ração extrusada, esta  se justifica, segundo Kubitza (1999), pelo fato de apresentar uma melhor eficiência alimentar nos peixes e, conseqüentemente, menor deterioração da qualidade da água.

5.4. Adensamento

Na piscicultura intensiva, a espécie é cultivada em alta densidade de povoação (FURTADO, 1995). Para um sistema de recirculação, a densidade de estocagem varia de 40 a 70 kg/m³, com um volume diário de renovação de água (3 a 15%) (ABRACOA, 2001), ou seja, cerca de 125 peixes/m³. Logo, em um tanque com 10 m³ poderemos ter em média 1.250 peixes.

5.5. Despesca

A despesca acontecerá quando os peixes atingirem o peso de 400 g, segundo Castellani (2002) o peso comercial, e, com o controle de todos os fatores, principalmente da temperatura, os peixes poderão atingir esta marca por volta de 4 meses de cultivo, segundo Popma & Masser (1999). Neste caso, consideramos a possibilidade de 3 despescas por ano.

Nesta etapa, os peixes deixarão de ser manipulados por professores,  estagiários e alunos, e passarão a ser de responsabilidade dos nutricionistas da escola, os quais dispõem de toda a infra-estrutura (freezers, bancadas etc.) para a preparação dos organismos visando à merenda escolar.

Primariamente, daremos maior prioridade ao atendimento da merenda escolar aos alunos de 1ª a 4ª séries e, posteriormente, as séries seguintes passarão a ser beneficiadas.

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