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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - POTÁVEL
Água, antes de chegar às torneiras (2)

O caminho do líquido, dos rios até as casas
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Matéria publicada no jornal santista A Tribuna, em 22 de março de 2004:
 


A captação da Sabesp é feita nos rios Pilões e Cubatão, de onde a água vai para tratamento
Foto: Rogério Soares, publicada com a matéria

Caminho até a torneira

Antes de chegar às casas, a água consumida em Santos, Cubatão, São Vicente e Praia Grande percorre um trajeto que começa nos rios Pilões e Cubatão, no sopé da Serra do Mar

Valéria Malzone
Da Reportagem

Você sabe de onde vem a água que escorre pela sua torneira? Pelo menos para os moradores de Santos, São Vicente, Cubatão e Praia Grande, as principais fontes são os mananciais dos rios Cubatão e Pilões (cerca de 70%) e dos canais de descarga da Usina Henry Borden, abastecidos pela Represa Billings.

E o consumo médio das populações da região? Segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), os santistas são os que mais gastam água em comparação com os outros municípios da Baixada Santista, que, no geral, consome cerca de 18 bilhões de litros por mês.

Enquanto o consumo médio por pessoa na Baixada Santista é de 150 litros por dia, em Santos essa média diária alcança os 180 litros. A Organização das Nações Unidas (ONU) preconiza 120 litros por pessoa a cada dia.

"Nossos reservatórios estão bem capacitados, mas existe ainda uma falta de consciência sobre a importância do uso racional da água. Ainda há muito desperdício", comentou o superintendente regional da Sabesp, Paulo Roberto Queiroz. A preocupação faz sentido, ainda mais hoje, Dia Mundial da Água.

Água Fria - Na região, as águas de pouca qualidade do Rio Cubatão - seu ponto de captação fica na chamada Água Fria, onde mais de mil famílias de duas favelas próximas e dos bairros cota lançam dejetos em seu leito - passam por uma verdadeira indústria de transformação, com início na Estação de Tratamento de Água de Cubatão (ETA).

O local, construído em 1960, é alimentado pela Barragem Sub-Álvea (que fica próxima às favelas Água Fria e Pilões) e pelos canais de descarga da Usina Henry Borden. "Em seu estado bruto, a cada segundo, quatro mil litros são despejados na ETA", observou Queiroz.

A purificação dessa água coletada começa por ação da gravidade, quando a matéria-prima (água bruta) chega na Caixa de Areia. "Ela flui até um poço de sucção das bombas verticais que levam a água para um outro compartimento, chamado Caixa de Mistura Rápida", emendou o superintendente da Sabesp.

Antes de alcançar este segundo compartimento, a água percorre um medidor eletro-magnético, que controla como será o tratamento químico aplicado a ela. "Em dosagens rigorosamente controladas, são adicionados produtos químicos (flúor, cal, cloreto férrico e cloro), o que permite a retenção das impurezas". Somente após esta transformação, a água já está potável, podendo ser enviada para todas as residências ligadas à rede de distribuição.

Etapas - Seis etapas são necessárias para que a água de baixa qualidade do rio se transforme em um líquido potável para consumo. Em uma primeira fase, há a desinfecção por cloro para matar os micróbios e bactérias.

Depois, ocorre a chamada fluoretação, em um processos onde são adicionados outros compostos (flúor). "Nessa etapa, também acontece a correção do PH (nível de acidez) do material", observou Queiroz. Na seqüência, a água sofre uma coagulação.

A água bruta, além das partículas sedimentáveis, possui outras impurezas que se encontram em suspensão. Por meio de um procedimento chamado floculação, essa sujeira vai se agrupando em flocos e posteriormente acaba indo para o fundo dos tanques de armazenamento.

"O passo seguinte é a decantação da água, onde há a sedimentação das partículas de impurezas", afirmou Queiroz. Os flocos acabam formando uma espécie de lodo que vai para o fundo. "Cada compartimento de decantação tem cerca de oito metros de profundidade e o lodo retirado vai para um aterro sanitário", comentou o superintendente.

VEJA QUANTO SE GASTA POR MÊS NA REGIÃO

MUNICÍPIO

QUANTIDADE DE LITROS

POPULAÇÃO (*)

Bertioga 448 milhões 37.899
Cubatão 1 bilhão 390 milhões 113.538
Guarujá 2 bilhões 565 milhões 283.071
Itanhaém 805 milhões 39.292
Praia Grande 2 bilhões 600 milhões 215.556
Peruíbe 520 milhões 57.282
Santos 4 bilhões 760 milhões 421.976
São Vicente 3 bilhões 175 milhões 313.395
(*) Obs.: A população é relativa ao ano de 2003.
Fontes: Sabesp e Fundação Seade.

Filtração é a última etapa do processo

Mesmo após todo esse procedimento, a água ainda não está pronta para ser distribuída nas cidades. "A última etapa é a filtração, onde são removidas as partículas sólidas suspensas na água que nao foram eliminadas pelo decantador", explicou o superintendente regional da Sabesp, Paulo Roberto de Queiroz. A ETA possui 12 filtros convencionais.

Após a filtração, a água é novamente clorada e flui para o reservatório de água tratada. Este espaço tem capacidade para 4 milhões de litros. Na ETA existem duas elevatórias de água tratada, que conduzem a água por meio de três adutoras até os reservatórios do Saboó e do Túnel Santa Tereza-Voturuá, localizado no Morro Santa Terezinha (uma das saídas fica no Horto Municipal de São Vicente). Sua capacidade total de armazenamento é de 110 milhões de litros.

Desperdício - Apesar desses números, nunca é demais evitar o desperdício. Além disso, a ONU vem alertando, desde a década de 70, que os mananciais de água potável do planeta estão secando rapidamente. Os motivos principais são o aquecimento global e o crescimento populacional.

A perspectiva não é boa para os próximos 20 anos. As estimativas apontam que cerca de três bilhões de pessoas irão viver em condições totais de seca. Atualmente, um quarto da população mundial não tem acesso à água potável. As doenças relacionadas à ausência de água pura matam uma criança a cada oito segundos no mundo.

A ONU calcula ainda que, hoje em dia, mais de 2,2 milhões de pessoas morrem anualmente devido ao consumo de água contaminada e à falta de saneamento. No Brasil, 31 milhões de pessoas carecem de água de qualidade, apesar de o país concentrar 13,7% de toda a água doce disponível na Terra.

Dia Mundial da Água deve ser de reflexão

Há mais de 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água na Terra, mas somente 2,5% desse volume correspondem a água doce e apenas uma pequena parte desse percentual (cerca de 1%) se encontra acessível para consumo.

Para o Departamento de Engenharia em Saúde Pública da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), hoje - Dia Mundial da Água - é uma data especial para que a sociedade reflita sobre as principais preocupações relacionadas ao tema.

O fato de o Brasil ainda ser um local rico em recursos hídricos não significa uma acomodação no abastecimento, visto que existem regiões atingidas pela seca durante quase todo o ano.

Já nas áreas com água em abundância, muitas vezes a qualidade é comprometida pela falta de saneamento. De acordo com a Funasa, a cobertura com redes de distribuição de água é desigual no contexto regional e entre as populações urbana e rural.

Em relação ao saneamento, somente 47,2% dos domicílios são atendidos com rede coletora de esgoto. O Ministério da Saúde está desenvolvendo o Programa de Implantação, Ampliação ou Melhorias do Sistema Público de Abastecimento de Água para Prevenção e Controle de Agravos.

Saúde - O objetivo, segundo o ministério, é promover a saúde. Uma das prioridades é dotar os municípios de sistemas de abastecimento de água. O orçamento previsto para este ano é de R$ 275 milhões, podendo atender cerca de 300 mil famílias.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) mostram que a melhoria do abastecimento de água e a destinação adequada para os dejetos sólidos ajudam a prevenir 80% dos casos de febre tifóide e paratifóide e reduzem até 70% as incidências de tracoma e esquistossomose.

As ações conseguem evitar ainda metade dos casos de disenteria, amebíase, gastroenterites e outros tipos de infecções. Outra pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que em 1.974 municípios brasileiros ocorre distribuição de água pelo sistema público de abastecimento, sem nenhum tratamento.

Dicas para economizar

No banheiro - Não tome banhos demorados. Um banho de ducha de 15 minutos consome 240 litros de água. Fechar a torneira enquanto se ensaboa e reduzir o tempo do banho para 5 minutos, reduz para 80 litros.

Feche a torneira enquanto escova os dentes ou passa creme de barbear. Escovar os dentes durante 5 minutos faz com que 80 litros sejam desperdiçados. Molhar a escova, fechar a torneira e enxaguar a boca com um copo d'água consome menos de um litro. Ao fazer a barba em 5 minutos, com a torneira meio aberta, gastam-se até 12 litros de água. Se usar a pia como um tanquinho, o consumo cai para 2 litros.

Não use o vaso sanitário como lixeira ou cinzeiro e mantenha a válvula de descarga sempre regulada.

Na cozinha – Lavar a louça com a torneira meio aberta durante 15 minutos consome 117 litros de água. Limpe os restos dos pratos e panelas com escova e jogue no lixo. Coloque água na cuba até a metade para ensaboar e feche a torneira. O gasto cairá para 20 litros.

Ligar a lavadora de louças só quando estiver cheia.

No tanque – Lavar roupa por 15 minutos pode gastar 279 litros. O melhor é acumular a roupa, colocar água no tanque para ensaboar, deixando a torneira fechada. Depois, colocar água para enxaguar. Essa água também poderá ser utilizada para lavar o quintal.

Uma lavadora de roupa com capacidade para 5 quilos gasta 135 litros. O melhor é utilizá-la com sua capacidade total.

Com uma mangueira semi-aberta, gastam-se 560 litros. Se o serviço for feito com um balde, o consumo cai para 40 litros. Esqueça a mangueira na hora de lavar a calçada. Varra bem as folhas e a sujeira.

Fonte: Sabesp.

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