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HISTÓRIAS E LENDAS DE CUBATÃO - VILA SOCÓ - (2)
A tragédia, na época (1)

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Uma das maiores tragédias de Cubatão, senão a maior, foi o incêndio de um oleoduto da Petrobrás que passava sob uma favela, Vila Socó, destruída pelas chamas com a morte de cerca de uma centena de pessoas, em 24  de fevereiro de 1984. Esta foi a primeira página do jornal O Estado de São Paulo, no domingo, 26 de fevereiro de 1984 (o noticiário continuaria nas páginas 24 a 28 dessa edição):

Imagem: reprodução da primeira página de O Estado de S.Paulo de 26/2/1984

Tragédia em Cubatão: explosão e 70 mortos

Não foi por falta de aviso: "Cubatão está em cima de uma bomba: se houver vazamento de um oleoduto ou deslizamento na serra, teremos uma tragédia", advertiu em agosto o secretário especial do Meio-Ambiente, Paulo Nogueira Neto. A tragédia aconteceu ontem: um dos quatro dutos subterrâneos da Petrobrás que passam sob as casas de madeira da Vila São José (Vila Socó), em Cubatão, começou a vazar sexta-feira - o sexto vazamento desde outubro -, explodiu na madrugada de ontem e matou 70 pessoas, segundo nota oficial da empresa, que assumiu a responsabilidade e vai indenizar as vítimas.

Na nota, distribuída ontem, a Petrobrás - a empresa mais advertida e multada pela Cetesb nos últimos dois anos - ressaltou que a adoção de medidas de segurança na área sempre foi dificultada pelo fato de a região "estar sujeita a diversas jurisdições".

Durante a madrugada, Cubatão viveu momentos dramáticos: o fogo destruiu quase toda a favela - mais de mil barracos - e os bombeiros, desesperados, choravam enquanto retiravam dos escombros os corpos calcinados de mulheres agarradas com seus filhos. Morreram famílias inteiras e os feridos em estado grave - mais de 50 - têm poucas possibilidades de sobreviver. Os mortos podem passar de 100, pois muitos corpos ainda estão desaparecidos.

E poderá explodir outra vez

Os tubos que transportam gasolina, gás e óleo diesel na região de Cubatão podem explodir de novo, repetindo a tragédia. Foi o que admitiu ontem o próprio superintendente da Refinaria Presidente Bernardes, Mário de Freitas Esteves. Há denúncias de que os tubos não são corretamente mantidos e de que estão sendo utilizados para o transporte de álcool, altamente corrosivo. A Cetesb já chamou a atenção da Petrobrás para isso.

Cidade maldita e envenenada

A cidade dos meninos mortos, das crianças que nascem sem cérebro, do ar irrespirável, das intoxicações e das doenças respiratórias. O lugar mais feio e mais poluído do mundo, que assusta e enoja os cientistas estrangeiros que chegam para visitá-lo. Cubatão, o "Vale da Morte", é um lugar terrível, uma cidade maldita e de atmosfera envenenada, sobre a qual já se fizeram centenas de estudos, sem que jamais se chegue a uma solução para a sua gente.

A explosão - Vila Socó começa a desaparecer

Foto: Tribuna de Santos, publicada com a matéria

O pouso forçado de Montoro

Ao voltar ontem de Cubatão, o helicóptero em que estavam o governador do Estado e uma equipe da Defesa Civil teve de fazer um pouso forçado, por problemas mecânicos, em um terreno baldio a 50 metros do Clube Paineiras, no Morumbi. Ninguém ficou ferido, nem houve pânico. Este é o único helicóptero do governo, pois o outro foi destruído em julho, ao cair na represa Guarapiranga.

Pela manhã, quase nada resta mais da vila de Cubatão - apenas corpos que os bombeiros ainda procuram no mangue

Foto: João Pires, publicada com a matéria

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