Faltando menos de dois meses para a inauguração do Paço, matéria
publicada no jornal santista A Tribuna em 31 de agosto de 1976:
O prefeito quer o fim das obras do Paço Municipal até o final de setembro
Imagem: reprodução/Arquivo Histórico de Cubatão
Marcada para outubro a inauguração do Paço
O Paço Municipal de Cubatão será oficialmente inaugurado no
dia 12 de outubro. Ontem, ao fixar essa data, o prefeito reuniu-se com os representantes das firmas que constroem as novas sedes da Prefeitura,
Câmara e Centro de Cultura.
"Ficou definitivamente acertado que a Prefeitura quer as obras dos prédios do Executivo e
Centro Cultural prontas até o final de setembro, e se as empreiteiras ultrapassarem esses prazos vamos impor o pagamento de multas. Haverá
tolerância apenas para a conclusão do Bloco do Legislativo, para o qual foi fixado o prazo máximo de 10 de novembro", explicou Campos.
O Paço Municipal, um conjunto de três prédios distintos formando as sedes do Executivo e
Legislativo, além de um Centro de Cultura, foi projetado durante a administração Aurélio Araújo, sendo a construção iniciada na gestão de Zadir
Castelo Branco, que nele investiu mais de Cr$ 40 milhões.
Em dezembro, ao assumir o cargo, o atual prefeito enfrentou algumas dificuldades para
continuar as obras, por falta de recursos financeiros reservados no orçamento de 1976, elaborado ainda na administração anterior. Ao mesmo tempo, um
exame superficial no projeto revelou que o prédio do Executivo - apesar das enormes dimensões, bastante criticadas no período Castelo Branco - já se
mostra insuficiente para abrigar os departamentos de todas as coordenadorias.
Em decorrência, algumas repartições - como os departamentos de Obras Públicas e
Particulares, e setores da Coordenadoria de Negócios Jurídicos e Administrativos - continuarão ocupando os prédios onde se localizam atualmente.
Isso fez a administração abandonar os antigos projetos de concentrar todas as repartições da Prefeitura no prédio do Paço Municipal.
Festa em outubro - Por outro lado, dezenas de pequenos problemas impediram que as
obras de três prédios fossem entregues dentro do prazo previsto pelo contrato. A chuva foi a principal causa desse atraso, vindo logo a seguir a
falta de mão-de-obra especializada no ramo de construção civil, e a carência de determinados produtos básicos - cimento, ferro, peças etc. -,
segundo argumentaram a empreiteira e as subempreiteiras encarregadas da construção do Paço Municipal.
Alegaram, além disso, que houve problemas com a instalação do ar condicionado central, em
virtude da necessidade da troca dos transformadores instalados no prédio, insuficientes para alimentar o sistema de eletricidade. As chuvas e os
ventos inutilizaram também parte do telhado do prédio do Bloco Cultural, parcialmente concluído desde novembro, exigindo a sua substituição.
O prefeito, entretanto, está irredutível na concessão de novos prazos: "Pretendo,
pessoalmente, receber a obra concluída no dia 30 de setembro, realizando a mudança no máximo até 10 de outubro".
Sabe-se, por informações extra-oficiais, que será instalada junto à
panóplia das três bandeiras apenas uma placa indicando que a obra foi projetada, iniciada e concluída nos governos Aurélio Araújo, Zadir Castelo
Branco e Soares Campos. Os dois ex-prefeitos deverão estar presentes à inauguração oficial do paço. Se confirmada a informação, pelo menos uma
pessoa não irá voluntariamente à solenidade, por motivos políticos: o vereador Francisco Eleutério Pinheiro.
No mesmo dia 31 de agosto de 1976, o antigo jornal diário Cidade de
Santos publicou:
Imagem: reprodução/Arquivo Histórico de Cubatão
Campos quer Paço pronto em um mês
O prefeito Carlos Frederico Soares Campos, de Cubatão, deu
como irrevogável o prazo de 30 de setembro para entrega, pela Construtora Passarelli, das obras do prédio do Executivo e Bloco Cultural do Paço
Municipal. "A partir desta data, nós começaremos a cobrar multa da construtora", disse Campos. O bloco destinado ao Legislativo tem prazo mais
elástico: sua entrega foi fixada em 10 de novembro, e talvez por isso, está com as obras mais atrasadas que os demais. Campos pretende, "se tudo
correr conforme esperamos", inaugurar os dois prédios entre os dias 11 e 15 de outubro.
O diretor da empreiteira, Sílvio Passarelli, recebeu o comunicado do prefeito em reunião
realizada ontem pela manhã, no Gabinete. "O Passarelli aceitou as condições. De minha parte, aceitei as ponderações da empresa, porque realmente
houve uma série de dificuldades durante a construção, como o problema com o sistema de ar condicionado e com a cobertura do Bloco Cultural, que foi
totalmente reformado". Durante o encontro, ficou estabelecido que o prazo é também para todas as empreiteiras que trabalham no Paço.
O ex-prefeito Zadir Castelo Branco, que deixou o cargo no final do ano passado, pretendia
inaugurar o Paço Municipal antes de deixar a administração. O atual prefeito já marcou datas para ocupação do novo prédio, e não pretende que as
obras se arrastem por mais tempo, nem que haja mais reajustes.
Na área política, os comentários acerca desta obra são bastante jocosos,
tendo em vista o volume de verba que nela vem sendo aplicado. Até o momento já foram gastos cerca de Cr$ 55 milhões "na obra faraônica" e, quanto
mais durarem as obras, mais o custo final vai se distanciando do inicial, que era de cerca de 25 milhões de cruzeiros.
Em 6 de outubro de 1976, o jornal santista A Tribuna publicou:
Quase todos os funcionários foram assistir à entrega do Paço
Imagem: reprodução/Arquivo Histórico de Cubatão
Campos quer Paço pronto em um mês
Entre as 15 e 16,30 horas de ontem, vereadores, jornalistas e
populares foram proibidos de entrar no prédio onde fica o gabinete do prefeito de Cubatão. Um vigilante, mantido no local, explicou que recebera
ordens de não deixar entrar ninguém, pois o prédio estava vazio em virtude de todos os funcionários terem acompanhado o prefeito Carlos Frederico
Soares Campos ao novo Paço Municipal, onde seria efetuada a entrega solene da obra, por parte da empreiteira Passarelli.
Dentre as pessoas barradas na porta do gabinete, estavam os vereadores da Arena, Francisco
Inácio Júnior e Francisco Eleutério Pinheiro. Este último, ao ouvir as explicações do vigilante, isentou o funcionário de qualquer culpa, pois, na
opinião do vereador, não seria seguro deixar entrar pessoas num prédio totalmente vazio. "Porém, eu considero isto um abandono desnecessário e ao
mesmo tempo perigoso, pois pode chegar alguma autoridade estadual ou federal e encontrar um prédio público sem ninguém. O pior é se esta autoridade
for barrada pelo vigilante, que está cumprindo ordens e não tem obrigação de conhecer todo mundo".
Não foram apenas os funcionários do gabinete que compareceram em massa à solenidade. Membros
de outras coordenadorias se locomoveram em grande número para o Paço, ficando os setores sem praticamente ninguém, durante uma hora e meia. Alguns
políticos oposicionistas, que se encontravam no local, aproveitaram a oportunidade para contar o número de servidores fora do trabalho - cerca de 60
- e lembrar que em outras solenidades ocorreram fatos semelhantes, trazendo, segundo afirmaram, prejuízos à municipalidade. De acordo com as
opiniões gerais, em nenhuma outra oportunidade o gabinete do prefeito ficou tão vazio.
Entrega - Confessando-se emocionado, Sílvio Passarelli, um dos diretores da
empreiteira Passarelli, entregou oficialmente ao prefeito Carlos Frederico Soares Campos as chaves do Bloco do Executivo, do Paço Municipal de
Cubatão. Na ocasião, Passarelli desejou ao prefeito "continuidade na boa administração que o senhor tem feito até agora". Soares agradeceu e,
posteriormente, entrou no prédio, acompanhado dos numerosos funcionários da Prefeitura, vereadores e políticos locais.
Sem nome - Até agora, o Paço Municipal de Cubatão ainda não ganhou um nome. A
denominação Martim Afonso de Souza, pretendida pelo ex-prefeito Zadir Castelo Branco, não agradou à atual administração, que entendeu ser aquela
personalidade histórica mais ligada a São Vicente. A partir daí, começaram a ser estudadas diversas sugestões, entre elas João Ramalho e Piaçagüera
(primeiro nome da cidade).
Ontem, o vereador Francisco Eleutério Pinheiro apresentou um novo nome -
Francisco Cunha - e explicou por quê: "Francisco Cunha foi um dos grandes comerciantes de Cubatão. Ele explorou intensamente a região, plantando a
principal riqueza da época, a banana. Depois, quando a cidade começou a se desenvolver, facilitou a venda de suas terras à Prefeitura, permitindo,
assim, a criação de vilas, como as vilas Cunha, Santa Rosa e outras. O seu filho - Armando Cunha - foi o primeiro prefeito da cidade. Com um
orçamento modesto, fez grandes obras, sendo uma delas a primeira escola de 2º grau da cidade, que até pouco tempo tinha o nome de Francisco Cunha
(hoje, é o Colégio Afonso Schmidt)".
Dois
dias depois, em 8/10/1976, o mesmo jornal A Tribuna publicou:
Cubatão
Paço novo - roupa nova - Embora não tenha sido feita nenhuma recomendação neste sentido,
as funcionárias da Prefeitura de Cubatão estão preocupadas com a "necessidade de usar roupas mais sofisticadas" para trabalhar no novo Paço
Municipal. Algumas delas estavam comentando ontem que, num prédio tão suntuoso como aquele, não será conveniente utilizar um vestuário mais simples.
Além disso, segundo dizem, as divisórias do Paço são de vidro, o que permitirá uma análise mútua de todas as que estiverem trabalhando no prédio.
Imagem: reprodução/Arquivo Histórico de Cubatão
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